26.5.10

Marina empolga industriais

Roubado do www.noblat.com.br

Por Maria Lima e Gerson Camarotti:

A nata do PIB brasileiro gostou de ouvir a pré-candidata petista Dilma Rousseff prometer que vai manter o que deu certo no governo do qual fez parte.

Os empresários elogiaram o que chamaram de consistência e conteúdo do tucano José Serra ao falar de soluções para o diagnóstico apresentado pela agenda da CNI. Mas foi Marina Silva, que se confessou tímida ao falar para tal público, que derreteu o coração de nove entre dez dos maiores empresários do país.

Os que a princípio sentiram certo enfado com o discurso do desenvolvimento sustentável começaram a se empolgar com o que chamaram de discurso da ética da candidata, que tem 12% nas pesquisas.

O sentimento geral foi que os três pré-candidatos falaram superficialmente e não apresentaram propostas concretas. A única promessa de todos — que já integraram os governos desde 1995 — foi fazer a reforma tributária.

Horácio Lafer Piva disse, ao final da sabatina, temer que a campanha presidencial não avance no aprofundamento das questões, pois, até o momento, as agendas dos candidatos estão muito "rasas". Fez a defesa apaixonada do desempenho de Marina, chegando a dizer que é "uma delícia" ouvi-la.

— Serra avançou, é mais substancioso. A Dilma apresentou a agenda do que está dando certo no governo. Mas a Marina! Colocou as coisas com uma pureza d’alma! Ouvi-la faz o cara sair do armário para dizer: vou abraçar uma campanha mais ética, no primeiro turno vou votar com o coração — comentou o filho do ex-suplente de Serra no Senado, Pedro Piva.

Marina tentou fugir da opção do voto útil, e arrancou gargalhadas ao dizer que "no primeiro turno a gente vota em quem gosta. No 2 turno a gente se desvia do pior".

— A Marina me emocionou. Vi empresários com olhos marejados. Se ela tivesse tempo de TV, iria furar a polarização do Serra e Dilma — comentou Cristiano Buarque Franco Neto, coordenador do Centro de Estudos Constitucionais (CEC).

Para o ex-presidente da CNI Carlos Eduardo Moreira Ferreira, houve diferenças entre os pré-candidatos:

— O Serra demonstrou mais firmeza e conhecimento. Já Marina mostrou sinceridade e idealismo. E a Dilma juntou informação, mas demonstra insegurança com números. Não transmite que fará uma gestão firme.

24.5.10

Marina me emocionou na entrevista de hoje da CBN


A visão dela do momento histórico que vivemos é uma aula de Política. FHC foi vítima do PFL. Lula é refém de Sarney e do pior PMDB. Ela é a única que tem capacidade para governar com o que de melhor a política brasileira pode oferecer.

Serra já disse que vai convidar o PT para a sua gestão, mas eu não acredito que teria sucesso facilmente. O PSDB e pessoas ligadas ao Governo Lula serão incorporados naturalmente na composição de Marina.

“Fiz questão de pedir a Lula para ter autonomia na composição do Ministério do Meio Ambiente”, exemplificou. Para mostrar que aproveitou gestores do Governo do PSDB, gente da academia e alguns técnicos ligados ao movimento ambientalista, além do grupo de petistas que lhe acompanham durante toda a sua vida.

Quebrar essa dicotomia ridícula entre dois dos melhores partidos do Brasil é um passo de uma Década no processo histórico. Pena que o P-Sol ainda não se incorporou a esse projeto, como a candidata tanto defendeu. Mas me parece movimento que, mesmo em caso de derrota de Marina, passará a fazer parte da agenda do futuro presidente da República.

Meu amigo João Lima chegou super feliz do Maranhão, ontem. Tirar Sarney da presidência do Senado é um presente para a vida cultural de São Luís, para a pesca artesanal, para o povo do Amapá que tem direito a eleger seus próprios representantes, para quem acredita na Democratização da Comunicação e para o PMDB autêntico. Imaginem Pedro Simon naquela poderosa cadeira azul!

A culpa da nossa representação parlamentar ultrajante é, também, dos sucessivos governos que se rendem ao clientelismo (não vou chamar isso de política), trocando votos por cargos e liberação de emendas. Romper com essa Ditadura da politicagem pode não ser fácil, mas é um sonho a ser perseguido e discutido e maturado.

Isso é só um tema, mas a presença de Marina na campanha traz muitas outras discussões. Fico feliz dela estar cumprindo o papel para o qual foi incumbida com uma competência tão grande quanto ela demonstrou hoje na CBN.


Como repórter, achei que faltou explorar mais o radicalismo ambiental dela. Qual a postura que ela vai adotar em relação à questão energética no Brasil. Vai apoiar a expansão da energia atômica? Acredita que as fontes alternativas, como a eólica, são suficientes para absorver o aumento da demanda? Vai continuar apoiando a expansão das lavouras de cana-de-açúcar e do setor sucro-alcooleiro brasileiro?

Sou mais desenvolvimentista que ambientalista e essa pergunta é o que falta para decidir o meu voto para presidente da República. Fora que tenho impressão que ela não vai levar a crença religiosa dela interferir no debate político sobre as questões do aborto e da pesquisa com células tronco. A única forma de preconceito que admito ter é justamente religiosa, e com os crentes, por isso só tenho de desejar: boa sorte Marina! E viva a diferença.