20.12.06

Pensamentos diversos

Fico lendo a minha bibliografia do Mestrado e misturando as coisas na minha cabeça. Será que Jampa já leu Roberto Schwarz? Raul Jungman é um exemplo tão claro do burguês oportunista, que conhece a realidade brasileira. Me impressiono como as elocubrações da minha mãe sobre a história do Nordeste, e do Brasil, batem exatamente com estudos de Caio Prado Junior e Florestan Fernandes. Talvez ela já tenha lido e apenas os reinterprete em linguagem absolutamente popular? Só sei que facilita bastante o entendimento do que estou lendo o fato de já ter ouvido um bucado de coisas da boca da minha mãe.

Bem, realmente me faz bem ir à fonte dos intérpretes atuais do marxismo à brasileira. Até porque não sei bem onde me enquadro. Denis me sugeriu falar em dialética no meu projeto de pesquisa. Aquilo me soou meio antigo, ou talvez eu tenha sentido minha incapacidade de fazer uma reinterpretação disso de forma que me parecesse verdadeiro. Coloquei algumas palavras do vocabulário marxista (aquelas bem antigas mesmo, que Carol critica na monografia dela sobre o jornal do Sindicato dos Bancários), mas acabei sem fazer a explicação formal da coisa. E espero que isso não me prejudique.

Fui conversar com um amigo meu que também está fazendo a seleção. Ele veio me dizer que Foucault era pós-moderno. Compliquei minha cabeça. Para mim, que tenho em Foucault um dos poucos teóricos que li e gostei, o cara é um marxista que embasou muito do que os pós-modernos viriam a escrever depois. Lógico, minha bibliografia foi basicamente voltada para a Comunicação e se eu realmente tivesse chegado ao capítulo da Escola de Frankfurt no meu livro de Teoria da Comunicação minha colocação no concurso da Transpetro seria um pouco melhor. Mas pelo menos passei e pelo que vejo ninguém está sendo chamado mesmo.

Meio chato o período longo da seleção. Entreguei o projeto em dezembro, para isso estava estudando desde outubro (novembro, na verdade), mas a prova só será no meio de janeiro e o resultado só sai em fevereiro. Enquanto isso Rodolfo (primeiro lugar geral foi pra fuder!) e Mariana já fizeram inscrição, entregaram projetos, fizeram as provas e os dois foram aprovados (em Direito e Comunicação). Vou ter que tomar uma cachaça com os dois antes de passar na minha seleção. Pelo menos, posso chamar Fernando, mas a gente vai ter bem menos tempo de férias que o casal 20.

Bem, o que me incomodou mesmo esta semana. Aumento de 90,7% nos salários dos deputados. Raul Jungman como vice-líder do PPS vota a favor. E depois a imprensa pernambucana passa uma semana dando voz a ele porque está prometendo devolver o dinheiro. Ahn? A única vez que foi citado que ele votou a favor foi no blog do JC. Mais uma vez a Internet se mostra um meio de comunicação fuderoso. A imprensa é uma merda mesmo. Viciada. Comprada. Vence quem sabe se aproveitar. Mas também é triste saber que a maioria mal lê as linhas. Muito menos as entrelinhas.

6.12.06

Diario Oficial e gastos indevidos

Fico feliz toda vez que acredito existirem jornalistas que lêem o Diario Oficial. O blog do JC fez uma bela denúncia sobre a feia decoração natalina do Recife.

Me lembro, quando entrei no JC, como Alberto Lima dava furo quase toda semana porque só ele lia com cuidado os Diario Oficial (da Prefeitura e do Estado). Infelizmente, a vidinha de jornalista ganhando merreca não deu para o cara e ele, segundo me contam, está trabalhando no Itamaraty ou fazendo Instituto Rio Branco - não lembro bem.

Venho a algumas semanas percebendo a feiura da decoração. Fitinhas nas cores dos Estados Unidos. -Isso não vai dar certo. Vai ficar tudo enlinhado com o fio. Vai desgastar rápido. Fora que é feio mesmo.

Olha que eu já critiquei a decoração do Carnaval, não faço mais. É todo ano a mesma pessoa que faz, mas faz com muita competência.

E não acredito que sejam gastos quase R$4 milhões para uma decoração de Carnaval, como foi essa do Natal. Além do mais, 120 mil para a concepção do projeto por José Pimentel. (?). Ele é decorador, designer, artista plástico, arquiteto, engenheiro ou tem uma equipe multidisciplinar que atue nessas áreas e colabore com ele na concepção dessa decoração?

Sempre há explicações. Os banheiros da praia eram caros, porque eram inquebráveis. Eu uso e vejo as torneiras vazando... Só porque é vizinho, vou falar que foi só a Prefeitura assumir as quadras de tênis da orla para o lugar começar a ficar destruído. Grades, redes. Até o povo que foi contratado para dar aula, e vivia lá, desapareceu.

No domingo que o menino Rafael morreu eu ia jogar tênis lá, por uma fatalidade não estava por ali. Podia ter visto. Podia estar menos deserto o lugar. Mas se as quadras ainda estivessem sendo controladas por João (um cara de lá, que tomou conta por muitos anos), com certeza o lugar estaria mais cheio de gente. E o perigo seria menor.

Pena que uma coisa que dava certo, foi estragada e ainda tem custos para o contribuite.

Agora, tem o outro lado. O cara podia passar o ano lendo Diario Oficial e as loucuras que Mendonça está fazendo antes de sair do Governo não iam deixar de ser censuradas. Uma pena, mas é a realidade.

5.12.06

A academia

Nunca gostei.

Mas a verdade é que as vezes a gente acaba mudando os caminhos da vida. De repente, eu me toco que o sonho de jogar três peladas por semana nunca se realiza. Ainda mais que eu queria ter uma de tênis, outra de basquete e a minha de futebol (a única que tenho frequentado realmente).

Tive o maior prazer em fazer meu projeto para o Mestrado em Serviço Social. E quantas vezes eu não entendi a vida de Jampa, Julia, Rafael... De repente, faz sentido para mim entrar nesse mundo. Minha explicação: a pessoa tem que ter um foco que lhe interesse bastante, para aguentar passar pela parte chata.

Sei lá, talvez o foco para Jampa seja o de fazer a vida dele em torno desse mundo. Para mim, é estudar a história da Muribeca. Com isso, acaba fazendo sentido estudar História Oral, Urbanismo, Avaliação de Projetos Sociais e tantas outras coisas que sozinhas me pareceriam chatíssimas.

É isso. Finalmente dei entrada, agora só resta estudar para não ficar no caminho.