29.4.05

Narcisismo em estado bruto

As vezes fico curioso se as pessoas realmente entendem quem eu sou. Tipo assim, alguem - fora Mateus, que deve ter um senso de humor quase tão ridículo quanto o meu - entende que quando escrevo "Encontrei Marina na entrada e a sessão ficou um pouco mais gostosa" é só para associar as palavras Marina e gostosa?

Será possível que dois anos seguidos a pessoa faça declarações de imposto de renda de terceiros antecipadamente e deixe a sua para o último dia? Pior, acorde às 3 horas da manhã de uma sexta-feira e encontre a mensagem: Manutenção impede contribuinte de fazer declaração das 3h às 7h. Ano passado fiz umas três do pessoal da Prefeitura e domingo passado fiz a de Julia (hiper complicada). A minha que é simplinha e tem só uma fonte de renda, vou ter que fazer de tarde.

Tudo bem que a maioria dos leitores desse blog nunca acessou o site da Receita Federal. Mas tem um amigo meu que tá grávido e eu gostei pra caramba de saber. Assim, a minha geração vai ganhando responsabilidades.

Tive uma conversa com Rosinha sobre exposição/narcisismo/blog. Se a pessoa parar para pensar realmente morga esse negócio de escrever sobre si mesmo. Mas como são cinco horas da manhã espero que ela perdoe mais esse post.

28.4.05

Machuca

Fazia tempo que não assistia a um bom filme. Encontrei Marina na entrada e a sessão ficou um pouco mais gostosa. Depois não consegui falar da sensação que tive, mas venho aqui tentar explicar.

O filme chileno é sobre o conflito entre duas crianças, uma pobre e outra rica, que se conhecem durante o Governo Allende. Quando morava no Rio escrevi uma história que tinha esse mesmo enredo, no contexto da violência crescente no Brasil.

Eles se conhecem quando um padre inglês abre um colégio aristocrático para meninos das comunidades próximas. O riquinho ruivo e o índio gordinho (Pedro ?Peter? Machuca) têm uma empatia imediata e ainda dividem uma paquerinha infantil.

O filme é dedicado a um padre que realmente dirigiu o Colégio Saint Patrick na época em que se passa o filme. Mas tem toda uma aura de fantasia, com os meninos correndo das passeatas nacionalistas para as comunistas para vender bandeirinhas.

A história é boa. Bem contada. Consegue entrar em territórios de múltiplas sensações. Acho que as pessoas podem gostar do filme por diversos motivos diferentes. O namoro das três crianças. A Política. A infância bem vivida. A linda Santiago. A violência policial...

Para mim, o que mais reverberou foi a sensação forte de machucado por sentir falta de lutas no nosso País. Tanta coisa evoluiu! Mas as pessoas estão deixando passar porque quem veste a camisa vermelha hoje são os perseguidores no Brasil.

Cadê aquele povo que jogava torta na cara dos tucanos?

25.4.05

Teoria e prática

Escrevi um negócio grande da porra sobre a distância entre teoria e prática na regulação de energia, mas perdi. Queria ver o que Paulinho ia achar. Mas agora não vou conseguir reproduzir. O resumo da ópera: os "donos" da Aneel têm mandato e por isso são facilmente corrompidos, a empresa ideal que a Agência cria é uma lenda (os custos e perdas da Celpe acabam sendo levados em conta), as regras da Aneel não levam em conta contribuições que poderiam ser dadas por exemplo pelos Procons (maior número de reclamações em Pernambuco é para quem? Celpe - Grupoo Neoenergia), fantasias criadas pelas empresas viram custos nas contas dos contribuintes ("o aumento na perda de energia foi gerado pela violência em Pernambuco", Roberto Alcoforado, presidente da Iberdrola, Celpe, Termopernambuco. Sei lá, é tudo o mesmo monopólio). Os juízes que vão julgar o aumento, depois de autorizado pela Celpe (sei lá, Aneel), já foram devidamente comprados. Por sinal, foi a Veja que divulgou uma viagem desse pessoal para a Cidade Maravilhosa paga pelo nosso dinheiro e repassado para a Celpe através das contas de energia elétrica. E o pior é que lá no Sítio os fios (que eram para ser de energia) são todos de telefone.