30.7.04

Governo

A frase mais comum do início do milênio para mim: é muito difícil governar no Brasil.

O motivo mais óbvio é a falta de verbas. Mas na verdade essa parte é meio inverdade. Afinal, temos de trabalhar a mudança (revolução é o caralho Puchkin!) incluindo os 4,5% do orçamento que a Câmara de Vereadores do Recife exclui do nosso orçamento. Temos de discutir sim esses absurdos impostos há décadas que sempre são considerados impossíveis de serem superados. Tem milhões de outros exemplos de onde buscar verbas, inclusive a proposta radical de romper com o FMI. Agora isso é falar de uma coisa longinqua porque já temos um governo que se propôs a fazer um projeto diferente. Na Política externa acredito que eles estejam certos, mas continuo com a ilusão (que tínhamos eu e Oscar desde a oitava série do Capibaribe) de que o Brasil deveria investir em grandes processos de restituição financeira contra os Estados Unidos (mostrando o apoio que os americanos deram à Ditadura e os prejuizos financeiros que os governantes impostos deram ao País, por exemplo). Se eles - e até os argentinos - são agressivos porque ficamos quase sempre só nos defendendo?

É difícil ser governo no Brasil por zilhares de outros motivos. O salário que se ganha em quase todas as Prefeituras é ridículo (outros lugares, as vezes, é diferente). A pressão financeira é gigantesca. O profissional é pouquíssimo valorizado e tem pouca formação. A contratação de pessoal é feita por concursos muito centrados na teoria.

Vamos a alguns exemplos da minha prática pessoal. Tem um arquiteto conhecido meu que voltou da Inglaterra a pouco tempo. Ele diz que o sonho do profissional médio lá era trabalhar no setor público, onde teria a oportunidade de balizar alguns conceitos do que se constrói na Cidade. Ou mesmo de planejar e fiscalizar as obras essenciais para um País, Estado ou Cidade. Aqui, Marina querer trabalhar com Planejamento é a coisa mais engraçada do mundo (eu considero isso revolucionário, porque está indo contra o mercado e tudo mais). Salário de arquiteto de órgão público é daquelas coisas que ninguém pergunta para não ficar encabulado de ouvir a resposta. E são eles que exigem que o estacionamento ao lado do Plaza e do Paço Alfândega sejam gratuitos ou tenham ZonAzul de cinco horas (é, meu filho, pense que eu falei sobre essas duas coisinhas. Mas depois de um ano todo mundo tem opção agora para ir para os dois lugares sem a exploração dos estacionamentos deles).

Acho que dá para imaginar que tipo de influência os donos dos quatro shoppings do Recife pode exercer sobre uma Prefeitura. Tem alguma coisa que a EMTU possa fazer em detrimento das empresas de ônibus desse Estado? Eu acho que sim, mas sei que não. Só que quem elege o governador sou eu, mas quem dá o dinheiro para as campanhas continuam sendo eles.

Ser auditor fiscal com salário de R$5.000,00 é o sonho de um monte de gente. Mas pergunta por ai que porcentagem desses caras que passa nesses concursos dá sangue de verdade para pagar o salário que ganha. E o pior é você fazer parte dessa minoria significa ser encarado como tal pela maioria que realmente rala pra caramba (assim como alguns auditores e procuradores e juízes) e não vê a cor desse dinheiro (público e honesto).

DEIXEI PELA METADE E ASSIM ENCERRO ESSA PORRA QUE TAVA EMPERRANDO O FUNCIONAMENTO NORMAL DESSE BLOG.

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