7.2.06

O ano da virada

Na minha Sexta Série eu fiz um livrinho lindo, que tinha suásticas coloridas na capa e foi assunto de muita discussão entre as professoras do Instituto Capibaribe. É que além da capa tinha uma uma redação que foi super elogiada, e lida em voz alta na frente da turma, por Débora Suassuna e uma outra sobre o Carnaval de Olinda.

Eu sempre ia passar os Carnavais da minha infância nas casas que minha mãe alugava. Um saco! Eram os pirralhos (Tuti e os irmãos Cavani) brincando de boneco e eu meio ali perdido. O que mais odiava era quando Inalda ou Ana Simões vinham me obrigar a participar de algum bloco, Tereza era a única que não tinha esse tipo de atitude.

Naquele ano, 1989, não sei porque motivo acabei ficando o Carnaval com meu pai. Ele não era um cara de se programar. Muito menos de pensar coisas para fazer com os filhos. Muito menos numa Terça-feira de Eu acho é pouco. Fomos juntos. Deve ter sido um saco para ele, mas para mim criou todo o prazer mítico de viver esses quatro dias.

Me lembro de procurar o bloco pelas ruas de Olinda. Parecia uma coisa tão importante. Correr para pegar a chegada no Bêbado e o Equilibrista. Tomar meu primeiro porre de lança, das mãos do meu pai. Me interessar pela primeira vez por uma menina que não se chamava Helena Marques (e que anos depois veio me dar um beijo num Sábado de Zé Pereira, como será o nome dela?).

Mas na minha redação o que mais me chamava a atenção era uma disputa que houve. Sobe ou não sobe a Misericórdia? Claro que sobe. "Criança sobe de ré!", me ensinou papai. E a frase parece que acabou virando uma tradição familiar (ou já era?). Com certeza estava muito mais fresca do jeito que escrevi no meu livrinho, mas a memória continua me dando muito prazer. E o bloco também. Apesar de só ter entrado na festa de 3 horas da manhã, dada a falta de ingressos. Eu acho é pouco.

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