17.6.10

Grafite é a cara de Viola



No dia 17 de julho de 1994, o Brasil voltava a ser campeão mundial de futebol depois de 24 anos do saudoso tri-campeonato. Hoje técnico da seleção, Dunga chegava ali ao momento máximo da sua carreira como jogador. Meio-campista esforçado, aprendeu a exercer a liderança sobre a equipe, depois de ter tido sua atuação muito questionada na Copa do Mundo anterior, e juntamente com Taffarel e Romário foi um dos principais símbolos daquele título.

A estréia do Brasil demonstrou o quanto o time é uma repetição daquele vitorioso grupo. Uma dupla de ataque com um matador nato e um habilidoso atacante, fazedor de gols, mas que também sabe deixar o companheiro na cara da barra e é imbatível no quesito criação de comemorações. Isso não lembra Romário e Bebeto – o criador da imitadíssima coreografia em que embalava um bebê?

Em alguns quesitos, sinceramente, estamos melhor do que nos Estados Unidos. Se Taffarel conseguiu se tornar inquestionável, Julio Cesar já chegou à África do Sul com status de ser considerado um dos dois melhores goleiros do mundo. Os dois Ricardos formavam uma das melhores zagas do mundo, mas ficaram de fora da Copa. Maicon une o condicionamento físico invejável de Cafu e o chute potente de um Josimar e ainda tem na sua reserva um dos mais valiosos jogadores do futebol brasileiro.



Elano mostrou que está disposto a provar que não é mais um dos volantes de Dunga. Logo na estréia, deu uma assistência e finalizou com precisão de menino da Vila um belo passe do seu ex-companheiro de Santos, Robinho (para ninguém ficar com saudade de Ganso e Neymar). Com isso, o meio-campista mostrou que não tem talento para enceradeira.

O nosso armador, Kaká, teima em imitar as más atuações do também ex-são paulino Raí, camisa 10 na campanha do tetra. Mas na pior das hipóteses, temos três opções melhores do que Mazinho na reserva: Nilmar, Daniel Alves e Julio Baptista. Enquanto isso, um lateral-esquerdo tem o chute poderoso de Branco, o outro tem a experiência de quem não vai repetir a cotovelada de Leonardo.

A maior dúvida parece ser justamente na posição que o nosso treinador se especializou. Gilberto (Mauro) Silva mostra uma regularidade impressionante em mais uma Copa do Mundo. Mas Felipe Melo continua sem conseguir provar o que lhe faz ser o preferido de Dunga. O jogador não tem nem de longe a liderança que tinha o antigo capitão e ainda é sabidamente um jogador esquentado. O preferido do ex-capitão está mais para aquele que foi um dos mais lembrados nomes pela torcida: Zinho era criticado por quase todos os torcedores.

De todos, o mais parecido mesmo parece ser Grafite. Viola até hoje deve se perguntar como é que ele acabou na Copa do Mundo. O atacante do futebol alemão tem uma carreira mais marcante que o jogador que ficou famoso por uma bola que resvalou nele e tirou o Corinthians de um longo jejum de títulos. Mas será que vai ser necessário ver mais um esforçado lutador entrar em campo nos quinze minutos finais da prorrogação para ver o Brasil hexa? Estaremos torcendo, é certo.

4.6.10

Descortinando a beleza


Marcelo Ferreira observa Jaboatão com olhos de um apaixonado. Vê beleza nas pequenas coisas. Tira da sombra o belo. E denuncia para a sua amada o valor que ela realmente tem.


A exposição Onde o Brasil aprendeu a liberdade mostra a pujança de uma cidade em ritmo acelerado de crescimento. Mas, principalmente, a beleza do povo e do patrimônio histórico e natural de um lugar que estava esquecido no imaginário pernambucano.


O Jaboatão da Batalha dos Guararapes, da passagem dos holandeses e da cultura da cana-de-açúcar. A cidade de uma rica tradição cultural, religiosa e, agora, de um potencial econômico transformador.


O fotógrafo teve sua infância no Engenho São Paulo, em Ipojuca. Congelou em imagens a saudade. De um mundo rural que fica justamente entre as fronteiras do Recife e do Porto de Suape.


O canto de amor virou denúncia, depois da destruição de parte do patrimônio do Engenho São Bartolomeu. “Infelizmente, a demolição da casa mostra a capacidade que a fotografia tem de eternizar as paisagens”.


A exposição entra em cartaz em um momento de profundo debate. O desenvolvimento vai passar por cima dos mangues e dos engenhos no território estratégico de Suape? As fotos, sem denuncismo, são um convite para os pernambucanos e, principalmente, para quem é de Jaboatão.

Venha, conheça, apaixone-se, construa, preserve, Onde o Brasil aprendeu a liberdade.