28.1.05

Sem medo de mudar de assunto

O cara ficar divulgando esquema de trânsito do Galo da Madrugada é a coisa mais morgante e ao mesmo tempo estigante do Carnaval. Por um lado é um saco ficar pensando em tantos atropelos. Por outro é fantástico pensar que por quatro dias não vou me preocupar com nenhum dos engarrafamentos (ia dizer atropelamentos, mas ficava meio feio. Depois era a vó de alguém na reta) que acontecerão em toda a Região Metropolitana do Recife.

Só para dizer que fui na Fundarpe hoje e no caminho tudo era festa. O cara que me vendeu o mate, no mesmo lugar que eu tomava quando era do JC, estava cantando "Eu vou esse ano pra lua". Na Guararapes estava tocando outra música e até os vendedores do sebo estavam com um CD de frevo nas alturas. Foi praticamente o repertório que canto para Chico dormir inteiro. Caralho, o cara fica enfurnado trabalhando e a festa não entra pelos seus poros.

É Carnaval! E que essa discussão cabeça se exploda!

Ps: Parabéns Joãozinho! A gente comemora quando você chegar.
Ps2: Esse post é meio mentira porque vou trabalhar pelo menos um dia durante o Carnaval, mas será no Terminal Marítimo e totalmente despreocupado.
Ps3: O único bloco moral desse fim de semana chama-se Cabeça de Touro. Que nome?!

25.1.05

Novatos desprezam clichês de identidade

Se cada geração de artistas cresce em diferentes contextos de formação cultural, é natural que sua produção carregue características próprias e específicas ao longo das épocas. Em Pernambuco, essas diferenças entre as várias cenas sempre foi bastante evidente, já que a trajetória artística do Estado sempre foi marcada por ciclos, grupos ou movimentos, como o cinema mudo da década de 1920, o frevo de 1930, a arte social de 1950, o armorial, o rock udigrudi e o super 8 de 1970 ou o cinema van-retrô, as pinturas e gravuras olindenses de 1980, entre muitos outros exemplos. Depois da auto-estima em relação às raízes locais estimulada pelo mangue beat nos anos 90 (repercutida também em outras linguagens como o cinema e a dança), neste início de novo século surge uma ninhada de jovens cineastas, atores, designers, artistas plásticos e músicos livres dessa afirmação da pernambucanidade, expressão em crise nesse novo contexto.

Todos só têm a agradecer aos mangueboys, principalmente por causa do exemplo e pelo espaçoaberto, mas a influência trazida desde a infância pela overdose de internet, videogames e televisão fala mais alto no conteúdo dos filmes, vídeos, peças e discos produzidos por essa nova geração, que, com exceções, ainda não chegou aos 30 anos de idade. Eles não têm nada contra falar sobre a própria terra, mas às vezes até procuram fugir ou ironizar esse tipo de preocupação. Simplesmente fazem o que gostam, cada um com seu estilo, sem se preocupar com aqueles discursos de afirmação comuns há uma década atrás.

Independência - Se encaixariam nessa ascendente cena (palavra que menosprezam) produtoras de cinema e vídeo como a Trincheira, a Ruptura, a Telephone Colorido, a Colônia e a Símio Filmes, companhias de teatro como a Escambo, estilistas como Melk-Z-Da, artistas plásticos como os grupos Mamãe, Aleph e Valdisney e bandas como Mombojó, Rádio de Outono, Mellotrons, Volver, Suvaca di Prata, Vamoz!, Retrovisores, Diversitrônica, Johnny Hooker, Le Bustier en Decadence e Superoutro, além de pessoas isoladas. Impulsionando essa produção estariam núcleos estratégicos, entre eles o bar Garagem, o projeto Coquetel Molotov, o Espaço Laboratório, o Espaço Branco do Olho, o museu MAMÃE, o Cineclube Barravento e o site Recife Rock, todos ainda funcionando com independência e pouquíssimo apoio oficial.

A independência é uma das palavras-chave neste atual ambiente, como lembra Cristiana Tejo, coordenadora de artes Plásticas da Fundação Joaquim Nabuco: "Essa ladainha dos artistas de se lamentar sobre a falta de incentivo é saudade do clientelismo. O estado não tem a obrigação de sustentar espaço de artista. O que ele pode fazer, já está fazendo: criando eventos de formação, de discussão, bolsas de pesquisa teórica e artística, abrindo brechas para ajudar artistas com passagens para exposições e etc." Mesmo assim, apesar de pequeno, já há apoio vindo de quem está no poder. Entidades como Paulo André Pires (Abril Pro Rock), Gutie (Rec Beat) e Governo do Estado e Prefeitura do Recife já demonstram sinais de aceitação e interesse.

Afinidades - Essas questões se confirmam nos trabalhos dos artistas mais jovens do Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, como Rodrigo Braga, Lourival Batista, Augusto Japiá, Bruno Vieira e Juliana Notari, na exposição ao mesmo tempo em que shows das bandas Chambaril, Profiterolis, Mombojó, Surpresa de Uva e 3ETs acontecem nas festas do evento. No último Festival de Vídeo do Recife, a participação da Símio Filmes, Telephone Colorido e Trincheira (além de outros videastas ligados a eles) foi de peso considerável. O Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura, entretanto, parece fechar os olhos e mantém-se anacrônico ao privilegiar folclorismos e nomes consagrados. "Participei da comissão do Funcultura durante duas seleções e digo que a grande maioria dos projetos se baseiam em clichês da Pernambucanidade, da folclorização. É impressionante", pondera Cristiana.

Paulo André Pires coordenou, no fim de 2004, o concurso Microfonia, voltado para bandas de estudantes, que recebeu 400 inscrições. Das 12 selecionadas para as finais, apenas duas usavam instrumentos de percussão (algo que era quase um regra na época do mangue) e quatro chegavam ao ponto de cantar em inglês, numa descarada demonstração de independência cultural, beirando a provocação. Mas provocativa mesmo é a postura de bandas como a The Playboys, que assumidamente satiriza os mangueboys, o fanzine Pau no Cxx da Humanidade, que ataca a intelectualidade cultural, e a comunidade do orkut Bumba-Meu-Ovo, que tem 133 membros (incluindo dezenas de artistas acima citados) unidos em nome da ironia à valorização do folclore.

Saudável discussão...

Marcelo Campello, da banda Mombojó:

"Eu acho que esse movimento todo pode ser interpretado até mesmo como um gesto de anarquia. É uma reação de um grupo contra um patriotismo exacerbado e distorcido, que surgiu paralelamente a uma verdadeira e coerente valorização das raízes. O Estado também se contaminou com esse oportunismo e tentou se aproveitar, chegando ao ponto de a bandeira de Pernambuco hoje estar com a imagem banalizada."

Gustavo Albuquerque, da banda Surpresa de Uva:

"Fred 04 se transformou em uma caricatura de si mesmo."

Gutti, organizador do Rec Beat:

"O que pode estar acontecendo é simplesmente uma busca pela diferença. Uma geração sempre nega a anterior para sentir que está fazendo algo novo. É natural, portanto, que os tambores estejam agora sendo deixados de lado, porque aquilo virou clichê. Muita coisa virou clichê. Se você assistir a uma entrevista antiga com Chico Science, pode achar tudo meio ultrapassado, mas o cara era pioneiro dizendo aquilo. Fred 04 e Renato L, bem antes de escreverem o manifesto do mangue, já foram punks de camisas pretas. Nunca dá pra imaginar o que vai acontecer depois, não é que as coisas estão ficando ultrapassadas. Acima de tudo, não podemos construir cercadinhos ao redor do que é nosso, porque se não vamos perder nossa essência que é a diversidade. (...) Toda geração tem um gênio, mas ainda é cedo para especular ou eleger os nomes dessa nova."

Cristiana Tejo, curadora da Torre Malakoff e coordenadora de Artes Plásticas da Fundaj:

"A pernambucanidade é uma formulação que caducou. A jovem produção artística contemporânea de hoje proclama justamente a não-identidade e não responde ao panorama internacional com a fusão de elementos locais e internacionais, mas justamente por não diferenciar o dentro e o fora, transita por linguagens e procedimentos que não possuem referencialidade com um espaço e temporalidade localizados. Volto a repetir, isso não é exclusividade de Pernambuco. Cada vez fica mais difícil afirmar a procedência da jovem produção. A produção está sintonizada com as questões da contemporaneidade, que justamente aponta para a desterritorialidade, para a contaminação, para o livre arbítrio, para a pluralidade."

Moacir dos Anjos, diretor

do Mamam:

"Não vejo um corte tão abrupto, do ponto de vista conceitual e de procedimento, entre a produção cultural pernambucana de meados da década passada e a atual. Creio que é possível fazer uma leitura menos simplista e localizada do "mangue". Mais do que apenas uma proposta de renovação musical, o mangue é uma postura de criação, onde o que importa é o ponto de vista, o lugar a partir do qual se fazem as articulações entre as informações diversas que os criadores possuem no mundo contemporâneo. Não é necessariamente a representação de ícones populares ou o entoar de loas que faz a arte produzida aqui ser reconhecida como diferente, mas sim a maneira particular de articular as imagens, os sons e os símbolos vindos de cantos diversos. Não é também o caso de louvar essa articulação como necessariamente melhor do que as feitas em outras partes (nunca é demais estar atento contra excessos de auto-estima), mas sim de reconhecer a sua diferença. Se quiserem, que morra e enterrem o mangue. Apenas para que ele viva mais plenamente."

Paulo André Pires, organizador do Abril Pro Rock:

"Eu vejo isso como uma evolução da cena musical pernambucana. Isso reflete um amadurecimento dos músicos, que agora deixam de ficar afirmando o discurso para se concentrarem na consistência de seus trabalhos. São jovens que assistiram a uma segunda fase do mangue e fazem seu som sem precisar pegar carona. Se eu recebo um release de uma banda que use palavras como fusão ou mistura, eu já desconfio e acabo descartando. O microfonia serviu para mapear o que está surgindo e comprovou que bandas assim hoje são minoria. Já abri espaço no Abril Pro Rock e pretendo abrir ainda mais, pois acompanho e reconheço o crescimento desse meio indie."

Daniel Bandeira, da Símio Filmes:

"A pernambucanidade chegou a esconder casos graves de falta de talento.Ela chegou a um radicalismo que beirou a xenofobia, que pode ter chegado a isolar a visão para o resto do Mundo. Com o tempo, essa necessidade de afirmação acabou se distanciando de suas intenções iniciais. Essa nova geração de agora está se permitindo adotar novas referências e influências e está alcançando uma maior liberdade de criação. As informações que você recebe aqui são as mesmas que chegam a outros países e a diferença está na maneira como elas são trabalhadas. Uma nova pernambucanidade se caracterizaria pelas formas de criação, e não por ícones específicos."

Valéria Vicente, da Escambo

Cia de Criação:

"Não se trata de negar a história recente da cultura local ou negar a importância da cultura popular na nossa realidade, talvez seja ampliar o debate sobre a cultura, pois a violência, a solidão e a busca de prazer são tão parte da nossa realidade quanto o carnaval e o São João. A Escambo vem refletindo através do teatro e da dança sobre o Mundo contemporâneo e a situação humana porque esses são temas que unem seus integrantes."

Ângela Prysthon, professora e pesquisadora do Departamento de Comunicação da UFPE

"Sobre essa pergunta da pernambucanidade, ou melhor, de uma rejeição a essa "pernambucanidade", tenho a impressão de que é resultado de um movimento de oscilação bem natural. Oscilação que ocorre não só na cultura pernambucana, mas na cultura brasileira. Viemos de uma década (os anos 90) na qual era impossível não afirmar a identidade local, na qual era regra aludir a uma certa "diferença cultural", à cor local. Essa afirmação, por sua vez, apareceu em parte como reação à cultura internacionalizada dos anos oitenta. Era preciso mostrar as peculiaridades locais para se inserir num mercado de cultura global. Passada a euforia da "diferença" (e reconhecendo, inclusive, os limites da "diferença" também), há o retorno aos modelos metropolitanos, a um ideal internacional, ou universal. Nesse sentido, acredito que a busca por padrões mais cosmopolitas, mais internacionais e mais distantes do modelo mangue (na verdade, quase opostos) seja uma volta quase previsível do pêndulo."

Bruno Vieira, artista plástico

"O único sentido íntimo da nossa geração é que ela não tem sentido nenhum, não acredito numa regionalização na atualidade sem que ela esteja impregnada de globalização, de cultura de massa, porque nunca vi, nunca presenciei. Em minha opinião, cada pessoa tem um traço cultural do lugar de origem dentro de si, isto é, uma força superior extraída do subconsciente humano que tem o poder de modificar os destinos da vida de cada um. Tento acreditar na valorização das raízes culturais pernambucanas, pois para mim e para muitos, ela pode servir como 'Objeto' de apego nas horas de necessidade, de se 'entender' dentro da cultura desse lugar, acredito que se pode depositar esperanças dentro dessa nova geração de artistas para superarmos a situação correspondente desse momento de incertezas, de rupturas. A verdadeira crise está refletida nessas rupturas do nosso tempo, em concepções de pessoas cegas que defendem uma regionalização exacerbada e se recusam em receber e perceber as novas situações."

24.1.05

Pernambucanidades

Julio Cavani fez, finalmente, a matéria que ele imagina há mais de um ano. "Novatos desprezam clichês de identidade". A matéria é boa apesar de fazer pensar que antes da "nova geração" todo mundo era pernambucanidade. Será que o cara esqueceu do Paulo Francis vai pro Céu?

Ô Ariano, Suassuna
Não ligue a televisão
Pois pode estar passando, Paulo Francis
E você morrer do coração (repete)

Mas só que o PFVPC já segue uma tradição, não sei se cultural ou familiar, da ironia e sarcasmo pernambucanos. Assim como todas essas bandas que fazem escracho hoje em dia. Nada é fruto direto, mas a verdade é que há num sei quantos anos Ivaldevan criou um bloco chamado Língua Ferina justamente para estravazar esse sentimento. E essa porra, hoje em dia, se chama Eu acho é pouco: não tem a mesma qualidade nas críticas, mas faz umas festas legais.

Sabia que Rodolfo Mesquita faz aqueles quadros com a mesma identidade "contemporâneo globalizado" desde a Década de 60? Mas isso são apenas detalhes, a matéria é muito boa o ridículo é o tipo de afirmação de quem quer aparecer: "A pernambucanidade é uma formulação que caducou".

Existe pernambucanidade? Não. Existe cultura local, uma coisa altamente instável e mutante, que felizmente está sendo aproveitada de forma menos forçada por essa geração. Agora a reportagem foi muito interessante em abrir espaço para gente feito Marcelo Campello (que aprendeu o que é música com os malas do samba e choro pernambucanos) e Valeria Vicente, que comeu muito cuzcuz na casa dos Madureira para chegar a ser vizinha de Mestre Salustiano e finalmente entrar numa companhia de teatro contemporâneo.

Esse post é só para dizer que Amarelo Manga é mais do caralho (na minha humilde opinião e sentimento, claro) porque a mulher aparece com a buceta de fora e a camisa do Santa Cruz e pronto - e olha que sou rubro-negro. Se fosse do Real Madrid não seria a mesma coisa para mim. E duvido que o Mombojó cuspa no pandeiro que os ensinou, ou que Valeria vomite o coco que dançou.

Agora eu digo: aquela exposição do Museu do Estado "contemporâneo globalizado" é qualidade zero. Por que assim como existe aproveitamento da cultura local de forma não forçada, existe também arte contemporânea chula em qualquer lugar do mundo.

O pior é que se eu dissesse que cuspo naquela exposição virava uma instalação. Por sinal, não sei quem me contou dessa obra de arte: um monte de tomate podre para ser jogado numa parede?

É foda gente que se fantasia de inteligente.

16.1.05

Eu acho é pouco, Fred Amorim e saudade

No único livro que escrevi tem uma crônica sobre o Eu acho é pouco. Pena que não tenha ficado com uma cópia. Me lembro muito pouco do que era o arrebatamento dos meus 11 anos. Ficou só a lembrança vaga de Debora Suassuna prevendo o escritor que eu viria a ser um dia. Da discussão criada porque o desenho da capa tinha umas suásticazinhas roza, vermelha e amarelas (salve Leda Telles que me salvou dessa roubada). Da emoção da professora, sobrinha de Ariano, ler um texto meu para a turma e dizer "essa parte aqui me deixa toda arrepiada". E do último Eu acho é pouco que fui levado por meu pai e que me faz chorar toda vez que relembro.

A história é a mesma que se repete todos os anos nas ladeiras de Olinda e se você for bom em fechar os olhos pode viver até no Recife Antigo. Só que é a minha. Chegar em Olinda e procurar o bloco no aperto das ruazinhas lotadas. Descer a ladeira da Prefeitura e sentir o aconchego do espaço quando a gente chega na frente do Eufrasio Barbosa. No Bêbado e o equilibrista papai me deu o primeiro porre de lança-perfume da vida. Mas naquele ano o que me chocou mesmo foi uma discussão no pé da Misericórdia: sobe ou não soube? "Criança sobe de ré!". Desde então minhas cores são vermelho e amarelo. Paixão e sabedoria, sempre com muita ironia.

Por que quem parte deixa saudade.

15.1.05

Só para quem gosta de comédia romantica

Eu agradeci em um comentário a Jampa por ser o que ele foi na minha vida. Na verdade eu tinha pensado um post sobre o quanto os amigos influenciam a minha história, mas agora esqueci como ia fazer isso de maneira bem humorada e só sobrou o piegas. A Julia por me completar. Francisco por ultrapassar. Joao e Rafa pelo desafio e troca. Daniel e Marina pela sutileza. Ton, Romero, Bernardo e tantos outros por acreditarem. Paulinho e Rosa por saberem aproveitar. Pedro e Graça pela distância compartilhada. Carlos, Joelson e Rodolfo porque o caminho é torto mesmo. Elton pelo descobrimento do liderar. Mateus pela diferença e Tuti pela semelhança. Marta pelo começo de tudo. Selin por ter acreditado mais. Jesse porque derrota também é bagagem. As outras mulheres da minha vida pelos momentos vividos. E aos que esqueci, por me cobrarem (e somente se fizerem isso). Estendo esse obrigado a todos os que lêem esse negócio aqui.

11.1.05

Satisfaction

O título não tem nada haver com o que vou escrever. É só porque tentei pensar na primeira coisa que achasse prazerosa. A imagem foi essa música. Muito tesuda. Foi uma forma de buscar forças para escrever aqui.

A coisa que mais meu pai gostava de fazer (segundo ele próprio) era comer. Ele era um cara namorador pra caramba e tal (mamãe reclama até hoje), tinha uma vida Política intensa, tinha uma paixão incrível por jazz, mas me lembro muito bem dele dizendo isso na mesa do Marruá. Por sinal, deveria fazer uma homenagem a ele antes desse Carnaval e ir comer os melhores pães de queijo do Recife (já que aquela carne flambada eles não fazem mais mesmo).

Eu não. Gosto muito de comer, tenho um prazer enorme em escrever e criar, gosto de viajar e de conhecer gente nova como a maioria e acho que até vivi alguns amores (se não dois, pelo menos um com certeza). Mas tenho certeza que escrever dois ou três livros e fazer meia duzia de filmes, ou trabalhar a vida toda num puta jornal mesmo como Ombudsman ou cargo ainda mais importante, não me daria a realização de entregar uma vida para o bem público.

Caralho, Política é outra coisa e eu continuo acreditando. Agora dá uma vontade da porra de querer basear sua realização numa coisa mais simples. É muito fácil ser ator João Lima! Como eu queria ter como adversário um piano ou a direção de um ônibus. Mas vou seguindo esse caminho acreditando que essa minha geração ainda aprende a se organizar. Afinal, já diria Chico Science...

Satisfação Zero deveria ser o título desse post.