15.6.07

O novo parque

Fui muito crítico em relação ao projeto de Oscar Nyemeier em Boa Viagem. Recifense, que recentemente cheguei a Brasília, não gostei de ver alterada a idéia original surgida de um anseio coletivo.

Escrevi um artigo criticando o prefeito João Paulo. Já não bastariam os arranha céus, que agora já tomam conta até do bairro em que cresci – Casa Forte, que era conhecido pela sua tranquilidade.

Seria preciso também ocupar, como aqui no Distrito Federal, mais uma área de recreação com a aridez do concreto? Os moradores, antes dos políticos, deram sua resposta: não.

Coloquei uma enquete no site do deputado federal Paulo Rubem. Mais de 70% das pessoas disseram que queriam uma área verde.A oposição veio reforçar o coro. Responsabilisar a gestão municipal pela escolha.

Saudades da competente oposição petista. Pedro Eurico e Raul Jungman esqueceram de lembrar Paulo Freire., ao criticar o nome dado ao parque. O educador pernambucano gostava de lembrar como são bonitos os nomes dados pelo povo pernambucano.

Ele nem precisou apelar aos versos de Manuel Bandeira. Seria uma prosa de Saudade. Paulo Freire falava de Brasília Teimosa. Bairro onde desenvolveu, junto com a população, sua pedagogia do oprimido.

João Paulo recuou. Movido pelas críticas. Diminuiu a área construída e tirou parte da área concretada, dando espaço para a grama, no projeto do Parque Dona Lindu. Foi o que ele precisava para avançar.

Finalmente, algum morador de Jaboatão, passando na frente daquele enorme terreno de carro, pois os ônibus são proibidos de circular pela nossa avenida litorânea (medida besta!). Deve ter pensado e dito ao nosso prefeito.

- Grande mesmo é o terreno da Gameleira.

E, assim, começou a mudança na história daquele terreno que é, para mim, símbolo de muito do atraso do nosso Estado. Um espaço ocioso, onde se plantou o ódio e prosperou a ganância.

Uma briga de famílias que dura quase um século. Fazia daquele espaço algo absolutamente improdutivo.

Herança por um lado dos herdeiros de Júlio Maranhão. Usineiro que, por incrível que pareça, teve sua usina fechada por irregularidades cometidas no início do século passado. Pois é, esse País tem surtos de Justiça faz tempo.

A Polícia Federal que o diga. Pelo outro lado, a herança foi comprada pelo ex-deputado, mas sempre acusado, e ainda não punido, Pedro Corrêa. Mais uma vez envolvido em lobbies e conchavos, segundo notícias publicadas nesta semana.

Agora, mais que isso, gostaria de sugerir ao prefeito João Paulo. Lembre dos seus tempos de oposição. Era tão bom recitar Manuel Bandeira, lembrar de Paulo Freire. Foi tão bonito construir a Ponte Gregório Bezerra.

Prefeito. Faça uma votação para eleger o nome do novo Parque de Boa Viagem. Pernambuco não quer ser conhecido pela Política do Carangueijo. Queremos nos orgulhar de poder dizer que foi aqui que foi desenvolvida a Política do Oprimido.

De início proponho duas opções.

Uma singela a outra simbólica. Parque da Gameleira. Ou, para fazer uma justa homenagem, Parque Paulo Freire. É que aprendendo, como ele aprendeu, com o povo simples de Pernambuco, ele merece ser escolhido para essa homenagem.

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