28.10.09

Quem faz o Pacto pela Vida?

Na última segunda-feira, tive a infelicidade de cruzar com um veículo que tinha na sua traseira aquela tradicional propaganda do Pacto pela Vida. Fiquei olhando ali insistentemente. Na manhã seguinte, me lembro de notar o nome Polícia Comunitária na farda de um militar, quando fui informar o ocorrido na Diretoria Geral de Operações do Quartel do Derby.

Me considero amigo do sociólogo José Luiz Ratton, idealizador dessa política que vem sendo implementada pelo Governo do Estado. Mais que isso, divido com ele o interesse pelos estudos da Segurança Pública, especialmente quando se fala da cobertura policial da mídia.

Demorei a perceber que precisava colocar para fora a sensação que tive naquela noite terrível para mim. Me parece que um esforço tremendo e investimentos vultuosos pouco terão resultado se não tivermos efetivamente uma política de capacitação, mas principalmente fiscalização e controle de quem atua na área de Segurança e de como são efetuados os investimentos.

Estava na faixa de velocidade da Estrada da Batalha, por volta das 18h30, quando vi um veículo tentando me ultrapassar. Sinalizei e abri para a direita, nesse mesmo momento uma Ecosport da Polícia Militar que vinha em alta velocidade cortou pela direita o veículo que vinha atrás do meu e acertou em cheio meu carro. Ainda tentei livrar para perto da calçada, mas o policial manteve a velocidade para tentar me ultrapassar.

De início nem entendi o ocorrido. Olhei o retrovisor, vi que tinham dois carros na faixa de velocidade. De repente, aquele que estava atrás me acerta em cheio quando estava deixando eles passarem. Só vim entender quando um rapaz que estava na parada de ônibus veio me ajudar a diminuir a culpa (naquela hora uma amiga que estava no banco de passageiro, e recebeu todo o impacto da batida na porta do meu carro, estava feliz de ter sobrevivido): “já tinha notado o carro em velocidade, cortando todo mundo, desde que ele saiu do engarrafamento ali da Barreto de Menezes”.

Fui falar com o policial. “Isso ai qualquer um vai falar. É só ver um intermitente ligado, que a população já acha que o veículo está em alta velocidade”. Minha irritação aumentaria com a explicação da pressa dele, “minha hora de largar é 19h, tinha pouco menos de uma hora para chegar lá”. E principalmente ao ver que ele tentou manipular os agentes do Instituto de Criminalística e da Polícia para fazerem uma perícia irreal.

Explico. Ao bater, o policial deixou o carro seguir uns 20 metros e estacionou sobre a calçada. Parei no local da batida, dei primeira, ia estacionar do lado, mas ele mandou eu parar na faixa de rolamento. Quando chegaram os peritos queria dizer que o acidente tinha sido ali, dizendo que eu tinha trancado ele contra a calçada. As marcas de borracha do pneu da Ecosport estavam marcadas no local do acidente. Espero ansioso os resultados da perícia, tenho impressão que uma será feita para inocentar o motorista infrator e certeza de ter mostrado para ambas as equipes as marcas no local.

Escrevo não para ter recuperado os R$1.148,14 do conserto do meu carro. Honestamente, não sei nem se um policial tem um salário bom o suficiente para correr o risco de ter de pagar uma Ecosport. Sei que ele me pediu o celular emprestado para solicitar a vinda da perícia, talvez estivesse sem crédito. Tenho certeza que eu, jornalista, com dez anos de formado, que exerço cargo de chefia na segunda maior cidade do Estado, não gostaria de estar na pele dele. Nisso, a segunda questão. Por que comprar um veículo caro, de difícil manutenção e frágil para a Polícia Militar. Incrível, voltei dirigindo meu Palio para casa, ele ficou esperando o reboque!

Demorei para escrever. Não queria correr o risco de chatear um policial militar. Depois me lembrei, estava no Palácio do Campo das Princesas quando o prefeito Elias Gomes e o governador Eduardo Campos decidiram que Prazeres seria a maior localidade a receber o Governo Presente. Justo onde ocorreu o acidente.

Acompanhei diversas visitas do governador a Brasília, como repórter de uma agência de notícias. Vejo Eduardo Campos sempre de passagem. Primeiro porque moro desde criança em Casa Forte, mais recentemente porque nossos filhos estudam na mesma escola. Essa foi a primeira e única vez que ele veio conversar diretamente comigo, perguntou o que achava da decisão. Particularmente, ainda estava meio em dúvida se a decisão certa não seria priorizar Cavaleiro.

Escrevo isso aqui como forma de responder ao governador. Cada vez tenho mais certeza que Prazeres precisa realmente do Governo Presente. E pode contar comigo, não vou me omitir quando for preciso trabalhar pelo Pacto pela Vida.

Eduardo Amorim
Coordenador de Jornalismo da Prefeitura de Jaboatão

24.10.09

Orçamento de R$25 bilhões já é pouco?

Com o apoio do Comitê Olímpico Brasileiro, foi aprovada a inclusão de golfe e rúgbi como modalidades olímpicas para 2016. Isso vai aumentar o número de aparelhos esportivos para os Jogos do Rio.

As opções que estão sendo destacadas são o estádio do Vasco da Gama, São Januário, e um clube de golfe (Itanhangá ou Gávea). Portanto, o projeto do Governo Federal, que já prevê mais de R$ 25 bilhões em gastos para o evento terá de incluir mais dois pontos.

Por ser torcedor do Vasco no Rio (meu pai era fanático vascaíno), conheço bem o estádio de São Januário. Não tem estacionamento, muito menos metrô, tem acesso por ônibus. As ruas dos arredores ficam completamente engarrafadas em dias de grandes clássicos e a área é extremamente perigosa.

Ficamos pensando sobre a segurança nos arredores do Maracanã, depois desses incidentes na Vila Isabel, mas São Januario é uma área que está fora da prioridade dos planos de segurança mostrados até agora pelo Governo Federal e do Estado.

Sou plenamente a favor do investimento no estádio do Vasco. Acho que é uma obra que vai beneficiar uma população enorme de torcedores, quando as Olimpíadas acabarem. Fora os moradores dos arredores, que se orgulham do estádio do Vasco. Em 2008, São Januario ganhou o prêmio de 'Maravilha da Zona Norte', ficando em primeiro lugar numa votação para escolher as sete maravilhas da Zona Norte do Rio de Janeiro. O estádio, para quem não sabe, é dos mais antigos do Brasil, tem sua fachada tombada pelo patrimônio histórico e realmente precisa de amplas reformas. Foi inaugurado em 1927!



O rúgbi é um esporte muito popular em diversos países, mas acredito que não seria prejudicial se o projeto passar por uma redução do número de lugares, com implantação de cadeiras em toda a sua capacidade. Também será necessário estudar o acesso (o da geral é caótico, lembra o dos Aflitos), além de áreas para estacionamento e alternativas de transporte coletivo eficiente para a área (corredor exclusivo de ônibus?!).

Espero que o golfe demande menos investimento, pois o Rugbi vai ser um investimento altíssimo. Minha sugestão é que, a partir de agora, já começamos a sugerir que algum outro investimento seja cortado para cobrir o que será necessário fazer para investir nessa nova demanda.

Não podemos começar a aumentar a conta por uma inclusão feita posteriormente ao projeto entregue pelo Brasil.

23.10.09

Olimpíadas no Rio de Janeiro


Faz tempo que queria escrever sobre as Olimpíadas no Rio. Fui mais um dos brasileiros que acordou naquele dia e chorou ao ver o vídeo de propaganda.

http://www.youtube.com/watch?v=9Wrm0KI3XlY

É evidente que tem vários motivos que me fazem saber que o tema me emociona. Sou apaixonado pelo Rio de Janeiro, tenho adoração pelo esporte de alto rendimento e sempre sonhei com o ambiente de pluralidade que se repete em grandes eventos esportivos e tem o ápice há cada quatro anos.

No dia da vitória, fiquei pensando que queria transformar esse blog em um espaço somente de discussão da organização da Copa do Mundo e principalmente das Olimpíadas de 2016. É o trabalho que me imagino fazer com mais prazer. E espero me organizar para fazer isso com bastante profissionalismo no futuro.

Acabou que demorou para eu entrar no tema. Mas li algo no blog de Bernardo e decidi retomar agora.


Evidente que fico preocupado por todos os desvios de recursos que ficaram evidentes após a realização do Pan no Rio. Só que vejo mais pelos pontos positivos. Não o estádio que ficou, a rua pavimentada ou o cachorro quente vendido aos turistas.

Para mim, existem associações que virão futuramente, que estão implícitas no vídeo de Fernando Meirelles. O próprio fato do Rio agora vir a ser cidade olímpica é fruto direto do Pan ter mostrado que a violência urbana é séria, mas que não é insuportável.

Isso é um primeiro passo. O outro é Hommer Simpson comprar fruta na feira das Laranjeiras, ouvir samba na Vila Isabel, ver na TV incessantemente a beleza da Baia de Botafogo, se hospedar na Gloria porque os hoteis de Copacabana vão estar lotados e contar vantagem quando voltar para Wisconsyn.

Tudo bem. Ele pode até dizer que as cariocas são fáceis!? Mentir é parte do acordo. Mas vai também levar uma lembrança de um momento mágico em sua vida, que por gerações novos e novos Bart e Liza vão imaginar poder repetir.


E a dialética é verdadeira. O aprendizado passa também pelos vendedores de fruta se forçarem a vender o produto para os estrangeiros. Pelos jornalistas cariocas aprenderem a vender suas fotos para a imprensa européia. E por criar um hábito de defender nossa cultura fortemente, execrando as simplificações que são comuns em todo o mundo.

Afinal, mulher brasileira tem peitão. O Brasil é o País do voleibol. Música típica quem faz é a gauchada. A melhor comida brasileira é feita pelos italianos em São Paulo. Baiano é um povo sofrido e trabalhador. E o melhor carnaval do mundo é em Olinda. E quando isso tudo virar lugar comum vamos criar novas verdades.

A primeira tarefa com certeza é essa de agora. Cada um em seu papel de eleitor, jornalista, político ou engenheiro exigir que a construção do projeto Rio 2016 seja feito diante de novos padrões de transparência, que não nos envergonhe diante do mundo e não roube as verbas do nossos caóticos sistemas de Saúde e Educação.

5.10.09

Anticristo


Um dos melhores filmes que já vi. Apesar disso, não indico para ninguém.

Entendo muito bem e tenho a memória fresca de todas as tuas dores.

A minha percepção do depressivo filme de Lars Von Trier foi de uma pós-depressão.

E no fim eu ri aliviado de ter deixado um bocado de coisas para trás.

Um filme de terror que tem uma coisa Woody Allen na forma de ver um casal.

Até agora estou querendo saber se quem me levou gostou do filme.

O que importa é que eu me saí bem e não te culpo.

E agradeço se você não me culpar pelo riso que soltei no fim da sessão.

2.10.09

Nova Suíça pernambucana

Ainda criança fui com toda minha família acampar na então virgem praia de Maracaípe. Quando era adolescente fiz um outro acampamento para me despedir de Muro Alto, quando começaram a ser construídos os caríssimos resorts naquele que é um dos mais bonitos pedaços de oceano de Pernambuco. Casei, tive um filho e passei a freqüentar a Pousada Porto Verde, em Porto de Galinhas.

Infelizmente, nestes 30 anos, a arrecadação de Ipojuca cresceu por conta do Porto de Suape e da mais conhecida praia pernambucana, mas os serviços continuam tão ou mais precários do que na minha época de criança.

Nos últimos anos, fui cansando dos engarrafamentos nas ruas de Porto, do esgoto que é jogado diretamente nas mais famosas piscinas naturais do Brasil. De vez em quando, troco o caos urbano e vou tomar minha água de coco na beira do mar de Japaratinga, em Alagoas. Passei a freqüentar mais a Pousada Doze Cabanas, do que a Porto Verde.

Como jornalista, só tive um contato mais profundo com a cidade de Ipojuca. Como assessor de imprensa da Comissão de Defesa da Cidadania, que na época era comandada pelos deputados Roberto Leandro e Betinho Gomes, passei para a repórter Bianca Carvalho, da TV Globo, uma das pautas mais chocantes que já tive conhecimento.

Os proprietários da maior parte das terras da cidade queriam impedir o Programa Luz Para Todos de atender uma comunidade rural instalada há quase um século no litoral ipojucano. Os meninos que estudavam à luz de candeeiro estavam perdendo a visão e mesmo assim os usineiros não liberavam a instalação dos postes.

Para mim, a reportagem ganhou um tom sentimental porque foi uma forma de homenagear a ironia e o sarcasmo do meu pai, Fred Albuquerque Maranhão de Amorim. Ele, que tinha no sangue a tradição canavieira de pernambuco, não concordava com muitas das práticas que eram praticadas pelos nossos ancestrais.

Denunciar a grilagem que era cometida, em pleno século XXI, pelos proprietários da Usina Salgado, foi uma volta aos princípios surgidos em minha família a partir da luta política do meu pai. Assim como para mim, teve um sentimento especial também acompanhar todo o processo de fechamento do Lixão da Muribeca, pois ali naquelas terras que eram do avô dele, meu pai me ensinou a respeitar e admirar o povo simples canavieiro de nosso Estado.

Esse debate surgido nos últimos dias em torno da divisão dos recursos de Suape me faz imaginar um questionamento. Como é que estão sendo geridos os recursos de Ipojuca? O ICMS das indústrias do pólo industrial é apenas uma parte dos recursos de Ipojuca. A cidade conta ainda com todo o ISS gerado pelos grandes hotéis e as dezenas de restaurantes de Porto de Galinhas, Serrambi, Muro Alto e Maracaípe. Sem falar nos milhões que foram investidos pelo Estado e União.

O povo da mais rica cidade de Pernambuco não pode ficar calado. É preciso haver mobilização social para exigir os melhores sistemas educacional e de saúde do Estado. Nem mesmo a tarefa de casa, que é manter limpas as praias que tantas oportunidades geram para os ipojucanos, está sendo cumprida. Nós, pernambucanos, que gostamos e freqüentamos aquele bonito pedaço do nosso litoral estamos atentos e não vamos ficar calados.

Salve Ipojuca. Recursos não faltam. Com a mesma população de Gravatá, Ipojuca tem ICMS per capita de R$2.051 e a antiga Suíça pernambucana recebe apenas R$77. É preciso haver controle social para que a Prefeitura transforme todo o investimento da União e do Estado, que agora rendem frutos financeiros, em bem estar para os ipojucanos e para todos os pernambucanos.

Eduardo Amorim é Coordenador de Jornalismo da Prefeitura de Jaboatão

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