30.6.05

De férias

Under reconstruction

16.6.05

Blindagem

De tudo o que Roberto Jeferson fala o que mais me marcou foi quando retrata a blindagem de Lula. É que sentia a mesma coisa na Prefeitura do Recife. Vendo as coisas erradas, gastrite comendo no centro e todas as vezes que chegava junto de João Paulo corriam para defendê-lo os secretários João da Costa e Mucio Magalhães e a ex-chefe de Gabinete Ligia Falcão.

Felizmente isso tudo está acontecendo. Já não agüentava ficar falando em códigos para ver se as pessoas entendiam o que estava acontecendo. Talvez a putaria seja em níveis menores do que em outras gestões, mas nada aceitável para o padrão da maioria. Acho o processo importante historicamente, como é também entender quem era contra a emenda da reeleição no PSDB.

Triste é ver a quantidade de pessoas que simplesmente preferem sair do foco da disputa política. Para não falar na juventude, lembro somente os secretários Chico, Edla e Tânia. Isso tudo sempre aconteceu e com sorte viveremos outros processos, antes de diminuir o nível de corrupção política a um nível mínimo. Mas é preciso estar sempre buscando novos horizontes.

10.6.05

Rossini Alves Couto - promotor de Justiça

Meu amigo Duda me explica com muita sinceridade porque o País está melhorando: ?cada concurso novo para procurador (ou promotor, juiz ? ele que é tributarista) entra mais gente competente para verificar as falcatruas que sempre aconteceram?. Paulo Rubem e Roberto Leandro sabem muito bem que o processo é complicado porque as quadrilhas estão organizadas há décadas, nas administrações, legislativos, Justiça e na Defesa Social. Mas, mais importante que esses conceitos, é o sentimento de querer fazer que precisa invadir os corações das pessoas.

Hoje, eu me emocionei ao ouvir os relatos sobre uma pessoa que não conheci e realmente deu sua vida para chegar a um objetivo. O ato público que marcou os trinta dias da morte do promotor Rossini Alves Couto foi uma verdadeira aula de Cidadania, Justiça, Esperança e Amor à Vida. Queria que todo mundo tivesse a oportunidade de ir para aquele colégio em Cupira saber o quanto temos a fazer em nossas vidas. Mais que isso, queria que cada um de nós pudesse ter certeza ao morrer que deixaria um legado tão importante quanto o daquele homem, que nem chegou a ser famoso.

Cada um dos advogados, políticos e amigos falava sobre uma qualidade do promotor. ?As peças de Rossini não eram escritas somente com técnica, tinham a vibração do coração?. ?Não se abatia com as limitações do serviço público e tirava do seu bolso quando era preciso?. ?Amava a natureza e era corajoso para, na falta de policiamento, ir ele mesmo vigiar o restinho de Mata Atlântica que havia em Lagoa dos Gatos?, ?Pedi ajuda a ele para fazer alguma coisa pelos meninos de rua e ele e sua esposa construíram um abrigo e alimentavam os meninos desde 1997 em Cupira?.

Infelizmente, não tenho a capacidade de mostrar toda a beleza da esperança que aquelas pessoas demonstraram. Mas tento me lembrar um pouco do que disse a esposa do promotor, que também exerce a profissão muito corajosamente no interior do Estado. ?Rossini não se conformava em ver a coisa errada e envolvia o corpo todo para resolver cada situação. Muitas vezes chegava de noite em casa e me explicava que estava ouvindo um caso, em que não poderia fazer nada. Mas que aquela pessoa precisava ser ouvida por alguém?.

A Secretaria de Defesa Social, além de não mandar representante, fez questão de colocar na imprensa uma reportagem de ataque ao Ministério Público de Pernambuco. Não ouviu o clamor de uma esposa apaixonada e viúva: ?Eu preciso dizer para os meus filhos que Justiça existe?. Eu me lembrei do juiz que, no enterro de Rossini, me dizia que não acreditava na Justiça. Mas olhei para toda aquela gente e acredito que se não existe ainda precisamos construir.

Um advogado, citando Che Guevara, resumiu o sentimento dele e de muita gente que esteve em Cupira.

?Não tenho medo de morrer. Tenho medo de que ninguém apanhe o meu fuzil do chão. Rossini pode ter certeza que sua caneta não ficará no chão?.

Um voto bem Dado

Nós, deputados do Bloco de Esquerda do PT, vemos enfim nossa proposta de investigação parlamentar das denúncias de corrupção nos Correios ser assumida pela Bancada inteira e pelo governo. O fato de governos anteriores, em especial o de FHC, abafarem CPIs, não nos legitima a fazer o mesmo. A política é, de fato, muito dinâmica: os "hereges" de ontem são os "companheiros sensatos" de hoje...Quem dentro do próprio PT nos desmereceu, classificando-nos como "braço tucano" ou "lacaios da oposição", agora reconhece que a operação anti-CPI nos desmoralizava na opinião pública, reforçava suspeitas de envolvimentos em ilícitos e se chocava com a história do PT.

Não podemos repetir a mesma trágica sucessão de erros quanto às acusações do deputado Roberto Jefferson. Sua caudalosa entrevista à Folha de São Paulo incrimina três partidos - um como corruptor e dois como corrompidos - e mais de 100 deputados! Por mais que ele esteja afogado em denúncias e não tenha conquistado grande credibilidade em sua vida pública, o que disse sobre "mesada" a deputados para votarem com o governo precisa ser apurado com rigor máximo. Mais uma vez, a credibilidade do Legislativo está em cheque... por causa de "cheques", agora? É nossa prerrogativa trabalhar em duas CPIs: a da suposta "receita", a dos Correios, que agora, paradoxalmente, a oposição tucano-pefelista quer protelar, e a da "despesa", do tal vergonhoso "mensalão". É essa contabilidade espúria que deve ser apurada, na sua totalidade.

Como petista, expresso o sentimento de milhares de filiados e de boa parte da sociedade: atacado por Jefferson, era dever do Tesoureiro Nacional do PT, Delúbio Soares, apresentar de imediato sua defesa, abrir nossas contas e interpelar judicialmente aquele que o expõe com estas impressionantes histórias. Um quadro político com suas responsabilidades não poderia silenciar por tanto tempo! O companheiro Delúbio deve também se afastar de suas atividades partidárias enquanto durar a investigação. E é urgente a separação rigorosa, definitiva, entre aqueles que exercem funções de direção partidária e o governo. São territórios bem distintos.
O governo Lula precisa aprofundar a linha afinal adotada para superar a inegável crise, apoiando toda e qualquer investigação, "cortando na própria carne", se necessário, afastando Ministros processados, como Jucá e Meirelles, não contemporizando com aliados fisiológicos, que queiram cargos e emendas em troca de votos.

Chico Alencar
Deputado Federal

7.6.05

Ao ventilador

É bom todo mundo procurar ler a íntegra da entrevista do ex-líder de Collor e aliado de Lula, Roberto Jeferson. Claro, não há provas. Mas a gente vai formando a nossa verdade, que será levada às urnas no ano que vem.

Achei bom. Desde que começou o Governo do PT me orgulho do chute que dei ao votar no deputado Chico Alencar. A Frente de Esquerda é a única coisa que se salva nesse mar de lama. Estavam avisando que a merda viraria boné há dois anos.

Saí da Prefeitura do Recife porque estava vendo o absurdo que se transformou a ala majoritária do PT. Só faço questão de dizer que é o mesmo nível de corrupção generalizada que havia no Governo do PSDB, que comprou os parlamentares para passar a famigerada emenda da reeleição (por exemplo).

Tem um amigo meu que é advogado e explica muito bem como está acontecendo essa moralização do Brasil. O movimento é esse mesmo. E a explicitação de pontos de corrupção faz parte do processo, assim como a contratação de bons procuradores, juízes e a melhoria no nível da nossa representação parlamentar

O movimento político que vai acontecer depois desse escândalo pode ser um retrocesso? Pode. Mas até os revezes são necessários. A desilusão de quatro anos de Governo de Esquerda sem grandes mudanças seria talvez tão negativa quanto a explicitação de quem estava no poder.

E que Lula seja inteligente. Tem que se reaproximar das correntes de esquerda do PT. Vai ter que fazer um freio de arrumação para tirar algumas pessoas que estão em posições importantes no Partido e no Governo. E pode usufruir da fragilidade de setores da Centro-Direita que não têm interesse na esculhambação, que poderia respingar também em Fernando Henrique Cardozo.

Eu vou continuar dizendo a Roberto Leandro que ele precisa colar no discurso de Paulo Rubem. Mas e se o Governo não tiver uma visão de história e continuar lutando contra as investigações? Será a perda de uma construção de 25 anos do Partido dos Trabalhadores, mas não significa tanto assim dentro do processo de moralização do País.

Já estava afim de interromper minha série plácida sobre a Muribeca. Roberto Jeferson me deu o mote. É porque realmente só daria para continuar se eu fosse realmente fazer umas entrevistas pelo bairro e passear no Aterro. Bem, espero depois continuar.

6.6.05

DONA TEREZA

Passa o Aterro Sanitário da Muribeca, terceira à esquerda. Quando entrar na estrada de terra pegue a rua de baixo (à esquerda). Esse trecho é considerado perigoso, mas se você dirigir por uns 500 metros vai ver a casa de Dona Tereza.

Debaixo de duas enormes mangueiras. Em cima de um morro cheio de verde. A residência tem também a função social de bar da comunidade. Tem até uma sinuca, que nos dias de sol fica na sombra de uma árvore.

O clima é perfeito para chupar uns cajus, mas na sombra dá até para arriscar uns copinhos de cachaça. Cerveja eu não recomendo, pois no único dia que me enveredei por esse campo tive a infelicidade de topar com uma ressaqueira Nova Schin.

Os petiscos ainda não provei. Mas na certa não tem muita diferença do elitista Seu Vital, que fica no Poço da Panela. Muita pipoca, salgadinho de isopor e com muita sorte um guisado de bode ou macaxeira com queijo. Para sobremesa biscoitos Vitarella, a fábrica fica do outro lado do "Lixão" (que ainda é conhecido assim por ali).

Dona Tereza recebe a todos. Apesar de não ter idade para isso, parece tomar conta da vida de todos. Apesar do negócio que tem, é de poucas palavras. Mas isso não significa chatice. Só que deve racionar o gasto de saliva.

Sua casa ainda está pintada com o nome de Newton Carneiro. Isso demonstra um pouco a liderança que ela supostamente exerceria na Muribeca. Mas essa função na verdade fica por conta do cara que mandou pintar. Para ela, já é muito ouvir as histórias e servir aos freqüentadores da sua residência/negócio.

Para mim parece uma situação ideal. Um barzinho em que a proprietária é educada e silenciosa. E que oferece aos seus clientes uma bela sombra como prato principal.