28.4.05

Machuca

Fazia tempo que não assistia a um bom filme. Encontrei Marina na entrada e a sessão ficou um pouco mais gostosa. Depois não consegui falar da sensação que tive, mas venho aqui tentar explicar.

O filme chileno é sobre o conflito entre duas crianças, uma pobre e outra rica, que se conhecem durante o Governo Allende. Quando morava no Rio escrevi uma história que tinha esse mesmo enredo, no contexto da violência crescente no Brasil.

Eles se conhecem quando um padre inglês abre um colégio aristocrático para meninos das comunidades próximas. O riquinho ruivo e o índio gordinho (Pedro ?Peter? Machuca) têm uma empatia imediata e ainda dividem uma paquerinha infantil.

O filme é dedicado a um padre que realmente dirigiu o Colégio Saint Patrick na época em que se passa o filme. Mas tem toda uma aura de fantasia, com os meninos correndo das passeatas nacionalistas para as comunistas para vender bandeirinhas.

A história é boa. Bem contada. Consegue entrar em territórios de múltiplas sensações. Acho que as pessoas podem gostar do filme por diversos motivos diferentes. O namoro das três crianças. A Política. A infância bem vivida. A linda Santiago. A violência policial...

Para mim, o que mais reverberou foi a sensação forte de machucado por sentir falta de lutas no nosso País. Tanta coisa evoluiu! Mas as pessoas estão deixando passar porque quem veste a camisa vermelha hoje são os perseguidores no Brasil.

Cadê aquele povo que jogava torta na cara dos tucanos?

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