15.1.11

Infância, futebol e jornalismo

Quando eu era criança tinha uma coleção de reportagens que eu gostava e colava no caderno. Não lembro bem se o tema era o Vasco da Gama ou o Sport?

Sei que na minha primeira viagem pro Rio fui entender o que era jornalismo esportivo. Lembro até hoje de (meu tio) Armando Freitas  me contando a sensação de estar ali dentro do campo do Maracanã em dia de clássico.

Ele me explicava o quanto era um privilégio ver a torcida do Flamengo dali de dentro. Mas desconfio que nem era só o vermelho e preto que o emocionava, pois até em título vascaíno ele já me ligou (mas isso é uma outra história...).

Essa semana, ouvindo sobre a minha saudade dos campos, um amigo ficou me acusando de não ser um legítimo torcedor do Sport.

É verdade. O maior mico que eu já passei na vida foi dizer em uma matéria que o Nautico quase sai de campo vitorioso, depois de ter apanhado por 6x2.

Lembro demais, na minha época de estagiário do Jornal do Commercio, de Otavio Toscano ficar tirando essa onda no meio da redação.

Mudei o lead, mas me arrependo. Tinha feito uma crônica daquele jogo a partir do pênalti perdido pelo Nautico no início do segundo tempo.

Alguém poderia fazer um conto sobre o que seria do futebol Brasileiro se aquela bola tivesse entrado, o jogo terminasse 3x2 pro São Caetano e o Nautico se classificasse, já que ganhou de 1x0 o primeiro jogo. Ele iria contar daquela fantástica partida contra o Vasco na final do Brasileiro, em que parte da arquibancada de São Januario ruiu e a torcida foi parar no meio do campo e celebrar como o Timbu acabou levantando a taça do Torneio João Havelange. Campeão Brasileiro de 2000!

Imaginem como ficaria a cara dos alvirrubros tendo de assumir que o título Brasileiro do Sport de 1987 era legítimo. Afinal, aquele foi justamente o ano em que voltaram a se cruzar os campeões da Primeira e Segunda divisões.

Será que o Sport estaria disputando o hexa? E que os times do interior paulista teriam se tornado essas mega estruturas que são hoje? Ou o Nautico estaria construindo um estádio particular para abrigar a Copa do Mundo em Recife?

Meu pai era torcedor do Vasco e dizia que era Sport em Recife. Mas tinha uma cadeira no Arruda. Sem querer falar da paixão desenfreada que ele tinha pelo time de Roberto Dinamite, desconfio que, como eu, ele gostava muito mesmo de futebol.

Por isso, talvez, lembre com tanta tristeza do dia que deixei a redação do Jornal do Commercio. Saindo pela Rua do Imperador, não tive nem ânimo para tomar um mate para esquecer os problemas. Quem sabe não foi por isso que deixei meu emprego certo em Recife para ir tentar a vida no Rio de Janeiro meses depois...

Me lembrei daquele dia na Rua do Imperador ontem, quando recebi uma ligação voltando de Jaboatão em plena Avenida Boa Viagem. Gosto de futebol. Sou apaixonado pelo meu trabalho, escrever. E amo o imprevisível que vive nesse mundo.

3 comentários:

Tuti disse...

Dado, muito feliz por tu...é incrível como, toda vez que leio eu blog, eu choro.
Parabens meu irmão, tu é foda!

armando freitas disse...

Duda,li aqui junto com armando..bj prá vc e parabéns!

Fala, Duda! Que prazer tê-lo de volta ao time. E que honra ter sido personagem de seu retorno a campo. Ver o meu time em campo me emociona tanto quanto ver qualquer disputa em um estadio acanhado. Essa paixão pelo futebol, que me unia a seu pai e nos une mesmo tão distantes, é mesmo inexplicável.
Sucesso nesta nova jornada. E o campeonato está apenas começando...
beijão do (tio) Armando.

Anônimo disse...

Taci,
Não sei se Tio Armando lhe disse (se tocou), mas essa foto é do gol de Sorato que deu o título Brasileiro de 1989 ao Vasco.
Um ano depois de nascer Pedro (Sorato), como papai chamava meu irmão mais novo.
Beijos para os dois e obrigado pelas palavras Armando

Dado