30.6.04

EXPOSIÇÃO DE DESPEDIDA

"Dia 30 de junho à partir das 19hs estarei expondo algumas obras e espero sua presença.
Mauricio Silva."

29.6.04

Divagações sobre o esquerdismo perdido

Jantar da família de Julia também é cultura. Além de comer os melhores pasteizinhos do mundo (de carne, com açucar por fora, e pedacinhos de azeitona - Alice você precisa colocar essa receita no Farofa de Bolão), ouvir um monte de conversa de intelectuais, me lembrei do único voto que não conseguia identificar na minha vida. Agora posso garantir: nunca votei no "companheiro Panta". Na vez em que votei no PSTU, para governador e os principais candidatos eram Jarbas (deveria ter votado nele, infelizmente nunca fiz) e Arraes (com apoio do PT), o candidato era Joaquim Magalhães.

Fora isso, os temas eram o novo partido de Heloisa Helena, as críticas ao Governo Federal eram infinitas e Vaninha leu alguns telegramas (e respostas recebidas) enviadas ao presidente Luiz Inacio Lula da Silva. Ainda bem que João Paulo foi poupado dessa vez e consegui me manter calado ouvindo todo aquele criticismo, regado a uísque escocês e letras francesas. Galera, não tenho nada contra a Reforma da Previdência e acho razoável quando Palloci diz que não dá para pagar R$275 de salário mínimo. Tenho mil críticas, mas avisei aos que discutiram comigo (inclusive os tucanos amigos de Paulinho) na época da campanha que a Administração Lula ia ser polida na questão econômica.

Digamos assim, eu já sabia que a Política Econômica ia continuar nas mesmas bases, acho que Lula está muito devagar nas questões sociais, mas não me arrependo do meu voto e ainda acredito que pode começar uma melhora substancial nos próximos dois anos e meio nesse País. Eu devia ter gravado minha conversa com Marcelo (no mexicano da Cobal), quando ele me disse que se era para manter a Política Econômica era melhor deixar os tucanos que já estavam lá mesmo - ainda sem acreditar que Lula manteria as mesmas bases.

Algum pesquisador pode perguntar a Vaninha qual vai ser a bandeira que ela vai afixar na Praça de Casa Forte? Eu não tive coragem. Daniel, por favor! Julia num vai. Rafael, Tiago, Alice, João estão fora. Só sobrou tu velho. O meu muro está quase definido que será pintado de João e João. Mas também fico pensando se num é melhor só chamar as crianças menores de cinco anos para pintarem abstrações (a altura é perfeita para essa pirralhada!).

Só para registro: João Paulo lidera a sucessão no Recife com 31% das intenções de voto.

21.6.04

Essa chuva continua por mais uma semana

Vai passar mais uma semana chovendo no Recife. De repente ainda vejo a Praça de Casa Forte com neblina mais uma vez. E um dia ainda paro de esquecer o guarda-chuva no trabalho (é gente já me neguei a andar com guarda-chuva, mas sem carro não dá).

Talvez deixando de falar que amanhã pára essa merda finalmente aconteça. Hoje ainda vi um pedaço de azul no céu, estava com saudade. Tipo quando a gente passa um tempo longe do Recife e faz questão de tomar água de coco depois de descer no Aeroporto.

Pelo menos vou poder dizer ao meu filho que passei um fim de semana usando camisa de manga comprida por necessidade (nem tanto, mas sempre exagero mesmo as minhas histórias) nessa cidade. Ele ia acabar virando ambientalista? Melhor ficar calado.

15.6.04

Gayzei

Seguindo as orientações do meu amigo João Paulo Filho me auto censurei.

Sem noção demais é excesso.

Fui.

13.6.04

O quarto e a galera





Chico, Clara, Rafa e Juca.

2.6.04

Indigne-se

Estudei durante dois anos os julgamentos realizados pela imprensa. Para realizar o vídeo Parcialmente Verdadeiro, que analisa a cobertura da mídia pernambucana em um caso policial e na última eleição para prefeito, e durante o período que integrei a pesquisa Tribunais da Idade Mídia em Pernambuco, coordenada pela professora Marinita Neves.

Nesta semana, o tema volta a me emocionar já que fiquei chocado com a reportagem realizada pela Revista Época contra o economista Reginaldo Muniz. Um militante com história nos movimentos sociais de Pernambuco, que ocupou cargos de chefia em administrações do PT,inclusive o de secretário de Finanças da Prefeitura do Recife. Faço questão de deixar claro: não conheço ele pessoalmente.

Não precisa ser especialista em análise de discurso para descobrir os recursos que estão sendo utilizados para ?vampirizar? essa pessoa, que amigos e pessoas respeitadas me garantem ser um homem digno e humilde. Recursos visuais e de lingüística são colados de uma maneira que é comum nos piores jornais sensacionalistas, mas envergonha a principal revista do conglomerado Globo.

Mas o mais chocante são as informações. Escondido no finzinho da reportagem é dito que ?a Polícia Federal pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Reginaldo, mas até agora não explicou por que não incluiu o nome dele no pedido de prisão preventiva??. Ou a revista está tentando acusar a PF de fazer vista grossa ou há um motivo forte para desconfiar da fonte (entrevistado) dessa matéria? Mas, antes disso, já é de estranhar que nenhuma das pessoas que o acusam tenham assumido a acusação. Não é citado o nome de quem o esculhamba e não há documentos que comprovem o crime.

Manda a regra da boa reportagem que só se publique matéria depois que há um processo criado. Qualquer estagiário de jornal do interior aprende isso assim que entra pela primeira semana numa redação. Se ele não estava na lista de suspeitos da PF era preciso ter indícios muito fortes para fugir a esse preceito, ou más intenções (poderiam ser causadas, por exemplo, pela pressão das empresas envolvidas, que desejam desviar o foco das atenções para longe delas).


Mas a reportagem continua dando mais indícios de que não deveria ter sido publicada: Depois da prisão dos primeiros integrantes da quadrilha, foi o próprio Reginaldo quem sugeriu ao ministro que seu nome fosse incluído na segunda lista dos funcionários afastados por precaução, para facilitar as investigações das compras na Saúde. Seu ato acabou entendido como demonstração de desapego e valentia?.

Infelizmente, o erro não pode ser desfeito por essa perspectiva. Mas a sociedade pernambucana precisa se indignar. O caso de Reginaldo Muniz pode se transformar em mais uma Escola Base, no sentido de que pelo menos teremos esclarecido o problema e a família vai poder tentar na Justiça garantir que a Rede Globo pague uma indenização (que poderia ser usada ? sugiro eu ? em um projeto voltado a ensinar os jovens a utilizar a mídia corretamente. Para isso, existem ONGs competentes como o Auçuba e a TV Viva).

O prefeito João Paulo coloca a mão no fogo por Reginaldo Muniz. Tânia Bacelar, Marcos Costa Lima, Tarcizio Patrício, também. Eles, e muitos outros, assinaram uma nota paga publicada nos principais jornais do Estado.

É pouco.

O importante nesse caso ? como em tantos outros que precisam ser revistos ? é que se garanta o direito à dúvida nesse primeiro momento, que é acobertado pelas manchetes sensacionalistas. A cobertura jornalística deve ser realizada de maneira precisa e ter a paciência que muitas vezes a pressão da redação corrói (como sei eu que vivi esse ambiente no Jornal do Commercio e Folha de Pernambuco).

A família tem o direito e até obrigação de quando for esclarecida a inocência processar a Rede Globo (proprietária da Época) por ter desencadeado o processo de difamação. E os pernambucanos de liderar o processo de esclarecimento pois o importante é que no fim fique clara a verdade. Mas é importante que esse movimento seja apartidário, esteja acima do pleito que se aproxima.

Convido os amigos petistas, jarbistas, petebistas (rockeiros e pagodeiros) a lerem sobre o que aconteceu com Reginaldo Muniz. Indignem-se. Por que só assim menos pessoas sérias serão atingidas por falhas cometidas muitas vezes por falta de preparo ou excesso de pressão nas redações.

Carta de Reginaldo Muniz

Meus caros amigos:

Gostaria de ter enviado esta mensagem ontem. Mas não tinha condições de escrever. Recebi um choque profundo que me desestabilizou emocionalmente, embora mantendo minha consciência absolutamente tranqüila.

Eu achava que a exoneração ¨preventiva¨ já tinha sido uma punição pesada e injusta para alguém como eu. Mas o inferno real viria depois.

A matéria da Época é leviana e irresponsável, noticiando informações falsas a meu respeito, manchando a minha reputação e minha honra, provocando danos morais e pessoais incalculáveis, e colocando-me inclusive em perigo pessoal. A repercussão nacional é a pior possível, pois toda a mídia divulgou imagens minhas, atingindo, além de mim, minha família e meus amigos. Sinto-me profundamente constrangido e revoltado. Não é verdade que eu tenha sido procurado para esse fim pela Época ou pela TV Globo ou qualquer outro meio de comunicação.

A acusação mais grave e que tem origem, segundo a revista Época, em relatos da PF, é a de que a mim teriam sido pagos R$723.800,00 a título de suborno, para garantir que determinado laboratório fosse beneficiado numa concorrência para compra de insulina¨. Não tenho nenhuma relação com esse ou qualquer outro processo de compras do Ministério da Saúde desde julho do ano passado. Aliás, a denúncia de possível fraude na licitação de hemoderivados foi encaminhada à Polícia Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas da União justamente no período em que estive à frente da área de compras do Ministério (março a julho de 2003). Nunca é demais reafirmar, neste momento extremamente doloroso, que vocês podem confiar inteiramente em mim e que sou extremamente agradecido pelas manifestações de apoio, confiança e solidariedade que recebi. Vocês são meus amigos e tem me dado forças para resistir. Também a minha família ? Vera, meus filhos, irmãos e sobrinhos ? tem me dado um apoio inestimável.

Aliás, pelo menos três perguntas devem ser feitas:

· Se a PF filmou, registrou a remessa e afirma que eu recebí o dinheiro, por que eu não fui preso, ou sequer chamado a depor?
· Por que a Época, TV Globo e toda a mídia não se fizeram essa pergunta antes de enlamear o meu nome?
· Por que eu não fui procurado?

Na quinta-feira passada procurei, por minha iniciativa, o Juiz da 10ª. Vara da Justiça Federal, em Brasília, Dr. Cloves Barbosa Siqueira, responsável pelo processo judicial, para saber dele por que a minha conta bancária tinha sido bloqueada . Disse a ele e aqui reafirmo que a minha conta bancária é conta-salário e que meu patrimônio material é irrisório. Meu imposto de renda reflete exatamente isso. Eu mesmo teria autorizado a quebra dos meus sigilo bancário, fiscal e patrimonial. Ele disse que eu encaminhasse um pedido de revisão da decisão, que ele examinaria, uma vez que o ¨objetivo do bloqueio de todas as contas foi o de evitar escape de dinheiro relacionado ao processo¨

Ele me disse que não se lembrava de nada específico relacionado à minha pessoa, mas que se a minha conta foi bloqueada é que tinha nos autos do processo algo contra mim. Eu perguntei se ele poderia dizer-me. Ele respondeu que diria, se estivesse com o processo em suas mãos, mas no momento o processo estava na Polícia Federal ou com advogado, não me lembro bem. Saí de lá na 6ª. Feira disposto a ir na PF e no MP na próxima semana, de novo por iniciativa pessoal para saber o que tinha contra mim.

A partir daí vocês sabem o que aconteceu.

Tenho certeza que não preciso me defender diante de vocês, mas eu preciso dizer e lembrar quem eu sou, diante da incomensurável brutalidade que estou sofrendo. Vocês sabem que eu nunca dei importância a posses de bens materiais, e sempre tive uma vida anti-consumista. Não tenho e nunca me preocupei em ter nada de luxo. Pela minha estrutura de caráter, pela minha formação e princípios políticos e espirituais, sempre me satisfiz com o mínimo necessário para uma pessoa de classe média viver. Sempre estive ao lado dos trabalhadores e dos mais pobres da sociedade. Tenho convicções espíritas desde 1970, e nos últimos 6 anos eu venho me aprofundando no conhecimento e prática da Doutrina Espírita, como alguns de vocês sabem, e que nesse período, o movimento fundamental para mim tem sido o de aproximação com os valores espirituais. Assumo inclusive, que o fato de ter lidado com gestão financeira nos últimos três anos tem reforçado essa minha disposição interior.

Bem, meus amigos, parece que há um jogo bruto e pesado em torno dessa questão, relacionado à conjuntura eleitoral. Tudo leva a crer que eu fui sacrificado em função desse jogo.

As manifestações de apoio, inclusive com uma nota publicada a título de matéria paga no Jornal do Comércio e no Diário de Pernambuco, tem contribuído fortemente para aliviar a minha profunda dor, a mais profunda que já tive em toda a minha vida. Tenho certeza que sairei fortalecido desse terrível e trágico episódio.

Agora começa uma batalha judicial para reparação dos danos pessoais, materiais e morais que sofri. Tenho certeza que contarei com o apoio de vocês.

Minha eterna gratidão,

Reginaldo Muniz Barreto
e-mail: regimuniz@uol.com.br
Tel: 61-8111-6386