22.7.04

Parte 2: O PT

O Partido dos Trabalhadores é protagonista da Política brasileira já há algum tempo. O primeiro jingle de que me lembro (o que nega a tese de Jampa de que sou PPS desde criança) é o de Bruno Maranhão - candidato a prefeito em 1985. Naquela época o guia eleitoral petista era apresentado por uns mamulengos e era feito na base do suor mesmo, mas ao contrário do que faz o PSTU havia uma certa criatividade que fez com que minha cabeça de criança tenha decorado aquela versão de Vassourinhas de uma maneira que até hoje só me lembro da música associada à letra usada naquela campanha.

Algumas coisas desse partido são muito óbvias. O sectarismo prejudica algumas gestões. A raiva patológica que a base petista tem de qualquer ser vivo que, além de vestir a camisa vermelha, não tenha assinado a carteirinha de adesão é uma coisa a ser estudada. Coisa que muitas vezes se ramifica também internamente (mas não vamos falar em tendências. Quem não sabe o que é UL e AE pode cobrar um sonho de valsa na próxima vez que me encontrar, mas não me faça essa pergunta cretina).

Mas gosto de pensar que João Paulo está muito certo ao dizer que se ele perder vai estar satisfeito porque formou uma geração de pessoas que não vai mais apanhar tanto quanto ele na próxima chance que tivermos. Por sinal, chance que não aparece somente em vitórias eleitorais. Tem um colega meu que saiu do Orçamento Participativo e foi para uma ONG ? onde estava trabalhando para divulgar o OP em diversas cidades. Eu mesmo espero fazer muito mais no meu mestrado, em produção cultural e mesmo em Jornalismo depois desses dois anos de Prefeitura do Recife.
 
Só que a partir da vitória de Lula passou a ser necessário aprender a governar desde ontem. E a ser eleito também. Por que não se consegue administrar sem uma construção muito bem engendrada de uma candidatura. A Prefeitura do Recife recuperou a imagem do candidato à reeleição realizando a Inversão de Boa Viagem, o cerco às kombis, a nova orla de Brasília Teimosa e investindo forte em mídia. João Paulo tem promessas de muito dinheiro para a campanha porque os empresários vêem a possibilidade de reeleição, mas já fez uma primeira escolha bastante polêmica:

Raul Jungmann desafiou todos os candidatos a prefeito do Recife a abrirem as contas de suas campanhas pela Internet. O PT resolveu se negar e divulgou a mais gorda expectativa de gastos nessa campanha. Com isso, perdeu a chance de fortalecer um movimento interessante pela ética na política. João Paulo preferiu se arriscar a vencer a eleição comprometido com diversos setores do empresariado recifense a perder a disputa eleitoral, mas criar um movimento que poderia forçar os outros dois candidatos a entrarem na onda da seriedade e poderia inclusive ter repercussão nacional (possibilitando até o caminha para que a Reforma Política fosse muito mais completa do que as duas que já foram realizadas).

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