"Diários de Motocicleta" nem chora o que passou nem é um manual de como ser herói em tela grande e em 120 minutos. Heróis, mostra Walter Salles, não se fazem com bravatas. Heróis são os que agem de moto próprio. Os que têm apenas duas mãos, um sentimento do mundo e, às vezes, até mesmo a respiração frágil, como Ernesto. Mas com isso, não mais que isso, um dia jogam fora as luvas do preconceito, cruzam o rio, chegam ao próximo e mudam o rumo da história. A diferença entre eles e a maioria de nós é pequena, mas decisiva. Nós amamos "nosso mundo", eles amam "o mundo de todos"; nós amamos "nossa vida", eles amam "a vida". Por isso, a eles, somente a eles, concedemos a glória e a imortalidade que o tempo não corrompe.Enfim -e sem mais- um filme primoroso na intenção e no feitio; um filme digno da memória do comandante; um filme que honra o cinema; um filme à altura de Walter Salles.
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Jurandir Freire Costa é psicanalista e professor de medicina social na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É autor de, entre outros, "Sem Fraude nem Favor" e "Razões Públicas, Emoções Privadas" (ed. Rocco). Escreve esporadicamente na seção "Brasil 504 d.C.".
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Saí do filme pensando em escrever sobre, mas infelizmente fui intoxicado por esse e-mail fuderoso que Bernardo mandou. Resumo-me a minha insignificância então e ressalto que Jurandir Freire Costa não só fez parte da banca de Julia como elogiou-a pra caralho.
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