Quando ouvi falar de Peões e Entreatos não tive a menor dúvida que o mais interessante seria o segundo filme. Eduardo Coutinho nunca tinha pego na minha veia. Assisti aos dois filmes no Cine Odeon e na saída, depois de um debate com os diretores, me lembro de ter pensado o quanto ter visto a obra de João Moreira Salles tinha valido a pena, porque tinha sido difícil aguentar o sono para ver aqueles conhecidos de Lula discorrendo sobre a juventude quando o petista ainda tinha sonhos e a realidade não tinha carcomido os nossos ideais. Os bastidores da eleição fizeram um dos melhores documentários da minha vida.
Jogo de Cena também e me fez ter vontade de rever Cabra marcado para morrer.
O novo filme de Eduardo Coutinho é puro teatro. A confusão entre realidade e ficção. Os depoimentos emocionados. Uma hora, ele pergunta para uma atriz se ela tinha preparado o choro e ela honestamente responde que tentou imitar a dona do depoimento, mas simplesmente não conseguiu evitar as lágrimas. Me faz pensar em o Alienista, somos todos mentirosos também além de loucos. E mesmo naquela tristeza toda que são as vidas das mulheres do filme, conseguimos rir e nos divertir.
Um dos melhores filmes que assisti em 2007. Fiquei impressionado com uma história sobre o candomblé. A atriz conta que foi para a casa de uma mâe de santo, que era sua tia hoje falecida. Passou a noite numa camarinha, cheia de galinhas mortas e ratos. Quando acordou foi levada para fora junto com uma pomba branca e ficou com medo que fossem matar o pássaro. "Entenda, estou lhe tirando da morte e essa é você", disse a velha deixando o bicho voar. Candomblé é Freud em garrafinha e tem filme que é puro condimento para nossos pensamentos.
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