27.10.05

Homo Sapiens

?As pessoas acham que hoje vivem mais para o prazer do que no passado, mas isso é uma grande ilusão. Todo mundo trabalha como louco, chega em casa moído, não tem tempo para nada e vive obcecado com a busca do prazer instantâneo em doses cada vez mais altas?, resume o psicanalista Jurandir Freire Costa.

Se "as pessoas" diz respeito aos Homo Sapiens Sapiens eu estou fora.

21.10.05

Pandemia

Jornalista é uma raça incompetente mesmo. Faz mais de uma semana que ouço falar na gripe aviária diariamente. Sempre se usa a palavra Pandemia, mas ainda não sabia o que isso significava. Sempre ficava esperando um aposto explicativo, mas ele nunca vinha. Então fui no dicionário:

Pandemia é uma epidemia que atinge num curto período de tempo as populações de numerosos países.

É bastante grave, não dá nem para pensar que os caras não explicam para causar mais medo ainda nos leitores/ouvintes/telespectadores. Ou seja, é incompetência muita mesmo. Agora eu acho que a quantidade de matérias sem aprofundamento que tenho lido só pode ser uma tentativa de fazer com que as pessoas pensem que o mundo vai acabar.

A Gripe Aviária tabela com a Febre Aftosa, mete na esquerda para a corrupção sistêmica, que recua para a gripe, cruzou, de cabeça, e a Febre Aftosa acabou o mundo. É gooooooooooooooooooool!

18.10.05

Viajar é preciso

Passei 24 horas em Petrolina. O que conheci foram as delegacias e penitenciárias. Mas achei muito legal o que vi no caminho.

Do avião a gente vê as formas geométricas da agricultura irrigada. Círculos de uva, retangulos de manga, diversas formas diferentes de melão.

Tudo bem que aquela riqueza toda pouco chega para o cidadão comum. Mas só daquela terra estar sendo aproveitada já acho muito bonito.

A cidade não é nenhuma jóia. Só não tem a sujeira toda de Recife, Caruaru. Mas também não é organizada como as cidades mais bonitinhas do Nordeste.

Voltei com um primo meu que trabalha exportando frutas. Maior empolgação com a safra de uva. É muito bom produzir.

Fico pensando na ironia de João Lima. "Esse negócio de arte, não está com nada. O negócio é trabalhar em café e comer bem".

É muito legal produzir arte, mas o saco é ficar andando em círculos. Falta, falta, falta. Dinheiro, dinheiro, condições.

Com a Política não é muito diferente. Aliás, as faltas da arte são em grande parte fruto das dificuldades do resto da vida.

Mas a verdade é que eu fiquei com a maior vontade de plantar mais e mais. Meus 100 pés de maracujá são tão pouquinho...

4.10.05

Volta às origens

Gosto de contar uma anedota que parece só ter graça para mim. Ia passando pela mesa dos mais velhos no aniversário do professor Marcos Lima quando me interessei por uma história que Dona Jaci, a viúva do saudoso ministro Oswaldo Lima Filho, contava:

- O maior ladrão que já passou por Pernambuco chamava-se Julio Maranhão.

- Meu bisavô Dona Jaci..!

Me parece que houve um momento de silêncio.

- Esse cara concorda com as piores coisas que você disser mamãe, salvou-me o aniversariante.

Infelizmente, o respeito familiar prevaleceu e Dona Jaci acabou sem contar mais nada. Fiquei sem ter o depoimento que viria a seguir. Mas ontem, em pleno ano de 2005, tive uma visão que me parece ser bastante semelhante ao que acontecia na época de Doutor Julio Maranhão à frente da Usina Jaboatão.

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Visita da Comissão de Defesa da Cidadania à Usina Salgado, em Ipojuca. Passamos a tarde lá. No ônibus os deputados Soldado Moisés e João Fernando Coutinho, ambos do PSB, iam mangando um pouco de Roberto Leandro.

- Essa estrela no teu peito parece mais um sol.

Fomos logo a uma pequena comunidade. Sítio Pistola. Por que será que tem esse nome?

Um trator derrubava algumas árvores para plantar cana-de-açúcar. Um morador, que estava no local há "apenas" 16 anos, contou o prejuízo que teve: foram 145 mangueiras, 80 coqueiros, sem contar os pés de macaíba, azeitona rocha, etc. A fonte de água que ficava a uns 20 metros de sua casa também foi aterrada.

- Não estamos derrubando nenhuma residência, a casa dele foi preservada. Explicou o empresário Marcos Queiroz, que mudou na semana passada do PT para o PSB e deve ser candidato a deputado federal.

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Conversei com uma liderança que é filho de um senhor de 91 anos. Nasceu no Sítio Zépojuca. A Usina Salgado reclama a posse das terras. Quem tem direito é quem tem o papel ou quem plantou uma árvore há 80 anos?

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Eu não vou mais me encher de contar essa história. Me envergonha que ainda estejámos vivendo o tempo de Doutor Julio Maranhão. Me envergonha a falta de jornalistas que tenham sensibilidade para um drama tão chocante. Salve Bianca Carvalho e a Rede Globo. Me envergonha a classe política. Salve os que continuam lutando dentro do PT e os que criarem novas alternativas.

Minha matéria está no site da Assembléia mas também não dá o sentido todo da coisa: http://www.alepe.pe.gov.br/inicio.php?secao=377&doc=021395DE882613BB032570900003860E