Para quem tinha passado 27 anos quase sem plantar nada até que comecei bem. Foram 30 pés de maracujá, no Sítio Três Irmãos (na época só éramos eu, Marta e Carlos. Meu pai nunca mudou o nome para colocar Tuti e Pedro), na Muribeca.
Saí cedo de casa neste sábado. Chico e Julia estavam dormindo. Por uma sorte incrível caía uma chuvinha bem de leve. Clima perfeito. Seu Julio colocou as mudas no carrinho de mão e cavava os buracos, só tive o trabalho de ir tirando o saco plástico e cobrindo de barro as plantinhas.
Não foi nada combinado. É que eu e Seu Julio estávamos mesmo com vontade de plantar logo. Ele para poder ir para a feira. Eu porque tinha criado uma expectativa depois de ver todo o processo de preparação da terra, colocação das estacas para as plantas subirem...
Na hora que estava ali ajudando aquele trabalhador senti orgulho da proximidade que vou criando com Seu Julio e o pessoal da Muribeca. Me lembrei que é bom trabalhar junto de outras pessoas e me veio a idéia de escrever isso aqui. Só para dizer a João Lima que ele foi o cara com quem consegui trabalhar melhor em parceria.
Obrigado portuga.
Soltei a âncora mais uma vez. Vim passar um ano morando em Nova Orleans e quero contar para os amigos algumas histórias sobre minhas pedaladas aqui na América do Norte. Sou geminiano, então pode esperar tudo menos uniformidade!
30.7.05
29.7.05
19.7.05
Pavê de Sonho de Valsa?
Tiago reclamou uma atualização. Mas estou meio puto por ter perdido os comentários. Quando fui mudar o template fiz merda. Se alguém souber como reaver meu arquivo no Haloscan avisa. Também, essa crise Política ultrapassou as fronteiras da minha compreensão. Então, só se eu for dar receita de doce.
9.7.05
E agora, pessoal?
POR ANTONIO TORRES MONTENEGRO (BLACK)
Aula de História Contemporânea. Turno da noite. Era uma sexta-feira. O programa a cumprir, mas os acontecimentos políticos das últimas semanas exigiam uma mudança de rota. Esqueci o programa. Não contive minha curiosidade em saber como aqueles jovens percebiam, analisavam, avaliavam o momento presente.
Iniciei então perguntando qual a leitura que eles(as) faziam de tudo a que estavam assistindo no mundo da política. Eduarda tomou a palavra: ?Qualquer um sabia que Lula sozinho não iria resolver os problemas do país. É claro que nós que estamos fora dos labirintos da política não sabíamos em detalhes quais as práticas do PT para chegar ao poder, e realmente num primeiro momento é uma grande decepção. Mas, se tudo isto existe há tanto tempo, não é vindo à tona, discutindo, confrontando, debatendo que se poderá mudar? Sou a favor que se punam todos, de dentro e de fora do partido.?
?Ah, professor ? intervém Rogério ?, sou militante do PT desde os 16 anos. A minha tendência sempre criticou certas práticas que acabaram hegemônicas no partido, mas devo confessar que estou triste, estou frustrado. Mas, tenho pensado muito. Começo a entender que fiz da política uma religião. O meu partido era o lugar do bem, da verdade. Os outros, os impuros, estavam do outro lado. E surpreendente é que dentro do partido também acabávamos fazendo essa divisão. Quando Lula começou a não fazer o que tinha afirmado na campanha, imediatamente foi taxado de traidor. Ora, traição é um conceito religioso, não político. Pensar politicamente é pensar em força. Quais as forças que atuavam e atuam, impedindo dentro e fora do partido que determinados projetos, determinadas propostas sejam realizadas? Acredito hoje que, partindo dessa pergunta, em lugar de nos colocarmos como ressentidos ou traídos, iniciaríamos uma outra prática, de mais troca. Precisamos aprender a construir projetos compartilhados e não impor a nossa visão única, acabada.?
Passo a palavra à Priscila que há dez minutos reclama que não a deixam falar... ?Tenho pensado muito nas nossas discussões sobre a idéia de crise. O professor tem repetido em diversas aulas que percebemos, compreendemos o mundo ao nosso redor a partir dos valores, das idéias que nos foram ensinadas. Por isso ? não é, professor? ? você nos tem dito que o mundo não é objetivo ou evidente. Cada parcela da sociedade lê e compreende o mundo a partir da forma como os grupos em que está inserida apresentam o que denominamos realidade. Mas apesar das diferentes redes há um conceito que tenho a sensação exerce uma ampla influência na sociedade. É a idéia de crise. Quando afirmamos ?está em crise? parece que o mundo está no fim. Reconheço que ninguém me ensinou: crise é isso. Mas fiquei pensando como desde muito pequenos nós todos aprendemos que o homem e a mulher viviam no paraíso, sem dor, sem sofrimento. E a sociedade capitalista reforça esse imaginário, associando a idéia de que quanto mais rico, mais próximo do paraíso você estará. Mas, esse paraíso é uma invenção. Sabe por quê? Porque essa cultura nos ensina uma absurda maneira de pensar e agir na expectativa de que a vida se torne uma felicidade. Percebo que não nos é ensinado a olhar os problemas. Não aprendemos a ler as crises com positividade. Não vejo, de maneira geral, as pessoas dizerem: que bom que o problema foi colocado, está causando um grande mal-estar e obrigará a mudanças. Pelo contrário, percebo um medo, como se o melhor fosse as coisas talvez continuarem escondidas. Tenho procurado pensar essa crise como um momento excepcional para que se criem leis, mecanismos que cerceiem essas práticas políticas inteiramente contrárias ao interesse da maioria. Para concluir, professor, acho que muitos de nós acabam caindo na armadilha de pensar que a crise que estão vivendo os parlamentares corruptos e seus parceiros é uma crise da sociedade. A crise é deles, que serão possivelmente presos, outros poderão perder seus mandatos, e estão expostos à desmoralização pública. Para a sociedade, acredito, é uma grande oportunidade de construção de um outro presente, outro futuro...? Nesse momento, tive que interromper a exposição de Priscila, em face do adiantar da hora (eram quase 22h30) e só me restou agradecer as reflexões por todos apresentadas.
Antonio Torres Montenegro é Prof. Depart. de História da UFPE
Aula de História Contemporânea. Turno da noite. Era uma sexta-feira. O programa a cumprir, mas os acontecimentos políticos das últimas semanas exigiam uma mudança de rota. Esqueci o programa. Não contive minha curiosidade em saber como aqueles jovens percebiam, analisavam, avaliavam o momento presente.
Iniciei então perguntando qual a leitura que eles(as) faziam de tudo a que estavam assistindo no mundo da política. Eduarda tomou a palavra: ?Qualquer um sabia que Lula sozinho não iria resolver os problemas do país. É claro que nós que estamos fora dos labirintos da política não sabíamos em detalhes quais as práticas do PT para chegar ao poder, e realmente num primeiro momento é uma grande decepção. Mas, se tudo isto existe há tanto tempo, não é vindo à tona, discutindo, confrontando, debatendo que se poderá mudar? Sou a favor que se punam todos, de dentro e de fora do partido.?
?Ah, professor ? intervém Rogério ?, sou militante do PT desde os 16 anos. A minha tendência sempre criticou certas práticas que acabaram hegemônicas no partido, mas devo confessar que estou triste, estou frustrado. Mas, tenho pensado muito. Começo a entender que fiz da política uma religião. O meu partido era o lugar do bem, da verdade. Os outros, os impuros, estavam do outro lado. E surpreendente é que dentro do partido também acabávamos fazendo essa divisão. Quando Lula começou a não fazer o que tinha afirmado na campanha, imediatamente foi taxado de traidor. Ora, traição é um conceito religioso, não político. Pensar politicamente é pensar em força. Quais as forças que atuavam e atuam, impedindo dentro e fora do partido que determinados projetos, determinadas propostas sejam realizadas? Acredito hoje que, partindo dessa pergunta, em lugar de nos colocarmos como ressentidos ou traídos, iniciaríamos uma outra prática, de mais troca. Precisamos aprender a construir projetos compartilhados e não impor a nossa visão única, acabada.?
Passo a palavra à Priscila que há dez minutos reclama que não a deixam falar... ?Tenho pensado muito nas nossas discussões sobre a idéia de crise. O professor tem repetido em diversas aulas que percebemos, compreendemos o mundo ao nosso redor a partir dos valores, das idéias que nos foram ensinadas. Por isso ? não é, professor? ? você nos tem dito que o mundo não é objetivo ou evidente. Cada parcela da sociedade lê e compreende o mundo a partir da forma como os grupos em que está inserida apresentam o que denominamos realidade. Mas apesar das diferentes redes há um conceito que tenho a sensação exerce uma ampla influência na sociedade. É a idéia de crise. Quando afirmamos ?está em crise? parece que o mundo está no fim. Reconheço que ninguém me ensinou: crise é isso. Mas fiquei pensando como desde muito pequenos nós todos aprendemos que o homem e a mulher viviam no paraíso, sem dor, sem sofrimento. E a sociedade capitalista reforça esse imaginário, associando a idéia de que quanto mais rico, mais próximo do paraíso você estará. Mas, esse paraíso é uma invenção. Sabe por quê? Porque essa cultura nos ensina uma absurda maneira de pensar e agir na expectativa de que a vida se torne uma felicidade. Percebo que não nos é ensinado a olhar os problemas. Não aprendemos a ler as crises com positividade. Não vejo, de maneira geral, as pessoas dizerem: que bom que o problema foi colocado, está causando um grande mal-estar e obrigará a mudanças. Pelo contrário, percebo um medo, como se o melhor fosse as coisas talvez continuarem escondidas. Tenho procurado pensar essa crise como um momento excepcional para que se criem leis, mecanismos que cerceiem essas práticas políticas inteiramente contrárias ao interesse da maioria. Para concluir, professor, acho que muitos de nós acabam caindo na armadilha de pensar que a crise que estão vivendo os parlamentares corruptos e seus parceiros é uma crise da sociedade. A crise é deles, que serão possivelmente presos, outros poderão perder seus mandatos, e estão expostos à desmoralização pública. Para a sociedade, acredito, é uma grande oportunidade de construção de um outro presente, outro futuro...? Nesse momento, tive que interromper a exposição de Priscila, em face do adiantar da hora (eram quase 22h30) e só me restou agradecer as reflexões por todos apresentadas.
Antonio Torres Montenegro é Prof. Depart. de História da UFPE
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