26.12.10

A paixão nos une

Lembro da minha mãe dizendo "chore meu filho". Ela gostava de se colocar contra toda essa história de que menino não chora. Além disso, tinha toda uma discussão sobre os rituais. Acho que o choro é uma escala disso, assim como o luto e os eventos que são organizados para beber os mortos (enterro, missas, funerais).

Eu quase nunca choro. Bem, quase nunca chorava. Esse ano me peguei chorando em pelo menos duas situações meio ridículas.

Acordei às sete da matina e liguei a Globo. Putz, esse vídeo me fez chorar.


O título dele diz tudo. A paixão nos une. Não sou carioca. Mas amo aquela cidade, lindo que o Brasil vai poder se mostrar para o mundo com o que tem de melhor em 2016.

Semana passada meus olhos encheram de lágrimas de novo. Serginho Capoeira falou da vez que ele levou pancada da polícia em um acampamento Sem Teto em Paulista. Putz, que felicidade aquele cara conseguindo dar mais de 800 apartamentos para o povo dele. Chorei quando a presidente da Caixa começou a falar da felicidade de poder estar viabilizando todo esse processo. Ou foi quando ele falou das dificuldades de não conseguir nada antigamente? Enfim, as lágrimas não desceram, mas o olho ficou cheio delas.

Outro dia eu bebi uma lágrima. Não era de dor, nem de tristeza. Tinha gosto de lágrima de amor. Não disse nada e até obedeci o que ela me pediu, "me deixa em casa". Ficamos eu e ela curtindo a dor e a delícia um pouquinho e ela se foi. E queria só ter dito a ela que se as lágrimas não desceram novamente, foi somente porque meu jeito é assim. Chorei também, talvez com o mesmo sentimento.

2.11.10

Tropa e Pernambuco

Assisti ontem Tropa de Elite 2. O filme continua lotando os cinemas. Na véspera do feriado, era o único em cartaz que lotava as sessões do shopping aqui perto de casa.

Achei muito bom, apesar de ter criado uma expectativa tão grande que fez com que saísse do filme achando o longa-metragem meio careta.

Um pouco porque os personagens são muito simplificados. Li uma explicação em que Marcelo Freixo (deputado que inspirou o personagem Diogo Fraga) afasta as comparações entre Wagner Montes e o jornalista corrupto do filme. É preciso mesmo dar muitas explicações, porque a história diminuiu tanto a complexidade dos personagens que Hollywood bateu na porta. Mas o principal é ter em mente que aquilo é uma obra de ficção.

Nem todo mundo que vai ver o filme leu Meu casaco de general, acompanhou a política de segurança dos governos Garotinho e Sergio Cabral e menos gente ainda fez mestrado no Iuperj.

Todo mundo fez o maior bicho sobre a violência. Eu, sinceramente, fico achando que não faria mal nenhum levar meu filho de 11 anos para assistir. Ele vê tanta baboseira bem mais violenta na Internet, que um filme com fundo de realidade até poderia fazer algum sentido.

Fico, no entanto, extremamente satisfeito de ver a política brasileira retratada na tela do cinema. Me vi várias vezes no gabinete de Romário Dias e de Guilherme Uchoa, quando apareciam as cenas de discussão para a abertura da CPI das Milícias na Alerj. Mas ao mesmo tempo me entristece perceber que o Governo Eduardo Campos simplesmente acabou com as possibilidades de uma oposição mais incisiva no campo dos Direitos Humanos e da Segurança. Quem denuncia a violência em Pernambuco?

Encontrei o sociólogo José Luiz Ratton domingo, na Praça de Casa Forte. Sou amigo dele, mas não votei no candidato dele e acredito que a sociedade pernambucana precisa urgentemente de gente que conteste os números do Pacto pela Vida. Deputados, sociólogos, jornalistas.

O fim do PE Body Count é um indício de que está tudo errado. É como se em Pernambuco a questão homicídios estivesse resolvida?

Na minha aula de História dos Direitos Humanos, recentemente, tivemos uma discussão sobre os números da violência. Uma assessora do Governo do Estado não conseguia nem mesmo se colocar na posição de gestora, se confundia com o povo e depois dizia que estava recebendo salário do Estado.

Quem vai levantar os números da violência e levar para a tribuna da Assembléia Legislativa como fazia Roberto Leandro na gestão de Jarbas Vasconcelos? Quem vai dizer que Cavaleiro é dominado pelos grupos de extermínio e o Pacto pela Vida foi para Prazeres para beneficiar eleitoralmente o governador Eduardo Campos?

Vamos aprofundar os estudos sobre a violência no Estado. Estão mesmo diminuindo os números de homicídios? E a corrupção nas polícias? Evidente, nossa violência era causada muito mais por falta de oportunidades e no momento que surgem empresas e vagas a tendência é diminuir alguns números. Mas é preciso aprofundar as discussões para exigir a melhoria efetiva do Sistema (para usar a palavra da moda).

Eu só fico menos chateado por um motivo. Votei Edílson Silva para governador. Esperoque daqui há dois e depois quatro anos o P-Sol de pernambuco mostre que está seguindo a trajetória de Marcelo Freixo e Chico Alencar no Rio de Janeiro. Oposição crítica e sugestiva. Para Pernambuco seguir avançando. Cansado desse discurso de que está tudo muito bom!

1.10.10

O verde é uma onda ou fica na marola?

Se Marina passar dos 10% terá superado as expectativas de todos os seus correligionários. Chegando aos 15%, terá deixado uma marca que pelo menos nos próximos quatro anos fará o PV parecer ter deixado o estado nanico que sempre o acompanhou. Caso atinja os 20% pode até gerar um Segundo Turno, em que os dois candidatos obrigatoriamente vão ter de assumir compromissos com a questão do desenvolvimento sustentável.

Muita gente fala que o povo brasileiro não sabe votar. Eu acho que as vezes é preciso analisar com mais cuidado as lições das urnas. Mas o eleitorado de repente passou a se preocupar com o meio ambiente?

Tenho impressão que não é bem assim.
A Região Metropolitana do Recife tem questões ambientais seríssimas e que ainda não recebem a devida atenção, especialmente do governador Eduardo Campos. Mesmo o candidato do PV no Estado foi evasivo ao deixar de enfrentar as polêmicas ambientais que quase sempre jogam em conflito empresários e ambientalistas. Talvez por isso esteja tão mal nas pesquisas, em comparação com a candidata do seu próprio partido.

Vejamos o caso mais recente. A presidente da Caixa Econômica Federal esteve na semana passada no Recife para liberar R$500 milhões para uma obra de logística entre os municípios de Jaboatão e Cabo de Santo Agostinho. Na ocasião, a Moura Dubeux (empresa beneficiada pelo empréstimo milionário) fez questão de dizer que o investimento começaria de imediato com a terraplanagem da área.

O interesse dos prefeitos obviamente é enorme para que as empresas venham e se instalem nos municípios e a competição para atrair as maiores indústrias é inevitável. Mas foram feitos os estudos ambientais para liberar esse gigantesco aterro? Afinal, Jaboatão e Cabo foram vítimas recentemente de enchentes. É natural que o Governo Federal faça a liberação das verbas sem a comprovação da viabilidade das interferências no meio ambiente? Com o aterro, com certeza algumas áreas serão prejudicadas, mas ainda não se falou em remoção de famílias.

A maioria vai achar que isso está muito longe do debate de quem está nas ruas. Acabei de chegar da comunidade Novo Horizonte, que era conhecida antigamente como Suvaco da Cobra. As pessoas ali comemoravam a construção de quatro pontes pelo Governo Municipal e contavam com muita tranqüilidade como se deu o processo de degradação da Lagoa Olho D`Água nos últimos 40 anos. Por sinal, elas continuam esperando as verbas do (fantasioso?) PAC, que teoricamente deveriam ter chegado por ali.

A Moura Dubeux tem um histórico de desrespeito ao planejamento arquitetônico e ambiental. Basta lembrar das duas torres construídas no Cais José Estelita, que desvirtuaram completamente a paisagem do Centro do Recife. Mas isso não é o mais grave. Mais grave mesmo é que o Porto de Suape já causou alterações ambientais gravíssimas no nosso meio ambiente.

Quando eu era criança e morava em Piedade adorava ver os maiores pegando onda. Na minha pranchinha de body boarding ensaiei um aprendizado do surfe, mas quando virei adolescente no Colégio Marista já tinha um colega que jogava bola com o pé de madeira, porque um tubarão o atacou ali na divisa entre as cidades de Recife e Jaboatão. O uso da praia, mais até do que os alagamentos nas favelas, é uma questão que atinge os cidadãos de todas as classes sociais e idades. E a economia, já que ninguém imaginava há 20 anos o prejuízo que nosso turismo teria com esse desastre ecológico.

Evidente que muitos podem dizer que Marina está ganhando votos porque Dilma se mostrou favorável a algumas questões como o aborto e depois voltou atrás. Ninguém gosta de um candidato sem palavra. Mas volto a insistir que os políticos ainda não viram a importância que a população já está dando ao respeito ao meio ambiente.

Para mim, Recife é um exemplo disso. Bastaria ver as mobilizações em defesa do Parque Dona Lindu, do Sítio da Trindade e do Hospital da Tamarineira e a reação gerada pela construção das duas torres pela Moura Dubeux. Como sempre, a classe média vem primeiro, porque tem mais acesso à leitura. É esperar para ver se logo essa preocupação não estará na boca do povo que de tempos em tempos tem que deixar suas casas por conta dos alagamentos.

19.9.10

Assessor de imprensa é jornalista?

Uma ex-namorada me mandou um texto interessante, publicado no Estadão, sobre a diferença entre as profissões de jornalista e assessor de imprensa.

Sempre tive dificuldade para traduzir os meus trabalhos como assessor de imprensa para o inglês, já que na língua de Shakespeare as duas profissões têm seus espaços muito bem delimitados.

Aqui no Brasil, uma questão cultural levou ambos os profissionais a assinarem o mesmo código de conduta. Me atrevo a dizer, para ódio da maioria dos que exercem a profissão de assessor de imprensa, que essa é mais uma obra do “jeitinho brasileiro”.

A história do jornalismo brasileiro é, na verdade, marcada pela relação de poder que as elites sempre exerceram nas redações. Assim me contava meu saudoso avô, que me deu de presente sua carteira de repórter do Diario da Noite, assinada em 3 de fevereiro de 1938: Rio de Janeiro, Adelino Christovam de Amorim.

O documento chegou às minhas mãos junto com uma flor de papel, que deve ser fruto das noites boêmias da Capital Federal, no segundo quarto do século passado. E a assinatura de uma das mais emblemáticas figuras da história do nosso jornalismo: Director: Austregésilo de Athaide.

Acho que temos de lutar a favor da liberdade de expressão das diferentes opiniões existentes na nossa sociedade. Discordo do ponto de vista de quem diz que os veículos comandados por pouco mais de uma duzia de empresários represente a caleidoscópica sociedade brasileira.

Mas realmente não sei se a simples divisão da categoria ao meio traria algum resultado ? Nos meus anos de prática, conheci quatro tipos de profissionais e tenho amigos entre todos estes grupos:

Aqueles que não compreendem nem o básico do contexto político.

Os que, declaradamente ou não, escrevem o que o patrão deseja.

Os que tentam dar um tom mais próximo da sua visão, mas sabem se adaptar ao necessário para continuarem nos seus empregos.

E os que têm uma visão de mundo tão forte que não conseguiriam redigir nada sob as linhas ideológicas do empresário-político que é proprietário ou comanda ideologicamente uma redação.

Evidentemente, no dia-a-dia as pessoas passam facilmente de uma posição para outra. E ao longo dos anos quem era um sonhador vira um infeliz reprodutor de verdades alheias (também conhecidas como releases).

No meu caso particular, já entrei numa redação sabendo que não conseguiria esconder a emoção que corre nas minhas veias e as idéias que tenho no cérebro.

Diante disso, fiz uma opção simples. Depois de sair da Folha de Pernambuco por opção, entrei no Jornal do Coummercio no caderno de Esportes. Não imaginava eu que ali também a política exerce uma forte influência.

Mas isso não é o mais importante. O que considero mais chocante na minha vivência são os grandes profissionais que deixaram o Jornalismo. Com certeza a maioria dos que que convivi que expunham nos seus textos a verve de um repórter que escreve com o sentimento próprio.

Só vim a trabalhar em uma editoria de Política, em Brasília. Mas dividi algumas conversas com Marta Samico e Alberto Lima, que era para mim o exemplo de repórter de Política, na minha época ainda de estagiário. Desde então, nunca conheci ninguém que se dedicasse tanto a ler Diario Oficial e chafurdar as incoerências dos nossos governantes.

Como muitos outros (citaria meus professores, Samarone, Marinita...), Alberto Lima é mais um exemplo – espero que feliz para ele – de um repórter que deixou o ofício. Vive em Paris e passou em um concurso do Itamaraty. Acho que teve uma sorte melhor do que o meu avô, que veio para Recife e virou advogado, mas no fim da vida curtiu bastante a memória das aventuras na antiga Capital Federal.

10.8.10

Distâncias

Estava na casa do meu pai quando chegaram dois colegas dele. Me levaram para a casa de minha mãe. Nessa época, meus irmãos todos estudavam de manhã. E foram horas e horas sozinho, sem nenhuma informação. Enquanto Maria, que tinha vindo comigo, chorava e comentava baixinho alguma coisa com a empregada da minha mãe.

Fiquei numa varandinha que dava para o pergolado, da parte de trás da casa, até um grito que marcou a minha vida.

- Foi minha mãe ou foi meu pai………….?

Marta soltou tudo o que tinha dentro dela e segurou o grito durante todo o longo percurso enquanto eu atravessava o quarto de Inalda, corria o corredor, pulava as escadas, atravessava sala e cozinha e me jogava para abraça-la na entrada de casa.

Esse grito se chama impotência.

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Anos depois estava no Aeroporto do Galeão. Meu filho e a mãe dele do outro lado do vidro. A dor de caminhar contra a direção do que você mais ama na vida é algo que não se repete. Foram os passos mais silenciosos que eu me lembro de ter dado.

E voltei. E voltei. E voltei. E trouxe eles de volta finalmente.

Felizmente, consegui colar metade da separação. As despedidas de Chico vão ficando cada vez mais tranquilas. Qualquer dia vai ser ele que virá me dizer que está indo ali passar um tempinho em São Paulo. E
aquele momento apenas vai ser mais uma prova de que os caminhos de pai e filho podem até se distanciar, mas algo em quem somos registra para sempre os passos de um e do outro.

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Sábado passado estávamos eu, Xandinho e Tuti na varanda da casa da minha mãe. Na companhia de três garrafas de whisky. Ela deitou ali pela sala, como quem faz questão de nos deixar à vontade e de cuidar ao mesmo tempo.

Mais uma noite de despedida. Fiquei ali testemunhando os dois irmãos trocando confidências.

O choro viria depois. Mas lágrimas também constroem. E eu preferi nem ir atrás para ver. Aquele mesmo líquido que Baggio deixou jorrar em 1994. Mas dessa vez sem nenhuma euforia. Coisa de homem. Coisa de adulto. Coisa de quem sabe que chegou a hora de enfrentar o mundo.

Sento hoje de novo na varanda da casa de minha mãe, olhando para o lado de fora e tomo uma dose de whisky para comemorar a nossa distância.


Era para ter uma lição muito importante da minha vida nesses dois dias tristes e nesta noite feliz. Espero que alguém saiba ler, porque eu tenho de trabalhar agora.

18.7.10

Memórias pessoais de uma noite estrelada

Encontrei com ela numa cachoeira em Pirinópolis.

A beleza dela me encantou de uma forma violenta. Me tornou um cara mais feliz, corajoso, amoroso, bonito e muito mais inteligente.

Um encantamento que nunca precisei me dar conta.

Aquela sensação enchia o meu dia de uma forma tão plena. Era preciso apenas viver, a plenos pulmões.

Sentir o vento sentado no banco de passageiro e olhar para as pernas dela apertando o acelerador.

Ver as nuvens de cima pela janelinha da ponte aérea Recife-Brasília. Estou chegando!

Tomar um café dividindo as hard news do Congresso Nacional.

Descobrir o melhor croissant de amêndoas do mundo numa pequena padaria brasiliense

Ganhar de presente um fim de semana maravilhoso numa pousadinha olindense.

E aprender a retribuir com uma calcinha e um sutiã que só nos deixariam mais juntos.

Era tanta felicidade que eu não entendia o choro dela. Como ela podia ser triste e ao mesmo tempo demonstrar tanto amor?

Talvez por isso, nunca assumi o nosso amor proibido. Segue teu caminho Oxum! E saiba que sempre que desejar, meus dedos e minhas mãos serão tuas

15.7.10

Piedade e Casa Forte

Depois de muito pensar, vendi o carro rapidamente. Em um dia de nova vida já me sinto muito mais cidadão. De volta à rotina de comprar fruta no Joana Bezerra. E dividir o banco com os recifenses de todos os lados da cidade.

Estava no metrô agora a pouco. Fechava o olho, com a cabeça encostada na janela. Uma menina tilintava com o dedinho no vidro. Desencostei e ela balançou a minha mão. Abri só o direito, depois o esquerdo e o esquerdo e ela tentando disfarçar a brincadeira.

Vitória tem cinco anos. É filha única. A mãe estava indo no Centro do Recife. Mas não perguntei o que diabos ela estava fazendo levando a pirralha para passear tão tarde. É que precisei logo descer no Joana Bezerra.

Ontem, entrou um ventríloquo no ônibus. Não me lembro o nome de nenhum dos dois. Sei que quando o artista começou o show, um crente empata foda começou a gritar que aquilo era um boneco de Satanás.

O cara era tão humilde que foi logo descendo. Dei uns R$0,50 centavos para ele, as moedas que tinha no bolso. Depois comentei com a menina que tava do meu lado, que o boneco nunca deve ter ganho tanto dinheiro por um show incompleto.

O nome dela é Vaninha. Estuda no GGE e vai fazer vestibular para Direito. Me disse que achava uma boa escola, bem puchada. E ficou me perguntando sobre Jornalismo, nos intervalos entre as ligações da Folha de Pernambuco e do Jornal do Commercio.

A venda do carro foi quase um reencontro com o meu bairro. Marquei de receber o dinheiro dentro do Banco do Brasil da 17 de Agosto. O comprador era um kombeiro de Abreu e Lima, cara super gente fina. É sério!

É evidente que tive preconceito com esse cara. Talvez por isso, tenha marcado para dentro daquela agência. Ali os dois seguranças vinheram me perguntar se estava tudo bem e um fez questão de dizer que ninguém mexia comigo naquele banco.

Jadiel que me abriu o olho. Era para eu ter dado um trocado ao cara. Pelo menos, era essa a intenção dele ao se mostrar tão prestativo, com alguém que estava contando dezenas de notas de R$100. Ainda bem que não entendi.

Pedi ao cara para ele contar os assaltos todos que já aconteceram naquela agência. É um tema meio proibido para um vigilante de banco. Mas foi engraçado ficar me passando por malandro. Será que disfarcei o quanto sou menininho de Casa Forte?

Felizmente, mais da metade das notas foram usadas antes de entrar na minha conta para pagar as dívidas. Dormi tão tranqüilo. Vai ver tem haver com isso o fato de estar gostando de andar de metrô novamente.

Ainda teve uma outra fofoca. A dona do cartório veio me perguntar se eu estava querendo casar. Ela adora uma história dos Costa Lima. Disse que estava (só) vendendo um carro e menti dizendo que era muito amigo da minha ex-mulher.

É que eu me separei há uns três anos de uma prima dela. E quando meu filho nasceu, ela passou bem uma hora contando todas as fofocas possíveis da família delas. Felizmente, ontem foi bem mais rápido. Acho que ela estava bem humorada.

Estou pensando em comprar uma outra bicicleta. Deixo uma no trabalho e a outra aqui em casa. Como estava preso a um carro... Chega dá vontade de dizer que nunca mais vou ser proprietário de um veículo. Alívio!

11.7.10

Quantos eus tenho em mim!?

Meu amigo João Lima fez uma peça autobiográfica. Ele ia falando sobre quem é e assumindo os papéis das pessoas que são importantes na vida dele. Adorei porque eu ficava vendo ele fazer a cara de amor que a mulher dele faz mesmo na vida real.

Acho que a gente é muito isso. O reflexo dos cheiros, das cores e dos amores que passam pelas nossas vidas. E dos ódios, das solidões e das ausências também. Afinal, alguma coisa tem de ser culpada pelas nossas mancadas.

Já comecei esse texto falando das marcas que as pessoas me deixaram. Outra tentativa trazia as maiores vergonhas que eu já tive na vida. Poderia escrever mesmo 1.000 coisas diferentes porque sou dado a absorver o ambiente e o momento em que estou.

Meu maior sonho quando era criança era ser jogador. Mas cresci, esqueci aquele pesadelo em que ficava nu no meio da rua, mas morri de medo quando me joguei de cima de um prédio e acordei morto no chão.

Sei da minha capacidade para jogar bola. No entanto, poucas vezes consigo reunir a raiva e a calma nas dosagens certas. A maioria das vezes acabo sendo apenas um jogador esforçado, quando sempre imagino ter condições de fazer mais.

O ato de escrever reflete muito da minha vida. Lembro que, na primeira vez que nos encontramos, disse a minha ex-mulher que ia ser escritor. Ela ficou com impressão de ter sido pura lenda para encantar a menininha, pois acabei virando rapidamente um jornalista.

Mesmo na paternidade que exerço com muito carinho, fico vendo os momentos em que deixo a raiva tomar controle. Olha que a ausência de meu pai sempre me faz pensar muito na importância de ser um cara muito esforçado na criação do meu filho.

Ele é responsável por uma série de mudanças que vieram a me tornar quem sou. O fato de me imaginar exemplo para alguém muitas vezes me encoraja. Já a responsabilidade de cuidar dele gera todo um cuidado extra.

As vezes tenho medo de repetir meu pai. Outros momentos me dá o maior orgulho por parecer com ele. No jeito de entender a política ou de tratar uma mulher com carinho ou de simplesmente perceber o mundo como uma metralhadora giratória de informações.

A verdade é que me tornei alguém muito diferente do que sempre imaginava. Pensava que ia morar em república, viajar pra caramba, ter namoradas à rodo e que nunca ia gostar de Carnaval.

Não é que me tornei mais uma dessas pessoas que fica esperando Zé Pereira chegar para colocar um monte de frustrações pra fora? Que me casei, passei nove anos com uma pessoa e me descobri um romântico incorrigível.

Eu vejo amor em qualquer toque sutil. Tento controlar minha raiva, pois sei que quando explode muitas vezes quem vem abaixo sou eu. Acredito nos amigos como se fossem irmãos. E escrevo um texto para pagar a promessa mesmo em dia sem inspiração.

6.7.10

Atrito, fricção e sentimentos relacionados


Nunca fui um cara das Ciências Exatas. Mas, talvez pela dificuldade de se chegar a um resultado preciso, a Física sempre me chamou atenção.

Lembro de uma aula sobre velocidade. Depois de muitas e muitas explicações. Eu fiz a única pergunta que me interessava.

Então, um átomo pode realmente ser um outro sistema completamente rico e desenvolvido funcionando em outra dimensão.

A imagem de planetas circulando, em torno de um centro gravitacional, em uma outra relação do espaço com o tempo me maravilha até hoje.

Incrível como os engenheiros têm capacidade de desenvolver uma montanha russa para dar exatamente a adrenalina que uma criança de 10 anos precisa.

Talvez por isso eu valorize tanto meus parcos conhecimentos de vela. Fantástico que os índios americanos tenham nos ensinado a arte do bordo.

Quantos garotos não tiveram um empurrãozinho do friozinho na barriga da roda gigante para beijar a boca de suas futuras namoradas?

Escrevi essas linhazinhas enquanto voltava àquela velha piscina, onde meu pai filmou um dos seus primeiros Super 8.

O deslizar na água sempre me relaxa. Talvez me lembre o quanto a gente é pequeno no meio desse mar de mundo em que vivemos.

Palavras podem ser realmente um carinho delicioso. Mas o amor, o tesão e a paixão pela vida são fundamentalmente regidos pela Física

E Química, vamos admitir!

17.6.10

Grafite é a cara de Viola



No dia 17 de julho de 1994, o Brasil voltava a ser campeão mundial de futebol depois de 24 anos do saudoso tri-campeonato. Hoje técnico da seleção, Dunga chegava ali ao momento máximo da sua carreira como jogador. Meio-campista esforçado, aprendeu a exercer a liderança sobre a equipe, depois de ter tido sua atuação muito questionada na Copa do Mundo anterior, e juntamente com Taffarel e Romário foi um dos principais símbolos daquele título.

A estréia do Brasil demonstrou o quanto o time é uma repetição daquele vitorioso grupo. Uma dupla de ataque com um matador nato e um habilidoso atacante, fazedor de gols, mas que também sabe deixar o companheiro na cara da barra e é imbatível no quesito criação de comemorações. Isso não lembra Romário e Bebeto – o criador da imitadíssima coreografia em que embalava um bebê?

Em alguns quesitos, sinceramente, estamos melhor do que nos Estados Unidos. Se Taffarel conseguiu se tornar inquestionável, Julio Cesar já chegou à África do Sul com status de ser considerado um dos dois melhores goleiros do mundo. Os dois Ricardos formavam uma das melhores zagas do mundo, mas ficaram de fora da Copa. Maicon une o condicionamento físico invejável de Cafu e o chute potente de um Josimar e ainda tem na sua reserva um dos mais valiosos jogadores do futebol brasileiro.



Elano mostrou que está disposto a provar que não é mais um dos volantes de Dunga. Logo na estréia, deu uma assistência e finalizou com precisão de menino da Vila um belo passe do seu ex-companheiro de Santos, Robinho (para ninguém ficar com saudade de Ganso e Neymar). Com isso, o meio-campista mostrou que não tem talento para enceradeira.

O nosso armador, Kaká, teima em imitar as más atuações do também ex-são paulino Raí, camisa 10 na campanha do tetra. Mas na pior das hipóteses, temos três opções melhores do que Mazinho na reserva: Nilmar, Daniel Alves e Julio Baptista. Enquanto isso, um lateral-esquerdo tem o chute poderoso de Branco, o outro tem a experiência de quem não vai repetir a cotovelada de Leonardo.

A maior dúvida parece ser justamente na posição que o nosso treinador se especializou. Gilberto (Mauro) Silva mostra uma regularidade impressionante em mais uma Copa do Mundo. Mas Felipe Melo continua sem conseguir provar o que lhe faz ser o preferido de Dunga. O jogador não tem nem de longe a liderança que tinha o antigo capitão e ainda é sabidamente um jogador esquentado. O preferido do ex-capitão está mais para aquele que foi um dos mais lembrados nomes pela torcida: Zinho era criticado por quase todos os torcedores.

De todos, o mais parecido mesmo parece ser Grafite. Viola até hoje deve se perguntar como é que ele acabou na Copa do Mundo. O atacante do futebol alemão tem uma carreira mais marcante que o jogador que ficou famoso por uma bola que resvalou nele e tirou o Corinthians de um longo jejum de títulos. Mas será que vai ser necessário ver mais um esforçado lutador entrar em campo nos quinze minutos finais da prorrogação para ver o Brasil hexa? Estaremos torcendo, é certo.

4.6.10

Descortinando a beleza


Marcelo Ferreira observa Jaboatão com olhos de um apaixonado. Vê beleza nas pequenas coisas. Tira da sombra o belo. E denuncia para a sua amada o valor que ela realmente tem.


A exposição Onde o Brasil aprendeu a liberdade mostra a pujança de uma cidade em ritmo acelerado de crescimento. Mas, principalmente, a beleza do povo e do patrimônio histórico e natural de um lugar que estava esquecido no imaginário pernambucano.


O Jaboatão da Batalha dos Guararapes, da passagem dos holandeses e da cultura da cana-de-açúcar. A cidade de uma rica tradição cultural, religiosa e, agora, de um potencial econômico transformador.


O fotógrafo teve sua infância no Engenho São Paulo, em Ipojuca. Congelou em imagens a saudade. De um mundo rural que fica justamente entre as fronteiras do Recife e do Porto de Suape.


O canto de amor virou denúncia, depois da destruição de parte do patrimônio do Engenho São Bartolomeu. “Infelizmente, a demolição da casa mostra a capacidade que a fotografia tem de eternizar as paisagens”.


A exposição entra em cartaz em um momento de profundo debate. O desenvolvimento vai passar por cima dos mangues e dos engenhos no território estratégico de Suape? As fotos, sem denuncismo, são um convite para os pernambucanos e, principalmente, para quem é de Jaboatão.

Venha, conheça, apaixone-se, construa, preserve, Onde o Brasil aprendeu a liberdade.

26.5.10

Marina empolga industriais

Roubado do www.noblat.com.br

Por Maria Lima e Gerson Camarotti:

A nata do PIB brasileiro gostou de ouvir a pré-candidata petista Dilma Rousseff prometer que vai manter o que deu certo no governo do qual fez parte.

Os empresários elogiaram o que chamaram de consistência e conteúdo do tucano José Serra ao falar de soluções para o diagnóstico apresentado pela agenda da CNI. Mas foi Marina Silva, que se confessou tímida ao falar para tal público, que derreteu o coração de nove entre dez dos maiores empresários do país.

Os que a princípio sentiram certo enfado com o discurso do desenvolvimento sustentável começaram a se empolgar com o que chamaram de discurso da ética da candidata, que tem 12% nas pesquisas.

O sentimento geral foi que os três pré-candidatos falaram superficialmente e não apresentaram propostas concretas. A única promessa de todos — que já integraram os governos desde 1995 — foi fazer a reforma tributária.

Horácio Lafer Piva disse, ao final da sabatina, temer que a campanha presidencial não avance no aprofundamento das questões, pois, até o momento, as agendas dos candidatos estão muito "rasas". Fez a defesa apaixonada do desempenho de Marina, chegando a dizer que é "uma delícia" ouvi-la.

— Serra avançou, é mais substancioso. A Dilma apresentou a agenda do que está dando certo no governo. Mas a Marina! Colocou as coisas com uma pureza d’alma! Ouvi-la faz o cara sair do armário para dizer: vou abraçar uma campanha mais ética, no primeiro turno vou votar com o coração — comentou o filho do ex-suplente de Serra no Senado, Pedro Piva.

Marina tentou fugir da opção do voto útil, e arrancou gargalhadas ao dizer que "no primeiro turno a gente vota em quem gosta. No 2 turno a gente se desvia do pior".

— A Marina me emocionou. Vi empresários com olhos marejados. Se ela tivesse tempo de TV, iria furar a polarização do Serra e Dilma — comentou Cristiano Buarque Franco Neto, coordenador do Centro de Estudos Constitucionais (CEC).

Para o ex-presidente da CNI Carlos Eduardo Moreira Ferreira, houve diferenças entre os pré-candidatos:

— O Serra demonstrou mais firmeza e conhecimento. Já Marina mostrou sinceridade e idealismo. E a Dilma juntou informação, mas demonstra insegurança com números. Não transmite que fará uma gestão firme.

24.5.10

Marina me emocionou na entrevista de hoje da CBN


A visão dela do momento histórico que vivemos é uma aula de Política. FHC foi vítima do PFL. Lula é refém de Sarney e do pior PMDB. Ela é a única que tem capacidade para governar com o que de melhor a política brasileira pode oferecer.

Serra já disse que vai convidar o PT para a sua gestão, mas eu não acredito que teria sucesso facilmente. O PSDB e pessoas ligadas ao Governo Lula serão incorporados naturalmente na composição de Marina.

“Fiz questão de pedir a Lula para ter autonomia na composição do Ministério do Meio Ambiente”, exemplificou. Para mostrar que aproveitou gestores do Governo do PSDB, gente da academia e alguns técnicos ligados ao movimento ambientalista, além do grupo de petistas que lhe acompanham durante toda a sua vida.

Quebrar essa dicotomia ridícula entre dois dos melhores partidos do Brasil é um passo de uma Década no processo histórico. Pena que o P-Sol ainda não se incorporou a esse projeto, como a candidata tanto defendeu. Mas me parece movimento que, mesmo em caso de derrota de Marina, passará a fazer parte da agenda do futuro presidente da República.

Meu amigo João Lima chegou super feliz do Maranhão, ontem. Tirar Sarney da presidência do Senado é um presente para a vida cultural de São Luís, para a pesca artesanal, para o povo do Amapá que tem direito a eleger seus próprios representantes, para quem acredita na Democratização da Comunicação e para o PMDB autêntico. Imaginem Pedro Simon naquela poderosa cadeira azul!

A culpa da nossa representação parlamentar ultrajante é, também, dos sucessivos governos que se rendem ao clientelismo (não vou chamar isso de política), trocando votos por cargos e liberação de emendas. Romper com essa Ditadura da politicagem pode não ser fácil, mas é um sonho a ser perseguido e discutido e maturado.

Isso é só um tema, mas a presença de Marina na campanha traz muitas outras discussões. Fico feliz dela estar cumprindo o papel para o qual foi incumbida com uma competência tão grande quanto ela demonstrou hoje na CBN.


Como repórter, achei que faltou explorar mais o radicalismo ambiental dela. Qual a postura que ela vai adotar em relação à questão energética no Brasil. Vai apoiar a expansão da energia atômica? Acredita que as fontes alternativas, como a eólica, são suficientes para absorver o aumento da demanda? Vai continuar apoiando a expansão das lavouras de cana-de-açúcar e do setor sucro-alcooleiro brasileiro?

Sou mais desenvolvimentista que ambientalista e essa pergunta é o que falta para decidir o meu voto para presidente da República. Fora que tenho impressão que ela não vai levar a crença religiosa dela interferir no debate político sobre as questões do aborto e da pesquisa com células tronco. A única forma de preconceito que admito ter é justamente religiosa, e com os crentes, por isso só tenho de desejar: boa sorte Marina! E viva a diferença.

23.4.10

Nem Chicago, nem Sorbonne

Alberto Lima escreveu:

http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2010/04/23/joao_paulo_o_minimo_69105.php



Cesar respondeu:

http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2010/04/23/fanfarrice_academica_e_desinformacao_academico_em_chicago_sai_em_defesa_de_joao_paulo_69165.php



Como repórter eu lustro as havaianas de Alberto Lima. Também não sou um acadêmico como Alfredo César. Mas vejo, pela polêmica surgida hoje no Blog de Jamildo, que os dois têm visões distantes da realidade que João Paulo vive nas eleições deste ano.

O primeiro lembra com a emoção de quem cobria diariamente no Jornal do Commercio aquela surpreendente eleição de 2000. Aquele momento foi marcante para mim também, tanto que se tornou tema do único vídeo que produzi até hoje: Parcialmente Verdadeiro.

O sociólogo vai um pouco mais longe e destaca um confronto antigo dentro do PT.  Naquela época, as correntes se dividiam entre os que apoiavam Arraes, a maioria que tinha posição dúbia e o Coletivo Florestan Fernandes e outras tendências “radicais”, que tinham realmente coragem de ir para o enfrentamento.

Os tempos são outros. Basta lembrar que as denúncias dos precatórios foram feitas pelo então deputado estadual Paulo Rubem Santiago, aquele mesmo que quando saiu do PT teve como testemunha de defesa no Tribunal Superior Eleitoral o ex-secretário de Finanças do Governo Arraes, Eduardo Campos.

Concordo com os dois, quando afirmam que João Paulo fez uma excelente gestão na Prefeitura do Recife. Mas não posso deixar de lembrar ao sociólogo que, desde o primeiro dia de Governo, o posicionamento do gestor foi de vigilância e rédea curta para os seus auxiliares, especialmente aqueles que não faziam parte do que era chamado pelos petistas de núcleo duro (Ligia Falcão, Mucio Magalhães e João da Costa).

Isso talvez explique a necessidade que o atual prefeito teve de se desvincular quase que completamente do grupo no qual aprendeu a fazer política. Essa característica da gestão do ex-prefeito João Paulo é praticamente o inverso do que sempre praticou o senador Jarbas Vasconcelos e lhe diferencia também como gestor do modo de trabalhar do governador Eduardo Campos.

Lembro bem do estranhamento de um secretário ligado a Carlos Wilson no primeiro mês de gestão com o “leão de chácara” que tinham lhe colocado como adjunto. Era o mais radical dos petistas, assustando quem aprendeu a fazer política nos jardins do Brittish Country Club.

Naquela realidade muito severa que era a gestão João Paulo, o atual prefeito era o todo poderoso das nomeações, o homem que tinha intimidade com os financiadores e conseguiu ser além de secretário de Orçamento Participativo, também o responsável por todas as licenças e autorizações que cabem ao Planejamento do Município.

João Paulo começou a ficar refém deste grupo do PT ainda naquela época. Infelizmente, não tive oportunidade de lhe dizer pessoalmente isso quando resolvi sair da Prefeitura do Recife, mas tenho certeza que Roberto Leandro, Edla Soares, Chico Oliveira e outras pessoas disseram com muito mais propriedade do que eu poderia ter dito.

O erro dele não foi o de desistir da postulação ao Senado. Foi o de colocar no altar e convidar a noiva para se casar com um mero operador do PT. João da Costa nunca tinha sido colocado à provação na política e demonstrou claramente que não tinha lealdade suficiente para com o seu grupo, para dizer o mínimo.

Aquele núcleo duro se pulverizou rapidamente na gestão João da Costa

Depois disso, restou ao prefeito João Paulo rearrumar a casa. Convidou seu filho para ocupar um espaço na chapa para a Assembléia Legislativa. Vai, pela primeira vez, se candidatar a uma vaga no Congresso Nacional. E tem todas as condições de voltar a ocupar um cargo majoritário em Pernambuco, se tiver coragem suficiente para sair do PT.

Caso contrário, vai ficar resmungando contra os grupos organizados de Humberto Costa e João da Costa. Seria uma pena.

10.3.10

Artérias entupidas e a Tamarineira


Um amigo me disse para estudar o projeto do Hospital da Tamarineira antes de dizer que sou contra. Procurei ver tudo que se fala, mas a verdade é que dá para notar por experiências passadas e pela forma como é apresentado o projeto que se trata de uma grande baboseira.

Uma das premissas do projeto é que os veículos ficarão todos no subterrâneo. Não acredito por dois motivos. Lembro que quando participei da inversão de trânsito de Boa Viagem se falava que o Shopping Boa Viagem arrecadava com estacionamento cerca de R$100 mil por dia. O valor do aluguel mensal do terreno!

Aquela mega-operação de trânsito, muito bem sucedida por sinal, tinha como maior beneficiário o Shopping Center Recife. O grupo empresarial ficou inclusive responsável por realizar alguns investimentos como contra-partida. Até o dia em que decepcionado com os desmandos do então secretário de Planejamento, João da Costa, deixei a Prefeitura nenhuma daquelas promessas tinham virado realidade.

Mais perto ao terreno da Tamarineira, é possível uma outra prova de como estão sendo benéficas as parcerias do Poder Público Municipal com os empresários de grandes centros comerciais. Em frente ao Shopping Plaza existem duas vias públicas cortadas por um canal. As ruas são de propriedade da sociedade pernambucana, no entanto a lei manda que não se estacione ali. Na época em que o prefeito ainda era João Paulo cheguei a denunciar um acordo ilícito para se proibir o estacionamento em uma via que tem espaço suficiente para suportar o tráfego de veículos e para ser um ponto de estacionamento, pena que os anos se passaram, a gestão mudou e o Governo Municipal vetou o uso do espaço com o único propósito de aumentar a renda do estacionamento do Shopping Plaza.

Se fala em ociosidade daquela área, mesmo argumento que foi utilizado para o Sítio da Trindade. Então, defendamos um projeto efetivamente público e criativo para ser desenvolvido naquela área tão importante da nossa cidade como é a Refinaria Multicultural.

“Aquele é um local estratégico, perfeito até para a integração da população de classes sociais diferentes. Saindo dali, o projeto vai para uma área pobre, vai ficar esquecido”, falou o ex-secretário João Roberto Peixe destacando o fato de o Sítio da Trindade estar localizado numa área nobre da cidade, entre os bairros de Casa Forte e Casa Amarela. A Tamarineira é também uma divisa dos bairros ricos (Parnamirim, Jaqueira, Casa Forte) e de classe média baixa (Arruda, Mangabeira, Alto José do Pinho, Casa Amarela) da Zona Norte do Recife, mas tem como ponto positivo o fato das construções já estarem erguidas em proporções suficientes para criar talvez a maior área pública de desenvolvimento da Cultura do Nordeste. Sem interferência na área verde.

Se falam em dois museus novos no projeto do Shopping. É mais um motivo para desconfiarmos de que a papelada é pura balela. Se houvesse alguma intenção de se criar espaços realmente abertos para o desenvolvimento da cultura seriam levados à cabo ali projetos que vêm sendo discutidos nas Conferências de Cultura, que têm recebido apoio e críticas, que são efetivamente algo orgânico, mesmo que ainda não estejam cristalizados. É o caso da Refinaria Multicultural.

Acredito que a estratégia para manutenção da área verde no Sítio da Trindade passa inicialmente pela garantia de que o terreno continue sendo de controle público. Fui informado recentemente de que o ex-deputado Oswaldo Lima Filho participou como advogado de um processo para mostrar que a área era efetivamente pública e não de propriedade da Igreja Católica. A análise dessa documentação é um dos caminhos a serem traçados.

Morei no Rio de Janeiro e costumava passear pela Quinta da Boa Vista. É um exemplo de área verde com usos múltiplos. Ali existe um importante centro de estudos, alojado no meio de uma bela mata, que tem como atrativo para a sociedade campos de futebol e conta ainda com o vizinho Zoológico. A Tamarineira tem o Parque da Jaqueira ao lado, pode ser utilizada como área de esportes e tem um prédios em que pode ser desenvolvido um centro cultural ou mesmo de pesquisa. Lembrando a importância da discussão anti-manicomial e que a desativação do hospital psiquiátrico precisa ser realizada com muitos cuidados.

Mostrar para a sociedade o que tem sido feito em termos de privatização das áreas verdes e de uso público e exemplos de uso adequado de terrenos que tenham múltiplas utilidades é outra tarefa para o convencimento de quem é apenas cidadão. Para a classe política, será mais uma chance para aprenderem que Recife está inchado e a sociedade recifense não suporta mais empreendimentos nas suas artérias e que a Região Metropolitana precisa se desenvolver para os lados. Vejam o sucesso do Shopping Costa Dourada!?

O corredor Rui Barbosa-Rosa e Silva é a via de tráfego mais lento de toda a Região Metropolitana do Recife. Já era antes da inversão do trânsito de Boa Viagem, mas desde então é disparado o trecho mais lento de todos. Naquela época, a velocidade média chegava a ficar em sete quilômetros por hora em alguns horários do dia, desde então o tráfego aumentou e o Governo Municipal não fez nenhuma mudança efetiva. A Zona Norte vive ali um ataque do coração por dia e ainda querem botar mais gordura! Vamos defender o verde da Tamarineira.

24.2.10

Insensatez

Todo louco tem um momento de sanidade. Todos nós temos um pouco de doidos. Mas os movimentos do prefeito João da Costa foram calculados friamente neste início de 2010. Nada me causou mais estranheza do que uma coletiva para anunciar que não ia ser realizado o projeto da Refinaria Multicultural do Sítio da Trindade?

Moro do lado do Sítio da Trindade. Conheço grande parte dos frequentadores. Tive oportunidade de discutir diretamente a questão com o secretário de Cultura, Renato L. Aquela mudança repentina de postura tinha de ter alguma explicação lógica.

Ela veio como um típico consultor político orientaria: logo depois do Carnaval e no meio de vendaval de discussões políticas nacionais (São Paulo e o Distrito Federal estão fervendo e dessa vez o Mensalão tá levando gente pra cadeia!). Uma empresa paulista quer construir um centro de compras na Tamarineira.

O prefeito João da Costa agora não se pronuncia. É obrigação dele se posicionar sobre uma transação comercial que vai gerar impacto no trânsito, no meio ambiente e na saúde da cidade. Mas ele sabe que qualquer deslize pode mostrar que ninguém anuncia um plano de investimento deste porte sem ter a segurança jurídica que só um gestor poderia dar.

How insensitive.

http://www.youtube.com/watch?v=itF1OMeeCuQ

Vou ficar ouvindo Pat Metheny, porque dessa vez a insensatez do gestor foi pelo menos para um pouco mais longe da minha janela. Mas acho que a mobilização para transformar esse projeto em algo útil socialmente é fundamental. Por que não colocar essa Refinaria Multicultural lá na Tamarineira? Aquela área tem todas as características de limite entre a classe média e o subúrbio que temos aqui também em Casa Amarela, coisa que era a grande argumentação do secretário João Roberto Peixe para a localização do empreendimento.

8.2.10

Eu acho é pouco mesmo

Não gosto de Carnaval. Nunca gostei. Já vim não sei quantas vezes ficar em Olinda com minha mãe. Sempre foi péssimo. Os adultos querendo me levar para ver os blocos. E os pirralhos com as brincadeiras idiotas deles. Nunca gostei de brincar de boneco, meu negócio é futebol, vôlei, basquete. Na pior das hipóteses, botão.

Só me restava ficar assistindo aos desfiles das escolas de samba do Rio. Pelo menos tem muita mulher bonita.

Esse ano até que estava bom, mas no último dia meu pai resolveu me trazer com ele. Quer dizer, acho que ele não arrumou com quem me deixar. Por isso, acabei tendo que vir a reboque e ele está enchendo a cara. Acabou a garrafinha de whisky e já está comprando uma latinha de cerveja. Isso não vai dar certo.

- Eu acho é pouco. Já passou por aqui?

- Passou agorinha. Deve estar no Eufrasio Barbosa. Corre que vocês pegam ele na primeira parada.

- Vamos lá filho! Quero ver se esse futebol está dando resultado.

Carreira! Papai é meio barrigudo, mas ele sempre corre na Jaqueira. Eu que não vou dizer que estou ficando cansado. Para quando for no parque ele ficar me desafiando. "Quero ver se você consegue fazer cooper por um quilômetro sem parar". Eu gosto de correr rápido e quando canso continuo andando. E daí?!

Por que os blocos não saem aqui embaixo. Olinda tem dezenas de ruas largas e arborizadas, mas elas ficam vazias enquanto lá em cima é o maior aperto. Aquele cheiro de xixi, gente suada roçando no nosso corpo e imagina para uma criança de 11 anos o calor e a agonia de ficar ali olhando para as bundas das pessoas. Sem conseguir ver para onde está indo.

"Eu vou esse ano pra lua, não é privilégio, foguete já tem..."

Sempre troco a letra dessa música. Mas adoro ela. Já me disseram que meu pai cantava ela para eu ir dormir quando era pequeno. Bem que era bom ir para a lua. Pelo menos não ia ter que ficar aqui e aguentar os adultos que querem me fazer gostar do Carnaval. Nem todo mundo gosta de bagunça.

Papai acha que essa orquestra é a do Eu acho é pouco. Até parece que dá para reconhecer pela música, como se só esse bloco tivesse um saxofone. Ele pode entender muito de jazz, mas aqui em Olinda durante o Carnaval para cada rua tem uns três blocos sempre tocando os mesmos frevos.

Capaz dele estar certo mesmo, tem um monte de gente de vermelho e amarelo perto daquela esquina. Essas cores eu me lembro. Adoro a camisa que minha irmã me deu. Tem os nomes de um bocado de gente conhecida. Alguns amigos do meu pai e da minha mãe.

Mas acho que não. O bloco deve ter passado por aqui, mas agora está tocando é samba. Isso sim é Carnaval. Deve ser uma escola de samba muito boa. Mas todo mundo está com as cores do bloco, deve ter acabado e o pessoal ficou para ouvir essa bateria. Que bateria!

Papai está cheirando um negócio na camisa.

- Vamos filho que é o Eu acho é pouco mesmo. Toma aqui para você. Mas só cheira pelo nariz.

Eita que perfume delicioso. Deixa a gente leve. Com esse negócio eu ganho fácil os cem metros rasos das Olimpíadas de Barcelona. E olha que eu só vou ter 14 anos. Estou ouvindo uns sininhos nos meus ouvidos. Devo estar ficando bêbado de tanto tomar gole da cerveja das pessoas.

Que menina linda sambando. Poxa, ela está aqui sozinha. Acho que ela deve ter minha idade. Talvez um pouco mais velha, acho que não. É muito pequenininha. Linda. Eu amo Helena e sempre vou amar. Mas nunca tinha visto uma menina tão bonita, parece que o nome dela é Mariana.

Como samba bonito. Tem uns cachinhos de princesa no cabelo. Um sorriso corajoso de segurança. Fico sonhando e imaginando em fazer dela a minha namorada. Queria tanto ter coragem para falar com ela. Mas essa minha timidez...

Está ficando na cara. Não consigo tirar os olhos dessa menina. Também ela tão branquinha, sambando no meio desses negros enormes. Acho que todo mundo está olhando para ela. Ou será que só sou eu? Vou tentar virar meu olho para outro canto.

O bêbado e a equilibrista. Nome engraçado desse bar e tem uns desenhos super bonitos. Queria mesmo um amendoim ou uma batata frita, essa corridinha me deixou com fome. Mas lá vem Graça com um sarapatel.

- Quero não. Não gosto.

- E uma tapioca?

- Tá bom...

Nunca tinha visto uma tapioca tão grande. Acho que essa mulher errou na quantidade de coco e queijo. Não dá nem para fechar os dois lados. Bom para mim, estava morrendo de fome mesmo. Quase não aguento esperar ela fazer. Eita, não tinha nem notado que parou a batucada.

- Pai quero ir no banheiro.

- Faz ali mesmo na árvore.

Estou morrendo de vontade. Mas não aguento quando meu pai me diz isso. Será que ele não encherga que por isso fica o maior cheiro ruim na cidade? Por aqui deve ter algum banheiro. Vou por ali. Eita, está ficando escuro. Poxa, alguém devia ter vindo comigo. Vou voltar.

Ainda bem que voltei logo, a orquestra já está se organizando para sair de novo. O pessoal não ia gostar nada se perdessem o bloco por estarem me esperando. Mas vou ter que ceder e fazer xixi por aqui mesmo. Não estou me aguentando. Vou ali para trás que pelo menos ninguém vai ver minha pitoca.

"Olinda, quero cantar a ti essa canção, teus coqueirais, o teu sol, o teu mar, faz brilhar meu coração, de amor, a sonhar, salve Olinda sem igual, salve o teu Carnaval"

Essa música realmente eu adoro. Me lembro tanto de cantar no Instituto Capibaribe. Se o hino do colégio sempre me fez chorar, essa música sempre me abriu o coração. Pena que meus amigos não estão aqui para cantar comigo, próximo ano acho que vou chamar Rafa e Duda para virem comigo ver esse bloco.

Eita, parece que agora a gente vai subir para a Cidade Alta. Caramba, já tinha esquecido como estou cansado. E só estou vendo ladeira na minha frente. Quanta gente. E esse dragão ainda fica enchendo o saco. Poxa, leva esse negócio lá para frente para abrir caminho. Não custa nada.

Agora vai ter confusão. Tem duas turmas, uma quer subir e a outra quer ir por baixo. Caramba, essa ladeira é muito grande. Não estou aguentando mais. Tomara que já esteja acabando. Tomara que eu não tenha que subir. Tomara que meu pai se toque que estou morto.

- Criança sobe de ré!

Papai sobe a Ladeira da Misericórdia sambando. Eu segui o conselho dele. E ainda fui dos primeiros a chegar no Alto da Sé. Fiquei esperando lá de cima ver o bloco passar, mas onde está aquela menina tão linda. Por aqui não está. Será que foi embora? Estava mesmo tarde para ela ficar sozinha aqui por Olinda.

Agora é descida. Eu não estou nem mais sentindo minhas pernas de tão cansado. Nunca tinha visto esta vista do Recife, no horizonte. E uma menina toda sorridente. Cabelos lisos cor de Eu acho é pouco, pernas longas e magras, parece uma mulher, num corpo de criança.Como ela dança. Mas cadê a menina dos cachinhos? Fico olhando para a outra e de repente encontro o meu sonho.

O bloco aperta o passo. E eu me perco do meu sonho. Será que ela riu para mim? Será que ela olhou para mim?

A roda de samba volta a se formar, é a segunda parada do bloco.

- Vamos filho. Graça tem que botar teu irmão para dormir.

Logo agora que eu encontrei a menina que estava procurando. Caramba, essa Mariana é muito mais bonita que Helena. Um peitinho de mulher. Acho que vi o sutiã dela quando estava frevando, com a camisa toda molhada. A pele bem lisinha de bebê.

Estação final do número 1989.

Era o começo dos meus carnavais.

5.2.10

O Bolsa Família e uma aula de cidadania

Missão internacional teve conversa com beneficiários do programa

 
"Essa ciranda não é minha só.
Ela é de todos nós, é de todos nós.
A melodia principal quem diz.
É a primeira voz, é a primeira voz.
Pra se dançar ciranda...
Juntamos mão com mão.
Formando uma roda.
Cantando uma canção".
 
A melodia de Capiba, cantada no encerramento de um encontro de beneficiários do Bolsa Família em Jaboatão Centro, ardeu profundamente em quem entendia e mesmo nos que pouco compreendem do português. A simplicidade da letra do compositor pernambucano, na voz das mães e pais de jovens da segunda maior cidade do Estado, ficou ainda mais viva com os relatos de uma realidade de muita pobreza, proximidade com a violência e especialmente o terror do crack.
 
Uma missão do Banco Mundial chefiada por David Ian Walker teve a oportunidade de conversar com cerca de 30 beneficiários, que relataram as principais dificuldades que tinham com o programa. A principal queixa dos beneficiários foi o valor do benefício repassado pelo Governo Federal, considerado insuficiente pela maioria dos presentes. No entanto, todos foram unânimes em elogiar e defender a permanência do programa.
 
Mãe de sete filhos, a jovem Rosineide Santos disse que o pai de seis dos meninos faleceu. A principal fonte de renda da família é o programa, ela recebia R$15, corrigiu o seu cadastro ano passado e agora está recebendo R$167. Ela pediu principalmente a criação de cursos profissionalizantes gratuitos, tanto para os adolescentes que estão saindo do programa como para as mães e pais. No grupo de 30, apenas quatro estavam trabalhando nenhum deles com carteira assinada.
 
Uma outra mãe reclamou da demora para ter o benefício de volta, após haver sido corrigido um erro no seu cadastro. "A primeira leva de pedidos de reversão de cancelamentos que fizemos em 2009 teve 747 beneficiários, destes 693 retornaram. O processo leva de seis a doze meses para ser respondido pelo Ministério de Desenvolvimento Social", explicou a coordenadora do Programa Bolsa Família, Roberta Leite. Os representantes do Banco Mundial ficaram de levar as reinvindicações das famílias ao Governo Federal.
 
Chefe da Missão, David Ian Walker, elogiou muito o trabalho de fiscalização e regularização do Bolsa Família em Jaboatão. Para ele, "esse programa tem o objetivo de garantir o mínimo para o maior número de pessoas possível. É preciso ter a perspectiva de que o trabalho precisa ser iniciado, fazer coisas relevantes e que fazem sentido", explicou, admitindo que o benefício é apenas um paliativo e que são necessárias outras políticas públicas para solucionar o problema social no Brasil.

1.2.10

O bom senso venceu o PT!


Recife deve ganhar museu a céu aberto no Sítio da Trindade
O Sítio da Trindade deverá abrigar um grande museu arqueológico a céu aberto. Esse foi o anúncio feito pelo prefeito do Recife, João da Costa, na manhã desta sexta-feira (29), durante visita ao local. A Refinaria Multicultural que seria instalada no Sítio, no entanto, será transferida para uma outra área, também no bairro de Casa Amarela. O motivo das mudanças foi o parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do departamento de arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que se mostrou contrário à construção dos dois prédios da Refinaria na área, considerada de importância histórica.

Agora, a prefeitura precisa encontrar um novo ponto para a construção da refinaria. “Já temos o dinheiro, que é o mais difícil, falta só encontrar um outro local na região e começar as obras”, afirmou João da Costa. As novas construções ocupariam cerca de 2% do total da área do Sítio e foram orçados em  R$ 1,6 milhão, com recursos provenientes do Ministério da Cultura. O prefeito lembrou que apesar da mudança do projeto, as atividades culturais como oficinas de dança e música, já implantadas no Sítio da Trindade serão mantidas, principalmente em épocas festivas como São João, Natal e carnaval.

Já o sítio arqueológico continuará sendo pesquisado pela UFPE, que propõe a construção de um museu a céu aberto no local, com uma maquete gigante e placas sinalização, além de um memorial no casarão do Sítio, onde deverão ser abrigados os achados arqueológicos já encontrados. “O fortim que existia aqui e do qual achamos parte do fosso e a base das muralhas, tem importância não só para Pernambuco, mas para a história do Brasil. Foram nas batalhas de resistência contra a ocupação Holandesa travadas nessa região que começamos a formar a noção de pátria”, explicou o professor Marcos Aurélio, coordenador do departamento de arqueologia da UFPE.

7.1.10

Um velho amor

De repente me vejo perdidamente apaixonado.



Por um amor antigo que finalmente voltou a dormir na minha cama.

 

A gente se vê, se troca, se olha e nem precisa falar.


Nossos corpos nunca se desencontraram.



O nosso jazz são 33 rotações por minuto de rock and roll.

 

O nosso samba canta baixinho o amor de João.

2.1.10

Listas de fim de ano




Fred Figueiroa começou o ano fazendo uma boa reportagem sobre como ficamos revendo nossas vidas no Reveillon. Gosto do jeito que ele coloca coisas muito pessoais nos textos que escreve para o Diario de Pernambuco. Nada muito explícito, mas quem conhece um pouco o cara percebe e acho que o leitor comum absorve como se fosse apenas texto.

A matéria bate com muita coisa que estou pensando esses dias. Primeira observação. Não adianta querer tudo, precisa ter foco. Ano passado foi um momento importante porque abri mão de muita coisa para começar a me reestruturar profissionalmente em Pernambuco. De um jeito tal que no fim do ano estava precisando de um descanso, que começou com esses dois feriados e vai ter seu momento nas minhas curtas fériazinhas no Rio e SP.

Outro ponto que gostei foi que ele lembrava que não dá para fazer tudo de uma vez. Então, fui na Subway comer uma saladinha ontem, na volta ainda estava com fome e pedi uma bola de pinha na John`s da frente da minha casa. Sem problemas. A gente tem que ir começando a correr aos pouquinhos para fazer a São Silvestre no fim do ano mesmo. Além disso, ontem não tinha feira e acabei tendo que repor a geladeira hoje mesmo em Casa Amarela.

Agora, o que é preciso entender também é que para começar a mudar mesmo o que lhe incomoda a pessoa precisa partir de um mínimo de estruturação tanto financeira, quanto psicológica. A gente vive em um mundo em que é muito difícil emagrecer trabalhando para caramba e sem tempo/grana para fazer umas aulas com um professor de tênis ou pagar um analista lacaniano.

Bem, vou expor a minha lista. Prova de que realmente meu problema é foco. O que quero para mim em 2010.

1- Ficar mais próximo do meu filho.
2- Curtir a viagem ao Rio e SP e organizar uma volta à França com o pirralho.
3- Emagrecer um pouco até o Carnaval.
4- E um pouco mais até o fim do ano.
5- Me apaixonar uma única vez (basta de confusão amorosa por moi).
6- Fazer, finalmente, a mini-reforma do meu apartamento.
7- Continuar dando duro na Prefeitura de Jaboatão.
8- Conciliar melhor meu trabalho com os projetos pessoais que estou desenvolvendo.
9- Passar em um mestrado.
10- Conseguir um fornecedor de lança-perfume, nem que seja para o Carnaval de 2011.
11- Me expor menos.