É terrível.
Mas tão terrível quanto, ou pior, é abrir o jornal e saber da filha de Newton Carneiro pronta para receber uma indenização de 900.000,00 pq machucou a mãozinha ladra num festa da Fundação Yaponatan, presidida pela sua irmãzinha solidária e atenta aos meios escusos de roubar o povo.
Para chegar neste ponto, muita gente - juízes, amigos, advogados, - sorriu maliciosamente. Aplaudiu ou se calou, desejando fazer o mesmo. Muitos conhecidos nossos, pernambucanos legitimos, nesta hora em que lhes escrevo, nos seus apartamentos de 3.000.000,00, arquitetam planos para ligar o imenso aspirador da riqueza e das esperanças e sugar toda substância que embasa um mínimo de acordo social.
A classe média omissa, alienada, não entende que para ser pobre e suportar a exclusão, os pobres têm que se entender em um contexto mínimo de acordo social, de legitimidade, de respeito a algumas regras que lhes permitam aceitar e viver com aumentos de 5 reais enquanto seus políticos acham pouco seus 46%?
O cinismo vem sendo o mote sobre o qual o Brasil dominante estabelece as nossas regras de convivência. Cinismo desmistifica e desestrutura a ordem das coisas. Com que motivos se justificam tamanhas diferenças?
O povo pobre brasileiro está exposto a 6 a 8 médias de tv diárias onde a mensagem final é compre, compre compre. Todo nosso sistema simbólico está montado no cinismo do Biguibroder, do consumismo desenfreado e na calcinha preta.
Até as igrejas, baluartes da moral, se reinventaram na teologia do bem viver e usufruir que levou o bispo da renascer para a cadeia no Estados Unidos, com todo perdão e indignaçãp das coniventes elites dominantes brasileiras loucas para carregar dolares nas cuecas.
Se a tv ensina o consumo, milhares de escolas ensinam e treinam os jovens nas práticas cotidianas da permissividade. Ninguem ensina, ninguem aprende, não existe hierarquias, respeito ao outro, manda quem pode e fala mais alto.
A violência nos prende nos muros com cercas eletrificadas ou nos emboscam nas ruas de boa viagem. Ela, é também, terrivel nos barracos, nos ônibus, nas salas de aula e nas ruas escuras dos bairros populares.
Eu só tenho perguntas, um coração indignado e uma prática cotidiana de tentar fazer alguma coisa que levante a bandeira da justiça, da solidariedade, da inclusão. Tenho também dois carros para dar ré e uma cerca elétrica no meu prédio. Mas até quando?
Inalda
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