19.5.04

Perda

Poucas vezes eu falei. Também num tem como os outros entenderem. O grito que Marta deu chegando em casa entrou pelo meu estômago. Era a verdade chegando sem bater na porta.
Tinha passado a manhã tentando estudar para a prova de inglês. A falta de palavras de Maria tinha me dado o ódio e muito rancor. Mas ainda não tinha a certeza da perda.
As empregadas já sabiam durante toda a manhã. Mas não tiveram a coragem de falar. Nem eu a de entender. Mesmo com todo aquele clima. Só Marta nos trouxe para a realidade.
- Foi minha mãe ou meu pai?
Eu já sabia a resposta. Dia 23 de maio de 1989. A missa de sétimo dia foi no meu aniversário. Que idéia? Ainda teve bolo se não me engano!?
A verdade é que realmente a dor passa. A saudade continua. E eu estou até com vontade de fazer festinha esse ano. Coisa que não tenho desde os cinco anos, quando Rico e Dudu (quem diria que os dois se tornariam procuradores?) assustaram todas as crianças do Capibaribe com a brincadeira de Morde-Canela.
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O desejo de que todos que perdem alguém querido de verdade tenham o apoio e o carinho dos próximos como a gente teve naquela época.

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