30.10.06

Essa festa não é minha

A Praça de Casa Forte estava toda amarela ontem. Gostei da festa. Mas meu prazo de validade expirou exatamente às 17 horas. Quando alguém lembrou que estávamos cercados de prédios construídos na gestão João Paulo, que não haviam sido autorizados quando Roberto Magalhães era prefeito.

Chico ficou brincando na casa de Vaninha com um menino que disse que era a vitória dos primos dele. Falou com João Paulo e Eduardo Campos, depois eu fiz questão de apresentá-lo a um político de Primeira Divisão: Paulo Rubem.

Aqui em Pernambuco sempre se disse que não havia espaço para Terceira Via. Raul Jungman e Carlos Wilson foram alguns dos que sofreram derrotas e o próprio Eduardo Campos antecipou uma mudança no esquadro, quando o grupo de Miguel Arraes deu lugar ao grupo que era representado pelos deputados estaduais Paulo Rubem e João Paulo.

E agora, será que a tríade futebolística vai se repetir na política pernambucana? O Nautico deve ser a União por Pernambuco, grupo de poder aquisitivo alto que consegue se juntar para conquistar um objetivo comum, mesmo havendo grandes diferenças internas. O Sport só pode ser mesmo representado pelo grande balaio de gatos do PT em Pernambuco, só não vou dizer quem fica com o cargo de Luciano Bivar. O Santinha é evidentemente o grupo de Eduardo Campos, que domina as massas como ninguém e com seu populismo de olhos azuis vai levando pelas tabelas muito bem em termos eleitorais, agora vamos ver em termos administrativos.

O PT tem o Governo Federal, os cargos todos que são distribuídos no Estado e a Prefeitura do Recife. O PSB tem o Governo do Estado, a perspectiva de adesões de prefeitos e parlamentares e a facilidade de uma boa relação com o Governo Lula. A União por Pernambuco tem os três senadores (Jarbas - PMDB, Sergio Guerra - PSDB e Marco Maciel - PFL), cidades importantes como Caruaru (onde o prefeito teve mais sucesso eleitoral que João Paulo em 2006) e a perspectiva de conquistar o poder nacionalmente daqui a quatro anos.

Se Eduardo for esperto ele não abre espaço para o PT (João Paulo) continuar crescendo. Isto significa, cooptação das lideranças interioranas e investimento para reconquistar o apoio prioritário do PCdoB (Luciano Siqueira, Luciano Moura e Nelson Pereira devem ter apoio daqui a dois anos ou cargos nesse próximo Governo) e aproximação dos trabalhistas. Fora isso, ele pode investir nas alas que divergem do prefeito dentro do próprio PT (Campo Majoritário, Carlos Wilson e Paulo Rubem).

Daqui a quatro anos é que vamos poder dizer se ficou firmado um trio de grupos políticos mesmo. Ou se a vitória de Eduardo é o declínio de um dos outros dois grupos. O PT perdeu a cara ética e lutadora de quando Paulo Rubem e João Paulo eram deputados estaduais. O PFL está em declínio, mas Jarbas Vasconcelos ainda é a liderança mais importante da política pernambucana.

Minha aposta é que estamos exatamente na estaca zero. Morreram Cristina Tavares, Osvaldo Lima Filho e o PT está em processo de auto-destruição. Voltamos para o velho confronto dos coronéis de amarelo e de azul em Pernambuco. Em termos de construção política o horizonte é enorme. Quanto à disputa eleitoral é melhor se lembrar que faz tempo que Pernambuco não tem dois times na Primeira Divisão. E o Santinha está ai para mostrar que crescer de forma desordenada é a melhor receita para ganhar uma queda abrupta.

Candidatos não faltam para ocupar a cadeira da Cobrinha.

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