18.2.04

Doutores da Alegria

Recife é muito colônia.

Eu tava lá em frente ao Cinema São Luiz esperando uma entrevista do NETV. Do lado uma galera dos doutores da alegria. Eu fiquei pensando. Poxa que galera civilizada, as meninas são muito gatinhas. Os caras também são bonitos. Os gestos são de gente educada. Coisa mais de metrópole esse pessoal. Será que são do Canadá? As camisas deles estão escritas em português. Dinamarca? Um deles tem um pandeiro. Os cabelos podem ter sido cortados aqui? O sapato dela é bamba. Os patrocínios são Pfizer, TRW? Multinacionais são comuns nesse País.

Chega o repórter:

Do any of you guys know how to speek portuguese?

Oh, no sorry!

A conversa continua em português. André Galindo teve exatamente a mesma sensação que eu. Os caras são bonitos, educados, tem cabelos maravilhosos: não podem ser daqui. Só que ele já sabia do contrário.

Na minha antropologia michuruca fiquei me culpando pelo mal entendido. Fico sem acreditar que existe gente desenvolvida nesse lugar. Só que tenho tapa-olhos que não me permitem ver os lados.

Eles eram médicos. Outro meio social. Tão distante quando Melbourne.

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