8.5.06

Minha razão de viver

Título lindo. O livro de Samuel Wainer, sobre sua própria biografia é bem mais pé no chão. Conta a história do Última Hora. Jornal carioca que chegou a ter versões impressas nas principais cidades do País (São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife...).

Pena que ele, quando escreveu, pouco se empolgasse com a questão jornalística. Ele só fala no caderno de Esportes, para dizer que um concorrente nunca fez sucesso porque era pouco popular, nunca tendo investido em áreas como o futebol.

Mas, por outro lado, é incrível a sinceridade como o jornalística disseca a política da época. Chega tive vontade de botar o título do post: O Mensalão de Getulio. Mas seria injusto com Jango e JK, se só falasse do primeiro presidente.

Samuel Wainer conta as dezenas de vezes que, para financiar o Ultima Hora, foi levado por presidentes a procurar banqueiros, empreiteiros... E, estou falando desse jornal tido como esquerdista, que lançou caras como Nelson Rodrigues e Paulo Francis (só para ficar nos que tornaram-se direitistas históricos).

No mesmo dia que acabei com a leitura, li a entrevista de Silvio Pereira: "essa coisa de mala de dinheiro do PT para o PTB é mentira. Isso é coisa..." do tempo de Getulio completaria eu, se não desconfiasse que tem gente que ainda usa os métodos antigos.

Fico triste de ver que 30 anos depois os dois lados da Política continuam financiados pelos mesmos grupos econômicos? Não. Fico feliz de saber que tem gente que contesta isso. Por que a realidade é essa mesma.

Agora talvez tão ruim quanto isso é não haver um jornal diário que represente algum tipo de contestação a essa imprensa marrom, que vive de receber um ou outro anúncio governamental. Décadas se passaram e a Imprensa sim. Só piorou.

A Política talvez tenha melhorado. Aqui na Assembléia Legislativa há espaço para gente como Augusto Coutinho e Roberto Leandro. Gente que, falo sem conhecer a realidade do pefelista, pelo menos questiona as fontes de financiamento. O resto é resto.

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