13.2.07

Pintar e fazer amor



Não sou muito de cinema francês. Mas esse filme me surpreendeu. É a obra de arte sobre o suingue, assim como Cidade de Deus é o melhor que existe sobre as favelas cariocas. Qualquer coisa que envolva troca de casais ia me interessar? Tudo bem faz algum sentido, mas esse filme superou minhas expectativas. Encontrei uma menina na entrada antes de ver o filme, ela resumiu muito bem: sutil.

A trilha sonora e o cenário fazem o filme. O interior francês é tão bonito quanto na realidade. E os personagens são franceses sem a realíssima arrogância, que estragaria bastante um filme que se realiza pela sua simplicidade e humanidade no tratamento do sexo e das paixões. Por sinal, o sexo é mais insinuado que explícito, mas uma cena de sexo oral é de deixar qualquer mulher molhadinha (os homens nem se falam, são muito mais vulneráveis ao apelo visual).

O ritmo é simplesmente perfeito. Tem umas músicas que entram muito bem no contexto. Mas não pensem que é um musical. Ótimas para tirar o olho da tela e ficar olhando para uma mulher linda. Ótimas para quem quer realmente se apaixonar, é só deixar o som entrar pelos seus ouvidos e olhar para o seu objeto de desejo. O problema vai ser depois esquecer essa menina. Mas para isso existe o tempo. E o Carnaval para os apressados.

No Jornal do Commercio dizia que é uma comédia? Realmente não entendi. Talvez o cara que fez a classificação seja muito mal resolvido sexualmente. Mas, pelo menos na sessão que assisti, não ouvi ninguém rindo em momento algum do filme. É um drama, com muito bom humor. Só que tende a mostrar a troca de casais muito mais pelo lado positivo e deixa apenas transparecer as dificuldades de quem está vivendo aquelas situações. Ou seja, é um filme realmente que defende aquilo que mostra.

Julio me perguntou se eu tinha achado melhor do que Amelie Poulain? Guarda semelhanças.

São filmes que preenchem vários espaços de satisfação: visual, trilha sonora, personagens fortes. Também são muito importantes como registros de dois locais franceses, um em Paris e outro no interior. Mas o que mais os aproxima é uma atmosfera positiva que lhe deixa mais feliz ao fim da sessão. Não que o mundo pareça ser um mar de rosas. Os dois filmes querem lhe mostrar bons jeitos de enfrentar as tormentas.

Amelie Poulain faz isso com uma atriz realmente linda, vestindo um personagem muito forte. Pintar e fazer amor é um pouco menos conto de fadas. Tem atores absolutamente comuns, em idades absolutamente normais (nada de crianças, velhinhos ou jovens). E mesmo sem esses apelos, consegue envolver e emocionar. Muito pela qualidade do elenco.

Só acho mais difícil convenser as pessoas de que trocar de parceiro de vez em quando pode dar certo, mesmo dentro das regras que os casais se impõem ali no filme. Mas até essa ambiguidade parece ter sido muito bem estudada. Daria um ótimo romance, cheio de nuances, ficou melhor ainda como filme.

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