Cheguei às 15h30 e para meu espanto a fila já estava
dobrando a esquina. Um picolé para aliviar o sol e vamos esperar que era dia de
estreia. “Isso é para quem diz que pernambucano não gosta de teatro. O ingresso
é caro, mas de graça a gente vem”, me disse o rapaz na minha frente, que nunca
tinha ouvido falar de Magiluth.
Não bastava ser um Nelson Rodrigues. Melhor lugar do que o
Santa Isabel está difícil de aparecer para uma encenação de Viúva, porém honesta. E pra quem conhece
o grupo, ficava uma grande interrogação de como eles iam se sair com a
interpretação de um clássico. Logo eles, tão apegados a um jeito livre de criar
e interpretar.
O público estava bem diversificado. É verdade, o grupo vem
criando um hall de fãs/amigos e na última temporada no Recife muitas vezes teve
gente que ficou de fora por falta de ingressos. Mas para lotar o nosso palco
nobre ainda apareceram os colegas de teatro, muitos críticos e jornalistas e
uma quantidade enorme de gente atraída pelo preço (R$0) e a oportunidade de ver
um clássico no Santa Isabel.
Mas o que é bom tem seu preço. Para ver essa estreia, foi
baratinho. Quem conseguiu ingresso, precisou apenas esperar a fila do bilhete,
a da entrada e depois os discursos de quem ia falar sobre o festival Letra e
Voz. Mas eu queria mesmo era ver o Magiluth outra vez.
E seria mentira dizer que surpreenderam. Eles mantiveram a
pegada, estão crescendo de qualidade há cada espetáculo e agora aparecem com
uma superprodução. Eu tinha perguntado quem faz a viúva para Giordano Castro,
só pra ouvir a resposta. “Todos. A gente se divide nos papéis”. Mas não tinha
imaginado a desenvoltura que eles trocariam de personagens em cena, brincando
com os espectadores que chegam a pensar que é tudo um grande improviso.
Será que é? Na hora
H, uma grande brochada. A cama de encher fica meia bomba e a cena da noite de
núpcias demora a acontecer, mesmo quando os atores sobem no colchão inflável
ele está com menos da metade do ar. E aquela confusão entre o texto e a
brincadeira Magiluth de fazer teatro deixa a todos sem saber até onde vai a
capacidade do grupo brincar com o seu público.
São homens que não têm medo de aparecer sem pênis para fazer
o papel da noiva safada ou da viúva honesta. E quem costuma ver os espetáculos
dos meninos já identifica os jogos de cena, que projetam um estilo próprio e
irreverente. Que bom, o Magiluth está ganhando o país. Mas, façam o favor,
voltem sempre. A casa estará sempre aberta, senão com a pompa deste domingo,
com a cerveja gelada e o caldinho quente da receptividade pernambucana.
Risadas. O público pernambucano recebeu o drama de Nelson
Rodrigues com sonoras gargalhadas. Luzes. O Santa Isabel merecia uma peça
contemporânea para iluminar e rejuvenescer as suas estruturas históricas.
Projeção. E o Magiluth fez muito bem em encarar um clássico para se tornar uma
companhia de envergadura nacional.
Obrigado pelo presente Magiluth. Feliz de ter levado dois
meninos de 12 anos e de sentir a vibração deles com uma produção que diz tanto
do nosso passado quanto do futuro da arte que se faz nessa terra.
Um comentário:
Puts, fui um dos meninos de doze anos e ontem na peça eu senti um novo sentimento não porque estava indo pela primeira vez ao Santa Isabel para assistir uma peça, mas sim porque minha primeira vez foi com o grupo MAGILUTH pouco conhecido, mas muito engraçado e ainda senti a aventura porque quase que ia ser barrado, mas meu tio planeta me salvou e obrigado tio dado por te me levado gosto muito de vocês, BATATA!
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