6.6.06

Perdi o texto

Faltam três dias para a Copa do Mundo. Parece aquele momento em que o cara se veste para finalmente sair com a paixão que estava guardada no fundo do armário sentimental. Eu já até perdi esse texto que estava quase todo feito. Mas mesmo assim vou escrever alguma coisa para não perder a viagem.

Fico com uma saudade danada do tempinho que trabalhei no JC, caderno de Esportes. Meus domingos de folga eram um verdadeiro tormento.

- Para de pensar no teu trabalho uma vez na vida!

É que sempre dei azar de folgar em dia de Clássico das Multidões.

Na Copa passada estava no Rio. Assisti quase todos os jogos do torneio em minha casa da Vila Isabel. Feliz tempo de desempregado. Acabou a competição, o Brasil ganhou e logo voltaram as angústias. Quando passou o primeiro turno da eleição desisti da minha empreitada carioca, foi mais fácil voltar para o Recife.

Tio Armando também estava no Rio. Teve o azar de não ser chamado para a cobertura no Japão e na Coréia. Ficou dirigindo o programa da SporTV do Rio de Janeiro mesmo. Tomara que dessa vez ele esteja comendo bem muito chucrute, afinal até Juninho Pernambucano está nessa Copa.

Tomara que ele tenha o direito de gritar Vasco quando o reizinho fizer mais um gol de falta. Ele foi o único flamenguista do mundo que me ligou para comemorar quando Juninho foi campeão pelo Vasco. Mas no Rio de Janeiro é muito mais difícil demonstrar essa paixão enrustida.

Promessas de 2006. Acho que nunca gostei tanto de um time do Brasil.

Não assistir jogo do Brasil na casa de Mateus. 98 bastou. E ainda deixou meu irmão Pedro sem gostar de futebol.

Não falar mais nenhuma vez que não me lembro da Copa de 82. Por que essa não é a Seleção que pretende substituir a de Zico e Falcão.

Assistir a final com Tuti. Por que a coisa mais bonita que me lembro do futebol é ver Tuti chorando na final de 1994.

É mais fácil isso do que ir para a casa de uns amigos, com Paulinho e Rosinha, lá na Urca.

A Copa de 90 acompanhei muito pouco. Estava em Gravatá. Lembro que reclamava da ausência de Romário e Bebeto, minha dupla de ataque dos sonhos.

De 86, lembro da tensão pré Brasil e França. Fiquei encolhidinho na varanda do quarto de mamãe, rezando para Careca fazer um golzinho. Só me lembro de voltar aquele lugarzinho no dia que meu pai morreu. Bem, não deve ser um bom lugar para fazer nenhum pedido a Deus. Ainda mais sendo ateu.

Toda Copa do Mundo eu sempre reclamo de alguma coisa na Seleção. A dupla de ataque devia ser Romário e Bebeto. O melhor meia de ligação do Brasil é Bismarck (tá, alguma vez eu tinha que estar errado). Edmundo está em melhor fase do que Ronaldinho, imagina que fiquei feliz quando vi o cara escalado no dia da final contra a França. Mas nessa Copa só torço para Juninho virar titular.