19.11.08

Psicologia reversa

Um amigo me fala que vou representar a humanidade na capa de um livro de Antropologia. Claro que eu sabia que isso não daria certo. Fui logo para o meu lado masoquista. Deveria ter fugido dele, mas no dia seguinte estava fazendo uma foto que denigre minha imagem mais do que qualquer outra coisa que tenha feito na minha vida.

Para a maquiadora expliquei que depois daquilo teria obrigatoriamente de emagrecer;

Para o assistente do fotógrafo disse que estava fazendo apenas para ter uma desculpa para raspar o cabelo;

Luiz Santos me jurou de pés juntos que eu ficaria irreconhecível;

Para mim, foi apenas mais um episódio interessante de auto-conhecimento.

É claro que tenho essa tendência a gostar de escrachar. Mas podia ser em coisas que me engrandecessem e não nas que mais me incomodam. Como a gordura. Quem não gosta de mim, pode ficar sabendo que isso me incomoda realmente. Engraçado que minha namorada mais recente adorava minha barriga, para extremo incômodo meu. Não era aquele papo para fazer feliz um gordinho. Era tesão mesmo! Vai entender?

Qual o lucro em posar nu em uma posição extremamente incômoda, que além de agigantar minha barriga, me fazia tremer sem parar? Bem, pelo menos estou comendo mais salada. E foi engraçada minha conversa com a maquiadora naquela situação esdrúchula. Se eu tenho orgulho próprio naquela situação é prova de que realmente não tenho mais o que amadurecer.

A verdade é que enquanto estiver com o cabelo raspado vou ter um motivo bem interessante para lembrar de fazer regime. E até agora ainda consegui não ver essa foto.

11.11.08

Dinner is ready!


Faz uns dez anos que eu entrei na Vila Romana e comprei três paletós e um blazer. Lembro pra caramba o quanto minha ex-mulher e o pai dela tiraram onda da minha cara. Como é que eu iria usar toda aquela formalidade, se sempre me vesti muito bem de bermuda e havaianas.

Na época justifiquei lembrando que aproveitei uma ótima promoção, que deixou tudo com o preço do meu melhor conjunto italiano (por sinal, recentemente aposentado, após nove anos de guarda-roupa e 12 meses de uso constante).

Ou seja, hoje, possuo um paletó preto, um grafite (presente do meu irmão mais novo), um bege e o meu blazer branco. Exatamente o que eu aconselharia para alguém que estivesse indo trabalhar no Congresso Nacional.

Não sei se o gosto pelo trabalho naquele ambiente hostil era anterior ao dia que passei na Vila Romana, só sei que o prazer de trabalhar ali e a segurança que me vestir bem me dá são proporcionalmente inversos à gréia de que fui alvo naquela noite.

Sempre me imaginei repórter de Política. E não tem outro lugar no Brasil onde a gente possa exercer esse ofício com mais destaque. Os caras mais artistas do Jornalismo me vêem como esse cara, que gosta do lado duro da coisa.

É tipo na cozinha. Não gosto de fazer o enfeite da lagosta que vai levar o dip de chutney. Deixo isso para quem gosta do fru-fru. Prefiro o arroz de polvo. O pernil de carneiro. Ou mesmo um bom e saboroso churrasco.

Cortar e limpar um belo pedaço de carne é minha parte preferida na preparação de um jantar. Assim como conviver e me sair bem no trabalho em meio aos políticos mais profissionais desse País. Já estou contando as horas para voltar para Brasília.

É claro que tem o dia que você pega um frango congelado para desossar. Mas por enquanto só estou pensando no pernil fresquinho que comprei na feira de Menilmontant. E na minha matéria da próxima segunda.