16.12.08

Box Guararapes - Sala 5


Não tinha ido ainda no cinema 3-D. O único filme que me atraiu tinha sido Viagem ao Centro da Terra e Chico tinha ido assistir em São Paulo. Mas por pura insistência do meu filho resolvi ir assistir ao único filme infantil que ele não tinha visto: Os mosconautas no mundo da lua.

Julio tinha me falado mal da história e eu tinha evitado por algumas semanas. O enredo é super simples e ainda acaba com um desmentido, "por uma questão científica infectadores não estiveram na lua". Mas tem uma inocência que me agradou, deve ser ótimo para crianças mais novas do que as que levei.

Chico e Caio curtiram mais os efeitos especiais mesmo. Como eu. O filme foi claramente roteirizado pensando nas sensações que as imagens iriam causar em quem assiste usando os oclinhos (que, vamos admitir, incomodam um pouco). Vale a pena demais ver as mosquinhas dançando na falta de gravidade e o gordinho curtindo tomar suco de laranja espalhado pelo ar de uma nave espacial.

Fiquei com vontade de ir ver o filme de terror que está passando de noite (Scar) e olhe que o último de que gostei foi O massacre da Serra Elétrica, há uns 15 anos.

19.11.08

Psicologia reversa

Um amigo me fala que vou representar a humanidade na capa de um livro de Antropologia. Claro que eu sabia que isso não daria certo. Fui logo para o meu lado masoquista. Deveria ter fugido dele, mas no dia seguinte estava fazendo uma foto que denigre minha imagem mais do que qualquer outra coisa que tenha feito na minha vida.

Para a maquiadora expliquei que depois daquilo teria obrigatoriamente de emagrecer;

Para o assistente do fotógrafo disse que estava fazendo apenas para ter uma desculpa para raspar o cabelo;

Luiz Santos me jurou de pés juntos que eu ficaria irreconhecível;

Para mim, foi apenas mais um episódio interessante de auto-conhecimento.

É claro que tenho essa tendência a gostar de escrachar. Mas podia ser em coisas que me engrandecessem e não nas que mais me incomodam. Como a gordura. Quem não gosta de mim, pode ficar sabendo que isso me incomoda realmente. Engraçado que minha namorada mais recente adorava minha barriga, para extremo incômodo meu. Não era aquele papo para fazer feliz um gordinho. Era tesão mesmo! Vai entender?

Qual o lucro em posar nu em uma posição extremamente incômoda, que além de agigantar minha barriga, me fazia tremer sem parar? Bem, pelo menos estou comendo mais salada. E foi engraçada minha conversa com a maquiadora naquela situação esdrúchula. Se eu tenho orgulho próprio naquela situação é prova de que realmente não tenho mais o que amadurecer.

A verdade é que enquanto estiver com o cabelo raspado vou ter um motivo bem interessante para lembrar de fazer regime. E até agora ainda consegui não ver essa foto.

11.11.08

Dinner is ready!


Faz uns dez anos que eu entrei na Vila Romana e comprei três paletós e um blazer. Lembro pra caramba o quanto minha ex-mulher e o pai dela tiraram onda da minha cara. Como é que eu iria usar toda aquela formalidade, se sempre me vesti muito bem de bermuda e havaianas.

Na época justifiquei lembrando que aproveitei uma ótima promoção, que deixou tudo com o preço do meu melhor conjunto italiano (por sinal, recentemente aposentado, após nove anos de guarda-roupa e 12 meses de uso constante).

Ou seja, hoje, possuo um paletó preto, um grafite (presente do meu irmão mais novo), um bege e o meu blazer branco. Exatamente o que eu aconselharia para alguém que estivesse indo trabalhar no Congresso Nacional.

Não sei se o gosto pelo trabalho naquele ambiente hostil era anterior ao dia que passei na Vila Romana, só sei que o prazer de trabalhar ali e a segurança que me vestir bem me dá são proporcionalmente inversos à gréia de que fui alvo naquela noite.

Sempre me imaginei repórter de Política. E não tem outro lugar no Brasil onde a gente possa exercer esse ofício com mais destaque. Os caras mais artistas do Jornalismo me vêem como esse cara, que gosta do lado duro da coisa.

É tipo na cozinha. Não gosto de fazer o enfeite da lagosta que vai levar o dip de chutney. Deixo isso para quem gosta do fru-fru. Prefiro o arroz de polvo. O pernil de carneiro. Ou mesmo um bom e saboroso churrasco.

Cortar e limpar um belo pedaço de carne é minha parte preferida na preparação de um jantar. Assim como conviver e me sair bem no trabalho em meio aos políticos mais profissionais desse País. Já estou contando as horas para voltar para Brasília.

É claro que tem o dia que você pega um frango congelado para desossar. Mas por enquanto só estou pensando no pernil fresquinho que comprei na feira de Menilmontant. E na minha matéria da próxima segunda.

30.10.08

Vicky Cristina Barcelona

Nunca vi um Woody Allen tão abertamente comercial. O filme que assisti na abertura do Festival Internacional de Cinema de Brasília é cheio das cores de Barcelona, de mulheres bonitas e um homem poderoso e de belas cenas de romance entre os personagens interpretados por Javier Bardem, Rebecca Hall, Scarlett Johannson e Penélope Cruz.

Quando subiram os créditos, as meninas que estavam comigo resumiam tudo na frase "um cara desses eu não tinha problema de dividir". É, o filme trata do velho sonho de poder estar abertamente com duas pessoas ao mesmo tempo. Recém separado, o artista ainda mostra as dores de um amor mal resolvido. Mas tem o poder de atrair todo o amparo sexual que três mulheres lindas podem lhe proporcionar.
Daquele jeito é até fácil esquecer um grande amor. O cara mora na cidade mais linda do mundo e com os olhos esbugalhados consegue ir seduzindo as suas presas e depois convidando-as para entrar em seu mundo particular de sentimentos ainda não resolvidos. Ele diz a uma de suas amantes: "minha ex-mulher era perfeita, mas faltava alguma coisa em nosso relacionamento" e daqui a pouco a personagem de Scarllet Johanson já está encarando a tarefa de se tornar o vértice que completou o triângulo. Pena para ele que se perfeição existe não é eterna.
Entra no hall de filmes perfeitos para esquentar um casamento ou para garantir uma boa noite de sexo para os solteiros. Mas, honestamente, ninguém espere a densidade dos conflitos psicológicos de outros clássicos de Woody Allen. Com a idade a gente vai precisando simplificar a vida e os nossos trabalhos também. Não deixe de ir ver bem acompanhado.
Interessante como os filmes só mostram triângulos sexuais/amorosos entre duas mulheres e um homem. Vou escrever alguma coisa sobre uma mulher e dois homens qualquer dia desses. Tempos modernos, nem tanto. É o que Woody Allen me mostra.

27.10.08

Before Sunrise

Das minhas cenas preferidas no cinema é o momento em que Ethan Hawke volta e convence Julie Delpy a descer do trem em Vienna e passar um dia juntos, antes dele voltar para os Estados Unidos, em Before Sunrise.

Tinha visto o filme nos Estados Unidos e me lembrava desse momento. Ontem assisti de novo.
O filme é a comédia romântica original para mim. Os diálogos têm um jeito de não levar muito a sério o romance dos dois.
Acabei comprando o DVD.

13.9.08

What about cocaine?

Quando eu morava nos Estados Unidos achava que todo mundo que tinha algo de bom fumava maconha. Não que todo maconheiro fosse gente boa, mas que para entrar nos classificáveis tinha que gostar pelo menos um pouco da coisa.


A coisa radicalizada como era em Wisconsyn começou a quebrar um pouco essa minha viagem. Lá, o povo era tão dividido entre os caretas e os doideiras que eu comecei a gostar de não ser nenhuma coisa nem outra. Também contou ter levado um pé na bunda de uma linda, loura e viciada saxofonista.


Passei anos tentando aprender a gostar de fumar. Até admitir que odeio fumaça e aquilo só me causa sono e fome. De uns tempos para cá, vi as pessoas que convivem comigo passarem a cheirar pó. Testei e vi que aquilo sim é uma droga que encaixa comigo. Por isso mesmo, decidi parar de primeira.

Tenho uma relação interessante com drogas. Testei quase tudo. Mas tenho família para cuidar e não vou me submeter ao submundo. Ao mesmo tempo, porque não aceitar um romântico presente de uma paquera de domingo de Carnaval? Um dos presentes mais carinhosos que recebi foi uma pastilha de ectasy.

Finalmente percebi que eu estava errado. Não existe aquela história de que maconha não vicia. Eu sempre ouvi isso calado, porque o fumo só me dá menos vontade de fumar cada vez que tenho contato. Só que sei que enquanto busco no meu dia-a-dia ficar mais ligado, tem gente que vai encontrar no THC a maneira de abrir a imaginação. E acaba psiquicamente dependente.

A sensação de poder que a cocaína causa é realmente uma coisa que ambiciono. Mas só acho que se entrar fico mais longe ainda de conseguir aquele tipo de comportamente por mim mesmo. Sou careta mesmo, não tem jeito.

Ps: Cocaína ficou barato ou esse povo todinho tá roubando?

27.7.08

Restaurant Week


Eu fui e devo admitir: gostei. Adoro essa frescura de entrada, prato principal e sobremesa. Por mim ainda tinha a sessão dos queijos. Por um preço razoável, melhor ainda. Mas a grande descoberta da semana foi aqui do lado do trabalho.

No último livro de Anthony Bourdain (Maus Bocados) um conto fala de um restaurante em Nova Iorque onde se pode comer os mais tradicionais pratos da old school francesa. Eu adorei descobrir um PF que tem uma galinha de cabidela feito eu não comia há séculos. O arrumadinho. A rabada ainda não encarei, pesada demais, mas parece estar no mesmo nível.

Uma esperiência prazerosa tem sido ir almoçar no boteco aqui do lado do trabalho. E fiquei dando mais valor à idéia de Fernando e Marta. Só preciso achar uma mangueira com uma sombra bem gostosa. Pode ser jambeiro também. Um restaurante com esse cardápio e com uma apresentação interessante realmente falta em Recife.

Por enquanto, fico feliz em chamar os amigos para um jantar lá em casa. E de abandonar o Shopping Guararapes de vez. A verdade é que Praça de Alimentação é a pior idéia que se pode ter para o almoço. Acho que estou com fome.

14.7.08

Distância e outros sentimentos


Recebi a mensagem numa segunda-feira de manhã. Desses dias que a gente acorda disposto a fazer as coisas diferente. Fui correr no Sítio da Trindade, depois de fazer um café reforçado. Passei na casa do meu filho, enchi o pneu da bicicleta dele e deixei uns morangos de Gravatá. Nem deu para dizer a ele que era para depois ele saber se o de São Paulo ainda é melhor do que o daqui. O pirralho passou a noite com febre e estava dormindo, sexta vai para a casa da vó, curtir essas férias de meio do ano.

Quando cheguei aqui em Jaboatão, recebo a mensagem no e-mail.

"Queridos amigos,
Sempre pensamos que as distâncias foram feitas para serem diminuídas e gostamos de pensar que somos compostos por todas aquelas pessoas que cruzamos alguma vez. Ao lado da praia e quando o sol se retire, desejamos estar com vocês nesta noite um pouco mais especial.
Um abraço
Nuria e João"

Fiquei aqui com os olhos cheios de lágrimas. Num sentimento de felicidade e saudade simultâneo. Outra vez, um outro João, me chamou para ser padrinho do casamento dele e eu não pude ir. Nesse 26 de julho, novamente não vou poder estar com essas duas pessoas tão queridas. Tive a chance pelo menos de conhecer eles dois na intimidade de Lisboa, quando o namoro era só um foguinho gostoso.

Fico feliz por ele ter me lembrado que naqueles dias tão felizes regados a vinho português disse a ele que aquela mulher tinha a cara dele. É um casal bonito pra caralho! Não é todo dia que a gente encontra uma catalã que sobe as ladeiras de Olinda e parece que é só mais uma pessoa se divertindo naquele Carnaval. O cara olha para a pele branca e pensa, é gringa. Vê ela fazendo graça e fica com certeza, é nada.

João meu querido. Pode ter certeza que nesse dia 26 estarei tomando um vinho português e outro espanhol e de entrada uma cachacinha que é para não desmerecer, pensando em vocês com muito carinho.

Da próxima vez que nos encontrarmos estarão casados. Com um pouco de sorte, espero vê-los com o mesmo fogo de namorados que estão sempre se surpreendendo com novas facetas de um e do outro.

Beijos

Dado

19.6.08

Caminhar é preciso


Saudades do gordinho que comandava o trânsito no Recife. Lembro que quando ainda trabalhava na CTTU alguém me disse que a única maneira de se fazer um corredor de ônibus na Conde da Boa Vista era proibir o tráfego de veículos comuns. E ponto. Duas faixas para cada lado. Não precisava de grandes obras. Era, naquela época, só coragem e decisão política.

Ontem, como faço quase todos os dias, desci na Conde da Boa Vista às 18h30. Saí da Rua da Aurora e fui ultrapassando os ônibus. Fiquei pensando que iria na mesma velocidade. Engano. Fui ultrapassando todos eles. Quando passei pela Riachuello vi um ônibus que servia para mim (Alto Santa Isabel). Passei e continuei ganhando distância. Na Católica ainda pensei em subir em um Casa Amarela-Nova Torre.

Resultado, meia-hora depois parei na última parada da Conde da Boa Vista. Esperei um pouco e peguei o Alto Santa Isabel que tinha visto pouco depois da antiga Mesbla. Perguntei à cobradora e ela me disse que tinha levado uma hora para fazer o percurso da Rua da Aurora até ali. Considerando que tenha andado a quatro quilômetros por hora, seriam dois quilômetros de distância (ou seja, o ônibus fez uma velocidade média de 2km/h).

Putz, algum candidato a prefeito por favor contrate um engenheiro de trânsito para fazer esses cálculos. Na minha época de Prefeitura a pior velocidade média do Recife era no corredor Rosa e Silva-Rui Barbosa. Era algo entre 9 e 13km/h nos horários de pico. Ou seja, a grande obra desse ano foi atrasar a vida das pessoas. A Prefeitura conseguiu criar o que é, disparado, o corredor de tráfego mais lento do Estado. Depois de um investimento milionário, claro!!!

Isso aqui é só um desabafo. Vou comprar um carro logo. Mas vou continuar com certeza de que Ivan Carlos Cunha estava certo. Não se pode brincar com o trânsito. É cálculo. Coragem. Decisão. Lembro dele chateado porque João Paulo teve medo de ver o fracasso da Inversão de Trânsito de Boa Viagem. Foi um sucesso!

Por sinal, às vésperas da eleição, Boa Viagem também está um caos por conta da obra do corredor de ônibus da Domingos Ferreira. Esse momento eu não entendi. Mas a obra parece ser importante. Os engenheiros de trânsito com quem convivi na CTTU tinham diversas discussões sobre a melhor maneira de realizar, mas todos eram a favor da obra em BV.

16.6.08

O candidato salada


Em Gravatá faz sucesso o Bar da Salada. Com uma bela vista do Agreste pernambucano, o local ficou famoso pela picanha no ponto e por outras especialidades de churrasco. O proprietário, no entanto, faz questão de servir uma bela porção de verduras orgânicas para os seus clientes. No almoço deste domingo, fiquei notando como a maioria dos freqüentadores deixava absolutamente intactos a rúcula, alface, palmito, mini-milho e até mesmo as lascas de queijos branco e do reino.

Poucos pernambucanos aprenderam a deixar de lado aquela insossa, e tradicional nas nossas mesas, salada de tomate, alface e cebola. Quando têm uma oportunidade de aproveitar uma comida bem diferente, com molho especial e vários saborosos e coloridos ingredientes, mantém o preconceito.

Essa imagem me trouxe à mente a pífia atuação nas pesquisas até o momento do candidato do PMDB em Recife. Raul Henry tem praticamente todas as credenciais políticas para ser um dos mais fortes pretendentes a vitória na capital pernambucana. Tem apoio dos senadores Sergio Guerra e Jarbas Vasconcelos, vasta experiência no Executivo e um perfil extremamente leve. Para mim, está nesse ponto o dilema.

Os recifenses ainda não entraram no momento político que pode favorecer Fernando Gabeira no Rio de Janeiro e Soninha em São Paulo. Candidatos ligados ao setor cultural, com alguma ligação aos movimentos sociais (ecológico, gay, de mulheres...), que se apresentam como possíveis surpresas nos dois maiores municípios do País.

Por aqui, ainda reinam absolutos conceitos como o de votar em quem vai ganhar. Sem falar na prática da cooptação de lideranças por benefícios (muitas vezes empregos) diretos das gestões públicas ou da compra de votos, travestida ou não de pagamento para que os eleitores façam campanha.

Raul Henry, de quem ouvi com muita satisfação um relato indignado sobre o nível de falsidade da política em Brasília, pode até partir para a rasteirice das acusações mal fundamentadas e da compra de votos. Características normais das nossas eleições. Mas seria interessante e educativo ter um candidato que fizesse um papel diferente da buchada, rabada e mão de vaca da nossa política tradicional.

O outro Raul, por sinal, tentou fazer esse papel nas eleições passadas, mas não tem as mesmas credenciais. Seu estilo falastrão é o inverso disso. Em Brasília, disputa com Silvio Costa o posto de bobo da corte pernambucana. E sua passagem pelo Governo Fernando Henrique Cardoso lhe deixou como bagagem alguns processos que lhe deixam vulnerável. Qualquer sopro desmonta aquele papo todo de ética.

5.6.08

DO BLOG DO JUCA

Achei interessante esse artigo do Blog do Juca. Mas...

A gente tem sempre que notar que tendemos a nos achar, como pernambucanos, no marco inicial do Universo.

Os conflitos que aconteceram na Ilha do Retiro e nos Aflitos acontecem em outros estados, nem por isso se deve incentivar.

O incentivo à hostilidade com os visitantes, do lado do Sport, vem desde quando o time foi a Brasília enfrentar o Brasiliense.

Percebi isso quando estava fazendo a cobertura.

O Typhis Pernambucano
Por Roberto Vieira

De repente, Pernambuco se tornou a Argentina dos anos 60.
Wanderley Luxemburgo diz que tem medo de jogar no Recife. Abel Braga exclama sobre a nossa prostituição. O presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, deseja retirar os jogos do nosso estado. Rubens Lopes, que assistiu o conflito no jogo Náutico x Botafogo ali perto. Na Austrália. Tudo curiosamente depois das derrotas dos seus clubes.

Tudo no dia 2 de junho. Dia em que se completam 184 anos da Confederação do Equador.

O futebol brasileiro foi tomado por uma aura de santidade nunca vista. Jamais houve quebra-pau entre PM e torcida em Porto Alegre. Na Batalha dos Aflitos, os jogadores do Grêmio não chutaram o árbitro. A PM de São Paulo não evitou um desastre no jogo Corinthians e River Plate quando os torcedores ameaçaram invadir o campo. São Januário não presenciou cenas dantescas na partida entre Vasco e Sport.

O Maracanã nunca foi invadido. Nunca teve mortos na quebra de grades de proteção. Nunca antes na história deste país um estádio assistiu a confusões entre jogadores e polícia.
O Brasil não tem prostitutas.
O Brasil não tem marginais.
O Brasil não tem violência.
O Brasil não tem desigualdade social.
O Brasil é um oásis de felicidade e desenvolvimento na América Latina.

Exceto por uma chaga. Exceto por uma ovelha negra. Exceto por uma pústula:
O Estado de Pernambuco. O resto do Brasil esqueceu. Pois a amnésia é abundante nesta terra que tudo dá. Mas Pernambuco não se rende. Nunca se rendeu.

Nem em 1817. Nem em 1824. Nem hoje.

As manobras que tecem nos bastidores do futebol brasileiro são mesquinhas. São injustas. São fratricidas. O Estado de Pernambuco é muito maior que as calúnias de Wanderley Luxemburgo, Abel Braga, Bebeto de Freitas e Rubens Lopes.

Muito maior que um jogo de futebol. Pernambuco é mais que um estado. É um sentimento. Uma saudade. E o nosso amor por Pernambuco não está à venda. Não tem preço.

Mesmo nesse tempo de trevas esportivas. Tempos em que cabe recordar os versos de Camões que constavam do jornal Typhis Pernambucano, editado por Frei Caneca: "Uma nuvem que os ares escurece sobre nossas cabeças aparece."

27.5.08

26.5.08

Poço da Panela

Mais um aeroporto

Janela do meu apartamento, olhando para o Sítio da Trindade.

Esse post é só para dizer que volto para Recife sexta.

Nada como da vez que deixei o Rio com o coração em prantos. A maior pena de deixar de ser repórter, mas com certeza de estar tomando a decisão certa. Enchi o saco de perder as estréias dos filmes infantis com Chico. Agora mesmo, ele já marcou de ir assistir Indiana Jones e eu vou acabar sem desculpa para ver Harrison Ford. Já basta a dificuldade de arranjar paquerinhas desencanadas que gostem de comédia romântica, para ter desculpa de ir assistir esse tipo de filme.

Sábado completo trinta e daqui a dez dias espero ir para à Ilha do Retiro assistir a primeira partida da final da Copa do Brasil. Então, é um bom momento para voltar. Já mandei recado para Marcio Markman guardar minha vaga na pelada e vou aprender a jogar fut-vôlei (acredite quem quiser!), só falta descobrir uma galera para voltar a jogar basquete. Com sorte, e muito esforço, ainda faço seleção de Mestrado em 2008.

21.5.08

São paulinos, gremistas... Todos rubro-negros desde criancinha

Por Eduardo Amorim , de Brasília (publicado no www.arquibancada.blog.br e no blog da Revista Algo Mais)

Assisti ao jogo do Sport contra o Internacional realizado na Ilha do Retiro em um bar ocupado por duas torcidas. Uma maioria de são-paulinos e um grande número de colorados dividia o Bar dos Cunhados, na Asa Norte de Brasília. Um pequeno grupo de três ou quatro pernambucanos se reuniu em uma mesa e contava com apoio de alguns gremistas enquanto o time pernambucano empatava a partida. Quando veio o segundo gol e especialmente depois da bomba de Durval a torcida são-paulina, que assistia ao jogo de seu time pela Libertadores em uma outra televisão, se juntou automaticamente aos torcedores do Leão.

No último fim de semana tive uma noção melhor do quanto o Sport está, na Copa do Brasil, se tornando o segundo time de uma grande quantidade de torcedores espalhados pelo País. Visitando Pirenópolis, cidade do volante Sandro Goiano (foto acima), tive a maior surpresa com a quantidade de goianos que vinham falar da campanha que o Sport está fazendo na Copa do Brasil. Eles acompanham atentamente a trajetória do Sport desde a primeira goleada sobre o Brasiliense e, especialmente, depois das boas vitórias sobre o Palmeiras e o Inter.

Quem é de Pirenópolis aproveitou para torcer por um de seus mais famosos cidadãos: Sandro "Maromba". Era assim que o volante rubro-negro era conhecido em sua cidade natal. O apelido vem do time que defendia o Maromba, um dos mais vitoriosos no torneio Municipal. Deste time de várzea saíram oito profissionais, segundo as contas do agente de turismo Tilapa, companheiro do profissional e de seus dois irmãos nos tempos de amadorismo. A maioria dos jogadores, segundo os pirenopolenses, tem o mesmo estilo bruto do jogador rubro-negro.Tilapa jura que Sandro Goiano ainda pode dar muito mais do que tem apresentado nas últimas partidas. É o que a torcida pernambucana espera. E, quem sabe, também os flamenguistas e outros cariocas que rezam por uma derrota vascaína e, assim como os são paulinos, ficarão bastante agradecidos por uma vitória rubro-negra sobre seu rival local. Passando para a final, sendo Botafogo ou Corinthians o adversário, o Sport vai contar novamente com o apoio de todos os outros torcedores cariocas ou paulistas e de muita gente espalhada por todo o Brasil. Ainda mais, porque terá derrotado o Palmeiras (em caso de enfrentar o Corinthians) ou o Vasco (no caso de pegar o Botafogo).

A partida desta quarta na Ilha é fundamental para a disputa por essa vaga na final, mas o time tem que estar bem preparado no setor defensivo. Leandro Amaral e Edmundo estão voltando à boa fase no ataque vascaíno. Uma pena não contarmos com Luciano Henrique no meio-de-campo, pois é um jogador que cumpre as funções de marcação e criação. Os volantes são grandes e ajudarão nas jogadas de cabeça, mas a zaga precisa estar atenta às tabelas dos dois atacantes do Vasco.

15.5.08

Trabalhar de ressaca de vez em quando é bom

Lula: "Sport realmente está arrasador"

Presidente afirmou que só não quer que equipe pernambucana ultrapasse o Corinthians

Eduardo Amorim
Agência Nordeste

BRASÍLIA - Torcedor do Corinthians, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que espera que o Sport continue bem na Copa do Brasil, mas não ultrapasse o seu time de coração. Ele se referia às vitórias do time pernambucano por 4X1 sobre o Palmeiras e 3X1, ontem, diante do Internacional. Agora, os rubro-negros enfrentam o Vasco pelas semi-finais da Copa do Brasil e podem ter na final um confronto com o time paulista, que terá como adversário o Botafogo. Falando para uma platéia de 20 integrantes de um projeto social realizado no Coque, comunidade do Recife, Lula brincou "o Sport realmente está arrasador na Ilha do Retiro. Só espero que não vença o Corinthians". Depois ele explicou: "A maioria de vocês deve ser de torcedores do Sport, mas eu sou do Náutico". A reação foi de muita alegria dos 20 meninos e meninas da Orquestra Criança Cidadã de Meninos do Coque, que se apresentaram hoje no Palácio do Planalto, em uma iniciativa do ministro José Mucio (Relações Institucionais), que fez questão de mostrar ao mais influente pernambucano um exemplo de projeto social bem sucedido financiado por empresas públicas (Chesf).

22.4.08

Do PE Body Count




João Valadares (texto), Renato Spencer (a foto da piscina) e Rodrigo Lobo (a outra imagem)
A lente do repórter fotográfico Rodrigo Lobo (JCimagem) flagrou, na manhã de hoje, a desesperança. O desdém de crianças acostumadas com o absurdo. Indiferença resumida numa frase. "Estamos acostumadas." Costume. Não há com o que se espantar. É natural desprezar o corriqueiro. O problema é que o corriqueiro é o absurdo. É uma cena já vista várias vezes. Criança gosta de novidade. Faz sentido o que a menina de 11 anos me disse. "Estamos acostumadas". Ainda estou ruminando esta frase.

Pois é. Pernambuco se acostumou com essa doença chamada homicídio. São 9, 10, 11 todos os dias. Mortos da mesma forma. Na frente de todos, numa quadra de futebol, por exemplo.
Chegamos ao Coque, área central da cidade, às 10h30. Desci do carro primeiro do que Rodrigo e me deparei com a indiferença coletiva. Voltei para avisá-lo e ele já estava fotografando.

Sentadas na quadra de futebol da Rua João Paulo II, três meninas (12, 11 e 10 anos) conversavam alegremente. Ao lado, o cadáver de Edvan Clemente Barreto da Silva, 18 anos. Edvan nasceu no Coque e cresceu assistindo às mesmas cenas. Ontem, levou um tiro na cabeça e interrompeu por algumas horas a partida de futebol. No local, contei 27 crianças. Acho que havia bem mais. Algumas brincavam, outras olhavam atentamente para o corpo. Mas não havia espanto. Nenhuma gota de importância no olhar.

Depois de observar por uns 20 minutos a conversa das garotas, resolvi me aproximar. Perguntei sobre o que elas conversavam. Ficaram envergonhadas e não responderam. Perguntei porque elas estavam lá. "A gente gosta de ficar aqui na quadra."

E cadê a mãe de vocês? "Tá lá na frente. " As crianças só prestaram mais atenção quando os peritos do IML retiraram o lençol que cobria o cadáver. Muitas se aproximaram para observar os detalhes. Um menino de uns 10 anos fez o sinal da cruz quando percebeu o buraco na cabeça de Edvan. Duas mães com bebês nos braços chegaram mais perto também. Mesmo com o corpo descoberto, vários meninos continuaram o que estavam fazendo.

É isso. As nossas crianças estão acostumadas. São as melhores amigas do absurdo.

17.4.08

A gente fuma ou denuncia? Tinha que fazer essa piada!

MST encontra roça de maconha em fazenda ocupada

Movimento acredita que cultivo da droga explica violência com que foi recebido

Eduardo Amorim
Agência Nordeste

BRASÍLIA - Na manhã de hoje, trabalhadores rurais Sem Terra encontraram uma roça de maconha na fazenda Passarinho, em Lagoa Grande, Sertão de Pernambuco. Os trabalhadores, que estão acampados em uma área ao lado da fazenda, estavam buscando água quando encontraram a plantação de maconha. Segundo a assessoria do MST em Brasília, a Secretaria de Defesa Social já foi informada do fato e são aguardados representantes da Polícia Civil e Militar no local.

Para a direção do MST, isso explica a violência com que os trabalhadores Sem Terra foram recebidos quando ocuparam a fazenda, na última segunda-feira. Segundo relatos, logo depois da ocupação oito homens armados e encapuzados invadiram o acampamento ameaçando atirar e agredindo fisicamente diversos Sem Terra. As 150 famílias que ocupavam a área foram expulsas pelos pistoleiros e montaram acampamento em uma área ao lado da fazenda, enquanto aguardam que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) faça a vistoria da fazenda.

O MST espera que a polícia prenda imediatamente os responsáveis pela plantação e os pistoleiros que agrediram os Sem Terra. Espera-se também que o Incra faça a vistoria imediata da área, já que, segundo a legislação brasileira, áreas com plantio de drogas devem ser desapropriadas para fins de Reforma Agrária.

15.4.08

My blueberry nights


Catarina,

Roubei um beijo e fui ao cinema.
Para te acariciar, troquei teu nome por um beija-flor.
Um passarinho veio lá do Sul.
Conhecer no forró um peixe lá do meu mar.
Encontro voado, dançado, cerrado.
Rapidinho e molhado.

Quando eu era criança achava que o mundo todo girava em torno de mim. Gostava de imaginar uma brincadeira em que todos já sabiam qual seria o resultado do jogo de domingo, interpretavam apenas para conhecer minhas reações. Cresci, pelo menos em tamanho, e continuo com a mente infantil (e fértil).

Vi primeiro o nome do filme. Um beijo roubado. Poxa, poucos títulos me agradam tanto. Gosto da simplicidade, ainda mais porque resume um prazer sensual. Antes do pôr do sol ou Antes do amanhecer, querem imaginar o depois. Prefiro o estalo. O gostinho de sorvete derretido na boca de uma mulher linda.

Putz, aquele sorvete molenga só me faz lembrar de você. Pena que não tive nem a chance da sobremesa. Na real, fiquei apenas na cervejinha. Mas teimo em melar tua boca de tinto e voltar a te beijar. Longamente. E decorar o teu gosto. Vontade de descobrir teu sorriso. E ela nem me disse tchau.

Ainda bem.

Try a little tenderness é o tema. O cara é cozinheiro. Ela escreve: cartões postais. Ele faz a minha sobremesa de sonho de valsa. Não? É torta de blueberry. Água de beber de Nova Iorque. Um lugar antiquado, completamente maravilhoso.

A fotografia.

Digna do meu silêncio.

Dois empregos para solucionar o problema da insônia. Acho que conheço esse enredo. Coincidências. Também adoro viajar. Acho que no fim das contas estamos todos longe das nossas casas. Vai ver é isso. Saudade do que não vivi.

Te encontro.

Espero.

Vejam o filme. Hollywood. Com todas as qualidades que isso pode ter. Saudade de todas as mulheres do mundo. Uma querida me disse que minha mulher ideal é sempre a próxima. Acho que ela nem me conhece tanto assim. Mas com você isso só pode ser verdade.

O melhor filme de todos os tempos das últimas duas horas. Tá, antes de ver, eu preparei o cenário. O meu. Depois de assistir me deslumbrei com a imagem que ficou. A dela. Simples. Como um beijo na boca. De deixar a gente de cabeça para baixo.

Quero te levar no meu sobradinho, para ver o bloco passar. Um beijo. Melhor, dois.






8.4.08

Foto do Congresso

Voltei ontem andando do Ministério da Integração Nacional. Quando estava passando por esse ângulo da foto ai ao lado deu uma sensação de que aquele lugar era mesmo importante. Me lembrei de Gabeira, que vinha de bicicleta trabalhar e pensei que os parlamentares deviam andar de vez em quando para o trabalho para sentir o sopro da vida comum.

Foi dai que resolvi colorir um pouquinho de novo meu blog. Olinda, Jaboatão, Brasília, Poço da Panela e a primeira pichação de Chico (ele queria fazer o nome dele, mas eu dei uma orientada para não causar uma briga familiar. Tá ligado que tem um grande H?)

7.4.08

Meus quatro paletós

Saí da casa de Tuti hoje às 5 da manhã. R$30 depois eu estava no Aeroporto dos Guararapes. Comprei a Folha de Pernambuco para ler o Caderno de Esportes, já tinha a Folha de S. Paulo, ainda li um capítulo do mais recente livro de Anthony Bourdain (Maus Bocados). Enfim, 9 horas estava em Brasília. O ônibus passou bem na hora que cheguei na parada. Às 10h, já estava em casa.

- Dado. Você pode ir para o Palácio do Planalto? Para o anúncio da Medida Provisória que vai atender aos estados do Nordeste? O negócio das chuvas...

- Estou saindo Josilene.

Pedi o táxi. Nem troquei de paletó. Catei só uma gravata vermelha. E tome tentar dar o nó... Putz, tocou o interfone e nada de acertar. Perguntei ao motorista. Nada feito. Fui com ele mal feito mesmo. Diga-se, meu nó de gravata já é feioso, sem a ajuda da Internet ficou um negócio altamente malamanhado.

- Caramba, como tais suado...

Disse à colega que era por conta do trajeto todo. Mentira, era de tentar acertar o nó.

Na hora do almoço dei uma roubada numa gravata de Paulo Rubem, que estou devolvendo exatamente agora (diga-se de passagem!). Já estava com o nó preparado.

Mas esperando aquela coletiva, a minha segunda no Planalto, fiquei pensando como era estranho eu ter comprado quatro paletós na Vila Romana. Faz uns cinco anos. Quando cheguei na casa de Marcos Lima ele tirou a maior onda da minha cara. Mas acho que imaginava, no fundo, que ia realizar isso aqui.

Ser repórter no Congresso Nacional está longe de ser meu sonho. Mas é uma passagem muito importante na minha vida. Pelo menos para poder dizer tranquilamente que quero viver de fritar camarão ao alho e óleo em um boteco de Maragogi.

Sentei no Comitê de Imprensa do Senado e Renata Giraldi falava alguma coisa de comida. Uns pratos meio finos para mim, mas achei bom lembrar que detrás daquele profissionalismo todo mundo é gente no final das contas.

E fiquei pensando aqui nos caminhos da gente com um texto de Tapioca. Eu disse a minha ex-mulher que queria ser escritor, virei jornalista e sonho em viver de cozinhar. Ele está preocupado de não seguir o caminho imaginado. Mas é manter o foco e a gente chega em algum lugar.

Ser repórter pelo menos é um caminho para ser escritor. Para cozinhar? Num tem muito link não. Mas ajuda a formar a personalidade que tenho.

31.3.08

Pelo Sport Tudo!!!


Até auto-queimação de filme. Na foto, eu e Caetano no Serra Dourada, durante a fatídica derrota do Leão para o Goiás, ano passado, pelo Brasileiro. Na quarta-feira, a partir das 21h30, estaremos na Boca do Jacaré torcendo para ter um resultado melhor contra o Brasiliense. Para quem é de Recife, resta o consolo de assistir pela Globo...

28.3.08

Questão de Estado

A grande imprensa não se tocou. O embrolio Petrobrás e PDVSA, que dificultou a assinatura do documento que cria a Refinaria Abreu e Lima, foi causado pela negativa da empresa brasileira de aceitar que a concorrente venezuelana entre no mercado nordestino. Para mim, que nem tenho carro, monopólio não é bom nem quando é estatal. Ou seja, acredito que a entrada dos venezuelanos seria positiva para nós consumidores e tenho certeza que a maior empresa do Brasil teria condições de enfrentar a concorrência. Faltou esse enfoque na cobertura da viagem do presidente Lula a Pernambuco. Eu quero a PDVSA no Nordeste! De preferência vendendo álcool também, para acabar de vez com o cartel dos usineiros e distribuidores de combustíveis. E que o Governo Lula exija contrapartidas para aceitar a entrada da empresa concorrente, mas isso não é para ser discutido por nenhuma empresa (nem mesmo a Petrobrás). É questão de Estado.

25.3.08

Minha primeira foto publicada na grande imprensa

Plim-plim e Carla. Em preto e branco ficou mais legal na verdade. Mas eu não sei nada de Photoshop.
Brasília ainda encanta os nordestinos

Eduardo Amorim
Agência Nordeste


O Palhaço Plim-Plim saiu de Carpina em seu ônibus com toda a família, em novembro de 2007. Em 10 de dezembro acampou em frente à Funarte e começou a fazer espetáculos no seu mini-circo popular. No dia de Natal, ganhou de presente a ordem para baixar a lona. Ficou estacionado ali até conseguir novamente um espaço para se apresentar, desde 5 de março está no movimentado Parque da Cidade, onde espera só sair para levar sua "lata-velha" para o programa de Luciano Huck. "Passei fome e não comi Gogó de Ouro e Costa Nua. Agora que estou em Brasília elas são um símbolo da nossa resistência", diz ele, se referindo ao galo e a galinha que acompanham sua família pela estrada.

Mestre Danoninho tem uma história bem mais curta. O capoeirista saiu de Jaboatão no dia 4 de março. Sonhava em pedir ao presidente Lula apoio para construir uma academia de capoeira. Foram 13 dias pedalando pelas estradas de Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Goiás, até chegar no Distrito Federal. Não teve de trocar nem um pneu e só diz ter tido dificuldades por conta do sol e para dormir, pois nem sempre era fácil encontrar um posto de gasolina para encostar a bicicleta. Em frente ao Palácio do Planalto perdeu as ilusões, mesmo assim faz questão de lembrar que os guardas lhe ajudaram dando comida e alguma ajuda financeira. Ele volta para casa neste fim de semana, sem ter conseguido falar com o seu conterrâneo mais poderoso.

Plim-Plim veio pelo Sertão para fugir da Polícia Rodoviária Federal. Danoninho foi até a Bahia pelo litoral, para depois de Feira de Santana entrar para o centro do País. As estradas das duas histórias se cruzam. Pela proximidade das cidades que os dois deixaram. E na falta de oportunidades de empregos do interior nordestino. Pelo sonho carregado de suor e desejos de ganhar a vida com dignidade. E no preconceito que enfrentam ou tiveram de enfrentar circenses e capoeiristas para exercer suas atividades.

Se cruzam também com as vidas de milhares de nordestinos que deixaram suas famílias para trás e vieram construir a Capital Federal. Dos procuradores aos mais simples concurseiros, que saem todos os meses recém formados de grandes e médias cidades.
Brasília continua sendo o sonho de um grande contingente de nordestinos, que se inspiram naqueles primeiros homens que vieram e se tornaram pedreiros, carpinteiros, encanadores e construíram os prédios que Óscar Nyemeier projetou.

Hoje, Brasília tem a segunda maior população de nordestinos fora da região, só perdendo para São Paulo. O primeiro fluxo veio antes mesmo da inauguração realizada por Juscelino Kubistchek. Os "candangos" vinham de todo o Brasil, mas a maior população com certeza foi de gente do Nordeste. Formaram-se cidades inteiras de pessoas vindas de diferentes estados, que se encontram ainda hoje em locais como a feira do Guará, para comer carne de sol, queijo de coalho, tapioca e levar uma manteiga de garrafa para casa.

O Governo do Distrito Federal não tem números atuais sobre o fluxo de nordestinos. Acredita apenas que, hoje, a maioria dos que ainda vêm morar aqui passou em concurso público ou pretende fazer provas para um dos muitos concursos que têm sido realizados nos últimos anos. A história desses dois nordestinos, um capoeirista e o outro palhaço e dono de circo ilustra muito bem a esperança e as dificuldades que nossos conterrâneos vislumbram ao chegar em Brasília nos dias de hoje.

Plim-Plim veio com a família toda

José Carlos Santos Silva, o Palhaço Plim-Plim, chegou a ter um programa na Rádio Alternativa de Carpina. A Hora da Fuleiragem ia ao ar às 5h da manhã, abrindo o microfone para todos os problemas da comunidade. Mas a alma de circense bateu mais forte e ano passado ele desarmou a lona e veio para Brasília, tentar regularizar o seu ônibus que, além de velho e enferrujado, está com três anos do seguro obrigatório atrasado.

Ele veio com a esposa, Lucicleide Oliveira, que é também cozinheira, recepcionista e responsável pelo som da trupe circense. Com o cantor e performer Daniel Rocha, o John Lennon de Carpina. Além de sua filha, Carla Vitória e da enteada Mikaela Oliveira, que já começam a se apresentar no Menor Circo do Mundo, como Plim-Plim gosta de chamar o seu espetáculo. O sonho de todos é chamar a atenção do apresentador Luciano Huck, para ter o ônibus reformado no quadro Lata-velha.

Por enquanto, vão se virando com apresentações que custam R$3. "A concorrência é dura, pois Marcos Frota está estacionado logo ali no Mané Garrincha", conta Plim-Plim, tranquilo pois sua audiência é formada basicamente por gente que teria dificuldade para pagar a entrada de R$20 do vizinho famoso. Muitos deles também nordestinos, moradores da Ceilândia, Taguatinga e outras cidades satélites. Ele faz apresentações curtas na lona aberta, para chamar atenção dos frequentadores do Parque da Cidade e quando está cheio de gente convida todos a entrarem para debaixo da lona, onde entre arquibancada de madeira e cadeiras desmontáveis há vagas para 50 pessoas.

Plim-Plim fez apenas três paradas no trajeto entre Jaboatão e Brasília. Petrolandia (PE), Coité (BA) e Vila Boa (GO). Nesses lugares montou a lona e passou entre três e quatro dias se apresentando para juntar dinheiro e continuar a viagem. "Na Bahia, tive tratamento VIP e pude montar o circo em frente ao Mercado Público", conta, fazendo questão de lembrar que a cidade em que montou seu espetáculo abriga o Museu do Palhaço.

Ele não se queixa de sua vida em Brasília. Conseguiu da Secretaria de Cultura a liberação da taxa de R$500 que teria de pagar para estacionar no Parque da Cidade e está garantido ali até o dia 5 de abril.

Antes disso, espera colocar as duas meninas para estudar em uma escola pública de Brasília e irá participar do Fórum Nacional do Circo Brasileiro. Organizado pelo deputado federal Paulo Rubem (PDT-PE), o evento vai se realizar no próximo dia 27 de março e terá como temas: Educação para as famílias circenses, Espaço público para os circos brasileiros, Os animais nos circos e, a pedido do Palhaço Plim-Plim, Por que Carpina proíbe o circo?

"Quisemos dar um apoio a esse batalhador", explica o presidente da Subcomissão de Cultura da Câmara dos Deputados, que abriu espaço para o lançamento do livro "O Palhaço do Circo Quadrado", que será realizado durante o Fórum, na Câmara dos Deputados. Escrito por José Carlos e pelo escritor Carlos Neves, do Museu do Palhaço (BA), a obra conta os 30 dias em que o Palhaço Plim-Plim ficou preso no Cotel por conta de uma prestação de contas que ele demorou a fazer à Funarte.

Livre da acusação, Plim-Plim chegou a voltar à penitenciária pernambucana para se apresentar em um Dia das Crianças. "Só sabe o que é sofrimento quem vive", recorda o palhaço-escritor.

Danoninho queria falar com Lula

Edson Ardelino chegou a ser presidente da Associação dos Capoeiristas de Jaboatão dos Guararapes. Integrante da Associação Rabo de Arraia, Mestre Danoninho é bastante conhecido entre os lutadores pernambucanos. Depois que sua mãe mudou-se com a filha dele para Camaçari, na Bahia, resolveu tentar a sorte na Capital Federal. "Eu queria contar minha história para o presidente Lula. Pedir para que ele me ajudasse a montar minha Academia. Mas os guardas disseram que eu ia ficar esperando para sempre e não ia conseguir falar com ele", explica o jaboatonense, que em uma semana decidiu voltar para seu Estado.

Sua viagem começou no último dia 4. Antes disso, Danoninho gastou cerca de R$300 para equipar sua única companheira de estrada. Uma bicicleta usada de uma marca tradicional. Saiu de casa com R$250 no bolso e chegou a ajudar um outro viajante no trajeto, pagando uma passagem para um baiano entre as cidades de Ibutirana e Luís Eduardo Magalhães. "Ele não estava conseguindo pegar carona, então paguei os R$23 da passagem", conta, com a maior naturalidade.

Contando com a resistência de atleta e a sorte de não ter estourado nem mesmo um pneu no trajeto, Danoninho chegou em 13 dias em Brasília. Saiu de Jaboatão pela BR 101, dormiu no Posto da Polícia Rodoviária Federal no limite entre Pernambuco e Alagoas na primeira noite. Depois, passou por São Miguel dos Campos (AL), Propriá (SE), Estância (SE), Alagoinhas (BA), Santo Estêvão (BA), Seabra (BA), Ibutirana (BA), Luís Eduardo Magalhães (BA), Alvorada do Norte (GO), Vila Boa (GO), Formosa (GO) e finalmente Brasília.

Pedalou em média 200 quilômetros por dia, fazendo no total um trajeto de cerca de 2.600 quilômetros. A única coisa que teve de trocar na bicicleta foram duas sapatas de freio. Na estrada viu um acidente com morte na Bahia e chegou a fugir de um grupo de quatro possíveis assaltantes. "Eles pediram para eu parar, mas eu vinha em velocidade e consegui passar", explica o capoeirista.

Depois de uma semana em Brasília, Edson desistiu do sonho de falar com o presidente Lula. Conseguiu a passagem de volta com o apoio de um deputado federal e deve retornar a Jaboatão dos Guararapes ainda nesta semana. "Se puder eu faço a viagem novamente de bicicleta, mas só se for com patrocínio", diz ele, que quer voltar para poder conhecer melhor Brasília.

Esteve no Palácio do Planalto, na Praça dos Três Poderes, chegou a entrar no Congresso Nacional, mas queria ter tido mais tranquilidade para curtir esses lugares. Na Capital Federal, ele se sustentou com ajuda de pessoas que se sensibilizavam com sua história e passava os dias em frente ao Memorial JK, um dos pontos turísticos mais movimentados de Brasília. Antes de voltar, Mestre Danoninho enviou uma carta para a produção do Programa do Gugu, contando o seu drama e pedindo apoio para montar sua Academia de Capoeira. A luta continua.

18.3.08

Lançada à Presidência, Dilma homenageia parteira pernambucana

CONGRESSO 11.03.2008 16:19

Parlamentares também fizeram questão de destacar trabalho de Maria dos Prazeres

Eduardo Amorim
Agência Nordeste

BRASÍLIA - A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, foi lembrada pelo presidente do Senado para ocupar a Presidência da República durante homenagem do Congresso Nacional ao Dia da Mulher, nesta terça-feira. "Eu estou achando que ela ainda vai alcançar muito mais", brincou o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), ao saudar a ministra, que teve direito a falar na cerimônia e entregou o prêmio a uma das homenageadas do dia, Terezinha Zerbini, quebrando a tradição, já que normalmente os representantes do Executivo não têm essas oportunidades nas sessões solenes do Legislativo em Brasília.

Momentos depois, a ministra se desculpou à pernambucana Maria dos Prazeres de Souza. "Eu gostaria muito de ter lhe trazido o diploma", disse Dilma, ao abraçá-la ainda no Plenário do Senado. A parteira de Sucupira, em Jaboatão dos Guararapes, retribuiu em entrevista realizada após receber o Diploma Bertha Lutz: "O homem também sabe ser bom. Mas, agora, precisa dar a oportunidade a uma mulher", disse, ao ser questionada sobre a possibilidade da ministra ser candidata à Presidência do Brasil.

Mas a felicidade de Dona Maria não ficou restrita a essa proximidade com a possível futura candidata do PT em 2010 e ao recebimento do prêmio, que reconhece seu trabalho de mais de 40 anos como parteira. A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) fez questão de lhe dirigir a palavra, ao falar que "eu e todas as outras senadoras e deputadas da Bancada Feminina, a partir desse Dia da Mulher, vamos nos informar e trabalhar para que a legislação da regulamentação da profissão de parteira seja aprovada". Segundo Maria dos Prazeres, o Congresso Nacional já tem três projetos neste sentido.

Ao receber o prêmio, Maria dos Prazeres mostrou muito bom gosto e fez uma adaptação da obra de Fernando Pessoa: "Deus quer, as mulheres sonham e a obra se realiza", recitou. Com o sorriso solto, ela fez questão de lembrar "há muito tempo sonho que essa minha luta não ficasse por trás das nuvens. Encoberta. Nós, parteiras, somos o modelo do parto humanizado", garantiu. Ela se orgulha de já estar na terceira geração de mães a parirem em suas mãos, sendo que seu último parto foi no dia 6 deste mês, em Igarassu.

A deputada Fátima Bezerra (PT-RN) também fez questão de fazer referência a dona Maria dos Prazeres. "Dona Luzia, minha mãe, era como a senhora, uma pedagoga da vida, da esperança. E por isso me sinto muito feliz de ter entregue esse prêmio à senhora", disse, lembrando os anos que sua genitora exerceu a função de parteira.

Uma das integrantes do movimento Mães da Pátria, Maria dos Prazeres luta pela valorização das parteiras tradicionais. Foi uma das idealizadoras do Projeto Comadre, executado pelo Governo de Pernambuco. E participou da elaboração de cartilha de orientação às gestantes e parturientes. As outras homenageadas pelo Congresso Nacional com o prêmio Bertha Lutz em 2008 foram a deputada Jandira Feghali, a escritora Rose Marie Muraro, a professora de genética Mayana Zatz e a aeromoça Alice Editha Klausz. Também recebeu uma homenagem póstuma a militante comunista Olga Benário Prestes, além reconhecimento prestado pela ministra Dilma Roussef à ex-presa política Terezinha Zerbini.

11.3.08

Os podres poderes de Michael Moore








Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes somos uns boçais
Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses mas tudo é muito mais

Estava falando com Bernardo sobre o novo filme de Michael Moore. Completamente sem noção como um documentário me fez rir e chorar. Pena que no Brasil, por mais que tenhamos alguns competentes documentaristas, ninguém tenha construído uma carreira com temas super polêmicos que mobilizem a sociedade como o gordão da Gringolândia.

Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será, será que será que será que será
Será que esta minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?

Lembro de Juliano expondo seu preconceito com Pedroso ao dizer que a Símio Filmes deveria ser exclusivamente uma produtora de ficção. Putz, como se o documentário fosse uma coisa menor. Existem poucos filmes nacionais que tenham me trazido tantas emoções como Entreatos, o último de Eduardo Coutinho também é sensacional e Ilha das Flores... (Eu vou falar. Fred 04 quer ser Romário? Eu queria ser Jorge Furtado!)

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe , num êxtase
Ser indecente mais tudo é muito mau

Mas Michael Moore realmente se supera. Não venham me dizer que as piadas dele se repetem. O cara faz crítica aos lobbies de Washington. Visita os países mais desenvolvidos para mostrar aos americanos, que eles estão muito longe de serem o melhor lugar do mundo. É verdade, em todos os seus filmes. Mas cada vez ele tira uma onda cada vez mais engraçada do cidadão médio.

Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades , caatingas e nos gerais
Será que apenas os hermetismos pascoais
E os Tons e os Mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?

Ficar mostrando a França dos enamorados em um filme que trata do Sistema de Saúde. Achar uma americana que namora (ou não) um canadense para poder usar o SUS de uma cidade vizinha. Ir na Inglaterra, na faixa de pedestre da capa do disco dos Beatles, para mostrar que ali também um americano é mais bem atendido do que em casa. Botar uma galera em um bote para serem atendidos pelo sistema de saúde cubano!!! O cara é genial!? Para mim, não há dúvidas.

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo e mais fundo tins e bens e tais

É muito fora da nossa moda querer mudar alguma coisa no mundo. Por isso, Caetano Veloso entrou nesse post. Chico Science fazia arte engajada, mas morreu muito cedo. Eu queria poder dizer que isso ai pode ter uma qualidade fuderosa também. Sicko não vale pela mensagem que passa. É um filme que emociona, diverte, e felizmente é sobre uma parte muita importante das nossas vidas. Ridículos cidadãos da América católica.

8.3.08

O casamento e o Rio Doce/Dois Irmãos



FOTOS DE DECO/
DUAS PARA PRESERVAR AS INDIVIDUALIDADES
Depois que me separei, sempre que tenho oportunidade digo que sinto muita falta de nunca ter tido uma festa de casamento. Nada careta demais. Uma festa como a de Luciana e Aurélio. Em que eu, Juliana e Jampa inauguramos a piscina da Granja. Ou como a de Zenzi e Tarta. Esperteza danada, convenceram Laurinha a ir para São Paulo só para não precisar explicar aos familiares os motivos da farra continuar em outro lugar.

Depois de um dia arrumando meu quarto encontrei uma fita, que nem é minha, gravada por Rafa e Amélia. Ou terá sido Alice? Rio Doce/Dois Irmãos. Seleção bem anos 90. Botei para tocar. Mas o negócio é que me lembrei exatamente o que é o casamento para mim. Me casei cruzando a Bahia em direção ao Rio de Janeiro. Depois de deixar para trás meus sonhos profissionais. Quando deixei tocar mais um baiano (terá sido Caetano ou o nosso querido ministro?) e aguentei o sono para chegar até o Espírito Santo vivo, brincando de dirigir a 150 km/h.

Casamento para um filho de um longo processo de separação, chegando aos 30 anos, é isso. O momento em que depois de fazer mais do que você aguentaria, você resolve ceder mais um pouquinho. Que fique bem claro. O negrito é para não deixar dúvida. Passei da fase de botar a culpa das minhas antigas relações nas minhas ex-mulheres. Só que o fato de estar me reencontrando com o prazer de ser jornalista tem me trazido algumas lembranças.

Queria muito escrever uma coisa bem bonita para dizer a Zenzi e Tarta que eles continuem sempre namorando. E que quando sentirem que estão casados, saibam fazer a coisa certa. Mas a verdade é que esse dom eu não tenho e ainda estou cheio de energia de uma correria que está minha vida. Então, escrevo isso aqui mesmo só para dizer a Bernardo que não teve caretice na festa. Eu juro! Foi linda!

4.3.08

Domingo na Ilha

Fazia tempo que não via a Ilha do Retiro tão bonita. A vitória do Sport sobre o Salgueiro nem foi o mais importante: 4X1. Mas o Pernambucano segue, agora sem o Santinha, com o seu regulamento esdrúchulo.

Será que desde 1914, quando surgiu o time do Arruda, passamos algum ano sem clássicos entre Sport e o Santa Cruz? 2008 vai ser assim, se não resolverem fazer um amistoso para mudar a história.

Fui para as novas cadeiras, pela primeira vez. O estádio estava cheio o bastante para ter um colorido bonito, mas não estava lotado. A foto da capa do JC de segunda mostra o brilho amarelo que a Torcida Jovem dá à geral da Ilha. O clima era de total tranquilidade no Estádio. E de total rivalidade com o Nautico.

Mandei Tuti buzinar o cazá, cazá, quando vinhesse deixar Chico. Ouvi a resposta com toda a sonoridade Alvirrubra. Ficamos um ponto na frente e o Nautico continua com sede de vingança, que vai seguir no Segundo Turno e no resto do Brasileiro, da Primeira Divisão.

Os times, se forem mantidos e vierem alguns reforços prometidos, como Fumagalli para o Rubro-Negro, podem fazer um bom papel na Primeira Divisão. E o Santinha vai ficar na esperança de não criarem a Quarta Divisão, porque a média dos últimos anos é um rebaixamento e para a Segundona do Pernambucano é difícil caírem.

Na Ilha, uma pepsi, duas cervejas, quatro abraços apertados no meu filho. Felicidade de encontrar os amigos. Tá, não foi nenhum casamento de Zenzi. Mas foi legal também.

24.2.08

Retorno à imprensa escrita

Rio São Francisco perde R$ 80 mi com cortes no OGU

Recursos de três ministérios para transposição e revitalização do rio foram revistos

Eduardo Amorim
Especial para a Agência Nordeste

BRASÍLIA - Um dos principais projetos do Governo Lula para o Nordeste, a transposição do São Francisco não consegue começar a fluir. O Ministério Público Federal chegou a interromper as obras, que foram retomadas em dezembro de 2007 após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O debate público tem sido bastante acirrado, especialmente após as duas greves de fome em protesto contra a proposta, realizadas pelo bispo de Barra (BA), dom Luiz Flavio Cappio. Os problemas são tantos que, após o fim da CPMF, o relator do OGU, deputado federal José Pimentel (PT-CE), retirou mais de R$ 80 milhões das verbas previstas para revitalização e integração das bacias do rio na Lei Orçamentária 2008.

O relatório elaborado pelo deputado cearense deve ser votado nesta semana pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional. A proposta reduz o volume de investimentos previstos em pelo menos 12 ações dos ministérios da Integração Nacional, Saúde e Meio Ambiente. O relator é representante de uma das bancadas que mais defendem o projeto e tem sofrido tantas pressões que nem mesmo conseguiu ler o relatório na última quinta-feira, como era previsto. Por isso, se torna praticamente irreversível a redução nos investimentos para este ano.

Integrante da CMO, o deputado federal Walter Pinheiro (PT-BA) justifica o "cancelamento" dos recursos. "O cronograma da integração das bacias do São Francisco não sofre prejuízos por isso. O Governo Federal não teria condições de realizar todos os investimentos que eram previstos para 2008. Teremos apenas de aumentar as verbas previstas para os próximos anos", afirmou. Ele faz questão de elogiar o trabalho do colega, considerado "organizado e transparente", mas admite que as bancadas de Governo e de Oposição ainda vão fazer a discussão pontual de remanejamento de verbas.

A opinião do presidente Nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, é bem diferente. "Acho que o Governo Lula tem perdido o pedal nesse assunto. Pessoalmente, não acredito que eles vão conseguir avançar as obras da transposição do São Francisco neste mandato", afirma. O líder tucano admite que tem restrições ao projeto e, além das reduções de verbas, lembra os problemas com licenças ambientais e também a falta de transparência nas licitações como obstáculos que irão dificultar o fluxo das obras de integração das bacias.

As ações que tiveram recursos subtraídos no relatório de José Pimentel dizem respeito tanto às obras de revitalização como às da transposição das águas em si. Os maiores cortes foram justamente no órgão gestor do projeto, que é o ministério da Integração Nacional. Foram "cancelados" R$ 23,2 milhões previstos para as obras do Eixo Leste, primeiro canal a ser implementado. Também foram cortadas verbas para ações que têm como objetivo a revitalização do rio: R$ 19, 2 milhões iriam para implantação de esgotamento sanitário, R$ 7 milhões para controle e recuperação de processos erosivos, R$ 1,1 milhão para sistemas públicos de coleta de lixo, R$ 594.000 para melhoria da hidrovia do São Francisco no trecho Hiboritama/Juazeiro e R$ 158.000 para obras de revitalização do rio.

Somente nestas seis ações, o ministro Geddel Vieira Lima, que a oposição acusa de ter sido crítico do projeto e hoje ser seu maior defensor, deixará de receber R$ 51 milhões. Mas as perdas do projeto não param no Ministério da Integração Nacional. Meio Ambiente teve cortes da ordem de R$ 1,46 milhão, que iriam para preservação e recuperação da bacia do São Francisco. E a Saúde foi o setor que teve os "cancelamentos" percentualmente mais altos: foram mais de R$ 19 milhões, que reduziram a disponibilidade em 2008 para R$ 28 milhões.

As ações mais afetadas no Ministério da Saúde foram as duas relativas a fornecimento de água para municípios e comunidades rurais às margens do São Francisco (Água para Todos), que perderam R$ 16,85 milhões. As ações relativas aos sistemas públicos de abastecimento de água (R$ 6,47 milhões), esgotamento sanitário (R$ 1,58 milhão) e à coleta de lixo (R$ 366.445,00) também sofreram cortes.Em recente debate no Senado Federal, o pesquisador da Articulação do Semi-árido (Asa Brasil), Luciano Silveira, defendeu as 530 obras propostas pelo Atlas Nordeste, consideradas "mais viáveis economicamente que as obras de transposição e que levará água para quem realmente precisa".

No entanto, os cortes atingiram até mesmo obras consideradas essenciais pelos críticos da integração de bacias como vem sendo implementada pelo Governo Federal.Ambientalistas ressaltam a importância do São Francisco e criticam a falta de diálogo para implantação deste projeto. Com uma extensão de 2.863 mil quilômetros, a bacia do rio se divide em 32 sub-bacias e 168 afluentes, sendo 99 rios perenes e 69 intermitentes. Representa dois terços da disponibilidade de água doce do Nordeste e percorre biomas como o Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e a Zona Costeira. Mais de 500 municípios estão sob sua influência, sendo que 101 ficam nas proximidades do rio.

As obras da transposição do São Francisco começaram em agosto de 2007, estão sendo executadas pelo 2º e 3º Batalhões de Engenharia de Construção do Exército e são uma das prioridades do Plano de Aceleração do Crescimento.

Durante entrevista coletiva, José Pimentel afirmou que em seu relatório não haviam sido cortados recursos do PAC. Através de sua assessoria, justificou que os recursos "cancelados" nas obras da transposição foram alocados em outras ações do programa, mas não relacionou os projetos que teriam recebido aporte. "O valor total no Orçamento para o Nordeste é de R$ 29,9 bilhões, sendo R$ 8,8 bilhões destinados a investimentos. A Região é a que recebeu maior volume para investimentos. Em segundo lugar vem o Sudeste, com R$ 6,07 bilhões", acrescentou.

Novo líder do DEM na Câmara dos Deputados, Antônio Carlos Magalhães Neto, achou grande o volume de recursos cortados para a transposição e acredita que o Governo Federal terá dificuldade para executar todas as ações, "os cortes são sinal de que está havendo problemas com as obras. Ficamos preocupados, pois existe uma tradição de grandes investimentos estarem mais concentrados no Sul e Sudeste e o Nordeste demanda mais recursos, especialmente para obras que atinjam as localidades mais carentes da Região".

O relator refuta a afirmação do líder dos Democratas: "Isto (da prioridade ao Sul e Sudeste) vigorou até 2002. Atualmente, não procede mais. O exemplo maior é a atualização dos recursos para a saúde na Região Norte para média e alta complexidade, tornando o investimento superior a R$ 102,00 por habitante. Além disso, já demonstramos o grande volume de investimentos para a Região e a manutenção das obras estruturantes".

Os oposicionistas afirmam que o relator até agora só negociou com a base governista e que não tiveram oportunidade de colocar suas opiniões sobre o relatório. A verdade é que o orçamento só deve ser aprovado pelo Congresso Nacional em março, pois Pimentel ainda atende diversas reivindicações de parlamentares de todas os estados.

O senador Sérgio Guerra admite a necessidade de cortes após o fim da CPMF, mas ressalta que as reduções de verbas em obras estruturantes precisam ser analisadas em seu mérito."O presidente Lula fez ao Nordeste promessas muito grandes, entre elas a de apoiar o projeto de siderurgia no Ceará, a de sustentar a definição de uma refinaria por Pernambuco, a de construir a Ferrovia Transnordestina, a de duplicar a BR-101 e a de efetivar a transposição das águas do Rio São Francisco. Todas essas promessas estão, sem exceção, prejudicadas; umas mais, outras menos", complementa o senador, ressaltando que o Governo Federal terá dificuldades para realizar tudo que tem planejado.

José Pimentel afirma ter tido um cuidado especial para atender o Nordeste, mantendo toda a programação que veio na proposta original e acrescentando recursos para a saúde, em especial, para a média e alta complexidade. "Também atendemos às emendas das bancadas estaduais, ampliando os recursos para todos os estados. Os cortes necessários foram realizados nas programações nacionais e não nos valores destinados aos estados. Cortamos, por exemplo, R$ 6,84 bilhões no custeio da máquina pública. Mas também tivemos o cuidado de não tirar recursos da Saúde, Educação e Segurança Pública".

O rio continua fluindo. Não tão limpo como os nordestinos gostariam. Enquanto isso, seguem as obras, gerando esperanças para empresários ávidos por uma nova área para a agricultura irrigada e sertanejos que sonham com água limpa em suas casas e propriedades. As críticas e discussões continuam, como acontece com tudo que é realmente importante. Mas fica a dúvida de quando os investimentos na integração das bacias do São Francisco começarão realmente a fluir com rapidez. Em 2025, diz o site do Ministério da Integração, deverá estar assegurada a oferta de água a cerca de 12 milhões de habitantes de pequenas, médias e grandes cidades da região semi-árida dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Até lá, com certeza, muita água tem que rolar.

23.2.08

Um pouco de frescura, para compensar o paletó, o excesso de trabalho e a secura de Brasília

Cantinho escondido (Marisa Monte)

Dentro de cada pessoa tem um cantinho
Escondido, decorado de saudades
Um lugar pro coração pousar
Um endereço que frequente sem morar
Ali na esquina do sonho com a razão
No centro do peito, no largo da ilusão
Coração não tem barreira não
Desce a ladeira, perde o freio devagar
Eu quero ver cachoeira desabar
Montanha, roleta-russa, felicidade
Posso me perder pela cidade
Fazer o circo pegar fogo de verdade
Mas tenho o meu canto cativo pra voltar
Eu posso até mudar
Mas onde quer que eu vá
O meu cantinho arde, dentro

Quando deu sábado eu estava ouvindo essa música e resolvi escolher o meu cantinho. Podia muito bem ser a pedra enorme em que brincava de me esconder, catava cajá e meti a cara numa queda de cavalo quando tinha 5 anos. Mais engraçado é minha lembrança de ficar sonhando liderando guerras e operações vietnamitas no mangue que dividia o campinho da Monsenhor Odilon Lobo do Sítio de Zé Donino. Em matéria de futebol, fico sempre dividido, até porque reencontrei Raquel dez anos depois no terreno que era dos meus amigos. Viva Lenine e o Poço da Panela! Podia ser também em frente aos pés de macaíba do meu pai, ainda planto Tuti e Pedro ali algum dia. E Chico também que ali só quem tomou banho de rio foi o meu filho. Se fosse praia seria Brasília Teimosa, pelos passeios de bicicleta com Rafa e Júlia também, mas principalmente pelo prazer de participar ativamente daquela obra e depois das futuras decepções que não apagam o prazer de ter vivenciado o sonho. No Rio, a pracinha da Tijuca, com o parquinho para Chico e a feijoada para passar a tarde ouvindo jazz e namorando na calçada. Barcelona é Parque Guell, Paris a entradinha “Antes do Por do Sol” do nosso (de Graça) apartamento, Lisboa ficaria bem em cima do bondinho. Mas não tenho a menor dúvida que meu cantinho é a Ladeira da Misericórdia. É que foi ali que Júlia me perguntou quem era Josué de Castro. E eu respondi paquerando ela com revólver de água. Podia ter sido mais direto para dizer que intelectual me enche o saco? Só Sonia Marques e a mãe de Nana que são excessões, pois dou essa vantagem para as mães pelo que elas já sofrem no dia-a-dia. Tantos atentados ao pudor naquele Alto da Sé, todos absolutamente inocentes e prazerosos. Depois da minha tristeza de 2008, fiquei esperando a minha última esperança até o fim do bloco. Só vi meu amigo tendo de encarar a mulher da vida dele vê-lo do lado de outra menina. E só pensei que tinha passado pela exata situação do outro lado da rua, exatamente ali no finzinho da ladeira, no mesmo sábado. Mas o que fica é a inocência dos meus 11 anos. O prazer inocente do meu primeiro Carnaval. Sobe ou desce? Sobe sim! O que fica é o beijo puro que roubei de Mariana ali no meio da ladeira. Passam os anos e fica a lembrança. Moi aussi. Te amo minha amiga querida, por mais que você goste de queimar meu filme.

Compro uma lembrança que seja forte, gostosa e intensa em um açude de Floresta!

17.2.08

A Veja por Luis Nassif (não deixem de ler!)

Muito informativo o trabalho que Luís Nassif vem fazendo para explicar um pouco do funcionamento da Veja. Uma das revistas de maior influência no dia-a-dia da elite e classe média brasileiras. Não gosto muito quando as pessoas falam que a revista ou, como é mais comum, a Rede Globo tem domínio total em seus campos de atuação. São casos de manipulação. Essa série mostra casos concretos, que mostram muito como funciona a mídia brasileira, nas principais capitais e, especialmente, as empresas que têm poderio nacional. Vale a pena dar uma lida com atenção.

http://luis.nassif.googlepages.com/home

Nassif só precisa segurar a onda de estar sendo processado e não perder o foco.

Na Escola Arco-íris, eu não sei bem como é feito, eles falam muito em formação para a recepção da Comunicação. Honestamente, crítico como sou, não vejo muito com bons olhos o jeito como eles devem fazer isso. Mas no mínimo acho super-interessante a idéia. E acho que uma boa maneira seria colocando os meninos para ler essa série de reportagens. Inside information.

7.2.08

Cara de palhaço


Encontrei a prova no Orkut de uma amiga. Acho que ela nem se ligou que era Chico. Só que era um dos momentos mais lindos desse Carnaval.

6.2.08

Evoluções carnavalescas


Já era Quarta-feira e o cansaço de fim de Eu acho é pouco não chegava. A dor das pernas, que tinham corrido Olinda de trás pra frente mais uma vez, ficou para trás ao encontrar Chico novamente. Levei ele para dentro do córdão.

- Você não que está sem camisa. (Paulinho)

Não queria fazer nenhuma confusão. Vim encostar ao lado da casa para assistir as evoluções do pirralho no estandarte do Eu acho é pouquinho. Quando a bateria mandou todo mundo abaixar, acertei um beijo na testa dele.

- Vai lá menino. Se fosse meu filho eu já estava derretendo de choro. (Ciara)

O pirralho tem um estilo próprio de evolução. Toma a brincadeira como obrigação. Meio que pra provar que no meio do Coutinho tem um Amorim. Ou que na pura desorganização tem um sentido. Uma evolução.

- Toma minha camisa Dado. Vai que isso tu não pode perder não. (Clemente)

Procurei seguir o estilo dele. Com as carreiras e paradinhas. Passos certos, sempre passando por trás de quem segura o estandarte do Eu acho é pouco. E fui jogando o vermelho e amarelo cada vez mais alto. Olhando para aquele menino que era só um projeto a tão pouco tempo.

- Agora sou eu que vou com Anna. (Luciana)

Fui encontrar Clemente que estava com minha camisa do Laço Branco, como quem diz que não precisa nem devolver o que era dele. Dessa vez, não teve palavras. Apenas um longo e carinhoso abraço de fim de Carnaval.

E lágrimas. Faço suas minhas gotas de felicidade. E vamos à vida que ela corre! Mas antes disso passei no Recife Antigo para ver o Patafu e bater cabeça com Xandinho e Raquel ouvindo Nirvana e um som totalmente de quando éramos adolescentes.
Foi um Carnaval bem vivido. Ainda bem que a tristeza veio no sábado para chegar na Quarta em êxtase.

31.1.08

Avec

No Carnaval de Pernambuco

Você acha que seu tempo de folião acabou depois que vieram as crianças? Então não conhece o Carnaval de Recife. A capital pernambucana e a vizinha cidade histórica de Olinda têm uma série de atrações que encantam desde bebês até os mais experientes. Para melhorar, quando bate o cansaço a gente ainda pode aproveitar para tirar um dia de folga nas praias de Calhetas, Porto de Galinhas ou mesmo na famosa Boa Viagem.

SÁBADO

O roteiro de diversão para quem vai curtir a farra com os filhos começa pelas ladeiras da Cidade Alta. Os pernambucanos são unânimes em dizer que o sábado é o melhor dia da festa em Olinda. Com as ruas de Recife lotadas pelo Galo da Madrugada, sobra espaço e sombra para quem quer começar a esquentar as baterias, acompanhando blocos anárquicos como o Trinca de Ás, que tem uma das melhores orquestras de frevo do Estado e sai todos os anos pelas ladeiras de Olinda no mesmo horário em que o maior bloco do mundo ocupa o Centro da Capital. Fique atento em Olinda às saídas de blocos infantis como o Eu acho é pouquinho, Patusquinho e Ceroulinha.

As programações das festividades tanto de Olinda como de Recife são distribuídas em locais específicos, tente lembrar de pegar no Aeroporto ou compre um dos principais jornais do Estado. Quando bater o cansaço vale a pena disputar uma mesa na Oficina do Sabor. A casa, comandada pelo chef Cesar Santos, é conhecida pelas suas abóboras recheadas com camarão, lagosta, charque e outras delícias. O restaurante faz parte da rede da Boa Lembrança, que distribui um prato pintado por um artista para os turistas levarem para casa, mas a melhor memória de lá é com certeza a imperdível caipirosca de frutas tropicais. Feita com a mistura certa de vodca e açúcar, para que a gente coma os pedaços de pitanga, laranja cravo, limão, acerola e frutas da época.

Uma dica: se você está com criança só arrisque o Galo da Madrugada em um excelente camarote. Meu preferido é o da Prefeitura do Recife. Mesmo os táxis que são o melhor veículo para o Carnaval do Recife deixam os foliões há pelo menos meia hora de caminhada, na hora da brincadeira os pequenos vão estar querendo sombra e água fresca. Na volta, colo.

DOMINGO

Se deu tudo certo no primeiro dia, então não deixe de colocar uma fantasia de super herói nas crianças. O Enquanto isso na Sala da Justiça é atualmente uma das maiores atrações do Carnaval de Olinda e sai todos os domingos, com concentração a partir das 9h, no Alto da Sé. Vale a pena subir a Ladeira da Misericórdia bem cedinho e comer uma tapioca enquanto você acompanha a multidão de gente fantasiada chegando. Então, não esqueça as roupas de Super Homem, Mulher Maravilha, Homem Aranha ou do Quarteto Fantástico, mas também vale o improviso.

Quando as duas orquestras levarem a multidão de super-heróis para curtir as ladeiras de Olinda, talvez seja a hora de dar uma última olhadinha na melhor vista que temos da Capital pernambucana. Se a criançada estiver sem agüentar, talvez seja a hora de dar uma parada no Pátio de Santa Cruz. No Centro do Recife, o antigo mercado, tem alguns restaurantes de comida típica e recebe shows de grupos eruditos e populares.

Precisando de uma folga? Se você tem passado o protetor solar direitinho a melhor folga durante o Carnaval de Pernambuco é passar um dia em uma das melhores praias do Estado. Calhetas fica no vizinho Município do Cabo de Santo Agostinho e tem uma vista belíssima, além de barezinhos com petiscos deliciosos. Já Porto de Galinhas é um pouco mais longe, são cerca de 40 minutos de distância pela mesma BR-101 Sul, que leva para essas duas praias e também para as mais distantes, porém tão belas e mais tranquilas, praias de Maragogi (São Bento, Japaratinga e Ponta de Mangue são lindíssimas, mas suas pousadas já estão bastante concorridas nesta época do ano).

Boa Viagem é outra opção, mas deixe bem claro para as crianças que os avisos de risco de ataque de tubarão são reais. O melhor da praia hoje em dia são as opções de petiscos. Amendoim assado e cozinhado, caldinho de feijão e para as crianças que não gostam de peixe, vale oferecer uma porção de agulhinha frita. Essa delícia, pode ser um ponto a mais para quebrar o preconceito infantil com as comidas do mar.

SEGUNDA

Depois de dois dias de folia em Olinda, vai ser necessário quebrar um pouco o ritmo. Para quem quer continuar curtindo o Carnaval, uma boa opção é dar uma passada no hora bucólico bairro de Casa Forte. Um passeio pelas ruas do Poço da Panela, com uma parada na frente da Igreja histórica e uma olhadinha no Rio Capibaribe, podem ser interrompidos no máximo por uma pequena troça ou Urso. Vale a pena!

Quando o sol for começando a baixar é hora de finalmente ir conferir o Carnaval do Recife Antigo. Na Praça do Arsenal fica o Pólo Infantil, de lá saem vários blocos só de crianças. Tem até maracatu com batucada infantil, o Nação Erê de Brasília Teimosa, que até já gravou um disco com a trupe do Palavra Cantada - responsável por uma coleção de discos infantis que já rendeu três prêmios Sharp ao currículo da empresa.


Se está querendo provar a variedade de comidas típicas nordestinas uma opção é o Parraxaxá. O restaurante funciona apenas como self service e tem dois endereços, em Boa Viagem (Rua Baltazar Pereira, 32. 34637874) e Casa Forte (Av. 17 de Agosto, 807. 32684169). Vale a pena pela variedade e por oferecer opções que vão, com certeza, agradar a adultos e crianças.

TERÇA

Fuja de Olinda durante o dia. O mela-mela está liberado. Suas crianças não merecem ser deseducadas.

Uma boa opção de passeio é pegar um carro e ir curtir o colorido dos maracatus na Mata Sul pernambucana. Na terça-feira, o Município de Nazaré da Mata recebe o maior encontro desses tradicionais grupos em todo o Estado. O caminho pela BR-408 é agradável e vale a pena uma paradinha na Acerolândia, o local é conhecido por ser uma espécie de laboratório de novas plantações (o dono do lugar teria sido o primeiro a plantar a frutinha que dá nome à sua fazenda) e pelos deliciosos picolés de frutas com mel. Ninguém vai resistir.

Se você não agüenta imaginar o seu último dia de Carnaval longe dali, deixe as crianças com alguém e vá aproveitar a última saída do Eu acho é pouco. O bloco vermelho e amarelo coloca seu dragão na rua a partir das 18h e, além de uma famosa batucada de samba, conta com os acordes da Orquestra de Merinho, um dos mais experientes maestros do Carnaval pernambucano. Levar os pequenos para o último dia de Olinda? É no mínimo uma prova de coragem. Mas se eles chegarem ao encerramento desse bloco pode ter certeza que já serão verdadeiros foliões.

O encerramento é em clima familiar, na frente da casa dos organizadores do bloco, a batucada não pára antes da meia-noite. O sambão fica rolando até o último fio de vigor físico e quando o dragão é recolhido é difícil não ficar com uma ponta de saudosismo. “Oh, quarta-feira ingrata chega tão depressa só pra contrariar...”. O Bacalhau do Batata é a opção para quem ainda não aceitar o fim da folia. Quer uma dica: escolha uma praia e vá curtir as memórias que no próximo ano tem mais.

28.1.08

Minha, sempre

Foi a primeira vez que a vi daquele jeito. Falamos pouco aquela noite. Mas reconheci em todos os seus poros a novidade. Eu a puxei para a cama e fizemos amor. Sua sobrancelha desarrumada. Os movimentos da boca. E especialmente quando senti o suor entre as suas pernas. Ela achou que eu estava com raiva. Senti isso enquanto ela prendia os lábios com os dentes. Só pensei que poderia mostrar para ela como poderia ser mais gostoso ainda. Ou não. Ela não gozou, e disse que o problema era dela. Penso, não nos encontramos nem em pensamentos. Por mais que nossos corpos estivessem entrelaçados. Ou quase isso. Dormimos e ela roubou o lençol. Quase nada. Continuamos juntos por meses ou anos à fio. A coisa hoje se perde na minha mente. Mas sinto que deixamos naquela noite uma centena de quilos da nossa leveza. Dali em diante, eu a estava enganando. Evitei que a dor se espalhasse pelas minhas entranhas. Mesmo assim não consigo decepar esse pedaço de mim. Minha vadia. Linda, sempre.




Ps: Fiz pensando no de Julieta. www.vacatussa.com

26.1.08

Tirei


Crédito: Gilberto Marcolino/Diacolor
Giba,


A foto já foi devidamente tirada do post sobre o aniversário de Paulinho, em 2004. E ai. Vai rolar uma grana pelo merchandising gratuito do seu site profissional? Para ver se vale alguma coisa estou colocando de novo a foto aqui na página do dia.


Um abraço

Dado

24.1.08

What about cocaine?

Eu juro que não gosto de cocaína. Mas o filme de Selton Mello tem no mínimo um excelente ritmo. O cara ir cheirado ver aquilo deve dar uma travação louca. Saí do cinema no maior ritmo, no banheiro uns adolescentes cheiravam umas carreiras. Um deles ainda tirou onda com os outros quando percebeu que eu tinha visto os três saindo juntos: "o cara vai pensar que nós somos um bando de gays".

Muito sensível pela maneira como retrata a relação de um traficante com a figura amada de seu pai. Mostra o Rio de Janeiro maravilhoso. Mostra o Rio de Janeiro marginal. Tudo bem que não tem cidade mais batida, mas tem senso de humor na maneira que faz isso. Uma história do meu tempo muito bem retratada. E mesmo passando um tempão mostrando ele na cadeia, o processo que ele enfrentou e a doença do pai dele o filme não perde o ritmo.

Meu nome não é Johny

22.1.08

A política e a contracepção

A Prefeitura do Recife promete distribuir em 2008 um milhão de camisinhas. Levando em conta que só no Galo da Madrugada teremos mais de um milhão de foliões diria que o número é pequeno. Todo mundo merece gozar o Carnaval em sua plenitude. De preferência os quatro dias. Diante disso, vou fazer minha parte e comprar as minhas. As que me derem no Aeroporto eu prometo guardar, porque quem está ali tem melhores condições financeiras que eu ou pelo menos um endividamento semelhante.

Mas o que me chamou mesmo a atenção foi que agora a gestão inova ao implantar um sistema de distribuição de pílulas do dia seguinte. Uma idéia fantástica no sentido de lembrar às pessoas que dá para transar sem camisinha e durante a ressaca recorrer a um coquetel de toxinas para o organismo dela. Para um cara (ou menina) que odeia camisinha é só esquecer o medo de morrer de Aids e a festa está garantida. Por sinal, ridículo como a mídia nunca trata das mulheres que não gostam de camisinha.

Quem gosta?