Tão achando que na Muribeca não tem advogado. Eu também acho. Mas isso tudo pode ser preconceito da gente.
Conheci um advogado, que vou manter o nome em sigilo para não ser alvo fácil, lá no Engenho São Joaquim. Ninguém nunca afirmou que ele tenha se formado na minha frente, mas todos repetem que "ele diz que é".
De verdade eu sei que ele muito poderia fazer por aquele povo, apesar de recentemente ter sido demitido do cargo de chefe de gabinete do prefeito Newton Carneiro. Deve ter muito poder.
É sabido que o "bom velhinho" não freqüenta a Prefeitura de Jaboatão e na ausência... O engraçado é que logo depois da saída no "nosso advogado" a imprensa noticiou fartamente a primeira ida de Newton Carneiro ao seu ambiente de trabalho. Ainda estou esperando as notícias da segunda visita.
Mesmo depois de demitido o rapaz continua exercendo o poder de liderança daquela comunidade, atestado por todas as casas caiadas com o nome de Newton Carneiro.
Meu único contato pessoal com ele foi quando consegui a ida de uma equipe da TV Jornal para fazer reportagem sobre o (não) fornecimento de energia para as famílias do Engenho São Joaquim.
Postou-se ao lado de Dona Tereza (de quem falarei em breve) e se mostrou absolutamente chocado com tudo o que estava acontecendo ali. Na verdade fez da dona do boteco mais tradicional do local sua porta voz na televisão.
E foi embora sem dar nem mesmo um telefonema sobre a situação daquele pessoal. Quer dizer, pelo menos não com a intenção de resolver. Para tentar culpar quem investe no local pela falta de luz ele é capaz de falar pelo telefone e até ao vivo.
Quando ouvi a acusação fiquei com vontade de dar na cara dele, mas entendi que só faz uma coisa dessa quem pode. Me retirei do local e retiro o nome do nobre advogado desse texto.
Soltei a âncora mais uma vez. Vim passar um ano morando em Nova Orleans e quero contar para os amigos algumas histórias sobre minhas pedaladas aqui na América do Norte. Sou geminiano, então pode esperar tudo menos uniformidade!
30.5.05
26.5.05
PEPÉU
Ele tinha 18 quando o conheci. Não tenho boa memória, mas tenho certeza do que falo, porque ele estava tendo problemas para se alistar. Precisava vir ao Recife. Como? Nunca tinha saído da Muribeca.
Eu achei engraçado. Sei lá como iam ser as reações dele. Será que ele já tinha tomado banho de mar? Com certeza ia estranhar quando visse uma escada rolante. Talvez tivesse medo de andar de elevador. Leseira isso.
Morava numa casinha construída entre o Sítio do meu pai e o Engenho de São Joaquim. Andei por ali e não vi nem sinal da construção. A taipa deve ter caído e o mato cresceu em cima. Talvez eles também tenham tido medo de continuar morando ali.
Me lembro que a mãe dele falava bastante. O padastro tinha um jeito mais parecido com o dele. Tinha uns dois ou três irmãos mais novos. A família virou na minha cabeça a típica visão dos cortadores de cana.
Escrevi até um texto em que uma das crianças cortava o dedo com a estrovenga, mas isso foi ficção. É que ficou marcado na minha memória as marcas que aquele pessoal sempre tem, do trabalho.
As queimadas matam os bichos. A terra perde a cor. A cana perde o mel.
E aquele trabalho deixava um monte de marcas no povo. Um não meche os dedos. O outro perdeu um dedo. A maioria deixa à mostra rasgões nos braços. Outros escondem as cicatrizes por baixo da camisa.
Mas encontrei Pepéu um dia desses. Como todos ali parece que deixou de trabalhar na cana. Tem família agora. Não perguntei se ele tinha conseguido se alistar. Mas fiquei me perguntando quais seriam as marcas de um catador de lixo.
Penso.
Talvez sejam menos aparentes que as de quem trabalhava na cana.
Eu achei engraçado. Sei lá como iam ser as reações dele. Será que ele já tinha tomado banho de mar? Com certeza ia estranhar quando visse uma escada rolante. Talvez tivesse medo de andar de elevador. Leseira isso.
Morava numa casinha construída entre o Sítio do meu pai e o Engenho de São Joaquim. Andei por ali e não vi nem sinal da construção. A taipa deve ter caído e o mato cresceu em cima. Talvez eles também tenham tido medo de continuar morando ali.
Me lembro que a mãe dele falava bastante. O padastro tinha um jeito mais parecido com o dele. Tinha uns dois ou três irmãos mais novos. A família virou na minha cabeça a típica visão dos cortadores de cana.
Escrevi até um texto em que uma das crianças cortava o dedo com a estrovenga, mas isso foi ficção. É que ficou marcado na minha memória as marcas que aquele pessoal sempre tem, do trabalho.
As queimadas matam os bichos. A terra perde a cor. A cana perde o mel.
E aquele trabalho deixava um monte de marcas no povo. Um não meche os dedos. O outro perdeu um dedo. A maioria deixa à mostra rasgões nos braços. Outros escondem as cicatrizes por baixo da camisa.
Mas encontrei Pepéu um dia desses. Como todos ali parece que deixou de trabalhar na cana. Tem família agora. Não perguntei se ele tinha conseguido se alistar. Mas fiquei me perguntando quais seriam as marcas de um catador de lixo.
Penso.
Talvez sejam menos aparentes que as de quem trabalhava na cana.
24.5.05
O ANTROPÓLOGO
Seu Silva é policial militar concursado. Uma pena, deveria ter seguido a sua vocação.
A principal função dele atualmente é fazer a vigilância do Aterro Sanitário da Muribeca. Ele tem muito orgulho do processo de reestruturação pelo qual passou o lugar e gosta que as pessoas visitem "sua" maior obra.
- Antes a gente vivia encontrando corpos no meio do lixo.
Não é que a violência tenha acabado no Aterro, mas o processo que levou o Lixão a ser reconhecido com esse novo nome trouxe várias melhorias. Entre elas, a principal é que o lugar passou a ter vigilância constante e isso afastou o crime organizado.
Como a maioria dos policiais, ele trabalha praticamente três expedientes. É que tem dois trabalhos de vigilante e de vez em quando ainda tem que dar o plantão. O pior é que é um tipo raro que faz questão de honrar sua função pública.
Conhece todo mundo na Muribeca e sabe que tem de exercer sua profissão dentro dos limites que a realidade lhe permite.
- Não dá para sair prendendo qualquer um que venda maconha. Tem muita mulher ai que está fazendo isso porque o marido foi preso. Quem ia sustentar a família desse pessoal se ela fosse para a cadeia?
O que mais irrita Seu Silva é justamente não poder expandir esses limites. A falta de recursos é enorme e o policial que está ali não pode querer enfrentar os grandes criminosos do local sozinho. Seria morte certa.
- A gente recebe muitas queixas. Vai do marido que bate na mulher até as piores coisas. O melhor é resolver na conversa, mas nem sempre dá.
É nesse processo de seleção que Seu Silva se expecializou. Há muitos anos, convive com aquele pessoal. Já faz parte da paisagem. Por isso, as ações de prisão na Muribeca sempre passam pelo crivo desse antropólogo.
Tem as que só podem ser feitas por gente de fora. Outras precisam ser realizadas pelo pessoal que está ali diariamente. E alguns casos é melhor nem falar.
A principal função dele atualmente é fazer a vigilância do Aterro Sanitário da Muribeca. Ele tem muito orgulho do processo de reestruturação pelo qual passou o lugar e gosta que as pessoas visitem "sua" maior obra.
- Antes a gente vivia encontrando corpos no meio do lixo.
Não é que a violência tenha acabado no Aterro, mas o processo que levou o Lixão a ser reconhecido com esse novo nome trouxe várias melhorias. Entre elas, a principal é que o lugar passou a ter vigilância constante e isso afastou o crime organizado.
Como a maioria dos policiais, ele trabalha praticamente três expedientes. É que tem dois trabalhos de vigilante e de vez em quando ainda tem que dar o plantão. O pior é que é um tipo raro que faz questão de honrar sua função pública.
Conhece todo mundo na Muribeca e sabe que tem de exercer sua profissão dentro dos limites que a realidade lhe permite.
- Não dá para sair prendendo qualquer um que venda maconha. Tem muita mulher ai que está fazendo isso porque o marido foi preso. Quem ia sustentar a família desse pessoal se ela fosse para a cadeia?
O que mais irrita Seu Silva é justamente não poder expandir esses limites. A falta de recursos é enorme e o policial que está ali não pode querer enfrentar os grandes criminosos do local sozinho. Seria morte certa.
- A gente recebe muitas queixas. Vai do marido que bate na mulher até as piores coisas. O melhor é resolver na conversa, mas nem sempre dá.
É nesse processo de seleção que Seu Silva se expecializou. Há muitos anos, convive com aquele pessoal. Já faz parte da paisagem. Por isso, as ações de prisão na Muribeca sempre passam pelo crivo desse antropólogo.
Tem as que só podem ser feitas por gente de fora. Outras precisam ser realizadas pelo pessoal que está ali diariamente. E alguns casos é melhor nem falar.
23.5.05
O IRMÃO
O irmão tem 62 anos. Há 15 cuida de um Sítio lá na Muribeca. Morava com a família numa casinha de taipa na propriedade, mas depois da separação não teve mais coragem de permanecer ali.
Sua mulher era muito ativa. Teve a idéia de ficar indo ela mesma vender a produção da propriedade na feira. Todo sábado pegava a condução que a levava para Jaboatão e cada vez ficava um pouquinho mais de tempo no trabalho.
O marido desconfiou. Depois de algumas semanas encucado resolveu ir checar os afazeres da mulher. Encontrou ela trabalhando ao lado de um sujeito desconhecido. A cornura estava prestes a ser comprovada.
Resolveu ir numa mãe de santo.
- Tire isso da sua cabeça! Sua mulher é uma pessoa decente.
Outra.
- Você precisa dar mais atenção à sua mulher, mas ela não está amarrada a ninguém a não ser o senhor.
Não se contentou.
- Tome cuidado. Tem um peso muito grande sobre sua esposa.
Finalmente, teve certeza da traição. Mandou a mulher para fora com as duas filhas. Mas não agüentou muito tempo morando sozinho naquele Sítio e se mudou para um arruado ali bem próximo.
Talvez arrependido com a mudança que deu na sua vida depois de consultar as três mães de santo, acabou virando crente. Hoje, é pastor na comunidade onde mora e aconselha os jovens casais a permanecerem unidos.
Sua mulher era muito ativa. Teve a idéia de ficar indo ela mesma vender a produção da propriedade na feira. Todo sábado pegava a condução que a levava para Jaboatão e cada vez ficava um pouquinho mais de tempo no trabalho.
O marido desconfiou. Depois de algumas semanas encucado resolveu ir checar os afazeres da mulher. Encontrou ela trabalhando ao lado de um sujeito desconhecido. A cornura estava prestes a ser comprovada.
Resolveu ir numa mãe de santo.
- Tire isso da sua cabeça! Sua mulher é uma pessoa decente.
Outra.
- Você precisa dar mais atenção à sua mulher, mas ela não está amarrada a ninguém a não ser o senhor.
Não se contentou.
- Tome cuidado. Tem um peso muito grande sobre sua esposa.
Finalmente, teve certeza da traição. Mandou a mulher para fora com as duas filhas. Mas não agüentou muito tempo morando sozinho naquele Sítio e se mudou para um arruado ali bem próximo.
Talvez arrependido com a mudança que deu na sua vida depois de consultar as três mães de santo, acabou virando crente. Hoje, é pastor na comunidade onde mora e aconselha os jovens casais a permanecerem unidos.
22.5.05
Muribeca
Faz uns três meses que retomei a tarefa semanal de ir ao Sítio. Muita gente que me conhece já ouviu falar desse lugar, mas pouquíssima gente foi até lá. É que esses 11 hectares ficam numa das áreas mais perigosas e miseráveis da Região Metropolitana do Recife. Então, desde a morte do meu pai, tirando um tempo que minha mãe e Paulo tentaram plantar lá, a gente tinha deixado praticamente abandonado.
Durante muitos anos, a única ligação da minha família - além da posse - com as terras era a visita semanal de Seu Julio. Ele antes vinha e conversava e falava os problemas e depois passou a ir esquecendo e mudando a relação, chegando a um ponto que ele praticamente só pegava o salariozinho dele. De tal maneira a relação foi se fazendo que o agricultor passou a ser o único caseiro que não mora no trabalho que conheço. É isso mesmo. Ele ficou com medo e resolveu sair da casa que tinha gratuitamente e construir um local para morar em um arruado.
Mas estou aqui para falar da volta. Quem me convenceu a ir foi Marta. Demos uma olhada e na semana seguinte eu voltei e passei a voltar todos os sábados, com excessão dessa semana (quando adiantei para a sexta, não quero ficar marcado).
O lugar é muito problemático. Fica perto daquela Lagoa Azul (sei lá? Como é mesmo o nome). Mas fica mais perto ainda da Vila Palmares (favela criada por Newton Carneiro), do Lixão da Muribeca e de um acampamento do MST. Ou seja, é dentro de um espaço em que o Poder Público praticamente não chegou, apesar de haver um grande esforço que pelo menos mudou a cara do Aterro Sanitário (mudou mesmo!).
Não chegou porque, apesar de 90% dos moradores do local viverem de reciclagem de lixo, o trabalho (revolucionário) dos catadores continua sendo feito da maneira mais arcaica possível. E tendo o preço que os intermediários querem dar. Na minha primeira ida, com Marta, um policial me ofereceu para fazer uma visita ao Aterro.
- Traga sua família para dar uma volta num sábado. É importante para conhecer a realidade.
Eu ainda não encontrei Seu Silva para dizer a ele que topo o desafio, mas acho que ele fez a proposta para a pessoa certa. Tenho muita curiosidade por esse outro lado da divisão social e acho que só se melhora as coisas conhecendo de perto as problemáticas. Esse texto todinho é para dizer que vou começar a escrever uns perfis de umas pessoas aqui no blog. Seu Julio, Luciano, German, Dona Tereza, Seu Silva.
Sempre gostei de conversar com gente diferente e achei o máximo semana passada quando Julia fez uma coisa bem parecida com isso. Ela encontrou um bêbado na rua, ficou conversando, deu dois reais, continuou conversando e resolveu pegar um táxi para levar o cara para um Caps, onde uma amiga dela o atendeu.
Durante muitos anos, a única ligação da minha família - além da posse - com as terras era a visita semanal de Seu Julio. Ele antes vinha e conversava e falava os problemas e depois passou a ir esquecendo e mudando a relação, chegando a um ponto que ele praticamente só pegava o salariozinho dele. De tal maneira a relação foi se fazendo que o agricultor passou a ser o único caseiro que não mora no trabalho que conheço. É isso mesmo. Ele ficou com medo e resolveu sair da casa que tinha gratuitamente e construir um local para morar em um arruado.
Mas estou aqui para falar da volta. Quem me convenceu a ir foi Marta. Demos uma olhada e na semana seguinte eu voltei e passei a voltar todos os sábados, com excessão dessa semana (quando adiantei para a sexta, não quero ficar marcado).
O lugar é muito problemático. Fica perto daquela Lagoa Azul (sei lá? Como é mesmo o nome). Mas fica mais perto ainda da Vila Palmares (favela criada por Newton Carneiro), do Lixão da Muribeca e de um acampamento do MST. Ou seja, é dentro de um espaço em que o Poder Público praticamente não chegou, apesar de haver um grande esforço que pelo menos mudou a cara do Aterro Sanitário (mudou mesmo!).
Não chegou porque, apesar de 90% dos moradores do local viverem de reciclagem de lixo, o trabalho (revolucionário) dos catadores continua sendo feito da maneira mais arcaica possível. E tendo o preço que os intermediários querem dar. Na minha primeira ida, com Marta, um policial me ofereceu para fazer uma visita ao Aterro.
- Traga sua família para dar uma volta num sábado. É importante para conhecer a realidade.
Eu ainda não encontrei Seu Silva para dizer a ele que topo o desafio, mas acho que ele fez a proposta para a pessoa certa. Tenho muita curiosidade por esse outro lado da divisão social e acho que só se melhora as coisas conhecendo de perto as problemáticas. Esse texto todinho é para dizer que vou começar a escrever uns perfis de umas pessoas aqui no blog. Seu Julio, Luciano, German, Dona Tereza, Seu Silva.
Sempre gostei de conversar com gente diferente e achei o máximo semana passada quando Julia fez uma coisa bem parecida com isso. Ela encontrou um bêbado na rua, ficou conversando, deu dois reais, continuou conversando e resolveu pegar um táxi para levar o cara para um Caps, onde uma amiga dela o atendeu.
19.5.05
Qual a realidade?
A postagem do subjetivo estimula a reatividade do sistema de pós-ovulação da criatividade subjetiva intempestivamente relacionda à situação cósmica da singularidade da nuance.
16.5.05
Cabeça de Porco
Estou lendo esse livro de Luiz Eduardo Soares e MV Bill (tem o empresário dele também, Celso alguma coisa?). Tudo bem que sou fã mesmo do ex-secretário Nacional de Segurança, mas a leitura é excelente. Começa com o relato dos episódios em que Celso e o rapper se envolveram, para pesquisar sobre as crianças envolvidas no tráfico de drogas e na violência. Depois vem uma parte mais sociológica, que para mim tem o ponto alto numa entrevista de Escadinha.
O ex-traficante, depois de 20 anos na cadeia, se mostra arrependido e chocado com os níveis de violência do Rio de Janeiro. "De dez, se eu conseguir tirar um do crime, tô no lucro. Se a gente conseguir recuperar um, a gente tem que bater palma. O trabalho está surtindo efeito", diz ele, que prestava serviço para o Bon Marché. Logo depois, e antes de conseguir dar os depoimentos necessários para que fosse realizada uma biografia dele, Escadinha foi assassinado.
Luiz Eduardo Soares vai um pouco mais longe: "O grande desafio está em hamanizar o sujeito que comete o crime, sem subtrair-lhe a responsabilidade; responsabilizar o "sistema", sem eximi-lo da responsabilidade de distribuir responsabilidades e aplicar penas, segundo as leis, humanizando-as; humanizar o "sistema", transformando-o, criando condições para que prosperem a solidariedade e a verdadeira Justiça".
O ex-traficante, depois de 20 anos na cadeia, se mostra arrependido e chocado com os níveis de violência do Rio de Janeiro. "De dez, se eu conseguir tirar um do crime, tô no lucro. Se a gente conseguir recuperar um, a gente tem que bater palma. O trabalho está surtindo efeito", diz ele, que prestava serviço para o Bon Marché. Logo depois, e antes de conseguir dar os depoimentos necessários para que fosse realizada uma biografia dele, Escadinha foi assassinado.
Luiz Eduardo Soares vai um pouco mais longe: "O grande desafio está em hamanizar o sujeito que comete o crime, sem subtrair-lhe a responsabilidade; responsabilizar o "sistema", sem eximi-lo da responsabilidade de distribuir responsabilidades e aplicar penas, segundo as leis, humanizando-as; humanizar o "sistema", transformando-o, criando condições para que prosperem a solidariedade e a verdadeira Justiça".
13.5.05
Serviço Público
Estou pensando em fazer concurso para Gestor Público do Estado. Faz parte da minha raiva da "politização" (mal feita até em termos eleitorais) dos cargos da Prefeitura do Recife. E da luta contra a total falta de valorização do Serviço Público.
Meu cunhado, quando falei isso, respondeu com aquele típico sorrizo: "é, concurso público virou uma alternativa econômica". Eu não respondi na hora, mas estou vindo fazer essa discussão aqui. É que depois de muitas horas de trabalho na Assembléia Legislativa fico mesmo sem muita reação para algumas coisas.
Poxa, o quanto já fui crítico de gente como meu sogro que prefere estar na condição de professor e pesquisador (um tanto não remunerado por essa segunda função) na Universidade Federal de Pernambuco, a enfrentar os desafios e as falta de desafios do mercado de Educação Particular.
É uma luta. Tem suas vantagens. Mas é incrível o quanto é uma minoria que luta e faz algumas coisas funcionarem. Julia sempre disse, por exemplo, que no Departamento de Psicologia da Federal ninguém faltava aula por motivo banal e tal. O contrário do Centro de Artes.
Mas já passou um professor, em recente concurso público, para dar o mal exemplo de falta de compromissos com a Educação. Cupim, hoje em dia, acaba até madeira dura! Ela não critica, mas eu acho que a gente tem dar o exemplo trabalhando sério e também exigindo que os outros tenham postura semelhante. De repente, o silêncio dela pode até ser mais eficiente que meu esperneio.
A verdade é essa. Todo mundo já disse, mas a maioria faz questão de não ouvir. Quem não disputa as instâncias de Poder está cedendo. E no nosso caso dificilmente vai estar deixando para alguém que queira fazer algo em prol de uma maioria.
O PSDB fez muito bem em criar o cargo de Gestor Público Federal. Responde a uma demanda da Sociedade, de se despolitizar algumas funções na máquina administrativa. Jarbas realmente mantém alguns burocratas, que sabem tocar as coisas nos segundo e terceiro escalões. E se o PT continuar se fechando vai perder (como diz Paulo Rubem) os 20 anos de investimento para se criar um projeto de País.
Bom fim de semana!
Meu cunhado, quando falei isso, respondeu com aquele típico sorrizo: "é, concurso público virou uma alternativa econômica". Eu não respondi na hora, mas estou vindo fazer essa discussão aqui. É que depois de muitas horas de trabalho na Assembléia Legislativa fico mesmo sem muita reação para algumas coisas.
Poxa, o quanto já fui crítico de gente como meu sogro que prefere estar na condição de professor e pesquisador (um tanto não remunerado por essa segunda função) na Universidade Federal de Pernambuco, a enfrentar os desafios e as falta de desafios do mercado de Educação Particular.
É uma luta. Tem suas vantagens. Mas é incrível o quanto é uma minoria que luta e faz algumas coisas funcionarem. Julia sempre disse, por exemplo, que no Departamento de Psicologia da Federal ninguém faltava aula por motivo banal e tal. O contrário do Centro de Artes.
Mas já passou um professor, em recente concurso público, para dar o mal exemplo de falta de compromissos com a Educação. Cupim, hoje em dia, acaba até madeira dura! Ela não critica, mas eu acho que a gente tem dar o exemplo trabalhando sério e também exigindo que os outros tenham postura semelhante. De repente, o silêncio dela pode até ser mais eficiente que meu esperneio.
A verdade é essa. Todo mundo já disse, mas a maioria faz questão de não ouvir. Quem não disputa as instâncias de Poder está cedendo. E no nosso caso dificilmente vai estar deixando para alguém que queira fazer algo em prol de uma maioria.
O PSDB fez muito bem em criar o cargo de Gestor Público Federal. Responde a uma demanda da Sociedade, de se despolitizar algumas funções na máquina administrativa. Jarbas realmente mantém alguns burocratas, que sabem tocar as coisas nos segundo e terceiro escalões. E se o PT continuar se fechando vai perder (como diz Paulo Rubem) os 20 anos de investimento para se criar um projeto de País.
Bom fim de semana!
8.5.05
Os nerds também amam
Eu vinha escrever sobre a minha pequena realidade. Parlamentares que me decemcionam e outros que confirmam sua capacidade (isso no campo do PT ético). Mas um comentário me fez mudar de idéia.
A conversa de que nada dá certo é uma coisa muito forte nos dias de hoje. Ai teve uma pessoa que escreveu, sem se identificar, que era apenas um nerd (sei lá, vejam nos comentários ai de baixo).
Realmente é muito difícil a gente ver evolução através dos políticos. Por que realmente é muito pouca coisa boa sendo feita. E muita putaria continua rolando solta no Brasil.
Por outro lado, acho que algumas coisas são evoluções no nosso mundo. Quando fui para os Estados Unidos (em 95) um nerd era simplesmente um looser. Me lembro a capa de uma Mad com os nerds famosos (ridicularizando essa mudança que estava começando a ser sentida).
Hoje em dia, a coisa mais comum do mundo é uma pessoa que tem aquele estilo (o nome continua sendo depreciativo). Os caras têm bandas e a gente vai assistir o Profiterolis. Ganham dinheiro com suas taras por computador. Muita gente acha (como eu) umas meninas bem branquinhas de ficar na frente de um computador e com um corpinho delicioso de malhar mouse a maior delícia. E tal e brá, como diria um amigo meu skatista.
Não estou fazendo nenhuma louvação. Até porque sempre achei aquela frase de Cazuza uma grande merda: "Eu sou burguês, mas eu sou artista". Porra, as pessoas respeitam o artista pelas suas qualidades, mas não por ser artista. Assim como os nerds.
Agora vou deixar meu outro post para outro dia para ninguém ficar dizendo que estou querendo justificar minha condição de nerd. Não me acho nerd Mateus!
A conversa de que nada dá certo é uma coisa muito forte nos dias de hoje. Ai teve uma pessoa que escreveu, sem se identificar, que era apenas um nerd (sei lá, vejam nos comentários ai de baixo).
Realmente é muito difícil a gente ver evolução através dos políticos. Por que realmente é muito pouca coisa boa sendo feita. E muita putaria continua rolando solta no Brasil.
Por outro lado, acho que algumas coisas são evoluções no nosso mundo. Quando fui para os Estados Unidos (em 95) um nerd era simplesmente um looser. Me lembro a capa de uma Mad com os nerds famosos (ridicularizando essa mudança que estava começando a ser sentida).
Hoje em dia, a coisa mais comum do mundo é uma pessoa que tem aquele estilo (o nome continua sendo depreciativo). Os caras têm bandas e a gente vai assistir o Profiterolis. Ganham dinheiro com suas taras por computador. Muita gente acha (como eu) umas meninas bem branquinhas de ficar na frente de um computador e com um corpinho delicioso de malhar mouse a maior delícia. E tal e brá, como diria um amigo meu skatista.
Não estou fazendo nenhuma louvação. Até porque sempre achei aquela frase de Cazuza uma grande merda: "Eu sou burguês, mas eu sou artista". Porra, as pessoas respeitam o artista pelas suas qualidades, mas não por ser artista. Assim como os nerds.
Agora vou deixar meu outro post para outro dia para ninguém ficar dizendo que estou querendo justificar minha condição de nerd. Não me acho nerd Mateus!
4.5.05
Winbledon
Eu devia ser proibido de falar desse tipo de filme. Comédia romântica, com tema esportivo, ambiente de múltiplas nacionalidades e com uma loura linda compondo o par romântico.
Falo mesmo assim. A minha única queixa é porque realmente o filme se mostra muito idiota ao não mostrar carne nenhuma. A única bunda que aparece é do ator que faz o papel de Guga inglês.
Paul Bethany? Acho que é isso. Apesar de ser um pouco mais alto, e do jeitão brittish, não dá para deixar de pensar em Gustavo Kuerten. É que além de serem hiper boa-praça, os dois estão sempre perdendo seus primeiros jogos.
Bem, não tenho nem um pouco de pena de Guga. Mas o filme é legal. Apesar da vitória mais que consagradora na última partida da carreira do tenista ser uma coisa muito surreal para se levar a sério.
Bem, é uma comédia e deve ser tratada como tal. Além disso, Fernando Meligeni conseguiu um feito quase tão absurdo? Não foi. Anunciou a despedida e ganhou o Pan, depois de anos sem botar a mão em nada.
Digamos que o Pan não chega perto de Winbledon, mas pelo menos o cara tinha sido décimo primeiro do Ranking. Fininho deve ter sido no máximo um trigésimo baixo. Acho que não baixou de 30?
Falo mesmo assim. A minha única queixa é porque realmente o filme se mostra muito idiota ao não mostrar carne nenhuma. A única bunda que aparece é do ator que faz o papel de Guga inglês.
Paul Bethany? Acho que é isso. Apesar de ser um pouco mais alto, e do jeitão brittish, não dá para deixar de pensar em Gustavo Kuerten. É que além de serem hiper boa-praça, os dois estão sempre perdendo seus primeiros jogos.
Bem, não tenho nem um pouco de pena de Guga. Mas o filme é legal. Apesar da vitória mais que consagradora na última partida da carreira do tenista ser uma coisa muito surreal para se levar a sério.
Bem, é uma comédia e deve ser tratada como tal. Além disso, Fernando Meligeni conseguiu um feito quase tão absurdo? Não foi. Anunciou a despedida e ganhou o Pan, depois de anos sem botar a mão em nada.
Digamos que o Pan não chega perto de Winbledon, mas pelo menos o cara tinha sido décimo primeiro do Ranking. Fininho deve ter sido no máximo um trigésimo baixo. Acho que não baixou de 30?
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