5.2.10

O Bolsa Família e uma aula de cidadania

Missão internacional teve conversa com beneficiários do programa

 
"Essa ciranda não é minha só.
Ela é de todos nós, é de todos nós.
A melodia principal quem diz.
É a primeira voz, é a primeira voz.
Pra se dançar ciranda...
Juntamos mão com mão.
Formando uma roda.
Cantando uma canção".
 
A melodia de Capiba, cantada no encerramento de um encontro de beneficiários do Bolsa Família em Jaboatão Centro, ardeu profundamente em quem entendia e mesmo nos que pouco compreendem do português. A simplicidade da letra do compositor pernambucano, na voz das mães e pais de jovens da segunda maior cidade do Estado, ficou ainda mais viva com os relatos de uma realidade de muita pobreza, proximidade com a violência e especialmente o terror do crack.
 
Uma missão do Banco Mundial chefiada por David Ian Walker teve a oportunidade de conversar com cerca de 30 beneficiários, que relataram as principais dificuldades que tinham com o programa. A principal queixa dos beneficiários foi o valor do benefício repassado pelo Governo Federal, considerado insuficiente pela maioria dos presentes. No entanto, todos foram unânimes em elogiar e defender a permanência do programa.
 
Mãe de sete filhos, a jovem Rosineide Santos disse que o pai de seis dos meninos faleceu. A principal fonte de renda da família é o programa, ela recebia R$15, corrigiu o seu cadastro ano passado e agora está recebendo R$167. Ela pediu principalmente a criação de cursos profissionalizantes gratuitos, tanto para os adolescentes que estão saindo do programa como para as mães e pais. No grupo de 30, apenas quatro estavam trabalhando nenhum deles com carteira assinada.
 
Uma outra mãe reclamou da demora para ter o benefício de volta, após haver sido corrigido um erro no seu cadastro. "A primeira leva de pedidos de reversão de cancelamentos que fizemos em 2009 teve 747 beneficiários, destes 693 retornaram. O processo leva de seis a doze meses para ser respondido pelo Ministério de Desenvolvimento Social", explicou a coordenadora do Programa Bolsa Família, Roberta Leite. Os representantes do Banco Mundial ficaram de levar as reinvindicações das famílias ao Governo Federal.
 
Chefe da Missão, David Ian Walker, elogiou muito o trabalho de fiscalização e regularização do Bolsa Família em Jaboatão. Para ele, "esse programa tem o objetivo de garantir o mínimo para o maior número de pessoas possível. É preciso ter a perspectiva de que o trabalho precisa ser iniciado, fazer coisas relevantes e que fazem sentido", explicou, admitindo que o benefício é apenas um paliativo e que são necessárias outras políticas públicas para solucionar o problema social no Brasil.

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