23.4.10

Nem Chicago, nem Sorbonne

Alberto Lima escreveu:

http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2010/04/23/joao_paulo_o_minimo_69105.php



Cesar respondeu:

http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2010/04/23/fanfarrice_academica_e_desinformacao_academico_em_chicago_sai_em_defesa_de_joao_paulo_69165.php



Como repórter eu lustro as havaianas de Alberto Lima. Também não sou um acadêmico como Alfredo César. Mas vejo, pela polêmica surgida hoje no Blog de Jamildo, que os dois têm visões distantes da realidade que João Paulo vive nas eleições deste ano.

O primeiro lembra com a emoção de quem cobria diariamente no Jornal do Commercio aquela surpreendente eleição de 2000. Aquele momento foi marcante para mim também, tanto que se tornou tema do único vídeo que produzi até hoje: Parcialmente Verdadeiro.

O sociólogo vai um pouco mais longe e destaca um confronto antigo dentro do PT.  Naquela época, as correntes se dividiam entre os que apoiavam Arraes, a maioria que tinha posição dúbia e o Coletivo Florestan Fernandes e outras tendências “radicais”, que tinham realmente coragem de ir para o enfrentamento.

Os tempos são outros. Basta lembrar que as denúncias dos precatórios foram feitas pelo então deputado estadual Paulo Rubem Santiago, aquele mesmo que quando saiu do PT teve como testemunha de defesa no Tribunal Superior Eleitoral o ex-secretário de Finanças do Governo Arraes, Eduardo Campos.

Concordo com os dois, quando afirmam que João Paulo fez uma excelente gestão na Prefeitura do Recife. Mas não posso deixar de lembrar ao sociólogo que, desde o primeiro dia de Governo, o posicionamento do gestor foi de vigilância e rédea curta para os seus auxiliares, especialmente aqueles que não faziam parte do que era chamado pelos petistas de núcleo duro (Ligia Falcão, Mucio Magalhães e João da Costa).

Isso talvez explique a necessidade que o atual prefeito teve de se desvincular quase que completamente do grupo no qual aprendeu a fazer política. Essa característica da gestão do ex-prefeito João Paulo é praticamente o inverso do que sempre praticou o senador Jarbas Vasconcelos e lhe diferencia também como gestor do modo de trabalhar do governador Eduardo Campos.

Lembro bem do estranhamento de um secretário ligado a Carlos Wilson no primeiro mês de gestão com o “leão de chácara” que tinham lhe colocado como adjunto. Era o mais radical dos petistas, assustando quem aprendeu a fazer política nos jardins do Brittish Country Club.

Naquela realidade muito severa que era a gestão João Paulo, o atual prefeito era o todo poderoso das nomeações, o homem que tinha intimidade com os financiadores e conseguiu ser além de secretário de Orçamento Participativo, também o responsável por todas as licenças e autorizações que cabem ao Planejamento do Município.

João Paulo começou a ficar refém deste grupo do PT ainda naquela época. Infelizmente, não tive oportunidade de lhe dizer pessoalmente isso quando resolvi sair da Prefeitura do Recife, mas tenho certeza que Roberto Leandro, Edla Soares, Chico Oliveira e outras pessoas disseram com muito mais propriedade do que eu poderia ter dito.

O erro dele não foi o de desistir da postulação ao Senado. Foi o de colocar no altar e convidar a noiva para se casar com um mero operador do PT. João da Costa nunca tinha sido colocado à provação na política e demonstrou claramente que não tinha lealdade suficiente para com o seu grupo, para dizer o mínimo.

Aquele núcleo duro se pulverizou rapidamente na gestão João da Costa

Depois disso, restou ao prefeito João Paulo rearrumar a casa. Convidou seu filho para ocupar um espaço na chapa para a Assembléia Legislativa. Vai, pela primeira vez, se candidatar a uma vaga no Congresso Nacional. E tem todas as condições de voltar a ocupar um cargo majoritário em Pernambuco, se tiver coragem suficiente para sair do PT.

Caso contrário, vai ficar resmungando contra os grupos organizados de Humberto Costa e João da Costa. Seria uma pena.