8.11.09

Cubalançando



Li Viagem ao Crepúsculo de uma tacada só. Comprei na Bienal do Livro, deitei ao lado de Chico e passamos a tarde em silêncio. Ele lendo os mangás que tinha ganho de presente do Dia das Crianças e eu reconhecendo as mau traçadas do meu velho professor de Técnicas de Reportagem.

Samarone Lima entra em uma lista de poucos grandes mestres que tive na vida. Sempre tive pena dele não ter continuado como professor da Universidade Católica de Pernambuco, seria um belo substituto para a minha querida Marinita Neves na disciplina de sensibilidade estética e social avançada.

Felizmente, no ano passado peguei uma carona com ele entre o Aeroporto de Brasília e o hotel onde ele se hospedava, em que ele me relatou a problemática do projeto Oi Kabum, especialmente depois da saída do seu fundador, Ricardo Melo.

Foi bom saber que ele continua se interessando e fazendo coisas boas nessa vida. Viagem ao Crepúsculo foi mais uma demonstração da dedicação e competência desse cara.

Cuba foi um tema da geração dos meus pais. Infelizmente, os mesmos dilemas do povo cubano continuam no Século XXI. Botei ai embaixo a tradução de uma postagem de hoje do blog Generacion Y. Leiam. A blogueira Yoani Sanchez foi sequestrada e sofreu agressões quando ia participar de um protesto anti-violência. Surreal!!!

Para quem não acreditar dou a dica. Aproveite o domingo, vá ao Poço da Panela, tome uma cerveja na barraca de Seu Vital e compre um exemplar de Viagem ao Crepúsculo. O livro mostra aquela mesma realidade que minha mãe relatou quando foi à ilha de Fidel Castro na Década de 90.

Um país miserável. Uma população amedrontada pela sistemática perseguição. A imprensa amordaçada. Profissionais de qualidade sendo forçados a exercerem funções indignas no mercado negro da ilha. Pessoas doentes se submetendo a situações vexatórias, no que não é mais um belo exemplo de sistema de saúde (o livro serve como contra-ponto ao filme de Michel Moore que tem uma cena sobre Cuba).

Nunca estive na ilha. Espero ter a oportunidade de ir ver um país livre da Ditadura. Isso se torna uma promessa, só vou a Cuba quando acabar o mais longo período repressivo da América Latina. Mas tive esses dois relatos de pessoas que são mais socialistas do que eu, minha mãe e Samarone.

Sou também leitor de Pedro Juan Gutierrez. Tenho todos os livros que ele publicou. Ele conta a mesma situação absurda na sua ficção e se nega a discutir política em entrevistas. Evidentemente, lhe falta coragem para algumas coisas, mas os seus relatos são mordazes.

De que adianta ter um ótimo sistema de ensino, se na vida real as crianças cubanas são levadas à Escola da Mula Sem Cabeça? Obrigadas a viver na roda viva entre pedir esmolas e assaltar os turistas mais bobos. Minha mãe foi vítima de um roubo em seu primeiro dia de viagem, pois seu grupo de amigos intelectuais esquerdistas decidiu dar bandeira pelas ruas de Havana Velha. Samarone com aquela barba todinha de malandro porto-riquenho ainda correu de uma galera de adolescentes.

Não vou ficar fazendo crítica literária depois de um absurdo como esses, mas deixo só minha dica. Leiam o post ai embaixo e comprem Viagem ao Crepúsculo. Imperdível, para quem quer entender o que realmente se passa em Cuba.

O blog de Sama: www.estuario.com.br

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