25.4.07

Um parque para o Recife

O secretário de Planejamento e Orçamento Participativo, João da Costa, em artigo publicado pelo JC, esquece de um princípio que vêm sendo defendido pelo PT desde a primeira bem sucedida gestão de Tarso Genro na Prefeitura de Porto Alegre. A participação popular nas decisões dos gestores públicos é um objetivo, um sonho, uma utopia e se não estamos na Suiça das votações pela internet temos algumas boas experiências no Brasil. A que ele capitaneia é apenas um dos exemplos a serem estudados e aprimorados.

A Prefeitura do Recife tem legalmente todo o direito de efetuar a obra que bem desejar no terreno cedido pelo Governo Federal, resta aos que participaram das mobilizações desde 2004 ou que passaram a ser apoiadores da idéia com o tempo (como o prefeito João Paulo) sugerir alterações que lhes pareçam interessantes. Os gestores do Executivo aceitam ou não as sugestões, mas se a carapuça de déspota recaiu sobre o deputado licenciado, talvez tenha sido justamente por ele ser o responsável pela pasta que deveria ouvir a população do Recife.
Tendo trabalhado na Prefeitura do Recife em projetos bem sucedidos como o da Inversão do Trânsito de Boa Viagem, posso dizer que ouvir a população é uma tarefa árdua, mas que na maioria das vezes dá certo. Lembro que na mudança do sentido das avenidas Domingos Ferreira e Conselheiro Aguiar um dos maiores prazeres do então presidente da CTTU, Ivan Carlos Cunha, foi tomar um café da manhã na padaria de um dos empresários que mais criticou o projeto e ouvir dele que a clientela do negócio tinha mudado, mas que o projeto tinha sido aprovado. Depois de muitas adequações, diga-se de passagem.

Há alguns anos, os skatistas recifenses aprovaram em um movimento fantástico através de milhares de votos a criação de pistas para a modalidade street no Orçamento Participativo. Uma delas inclusive já deveria ter sido construída em Brasília Teimosa. A gestão municipal vem propor a colocação de rampas no novo parque? A Avenida Boa Viagem já conta com esse tipo de equipamentos e quase sem uso, pois a maior parte dos atletas pernambucanos é praticante da modalidade que atualmente só tem uma pista com obstáculos adequados em Pernambuco – na Rua da Aurora. Que está sempre cheia de jovens moradores não só do Recife, como de toda a Região Metropolitana.

Neste ano, vim morar em Brasília. Niemeyerland como brincam alguns brasilienses. Aqui estão algumas das obras mais conhecidas desse fantástico arquiteto. Todas muito bonitas e adequadas ao clima de Brasília. Uma cidade onde me surpreendi em ver ao meio-dia a pista de cooper do Parque da Cidade lotada de gente (imaginem que é uma pista de dez quilômetros e as árvores do cerrado têm pouca folhagem). No Parque da Jaqueira, mesmo com a sombra e a brisa do Capibaribe, pouquíssimas pessoas se aventuram a correr no horário do almoço.

Não tenho o mínimo de propriedade para questionar o projeto do arquiteto Oscar Nyemeier e concordo que será uma assinatura importante para o Recife, mas porque não aproveitar a idéia e construir em um outro local, como foi sugerido pelas entidades que atuaram.

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