9.2.07

Rariú, cafuçu, come lick my ass!

A festa do I love cafuçu traz todo um debate da nova configuração do relacionamento entre homens e mulheres no Brasil à tona.

Homens pagam R$5,00, mulheres R$8,00. Quer dizer que nesse grupinho específico de mulheres recifenses elas é que estão correndo atrás? Bem assim não é não, mas pelo menos elas gostam de ostentar esse discurso da falta de homens interessantes e do excesso de mulheres bonitas. Eu acho que elas estão certas. No mínimo, isso é um bom argumento para que todo mundo veja com extrema naturalidade duas meninas se pegando onde bem entenderem. Essa moda já está até demodé (sei lá como se escreve isso?).

Tem uma amiga minha que vive dizendo que o mundo é homossexual. Na vontade de me pegar, claro! Mas nessa eu não caio mais. Respondo que isso minha mãe já diz há mais de 20 anos. Se lembram? Década de 60 atrazada, foi vivida no início dos anos 80 com separações que resultaram em trocas de casais e muita putaria em toda a geração que lutou (ou nem tanto) contra a Ditadura Militar em Pernambuco. É claro, fica muito mais fácil quando ninguém vai ficar olhando para a sua cara com ar de estranhamento.

Salve a menina que tem a cabeça aberta de dizer que é massa se agarrar com um casal de gays. Conheço poucas mulheres assim. E é evidente que disconheço um homem que não tenha pelo menos batido um zilhão de punhetas pensando em duas mulheres. Nas minhas, por sinal, é sempre suruba. O peito dela, a bundinha daquela, o beijo na boca do meu amor. Agora, difícil mesmo é o cara ter o desprendimento de quando chega a hora da relação precisar ser revirada ficar por cima enquanto sua mulher leva rola por baixo. Mas isso para a mulher também não é simples não, ver o cara chupando uma outra buceta.

Na minha última saída com Mateus e Simone lembro de ter falado que para não estranhar um beijo na boca entre homens o casal tinha que ser muuuuuito bonito. Para tirar onda (ou porque estavam afim e nem tinham ouvido o meu discurso), um casal de amigos fez questão de dar um beijo na boca bem ali. Sentadinhos no bar, na frente dos casaizinhos de homens e mulheres. Achei bonitinho o enfrentamento. Mas, sendo honesto, me causou estranhamento mesmo. E isso está longe de ser um discurso sexista, é só uma confissão de enrustido (dava um livro sátira esse termo!).

Uma outra amiga me pergunta se vou de cafuçu para a festa. Minha resposta imediata foi que eu já sou um cafuçu. Pensando na minha grosseria, gostar de comer feijoada, churrasco, de beber muita cerveja, falar alto, ser torcedor do Sport Club do Recife, conhecer e passar para as futuras gerações a história de Ademir Menezes e Juninho Pernambucano, ter uma barriga corpulenta (mesmo que em processo de redução avançada), olhar para a bunda das gatinhas quando elas passam igual a um carioca. Ela me respondeu que eu era um cara sensível. Brochei na hora. Quem quer ser um cara sensível quando as mulheres renegam o papel que era delas? Ou que pelo menos elas vestiam durante parte de suas vidas.

Ser um cara sensível é tão infeliz quanto fazer política honestamente no Brasil? Acho que não. Ainda dá para pegar muita gente com esse discurso. Afinal, você não precisa de 30 mil votos para se eleger um cidadão feliz no amor ou pelo menos no sexo (para ficarmos numa área mais comum a nós mortais). E ai surge outra questão trazida pela festa. No discurso do I love cafuçu o que vale mesmo para o cara ser denominado cafuçu não é chupar osso, comer com as mãos, ou fazer concurso para ver quem bebe mais cachaça: é a pauduressência.

Realmente, fist fucking deve ser bom, mas a maioria dos mortais gosta mesmo é de pau duro e buceta molhada (ou cuzinho com KY). Claro que tudo é essencial na hora H. Língua, dedos, boca, nariz, nuca, peito, tatuagem, meu irmão fala até em cutuvelo? Essa eu ainda queria entender. Mas o meu é ressecado, não tem graça nenhuma, vou ver se pondo um pouquinho de hidratante alguém se interessa nele. Tá vendo, nem no Carnaval consigo colocar a fantasia de cafuçu. E tem dois shows de Ney Matogrosso esse fim de semana. Mas esse papel é mais complicado ainda de exercer. A gente vai levando.

E viva a rima!

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