Domingo tem Sport X Santa Cruz e por muita sorte (seria realizado num momento péssimo caso não tivesse sido adiado) esse jogo cria certa expectativa depois do início de recuperação dos rubro-negros. Por acaso é também o Dia dos Pais.
Escrevo esse texto depois de ter um ouvido uma coisa meio cômica do meu filho. É que Chico ficou com raiva por eu ter ido ao jogo entre Sport e Joinville.
- Eu agora só vou torcer pelo Vasco e Brasil.
Como é que um menino pernambucano, filho de um pai que trabalhou numa Editoria de Esportes daqui, vindo de duas famílias tradicionalmente tricolor (Costa Lima) e alvirrubra (Neves Baptista), que sofreu toda uma lavagem cerebral para que seu animal preferido fosse o Leão da Ilha, demonstra interesse por futebol, mas não quer torcer por nenhum dos três times do Recife?
É que ele costuma assistir aos jogos da Seleção pela televisão. Presenciou uma das últimas partidas do meu grande ídolo de infância, Romário, no Vasco da Gama. Mas eu não tenho coragem de leva-lo para a Ilha do Retiro.
Ele ia fazer três anos quando o levei pela primeira vez para a geral do Maracanã. Coisa de insano? Meu pai me levava com essa idade para a torcida do Santa Cruz e cantava todas as rimas que a torcida do Sport entoava.
Os tempos mudaram. É verdade. E por isso a geral do Maracanã hoje significa cadeiras antigas, porém em boas condições, onde famílias de todas as agremiações cariocas assistem às partidas calmamente. Pelo menos era assim quando eu morava lá e Benedita da Silva era governadora.
Para provar que não sou doido, garanto que nunca levaria Chico para São Januário. É que as cadeiras do estádio do Vasco, assim como as da Ilha do Retiro, são famosas por brigas entre torcedores ricos e fanáticos e dirigentes corruptos (que em geral se fantasiam de políticos nessa época do ano).
Mas o pior foi o que presenciei nesse último Sport x Joinville. No início do segundo tempo da partida, três policiais militares estapearam um senhor de idade (aparentando 60 anos) em plena arquibancada da Ilha. Tentei me aproximar, mas a torcida estava passiva àquela cena criminosa e os policiais realmente eram ameaçadores. Pensei em dizer que sou jornalista, mas os homens fardados já estavam levando o cidadão para longe do público (onde provavelmente aquele senhor foi novamente espancado).
Pena que o padrão da Polícia Militar seja tão desvalorizado pelos que o envergam. Fico até sem ter como falar mal da atuação do centroavante Robson? É impossível pensar em futebol depois de presenciar cena tão grotesca. Acho que Chico vai acabar torcendo só por Vasco e Brasil e eu que não vou perder meu Dia dos Pais na Ilha do Retiro.
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