31.7.07

Meu companheiro inseparável

Ele é novinho. Pele lisinha. Todo branquinho. Brilha no sol de Brasília. Completamente em forma. A chama dele é de um azul límpido. Acho que é porque o gás aqui é encanado. A única qualidade especial é a marca que rima. Dako é bom!

A gente está naquela fase de reconhecimento. Ele chegou e eu estava em São Paulo. Mas prometi que não ia fazer um carneiro em outro fogão. Cheguei aqui e fui logo chamando um pediatra para cuidar dele. Fiquei admirando.

Tudo pronto, mas no primeiro encontro não passei de um cuscuz com ovo e salsicha. Poxa, realmente faltou romantismo. Se pelo menos tivesse saído uma carne de sol com macaxeira, nesse retorno às origens nordestinas.

Parece que ele está nessa fase de comida típica. O que mais saiu agora foram coisas de milho. Já marcamos uma ida à feira do Guará. Quem sabe eu não consigo umas lagostas e faço uma coisa realmente especial quando vier do Recife. Ou meu arroz de polvo preferido!

Para piorar a história tinha um salmão no meio do caminho. Chamei Lili e Pedro, mas era na casa de Bruna. Ele ficaria com ciúme. Lá o fogão é embutido. Fica assim não, a chama é forte mas nem forno tem. Fiquei foi com saudade de você.

Salmão frito não é a mesma coisa. O pessoal elogiou, mas isso porque foi tudo ao molho de larica. Quem já viu salmão ao molho de camarão? Realmente, parece coisa de novo rico. Nada especial, pensado, apenas algumas coisas caras juntas. Vamos e venhamos, assim é muito fácil.

Ontem foi dia de reencontro. Passei na feira e trouxe um gorgonzola. Ele é meio luxento. Massa, molho de gorgonzola, tudo bem. Mas nem um filezinho mal passado para abrilhantar esse jantar? Não tive muita desculpa, tive que apelar para a falta de grana.

A verdade está muito clara. Faz tempo. A saudade chega estava esquecida no fundo da gaveta. E, por mais que a mão se lembre dos movimentos, a cabeça não tem certeza das receitas. Talvez tenha que voltar aos primórdios: sobremesa de sonho de valsa.

Reinventar uma lasanha de couve-flor com bacon. Tentar todos de novo para depois perceber que meu forte realmente não são os peixes. É que peixe bom é peixe fresco. Feito uma cavala sequinha que fiz com Amelia em Japaratinga.

Promessas. Vou trazer, mesmo de longe, camarão, polvo, lula, arraia, caranguejo e todos os meus preferidos. Cebola, no máximo um pouquinho de vinho, sal, pimenta e essa turma fica deliciosa. Mas ele é esperto e não acredita nos meus sonhos.~

Tá certo, o que gosto de fazer mesmo são as carnes. Para começar, um filé mal passado. Depois talvez arrisque um rosbife de Eunice. Então, vou abrir o Bourdain na página que ele fala das carnes duras. E ai sim vai começar a brincadeira.

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