30.9.04

Aos queridos Costa Lima

Debate necessário

Cala a boca já morreu, mas a gente também não pode deixar de falar com os que nos são tão próximos. Um dia desses Daniel me pediu uma bandeira de João Paulo para colocar na frente da casa dele, e de Dona Jaci. Ontem tive de responder comentário de Kátia Telles que saiu no jornal. ?A Inversão de Boa Viagem foi uma medida inócua porque não beneficiou ciclistas e pedestres?.

Ela não sabe nem onde pisa.

Fico até feliz de pela primeira vez (em minha vida) o PSTU descer do salto para falar objetivamente, mas gostaria de enfrentar debate mais ácido. Se o prefeito João Paulo repete uma preocupação em seus discursos é com os que não têm dinheiro para pagar passagem.

É claro que entre detectar o problema e a execução existem diversas barreiras, mas vamos tentar responder essa ínfima questão.

A Inversão de Boa Viagem foi feita pensando sim nos pedestres. Por exemplo, todas as travessias na Conselheiro Aguiar, Domingos Ferreira e Avenida Boa Viagem são realizadas no vermelho dos semáforos. É uma medida simples. Só foram colocadas faixas de pedestre nos lados das ruas em que não entram veículos das transversais. Com isso, as pessoas se acostumam a atravessar sem competição de carros e acontecem menos atropelamentos.

Agora, não dá para negar que quase 500 mil pessoas que circulam por Boa Viagem em carros e ônibus (a grande maioria) estavam perdendo tempo paradas em engarrafamentos, que diminuíram sensivelmente. Foram eles os grandes beneficiados por essa ação.

Já a Ciclovia Orla, que liga Brasília Teimosa a Boa Viagem, beneficia cerca de 1.500 ciclistas. É uma obra pequena, mas que facilita a vida dos moradores da comunidade que trabalham no bairro vizinho e que pode se tornar uma alternativa para os turistas, de conhecer essa parte do Recife que sempre era visitada apenas na ocasião da companhia de um recifense.

Dá para perceber o que está se imaginando? Alguns têm medo que Brasília Teimosa vire alvo de empresários que tirariam lucro e esqueceriam a alma do lugar. E incentivar as pessoas a chegarem ali de bicicleta é tentar levar mais gente, mas um visitante que não venha entupir as ruelas e sim ouvir o canto do mar e comer um camarão e (quem sabe) entender o encanto daquele lugar.

Outra obra que a Prefeitura do Recife inaugurou recentemente foi a da Ponte Gregório Bezerra. O fato é que ao contrário do Viaduto Joana Bezerra e da Joaquim Cardoso ali existe, além de passeio para pedestres, área reservada para ciclovia.

É claro que atualmente só quem utiliza são os moradores do Coque, já que ali é uma das áreas mais violentas do Recife. Mas se continuarmos elegendo administradores preocupados com o desenvolvimento sustentável e urbano aquele local pode vir a se tornar valorizado, pela sua localização. A barreira social é gigante, mas existem planos de fazer a ciclovia (que começaria na Torre) chegar até a Casa da Cultura e Boa Viagem.

Ainda resta a responder o que imagino que tenha sido o ponto de partida para esse comentário feito por Kátia Telles: a travessia da Herculano Bandeira. O crescimento das cidades gera problemas que exigem soluções. Um desses é o das vias que aumentam o fluxo de veículos e dificultam a vida dos pedestres. Para isso, a Física atual nos dá três possibilidades: túnel, passarela ou continuar calculando tempo de semáforo para equalizar a travessia dos pedestres e a passagem dos veículos.

A Prefeitura do Recife decidiu que a melhor solução para a Herculano Bandeira é uma passarela, colocou uma provisória, mas atendeu ao pleito da população e mantém o semáforo existente no local em funcionamento.

Ali o problema é simples. 300 mil passam em seus veículos ou em ônibus. Outros 10 mil atravessam a rua a pé. É claro que a maioria vai vencer, mas a minoria pode ganhar também se lideranças inteligentes travarem um debate sério e conseguirem exigir que a passarela definitiva tenha funcionamento adequado. Elevador não é suficiente? Então exijam uma esteira rolante. Se o Aeroporto tem direito, o Pina também deve ter.

É claro que quando falo de lideranças sérias não me refiro a Elides Queiroz, mas gostaria de vir a falar de Kátia Telles (que ainda tem muito a aprender).

Alternativa de esquerda não é o PSTU.

Me orgulho de ter votado no deputado federal Chico Alencar, que é o líder do grupo independente do PT no Congresso Nacional. Me lembro como ele, antes da eleição, já falava em ?lutar para colocar mais vermelho no Governo de Lula?. Aqui em Pernambuco o representante desse pessoal chamasse Paulo Rubem Santiago e é candidato a prefeito de Jaboatão, com chances de chegar ao Segundo Turno.

Protesto sério é ir passar o próximo domingo em Jaboatão. Em Recife, a vitória precisa ser no Primeiro Turno para João Paulo ter direito de dar uma guinada mais à esquerda na sua administração. E eu vou ser o primeiro a pedir para que o prefeito, assim que reeleito, reveja sua posição em relação à segunda maior cidade do Estado. Pois se ele não se sensibilizar com um candidato que toma decisões contrárias ao Governo Federal, 600 mil pessoas serão com certeza suficientes para lhe levar a solicitar dinheiro e apoio para um possível confronto entre Paulo Rubem Santiago e Geraldo Melo.

Paulo Rubem é 13.

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