11.2.06

40 dias de um macaco tomando vinho

Há nove anos, era Carnaval e eu já sonhava em ir para a Europa. Não é possível escrever todas as historinhas dessa viagem em um post, mas vou me esforçar para escrever pelo menos aquelas mais óbvias que quem está me encontrando aqui em Recife já cansou de ouvir. O título está meio trash, mas é que na estação de esqui (Murren) nos Alpes suiços me senti isso mesmo. Comer um fondue naquele lugar, a três metros de altitude, não é uma coisa que eu faça no meu dia-a-dia.

O primeiro dia de Paris já foi lindo. É ridículo a pessoa conhecer um lugar superficialmente, mas tem lugares como o Rio e Paris e Barcelona que vale a pena se for sua única opção. Se tiver chance indico que a pessoa more um tempo em qualquer uma dessas cidades. Tinha visto recentemente Os Sonhadores de Bertolucci e fui ver a vista da Torre Eifell justamente do Trocadeiro (a antiga Cinemateca). O Louvre é gigante. As ruas são lindas. Sensação de irmandade com Pedro. Enfim, foi bom sentir o cheiro da França.

No dia seguinte fomos para a ceia de Natal dos Rabaroux. Tive a minha segunda experiência com a mais típica piada francesa: 1 (no aeroporto) - vejo o cara dizendo que não sabe falar inglês, me aproximo e pergunto em francês macarrônico pela minha mala, ele me responde em perfeitamente intendível língua de Shakespeare. 2 (no jantar) - a mãe de Patrice me dá as boas vindas e tal, "não sabe falar francês... Mas com certeza fala inglês." Com ar de desdem. Tenho culpa se os americanos têm o triplo do PIB da França e ainda habitam um certo continente chamado América? Bem, dei meu troco, semanas depois faria um cordeiro no curry bem melhor do que o que comi naquele dia e vou repetir assim que tiver um carro para ir comprar a carne no Mercado da Madalena (viu Simone/Mateus, foi mal a promessa antecipada, mas um dia sai).

Nancy, Strasboug, Berna. Uma rápida viagem para a Suiça. Em família, eu, Graça, Pedro e Patrice ficamos na casa de um casal suiço que tem três filhos. Uma família linda, que mora perto de Interlaken (uma das principais áreas de esqui da Europa). Aquele País é todo um cartão postal. Fica mais ridículo ver os restaurantes de Gravatá depois de estar ali... A história típica: derrubei uma alemã esquiando, a cinco quilômetros por hora. Ela botou para gritar em alemão. Queria me processar. Eu só entendia o BREZILIEN, mas dei meus contatos e ela foi retirada de helicóptero. Não teve nada, era só esparro de uma saudosa compatriota de Hitler (um amigo meu disse que eu devia ter perguntado se ela estava com saudade do Nazismo, quando contei essa história toda).

A história mais típica de todas. Caramba, juro que essa é a última vez que conto isso. Reveillon. 31 de dezembro. Na frente da Sacre Couer. Eu e Pedro encontramos João (que saudade!), Clarinha, Julio, Mateus e mais uma galera. Cachaça, cerveja, vinho, champanhe e uma smirnoff ice. Depois de meia noite a gente ainda estava perdendo em gritaria para os italianos, mas Pedro começou a fazer o maior sucesso. Bonne Anne! Duas horas da manhã, estava completamente embriagado. Vamos voltar para casa. Os meninos seguiram o passeio. Entramos no metrô (Garre do Nord). Nego sendo preso adoidado. Enfrentando a polícia para se fuder. E tropa de choque é a mesma coisa em qualquer canto. Bate primeiro para depois perguntar. Depois de ver umas quinze prisões, finalmente conseguimos entrar num RER que nos levaria para perto de Nanteuil (o trem só sairia de 9h). Quando começou a andar um negão do meu lado grita: Seus otários, bando de corno, nem me pegaram! Para quê? Entraram uns trinta policiais metendo porrada no cara e tiraram ele do trem. Meia hora depois Graça pegou a gente em Mitry Claye. Coitada!

Depois faço outro post contando como foi meu primeiro mês de 2006.

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