11.11.08

Dinner is ready!


Faz uns dez anos que eu entrei na Vila Romana e comprei três paletós e um blazer. Lembro pra caramba o quanto minha ex-mulher e o pai dela tiraram onda da minha cara. Como é que eu iria usar toda aquela formalidade, se sempre me vesti muito bem de bermuda e havaianas.

Na época justifiquei lembrando que aproveitei uma ótima promoção, que deixou tudo com o preço do meu melhor conjunto italiano (por sinal, recentemente aposentado, após nove anos de guarda-roupa e 12 meses de uso constante).

Ou seja, hoje, possuo um paletó preto, um grafite (presente do meu irmão mais novo), um bege e o meu blazer branco. Exatamente o que eu aconselharia para alguém que estivesse indo trabalhar no Congresso Nacional.

Não sei se o gosto pelo trabalho naquele ambiente hostil era anterior ao dia que passei na Vila Romana, só sei que o prazer de trabalhar ali e a segurança que me vestir bem me dá são proporcionalmente inversos à gréia de que fui alvo naquela noite.

Sempre me imaginei repórter de Política. E não tem outro lugar no Brasil onde a gente possa exercer esse ofício com mais destaque. Os caras mais artistas do Jornalismo me vêem como esse cara, que gosta do lado duro da coisa.

É tipo na cozinha. Não gosto de fazer o enfeite da lagosta que vai levar o dip de chutney. Deixo isso para quem gosta do fru-fru. Prefiro o arroz de polvo. O pernil de carneiro. Ou mesmo um bom e saboroso churrasco.

Cortar e limpar um belo pedaço de carne é minha parte preferida na preparação de um jantar. Assim como conviver e me sair bem no trabalho em meio aos políticos mais profissionais desse País. Já estou contando as horas para voltar para Brasília.

É claro que tem o dia que você pega um frango congelado para desossar. Mas por enquanto só estou pensando no pernil fresquinho que comprei na feira de Menilmontant. E na minha matéria da próxima segunda.

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