30.8.07

Deu aro de novo

O basquete masculino do Brasil perdeu sua principal chance de chegar às Olimpíadas. Liderou o placar durante a maior parte do tempo na semi-final contra a Argentina e acabou deixando os hermanos vencerem em partida que pouco importava aos portenhos. Para nós, o jogo era chave porque os argentinos pouparam suas principais estrelas, inclusive o craque Ginnobili. Eles sabiam que estariam nos Jogos Olímpicos, pois são um dos quatro principais centros do esporte no mundo. Mas o Brasil foi vencido por Luís Scola e mais que isso pelos seus próprios erros.

O exemplo do basquete é um sintoma.

O Brasil tem um histórico de vitórias e de formar grandes atletas na modalidade. Oscar Schimidt, mesmo sem nunca ter ido aos palcos da NBA, é considerado um dos maiores jogadores da história. Paula e Hortência marcaram dois países ao serem elogiadas por Fidel Castro.

Depois de um marasmo de quase uma década, contamos com uma geração extremamente privilegiada no basquete masculino. Nenê e Leandrinho são jogadores de destaque na NBA. Mas temos outros que buscam espaço na liga americana: Alex, Baby, Marquinhos, Thiago Splitter e Anderson Varejão.

O pivô pernambucano JP Batista e Marcelinho Machado foram buscar um espaço na Ucrânia. Os times que os dois defendem decidiram o torneio local, com vantagem para o do ala-armador. Outros atletas se espalham por torneios fortes que são disputados na Espanha e Italia.

Durante o torneio, muita ciumeira entre os atletas. Marquinhos foi cortado e deu entrevista dizendo que o treinador não sabia explorar o potencial do elenco e privilegiava Nenê e Leandrinho. Nezinho, principal jogador da Universo, equipe campeã do Brasileiro, chegou a se negar a entrar em quadra.

Pior que isso, o Campeonato Nacional continua esvaziado. O time daqui de Brasília foi campeão sem nem conseguir empolgar a Capital Federal. E a Liga, que o craque Oscar tentou organizar, até agora não pegou.

Nos clubes, é dirigente cobrando percentual de jogador. É treinador virando dublê de empresário. As escolas sem nenhum programa sério de formação de cidadãos com uma vivência séria da prática esportiva, que além de gerar renda, diverte e melhora a qualidade de vida das pessoas. E são poucas as universidades que investem na formação de equipes profissionais ou semi-profissionais.

Por sinal, o basquete é uma modalidade onde isso parece ser uma idéia muito interessante.

Talvez cinco ou seis universidades mantendo grupos fortes em Pernambuco e levando os seus principais atletas para uma Liga Nacional, quem sabe defendendo as cores de times do futebol, poderiam criar um esquema mais fixo.

A Universo investe bastante e em vários centros, mas isso ainda é muito pouco. Nem para isso a febre de faculdades particulares serve?

9.8.07

"Só os alienados são felizes"

"O negócio é ganhar dinheiro e não se preocupar com nada".

Meu vizinho aqui de andar da Câmara dos Deputados ganhou na Megasena. Distribuiu R$30 mil para cada colega de gabinete e foi embora viver em Rondônia. Disse que não ia voltar a ser assessor no Congresso Nacional. Fica no ar a possibilidade dele voltar como parlamentar. Se não for para isso porque ele apareceu no Fantástico? Arrumou uma boa maneira de explicar como ficou rico e vai virar agora lobbista aqui em Brasília. Dizem que com mandato o cara ganha muito nessa profissão.

O pior é que fico pensando: "minhas chances acabaram, duas vezes no mesmo lugar o raio não cai". Mas no fundo acho que aqui nenhum raio cai por coincidência.

1.8.07

Responsabilidades

Cheguei aqui na Câmara dos Deputados e estava a gaúcha do P-Sol, Luciana Genro, defendendo a divulgação dos diálogos entre os pilotos do vôo 3054 e a torre de controle. Achei aquilo surreal e subi para o meu gabinete.

Quando liguei a Globonews estava ela e mais outro parlamentar tentando ler um texto técnico em inglês, que resumia os diálogos. Será que existe forma mais irresponsável de se aparecer? Honestamente, era melhor ela aparecer no plenário fumando um baseado, bater uma siririca olhando putaria no laptop e cuspir na cara do Renan Calheiros.

A irresponsabilidade da imprensa de tentar resumir em uma manchete a culpa do acidente agora será dividida pelos deputados. É para se cobrar responsabilidades. Acho muito válido o que o Estado de S. Paulo está fazendo, pelo menos hoje, a edição vem com muita informação do que será feito e cobra as ações. É triste o show de irresponsabilidades iniciado por Veja e Folha de S. Paulo e coroado com uma manhã de palhaçadas na CPI do Apagão Aéreo.

Ganham as manchetes notícias absolutamente parciais. A alavanca estava na posição errada (segundo os controles eletrônicos). A responsabilidade é dos pilotos (Putz! Cabe agora aos profissionais iniciarem uma greve pelo respeito à memoria dos colegas. Fodam-se! Ninguém voa mais no Brasil. Alguém se esqueceu das condições em que esses profissionais estavam: pista curta, molhada e escorregadia; avião com equipamento danificado e próximo do limite de peso; pressão da empresa para não mudar o local do pouso...).

Spoiler, flap, reverso, ranhuras. Honestamente isso precisa de conhecimento técnico para ser avaliado. Com certeza tudo deu errado. Mas tudo continua sendo feito errado. Desse jeito estabanado com certeza os acidentes são inevitáveis.