Animal Tropical – Pedro Juan Gutierrez
Meus amigos gays, depois de lerem o livro, vão continuar achando que ele dá, mas não assume.
As meninas mais certinhas achariam que o cara, além de cafajeste, gosta de umas coisas meio estranhas (chicote?, xixi!!!).
E, na verdade, quase todo mundo vai desconfiar da potência sexual de Pedro Juan Gutierrez. Mas, quem gostou de Trilogia Suja de Havana e o Rei de Havana, não deve se desapontar com a acidez de Animal Tropical. Livro que o autor cubano escreveu em 1999, mas só agora é publicado no Brasil.
Todo escrito na primeira pessoa, o texto narra as aventuras sexuais do escritor (que fique claro, o próprio Pedro Juan Gutierrez) com duas amantes. Uma prostituta caliente e uma bela intelectual sueca. Na introdução fica claro que a obra é ficcional, mas o limiar entre o real e a invenção é difícil de encontrar.
É certo que algumas coisas parecem caricaturais demais para serem verdade. Será que a amante cubana do escritor nunca fica com as partes de baixo doloridas? Afinal, ela é “vítima” de uma jornada dupla. Depois de aturar todos os turistas (japoneses ou europeus), se diverte loucamente na cama do narrador que está invariavelmente pronto para mais uma aventura sexual.
A dose de realismo fica por conta dos personagens maravilhosamente simples de um lugar infinitamente mais pobre que o Brasil. É verdade. E que nenhum comunista venha me falar das maravilhas da educação e saúde da ilha de Fidel Castro.
Antropólogos satisfeitos com os resultados obtidos por seus galos de briga. Adolescentes que ganham a vida criando (e roubando) pombos. Os velhos artistas abandonados das ruas de Havana. E as histórias daqueles que foram para a Venezuela ou Miami.
E olhe que o autor jura de pés juntos que não suporta ouvir falar de política. É difícil acreditar. Afinal, o livro é quase que exclusivamente uma comparação entre a vida suada e apaixonada que leva em Cuba e o rigor gélido do cumprimento de horários da bela (e pouco amada) escandinava. (Comparação essa traduzida para o linguajar que o autor mais gosta – sussurros, gritos e muita verborragia sexual).
O livro é dividido em três partes. A primeira, em Cuba, é a mais vibrante. A intermediária perde um pouco o ritmo, até por conta do puritanismo da sueca. Quem está acostumado com todo tipo de sexo vai estranhar uma amante que ainda aprende a dar uma chupada. Tanto que para fechar a história o autor teve que voltar à sua amada ilha, onde mora num bairro pobre e conhece todos os malandros e putas (nesse caso, literalmente).
Para quem é brasileiro. E vê uma distância mínima entre um mundo (quase) escandinavo e outro totalmente cubano existente no nosso País. O livro não deixa de ser uma boa chance de rir dos nossos erros e pensar nas coisas que muitas vezes deixamos de curtir. Só que às vezes enche o saco o preconceito do narrador com a vida dos ricos.
Outra coisa interessante. Como no (lindíssimo) documentário Promessas de um novo mundo, que relata um encontro entre crianças palestinas e israelenses, nos livros do escritor cubano temos várias pequenas surpresas, quando ele fala das privações que sofrem os cubanos (são coisas que imaginamos, mas muitas vezes não nos damos conta e que aparecem por acaso nos textos).
Cada vez mais Pedro Juan Gutierrez se parece com Charles Bukowsky. As drogas são quase as mesmas: muito álcool barato e mais o que estiver fácil de pegar. O texto é direto e explícito. Só que para cada orgasmo das histórias do cubano, Bukowsky guarda duas ou três belas brochadas.
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