11.3.08

Os podres poderes de Michael Moore








Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes somos uns boçais
Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses mas tudo é muito mais

Estava falando com Bernardo sobre o novo filme de Michael Moore. Completamente sem noção como um documentário me fez rir e chorar. Pena que no Brasil, por mais que tenhamos alguns competentes documentaristas, ninguém tenha construído uma carreira com temas super polêmicos que mobilizem a sociedade como o gordão da Gringolândia.

Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será, será que será que será que será
Será que esta minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?

Lembro de Juliano expondo seu preconceito com Pedroso ao dizer que a Símio Filmes deveria ser exclusivamente uma produtora de ficção. Putz, como se o documentário fosse uma coisa menor. Existem poucos filmes nacionais que tenham me trazido tantas emoções como Entreatos, o último de Eduardo Coutinho também é sensacional e Ilha das Flores... (Eu vou falar. Fred 04 quer ser Romário? Eu queria ser Jorge Furtado!)

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe , num êxtase
Ser indecente mais tudo é muito mau

Mas Michael Moore realmente se supera. Não venham me dizer que as piadas dele se repetem. O cara faz crítica aos lobbies de Washington. Visita os países mais desenvolvidos para mostrar aos americanos, que eles estão muito longe de serem o melhor lugar do mundo. É verdade, em todos os seus filmes. Mas cada vez ele tira uma onda cada vez mais engraçada do cidadão médio.

Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades , caatingas e nos gerais
Será que apenas os hermetismos pascoais
E os Tons e os Mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?

Ficar mostrando a França dos enamorados em um filme que trata do Sistema de Saúde. Achar uma americana que namora (ou não) um canadense para poder usar o SUS de uma cidade vizinha. Ir na Inglaterra, na faixa de pedestre da capa do disco dos Beatles, para mostrar que ali também um americano é mais bem atendido do que em casa. Botar uma galera em um bote para serem atendidos pelo sistema de saúde cubano!!! O cara é genial!? Para mim, não há dúvidas.

Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo e mais fundo tins e bens e tais

É muito fora da nossa moda querer mudar alguma coisa no mundo. Por isso, Caetano Veloso entrou nesse post. Chico Science fazia arte engajada, mas morreu muito cedo. Eu queria poder dizer que isso ai pode ter uma qualidade fuderosa também. Sicko não vale pela mensagem que passa. É um filme que emociona, diverte, e felizmente é sobre uma parte muita importante das nossas vidas. Ridículos cidadãos da América católica.

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