27.4.04

Vontade de ser jornalista

Infinita.

É que quando a gente faz política deixa de ser enchergado como um cara imparcial. Só que mesmo antes de estar metido no negócio - já diriam todos os teóricos - já tomamos partido em tudo.

Voltei agora da plenária do Orçamento Participativo dos Coelhos. Tive vontade de chorar do começo ao fim. Faltam poucos meses para a eleição e o que menos se falou foi o nome de João Paulo (nenhum outro candidato foi citado?!).

Uma comunidade bem pobre. 900 palafitas nas comunidades de Vila Nova, Roque Santeiro I, II e III e Favela do Campinho. Falta saneamento e pavimentação. Eles querem escola integral (muitos têm bolsa-escola e as crianças me disseram que receberam tênis e farda no início do ano). Recebem as equipes de Saúde da Família, mas uma das dez pessoas que tiveram direito a voz disse que as enfermeiras (e médico) deveriam passar mais nas casas.

O problema básico é Habitação, mas Pavimentação e Drenagem também é muito sério e - como no País todo - Trabalho e Renda também preocupam. Foi a ordem das prioridades eleitas. Só que como a comunidade faz parte de uma região que engloba o Coque os dois primeiros colocados foram invertidos (na plenária da outra área entraria Esporte e Lazer no lugar de casa para o povo).

Ia muito para essas reuniões no começo da gestão. Fora de período eleitoral choviam críticas, achincalhes e todo o tipo de baixarias Jarbas X João Paulo. É lógico que tive a sorte de ir numa que o nível foi altíssimo. As discussões eram como eu queria no movimento estudantil, sobre o assunto que preocupa aquele coletivo. Mas só posso me orgulhar de ter visto (Julia participou criando a brinquiedoteca, que estava linda na Creche Vovô Arthur) a evolução desse processo, depois de quatro anos.

Andre: a sua luta prevaleceu. Rosana: num tem quem fale mais para o povo do que você. Jota Ferreira: toma cuidado que essa menina é uma comunicadora fantástica. E Onildo vai continuar (como estava fazendo ontem) dizendo que a comunidade não era politizada. Vai tomar no cu! Política é luta coletiva. Partidarismo é o que ninguém mais aguenta nesse País. Burrice é o que você tem. E voto é o que não pode ser dado a um cara desse tipo.

No final fiquei pensando como aqueles assuntos deveriam estar pautando os jornais. A pauta é incorreta porque leva em consideração grupelhos pouquíssimo representativos. Ali era gente de verdade, que saiu depois de votar para ver a novela de Maria Clara, mas deixou a amiga para pegar o resultado. Essa gestão precisa fazer um programa de rádio para colocar as discussões da cidade nos ouvidos da galera que volta do jogo do Nautico (5x0, esqueçamos que o Sport tomou de 7x1).

E o mais importante é que Joaquim ou Cadoca têm de ser obrigados a manter a participação popular como fator primordial no processo de escolha de prioridades para a Prefeitura. E vão ser. Eu acredito nisso. Caso contrário?

Então João Paulo vai ganhar.

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