20.12.11

Twelve angry men


- Pai. Amanhã vou ser o juiz no julgamento da escola.


Tá tudo errado na vida na vida de quem tem três trabalhos e esquece de dar prioridade absoluta ao que uma criança de 12 anos fala quando se chega em casa. Mas a verdade é que o filme completo no Youtube facilita a resposta óbvia para essa frase. Ainda mais quando se está vivendo seus dois únicos dias de folga de fim de ano.

É o seguinte. Filho de Xangô tem que assistir esse filme todo ano. Óbvio, que ainda vou estourar minha fúria para cima de alguém, é da minha natureza, mas evidentemente fica mais fácil lembrar de todos os riscos de pré-julgamento depois de se lembrar do texto perfeito do filme de Sidney Lumet.

Mas nada como uma lição de cinema e vida para o seu filho, que tem toda uma relação com uma parte importante da formação do seu caráter. Twelve Angry men (Movie Making), juntamente com Johny got his gun (American Literature), foram os grandes momentos da minha passagem pela Sheboygan South High School.

Meu anti-americanismo esbarra justamente nesses momentos grandiosos da indústria do entretenimento de Hollywood. E nas cartas de Buckowsky, sem esquecer dos improvisos de Coltrane, da paixão pela comida francesa de Bourdain e na auto-piada daqueles chapéus de queijo dos cheesehead que vão torcer para o Green Bay Packers.

Só para dizer da minha felicidade de ver meu filho rir e adorar assistir um filme de 1957, que se passa (quase) integralmente em uma sala fechada e foi filmado em preto e branco. É, eu tenho esses defeitos, defendo realmente o valor do texto acima de todas as sensações que podem ser proporcionadas esteticamente e só gosto de filme colorido.
Mas, as vezes, é preciso priorizar algo em que se acredita.

27.9.11

Uma passadinha no Mercado da Boa Vista

Que Chico não veja isso!

Uma das primeiras polêmicas na sala da pós em Gestão em Gastronomia, que estou fazendo no Senac, foi sobre a falta de um bom restaurante à la carte de comida regional no Recife. Realmente, falta um empreendimento um pouco mais requintado como era o Assucar, mas minhas opções para comer esse tipo de comida são o Tonhão (que Tiago Areias descreveu em outro post deste blog) ou o Mercado da Boa Vista, que acho mais apropriado para um tira-gosto e uma cervejinha gelada do que propriamente para uma refeição completa.
Passei pelo Mercado na última vez que meu irmão veio de Brasília para passar um fim de semana no Recife. O que mais gosto naquele lugar são os jambeiros. Acho uma delícia sentar embaixo de uma árvore e ficar conversando, infelizmente já há alguns anos que colocaram ali alguns toldos brancos muito feios que destoam da arquitetura antiga do local, mas o ambiente ainda é bastante arejado e vale à pena pela cerveja gelada.

Onde está Naná?

Falando na loura mais fácil do pedaço. Sentamos no Recanto do Lelêu. Ali, sempre a cerveja é estupidamente gelada e sai naquele precinho tabelado: R$3,50 (Skol). O barzinho, no entanto, tem poucas opções de tira-gostos.

Comecei pedindo dois caldinhos de feijão, que saíram por módicos R$2,00 cada, na barraca ao lado. Estava gostoso, mas meu filho reclamou com razão do tamanho dos pedaços de charque (enormes!). Enfim, vai ver minha professora tinha alguma razão mesmo na reclamação dela. É bom que se explique, ali no Mercado da Boa Vista existe uma certa liberdade em relação a sentar na mesa de um bar e pedir as comidinhas dos concorrentes. Minha pedida mais tradicional é o arrumadinho. Nesse bar em que fizemos os pedidos, o Petisqueiro, os tradicionais de charque, carne de sol ou linguiça matuta saem por R$16,00, já o de bacalhau custa R$19,00. Vá sem medo!

Só um pouquinho além do salsichão de jogo.

Não dá para deixar de citar uma das coisas mais engraçadas daquele mercado. Apesar de nunca ter me arriscado naquele pratinho, sempre me impressionou a coragem do pessoal que pede um pratinho de frios muito tradicional da Mercearia Jovem São Sebastião. Salsicha, salame, mini-cebolas, azeitonas, pimenta de cheiro, queijo do reino, prato e coalho em um pratinho bem generoso. Curioso, perguntei o preço: R$10,00.
Quando quero uma refeição mais completa geralmente meu pedido é no Buchadas Bar. Ali, as opções são variadas e o atendimento não demora nadinha. Apesar do nome, que assusta quem não é fã do prato típico, a variedade é grande. Cabidela com farofa de cuscuz, dobradinha, bode assado ou guisado, rabada, patinho com charque, charque no feijão e bisteca de porco assada eram os pratos do dia desse domingo. Já o almoço comercial de buchada para uma pessoa saia por R$10,00.

Para ser sincero, tomei minhas cervejinhas e acabei indo almoçar em um outro restaurante. Mas não é que não goste da comida do Mercado, saí a pedidos do meu filho, que estava com a típica impaciência da pré-adolescência. Ficou para a próxima oportunidade, que com certeza não vai demorar.
Endereço: Mercado da Boa Vista. Rua Santa Cruz, s/nº

23.5.11

Gêmeos

Fui encontrar meu professor no meio da torcida do Santa Cruz. "Em cima do escudo", ele tentou marcar. Mas ali do lado do Arruda já era o bastante para um coração rubro-negro. Talvez outro dia, quem sabe numa partida que não seja a sonhada final, a do hexa, de preferência contra um time que não seja o Sport ou mesmo de Pernambuco.

Perguntei ao garçon o que ele recomendava para uma menina. Rindo da forma como falei com ele, ela pediu um cosmopolitan. "Por que me lembra a época que eu saia com umas amigas e assistia Sex and the city". E eu fiquei ali namorando o rosa, vermelho e branco daquela vodka. Enquanto devorava o meu whisky, ela sorvia o que queria da sua bebida.

Chico, do nada, me disse "isso me lembra alguma coisa". E eu me lembrei de um dia que meu pai foi me pegar no Instituto Capibaribe. Helena já era uma lenda na minha vida e eu resolvi falar. Afinal, Mariana era a segunda mais bonita da sala e estavam todos dizendo que ela queria namorar comigo. Poucas vezes eu achei que precisava falar com ele.

"Os dois somos muito tímidos". Era tão simples ter dito isso, na certa o velho entenderia. Talvez ele já estivesse muito longe dos 11 naquela época, mas todos nos lembramos de alguma maneira da nossa infância. Eu até hoje sonho com o cheiro de alho, ou de maresia, ou mesmo de uma úmida cocheira.

Mas de uma maneira diferente acabei repetindo aquela mania que meu pai tinha de ir para a torcida do adversário. Sem gritos, muito menos xingamentos. Não fui encontrar com os cabelos brancos do meu professor, mas dei um grande abraço em Duda antes do jogo começar. E quase fiquei feliz com a contida vibração dele.

Tem gente que veste a camisa todo domingo. Outros guardam a música no coração. Eu fico feliz pelas coincidências de ajudar amigos a lembrarem dos seus pais. Um catálogo de arte. Um desenho animado. Um filme que ficamos assistindo juntos no telão, enquanto o resto do mundo pula e grita um show de rock.

E continuo tentando me sentir bem nesse fim de maio. Comprei uma radiola nova para me preparar. Mandei fazer um móvel para os discos de jazz. Por incrível que pareça, era o mais simples e foi o único que ainda não foi entregue. Talvez o marcineiro tenha percebido o tamanho da responsabilidade que joguei nas mãos dele...

...até que chegou. Não tem retorno para o princípio. Se reinicio é de um novo começo. Como um prédio. Ele implode, deixa vestígios, então a gente arruma, faz a base que é para não ter que destruir de novo, arruma tudinho e finalmente estamos prontos para iniciar novamente a construção das duas torres.

15.1.11

Infância, futebol e jornalismo

Quando eu era criança tinha uma coleção de reportagens que eu gostava e colava no caderno. Não lembro bem se o tema era o Vasco da Gama ou o Sport?

Sei que na minha primeira viagem pro Rio fui entender o que era jornalismo esportivo. Lembro até hoje de (meu tio) Armando Freitas  me contando a sensação de estar ali dentro do campo do Maracanã em dia de clássico.

Ele me explicava o quanto era um privilégio ver a torcida do Flamengo dali de dentro. Mas desconfio que nem era só o vermelho e preto que o emocionava, pois até em título vascaíno ele já me ligou (mas isso é uma outra história...).

Essa semana, ouvindo sobre a minha saudade dos campos, um amigo ficou me acusando de não ser um legítimo torcedor do Sport.

É verdade. O maior mico que eu já passei na vida foi dizer em uma matéria que o Nautico quase sai de campo vitorioso, depois de ter apanhado por 6x2.

Lembro demais, na minha época de estagiário do Jornal do Commercio, de Otavio Toscano ficar tirando essa onda no meio da redação.

Mudei o lead, mas me arrependo. Tinha feito uma crônica daquele jogo a partir do pênalti perdido pelo Nautico no início do segundo tempo.

Alguém poderia fazer um conto sobre o que seria do futebol Brasileiro se aquela bola tivesse entrado, o jogo terminasse 3x2 pro São Caetano e o Nautico se classificasse, já que ganhou de 1x0 o primeiro jogo. Ele iria contar daquela fantástica partida contra o Vasco na final do Brasileiro, em que parte da arquibancada de São Januario ruiu e a torcida foi parar no meio do campo e celebrar como o Timbu acabou levantando a taça do Torneio João Havelange. Campeão Brasileiro de 2000!

Imaginem como ficaria a cara dos alvirrubros tendo de assumir que o título Brasileiro do Sport de 1987 era legítimo. Afinal, aquele foi justamente o ano em que voltaram a se cruzar os campeões da Primeira e Segunda divisões.

Será que o Sport estaria disputando o hexa? E que os times do interior paulista teriam se tornado essas mega estruturas que são hoje? Ou o Nautico estaria construindo um estádio particular para abrigar a Copa do Mundo em Recife?

Meu pai era torcedor do Vasco e dizia que era Sport em Recife. Mas tinha uma cadeira no Arruda. Sem querer falar da paixão desenfreada que ele tinha pelo time de Roberto Dinamite, desconfio que, como eu, ele gostava muito mesmo de futebol.

Por isso, talvez, lembre com tanta tristeza do dia que deixei a redação do Jornal do Commercio. Saindo pela Rua do Imperador, não tive nem ânimo para tomar um mate para esquecer os problemas. Quem sabe não foi por isso que deixei meu emprego certo em Recife para ir tentar a vida no Rio de Janeiro meses depois...

Me lembrei daquele dia na Rua do Imperador ontem, quando recebi uma ligação voltando de Jaboatão em plena Avenida Boa Viagem. Gosto de futebol. Sou apaixonado pelo meu trabalho, escrever. E amo o imprevisível que vive nesse mundo.

12.1.11

Todos contra o Sport

Seis partidas da Primeira Rodada iniciam Pernambucano nesta quinta-feira

O Santa Cruz quer começar a sair do buraco onde vem se enfiando desde que caiu da elite do Brasileirão e se tornou fundador da ainda incipiente Série D. Os clubes do interior desejam marcar presença e quem sabe deixar de chegar perto e fazer bonito como o América, um dos únicos pequenos que detém um título Pernambucano. O Náutico deseja, além de voltar a ser campeão, manter-se com a marca histórica de ser o único hexacampeão do Estado. E todos querem evitar o quadragésimo título do atual pentacampeão Sport Recife, que praticamente oficializaria para os rubro-negros a condição de maior entre os grandes clubes pernambucanos.

A primeira rodada do Estadual começa nesta quinta-feira. Em Recife, o Sport pega o América na Ilha do Retiro, a partir das 20h30, e o Náutico recebe o Petrolina nos Aflitos, às 22h30. Os visitantes vão querer tirar pontos dos grandes, que travaram uma batalha para reforçar seus times durante a pré-temporada. No placar das contratações, os alvirrubros levam vantagem por terem contratado Derley e Eduardo Ramos, enquanto o time da Ilha do Retiro só venceu a disputa por Carlinhos Bala.

As outras quatro partidas são no interior e acontecem no mesmo horário, 21h. A maior expectativa fica por conta da estréia do Santa Cruz. Em Vitória, contra o time da casa, o Tricolor vai começar a mostrar se o time que vem preparando é realmente capaz de disputar o título. No último domingo, a gigante torcida acompanhou com animação a goleada do seu time por 4x1 sobre o CSA (de Alagoas). Agora o desafio do jovem elenco é mostrar que poderão evoluir durante o Pernambucano e chegar ao quadrangular final em condições de levantar a taça.

As outras três partidas devem ser bem disputadas. O Central terá uma difícil missão ao tentar bater o Ypiranga em Santa Cruz do Capibaribe. A tarefa costuma ser dura até para os três grandes. Em Caruaru, o Porto recebe o Araripina, que sofreu para se manter na elite do Estadual em 2010, mas se reforçou e vai querer dar trabalho neste início de Pernambucano. No Sertão, a Cabense vai tentar iniciar o campeonato com vitória para repetir o bom início que teve em 2010, mas o Salgueiro não vai se entregar fácil.