Por Clovis Rossi - Folha de S. Paulo (27-12-2009)
A capa da Folha de ontem diz que "na mídia e em declarações de autoridades americanas, o caso [do menino Sean Goldman, devolvido ao pai após uma novela de cinco anos] ganhou contorno de disputa entre países". É verdade e, por isso mesmo, o papel da mídia precisaria ser discutido nesse caso.
Trata-se de um assunto de família, exclusivamente de família. Não há interesse público envolvido. Há, sim, curiosidade pública, o que é bem diferente. Do que decorre a pergunta que me parece central e me causa desconforto: temos, os jornalistas, o dever, a obrigação, de atender sempre a curiosidade do público, mesmo quando ela é invasiva? Neste caso, é pior ainda, porque invasiva de uma criança.
Não, não me venham dizer que invadimos cotidianamente a privacidade de muitas pessoas. É verdade, mas, em 99,9% dos casos, trata-se de pessoas públicas, que procuraram a notoriedade, não raro apoiando-se na mídia. A busca pelos holofotes tem preço. Muitas vezes, os holofotes acesos pela mídia é que impedem abusos de diferentes naturezas.
Mas Sean não procurou os holofotes. Seu caso acabou por se transformar em exercício de jornalismo-espetáculo. E não apenas no Brasil: a rede norte-americana NBC não fretou um avião para levá-lo aos EUA com o pai por amor à infância, mas por amor ao espetáculo.
Nesse espetáculo acabamos por cometer um pecado grave: demos abrigo a uma acusação, feita pela avó materna, de que o Executivo e o Judiciário brasileiros venderam-se aos Estados Unidos pagando com Sean pela manutenção de vantagens comerciais.
Nenhum jornalista sério diria tal coisa por sua conta. Se o dissesse, correria o risco de purgar elevada pena. No entanto, no jornalismo-espetáculo, a acusação foi ao ar e ao papel. Incomoda, não?
Soltei a âncora mais uma vez. Vim passar um ano morando em Nova Orleans e quero contar para os amigos algumas histórias sobre minhas pedaladas aqui na América do Norte. Sou geminiano, então pode esperar tudo menos uniformidade!
29.12.09
27.12.09
O homem gigante
Como se não precisássemos nos perdoar. Ela me perguntou por quê?
Em Freud e Levi Straus eu não passo da entrada, enquanto você consome como prato principal.
Não tenho necessidade de explicar motivos. Sou repórter por natureza, gosto mesmo é de descrever fatos.
Foucault me disse que a verdade não existe. E eu baixinho respondo que escrevo a minha realidade.
Naquele dia, eu estava ali. Homem perdido, jogado na parede, deslocado, sem saber para onde ir.
Não saberia explicar nem mesmo porque estava ali.
Encarava o meu assassino com a frieza de quem sabe que pode morrer, mas pode também matar.
Ele me dizia para baixar a guarda. E eu continuava com o olhar firme.
Sou um homem. Talvez não seja nenhum gigante. Mas sei da minha força e conheço a beleza.
Era o teu olhar que encarava. Com o respeito de quem sabe o que é o amor.
E a dor de quem viveu o ódio.
En garde mon ami. Always.
But with the knowledge of your sweetness.
I bring on my heart the memory of our love.
Eduardo Amorim - 27 de dezembro de 2009
24.12.09
Espírito natalino
Não gosto muito de Natal. Mas quando é para pegar um mote a gente aproveita o que estiver mais perto.
A Justiça decidir entregar uma criança ao vencedor de uma batalha judicial pela sua guarda justamente na véspera de Natal é um negócio sério. Por que não fizeram dois dias antes? Ai chega um bando de jornalista de ressaca e coloca a foto dessa criança abraçado ao padrasto estampada nos maiores portais do Brasil. Uma coisa de um desrespeito sem tamanho.
Ao contrário de um adolescente que trafica drogas, o menino filho de um americano com uma brasileira não tem culpa nenhuma da mãe ter morrido. Também não há como dizer que as famílias americana ou brasileira estejam longe dos seus papéis naturais, ambas querem manter a criança no seu convívio.
Acontece que a Justiça brasileira demorou para dizer o óbvio. O menino tem pai! Não tem o que discutir. Se ele é órfão de um lado, não havendo impedimento, quem vai cuidar do filho é quem está vivo.
São criados motivos para dizer que o americano tem todos os defeitos do mundo, nunca vi uma acusação séria. Ele pode ser um mal pai? Tanto quanto a avó, o padrasto ou todos da família brasileira. Até que uma decisão transitada em julgado mostre o contrário.
A maioria dos jornalistas que cobriram esse caso aqui no Brasil sempre fizeram um trabalho bambo. Como o narrador da Globo que torce para o juiz favorecer o time sulista. Só que, felizmente, o Brasil tem que respeitar os tratados internacionais de Justiça.
Bom Natal!
A Justiça decidir entregar uma criança ao vencedor de uma batalha judicial pela sua guarda justamente na véspera de Natal é um negócio sério. Por que não fizeram dois dias antes? Ai chega um bando de jornalista de ressaca e coloca a foto dessa criança abraçado ao padrasto estampada nos maiores portais do Brasil. Uma coisa de um desrespeito sem tamanho.
Ao contrário de um adolescente que trafica drogas, o menino filho de um americano com uma brasileira não tem culpa nenhuma da mãe ter morrido. Também não há como dizer que as famílias americana ou brasileira estejam longe dos seus papéis naturais, ambas querem manter a criança no seu convívio.
Acontece que a Justiça brasileira demorou para dizer o óbvio. O menino tem pai! Não tem o que discutir. Se ele é órfão de um lado, não havendo impedimento, quem vai cuidar do filho é quem está vivo.
São criados motivos para dizer que o americano tem todos os defeitos do mundo, nunca vi uma acusação séria. Ele pode ser um mal pai? Tanto quanto a avó, o padrasto ou todos da família brasileira. Até que uma decisão transitada em julgado mostre o contrário.
A maioria dos jornalistas que cobriram esse caso aqui no Brasil sempre fizeram um trabalho bambo. Como o narrador da Globo que torce para o juiz favorecer o time sulista. Só que, felizmente, o Brasil tem que respeitar os tratados internacionais de Justiça.
Bom Natal!
17.12.09
A noite de Rita e as fotos de Yemanjá
Recebi um convite para ir a uma festa em um terreiro de macumba. Um convite bonito, bem elaborado, para uma festa de primavera. Como eu não tenho preconceitos com relação a essa crença, aceitei ir de bom grado.
Não era um dia bom. Estava cansada, sem dormir, de ressaca, e sentindo muita dor no dedão do pé que eu havia machucado durante a bebedeira da noite anterior (aliás, até agora não descobri ao certo como). Mas já havia confirmado a presença, então, tomei um analgésico, me arrumei e fui. Gosto de pensar que fui linda, porque aprendi que se arrumar com cuidado para um evento serve também para mostrar ao anfitrião que você se importa com a festa e respeita o trabalho necessário para prepará-la. Mas aquele sapato horroroso – o único que eu agüentava calçar – insistia em berrar o contrário.
Cheguei com uma hora de atraso, e mesmo assim esperei pelo menos mais uma hora e meia pelo início da cerimônia. Sei que estava chata e calada, perdida no meu mundinho interior. Alguns talvez pensassem que era porque eu não queria estar ali. Mas não era. Aquele era apenas um dos momentos em que meu fardo parece pesado demais e eu acabo mergulhando dentro de mim.
Quando a mãe-de-santo finalmente entrou no barracão para dar início a reunião eu relaxei um pouco. Gosto dela. É uma presença forte e por algum motivo me transmite confiança. Eu sou muito sensível a energia do ambiente e das pessoas e raramente me engano com relação a isso. Engraçado que a maioria das mulheres da minha família também é assim, embora muitas neguem para não bater de frente com cristianismo que resolveram adotar. Bruxaria hereditária, diria Naema. E poderosa. Mas isso é assunto para outro post.
O fato é que a mãe-de-santo chegou e os tambores soaram. E parecia que o batuque era dentro do meu peito. Os mestres foram descendo – perdão, não sei bem se o termo é esse – e assumindo o corpo de seus filhos. Era o momento das entidades masculinas. Eu fiquei assistindo encantada, sem conseguir tirar os olhos daquelas pessoas, até que a combinação de cansaço, fumaça e ambiente abafado começou a me incomodar, e me vi forçada a sair do barracão para beber água e me sentar um pouco.
Fui me sentindo pior. Tomei outro analgésico e após a despedida dos mestres, fui comer um pouco com alguns amigos – entre eles a espevitada Iris, que não agüentava de ansiedade – enquanto esperávamos a segunda parte da cerimônia. Ainda descansei um pouco no carro de Marcelo, impaciente com as pessoas me perguntando por que eu estava calada. Eram tantos e tão dolorosos motivos que nem valia a pena dizer, e o cansaço pareceu a desculpa mais cômoda.
Voltamos ao barracão para receber as mestras. E quando a mãe-de-santo incorporou Ritinha, eu entendi porque ela ganhou uma festa só para si. Divertida, desbocada, escrota, egoísta, cheia de si. Mas também, de certa forma, carinhosa, infantil e protetora. São muitos adjetivos para ela, bons e maus. E foi isso o que mais me encantou. A dualidade. Porque ninguém é só bom ou só ruim, todos somos uma mistura dessas duas forças e entidades demasiadamente perfeitas e boas me incomodam.
Ritinha recebeu muitos presentes, com embrulhos que ela rasgava com a alegria de uma criança. Dançou, bebeu, atiçou os homens. Contou que foi prostituta, que morreu assassinada, que foi desejada pelos homens e hostilizada pelas mulheres. Observei em um silêncio encantado aquela figura. Não consegui hostilizá-la. Admirei, e até invejei sua sinceridade inconseqüente. Em certos momentos me senti identificada. Em outros vi nela quase um oposto. E esse vaivém de sensações me manteve presa, absorta, esquecida de tudo o que me incomodava antes.
Por duas vezes, quando passou por mim, ela fez piada de uma história que a mãe-de-santo não tinha como saber. Aquilo me divertiu ao invés de me irritar como aconteceria normalmente. Ela disse que poderia roubar de mim meu “macho”. Eu respondi que ninguém pode me roubar o que nunca foi meu. Ela me olhou séria e não disse mais nada. E eu gostei daquele silêncio. Senti que poderia ter pedido a ela que me desse o homem que quisesse. Mas não quero ter ao meu lado uma pessoa que precisa de um feitiço para me desejar, me querer. Não me parece um bom negócio.
Fui embora cedo, mas a noite de Rita ficou em minha mente. E adormeci com meu peito batendo no ritmo dos tambores.
(texto: Monaliza Brito/ fotos: Marcelo Ferreira)
Fonte: www.clubedasmeninas-mulheres.blogspot.com
Ps: Muito bom trabalhar com gente que admiro tanto!
27.11.09
Corrupção na arte
Dois artistas admitem ter recebido cachês bem menores do que as notas fiscais emitidas por eles aos seus produtores em Pernambuco. A notícia só ganha importânca quando a gente fala que foi o Maestro Spock e Silverio Pessoa. Mais que pessoas que tocam todos os anos nos eventos promovidos pelo Governo do Estado e Prefeitura do Recife, são referências da música pernambucana.
O mundo político reage da mesma maneira que em qualquer outro escândalo. No máximo, Silvio Costa Filho vai contratar uma consultoria de crise lá em Brasília. Eduardo Campos pede investigação no Tribunal de Contas do Estado. Jarbas Vasconcelos diz que o governador está tentando sufocar o assunto na base da ironia e do grito. A Assembléia Legislativa deve propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
E o mundo artístico?
Honestamente, fazer chacota no Carnaval chamando os outros de ladrão é muito fácil. Mais ainda, se você nem sabe quem é o artista e produtor que está cantando e tocando do seu lado.
O que seria importante é propor sugestões para exigir a transparência nas contratações. Por exemplo. Através de projeto de lei, pode-se obrigar o Poder Público a publicar em anúncio nos jornais os valores de toda e qualquer contratação de artista (através de produtora ou diretamente) acima de um certo percentual. Digamos: R$30 mil. Basta para isso relacionar os modelos de dispensa de licitação utilizados para esse tipo de contratação.
Já trabalhei em algumas gestões. Sempre há denúncias desse tipo, são comuns. Mesmo quando não chegam à imprensa, destroem a imagem dos políticos junto à classe artística, aos formadores de opinião e, especialmente, na juventude.
O mundo político reage da mesma maneira que em qualquer outro escândalo. No máximo, Silvio Costa Filho vai contratar uma consultoria de crise lá em Brasília. Eduardo Campos pede investigação no Tribunal de Contas do Estado. Jarbas Vasconcelos diz que o governador está tentando sufocar o assunto na base da ironia e do grito. A Assembléia Legislativa deve propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
E o mundo artístico?
Honestamente, fazer chacota no Carnaval chamando os outros de ladrão é muito fácil. Mais ainda, se você nem sabe quem é o artista e produtor que está cantando e tocando do seu lado.
O que seria importante é propor sugestões para exigir a transparência nas contratações. Por exemplo. Através de projeto de lei, pode-se obrigar o Poder Público a publicar em anúncio nos jornais os valores de toda e qualquer contratação de artista (através de produtora ou diretamente) acima de um certo percentual. Digamos: R$30 mil. Basta para isso relacionar os modelos de dispensa de licitação utilizados para esse tipo de contratação.
Já trabalhei em algumas gestões. Sempre há denúncias desse tipo, são comuns. Mesmo quando não chegam à imprensa, destroem a imagem dos políticos junto à classe artística, aos formadores de opinião e, especialmente, na juventude.
26.11.09
Besouro
Acabo de chegar de uma sessão do melhor que a Globo Filmes já produziu. Pena que eles não invistam pesado no marketing de Besouro.
Estava com a maior história de rivalidade Bahia X Pernambuco na cabeça. Vem o filme e bota no lugar as imagens do Recôncavo Baiano e uma música da Nação Zumbi e uma trilha assinada por Pupilo.
Cordão de ouro!
As negras são divinas. Os recursos à la Matrix estão sendo muito utilizados, mas na Capoeira ficam muito massa. Ouvi de um filho de Ogum que era a primeira vez que a religião dele era bem representada, que ele ficou com orgulho ao sair do filme.
Eu fiquei cheio de orgulho com os comentarios de meu filho de dez anos e seu amigo ao fim do filme. Muito lindo poder levar as crianças para ver um filme nacional, que realmente tem um enredo bem feito e ainda por cima é a maior diversão.
Acredito que a pesquisa seja muito boa.
A própria filosofia do candomblé torna o filme mais interessante que o normal. Ninguém é 100% bom. Mas o filme não é fábula. É dureza, capoeira, religião e seios.
- Já tinham visto tantas cenas de sexo?
- Nãaao. Claro que não.
É, eles tiveram motivos para gostar. Eu também.
Estava com a maior história de rivalidade Bahia X Pernambuco na cabeça. Vem o filme e bota no lugar as imagens do Recôncavo Baiano e uma música da Nação Zumbi e uma trilha assinada por Pupilo.
Cordão de ouro!
As negras são divinas. Os recursos à la Matrix estão sendo muito utilizados, mas na Capoeira ficam muito massa. Ouvi de um filho de Ogum que era a primeira vez que a religião dele era bem representada, que ele ficou com orgulho ao sair do filme.
Eu fiquei cheio de orgulho com os comentarios de meu filho de dez anos e seu amigo ao fim do filme. Muito lindo poder levar as crianças para ver um filme nacional, que realmente tem um enredo bem feito e ainda por cima é a maior diversão.
Acredito que a pesquisa seja muito boa.
A própria filosofia do candomblé torna o filme mais interessante que o normal. Ninguém é 100% bom. Mas o filme não é fábula. É dureza, capoeira, religião e seios.
- Já tinham visto tantas cenas de sexo?
- Nãaao. Claro que não.
É, eles tiveram motivos para gostar. Eu também.
24.11.09
Yorubá
Estou fazendo um curso de introdução à linguagem Yorubá. Tive a primeira aula ontem de noite. Ainda estou sob o impacto da beleza dos cânticos da gente de terreiro. Muito bonita aquela língua cantada.
Ali sou totalmente aprendiz. A turma tem uns três ou quatro gestores públicos, como eu, mas é formada basicamente por babalorixás e yalorixás.
Entreguei uma história em quadrinhos hoje para Chico e ficamos os dois conversando sobre a beleza dessa religião. Me impressiona muito o quanto essa sabedoria é de conhecimento de poucos.
Meus primeiros pensamentos. É preciso defender o estudo e a pesquisa em cima dos terreiros de Pernambuco. Temos ainda alguns mestres que guardam conhecimento impagável. Mas estamos muito longe ainda do que se produz de informação sobre a cultura afro-brasileira na Bahia, que ainda é muito pouco guardada a importância que isso tem.
Tenho pensado outras coisas, mas as vezes é preciso calar.
Ali sou totalmente aprendiz. A turma tem uns três ou quatro gestores públicos, como eu, mas é formada basicamente por babalorixás e yalorixás.
Entreguei uma história em quadrinhos hoje para Chico e ficamos os dois conversando sobre a beleza dessa religião. Me impressiona muito o quanto essa sabedoria é de conhecimento de poucos.
Meus primeiros pensamentos. É preciso defender o estudo e a pesquisa em cima dos terreiros de Pernambuco. Temos ainda alguns mestres que guardam conhecimento impagável. Mas estamos muito longe ainda do que se produz de informação sobre a cultura afro-brasileira na Bahia, que ainda é muito pouco guardada a importância que isso tem.
Tenho pensado outras coisas, mas as vezes é preciso calar.
Nota de Inaldo Sampaio e comentário
Qual alvo? – Sempre que Fernando Bezerra Coelho (PSB) abria a boca dizendo que postula a candidatura ao Senado dentro do seu próprio partido, João Paulo (PT) se considerava o alvo dele e Armando Monteiro Neto (PTB) também. Mas ambos se equivocavam.
Será que o alvo era o vice-governador João Lyra Neto? Se for o caso o cargo fica com Humberto Costa. É a única interpretação que consegui fazer.
Será que o alvo era o vice-governador João Lyra Neto? Se for o caso o cargo fica com Humberto Costa. É a única interpretação que consegui fazer.
20.11.09
A tentação de Dudu
O governador Eduardo Campos tem tudo a perder. Na situação que está atualmente tem uma chapa imbatível. Tudo correndo tranquilo seria inevitável eleger dois senadores e conseguir sua reeleição.
Mas ninguém me tira da cabeça que os grandes adversários dele em Pernambuco são os petistas. Por mais que tenha criado uma boa relação com Humberto Costa, o grupo de João Paulo nunca foi engolido e por isso está saindo tão cedo do Governo do Estado.
A grande dúvida é quanto ao cenário nacional. Ele deve embarcar numa candidatura dificílima que será a de Dilma Roussef. A ministra pode ser uma excelente técnica, mas não dá filme. Não tem a menor poesia em cima da figura dela.
A outra opção dele vem de Minas com escala na capital cearense. É apostar na reconstituição de um capítulo perdido na história do nosso País. Aécio Neves é de Tancredo o mesmo que Eduardo Campos é de Miguel Arraes.
Eduardo seria, apostando neste cenário, o que Sarney e Renan são no Governo Lula. O resumo da ópera. Ou, em linguagem de política, a iminência parda.
Mas ninguém me tira da cabeça que os grandes adversários dele em Pernambuco são os petistas. Por mais que tenha criado uma boa relação com Humberto Costa, o grupo de João Paulo nunca foi engolido e por isso está saindo tão cedo do Governo do Estado.
A grande dúvida é quanto ao cenário nacional. Ele deve embarcar numa candidatura dificílima que será a de Dilma Roussef. A ministra pode ser uma excelente técnica, mas não dá filme. Não tem a menor poesia em cima da figura dela.
A outra opção dele vem de Minas com escala na capital cearense. É apostar na reconstituição de um capítulo perdido na história do nosso País. Aécio Neves é de Tancredo o mesmo que Eduardo Campos é de Miguel Arraes.
Eduardo seria, apostando neste cenário, o que Sarney e Renan são no Governo Lula. O resumo da ópera. Ou, em linguagem de política, a iminência parda.
10.11.09
Quem quer ser um milionário?
eu ontem disse a Tuti que o negócio dele é bebidas
para ele comprar a fábrica de polpa de meu Tio
Cyntia diz:
e colocar vodka na polpa!
kkk
ia dar muito dinheiro essa tua idéia
um frozen já preparado de vodka com polpa
você é uma gênia
!!!
para ele comprar a fábrica de polpa de meu Tio
Cyntia diz:
e colocar vodka na polpa!
kkk
www.horoscopo.blogspot.com diz:
ahn???Cyntia diz:
concordo que o negócio de tuti é bebidas, mas bebidas alcoólicas. Ou seja, tem q colocar vodka na polpa de fruta de teu tiowww.horoscopo.blogspot.com diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkia dar muito dinheiro essa tua idéia
um frozen já preparado de vodka com polpa
você é uma gênia
!!!
9.11.09
Salvem a Baía da Guanabara
Meu avô contava que quando era jovem nadava da praia de Botafogo até não ver mais os prédios e voltava para a orla. Essa história me fascinava pois falava de um Rio de edificações que não eram tão altas e de um mar sem sujeira. Além de um carioca saldável, que mostra claramente o quanto essa história de geração saúde é antiga na então Capital Federal.
O velejador Lars Grael, um dos maiores atletas olímpicos da história brasileira, essa semana deu uma entrevista defendendo a mudança das competições de vela para Búzios. Os argumentos são fortes. "A raia da Baía de Guanabara é pequena para todas as classes de vela e o vento muito inconstante - no Pan-Americano de 2007, a vela atrasou e teve um dia de regatas cancelados por falta de vento. Logo, o Rio não atende a essa necessidade. Para abrigar todas as raias, o Rio-2016 teria de sair da baía. Em Búzios, existe espaço para todos os campos de regata e as variações de vento e condições climáticas em geral são mais adequadas à vela".
Não tenho como discordar do cara em argumentos esportivos. No entanto, apesar de admirador da vela vejo como prioridade para o Brasil o investimento na baía de Guanabara.
Imaginar que as Olimpíadas seriam um fato suficiente para devolver ao Brasil as 44 praias da Baía de Guanabara para mim já seria argumento suficiente para todo o investimento em 2016.
Ganham todos os moradores do Rio de Janeiro. Quem mora em Botafogo vai poder usar a praia, vai ter seu imóvel valorizado, mas vai também abrir espaço em Ipanema para o morador que não aguentava mais tanta gente no seu quintal. Imaginemos o efeito financeiro dessa operação de limpeza, mesmo que em 2016 estejamos somente no meio do processo, sobre os já valorizados imóveis da capital carioca?
Mas, fora isso, estamos falando também de devolver praias a uma população enorme de lugares que são considerados periferia. Vou estudar mais e completo o post. O tema é mais interessante do que eu imaginava.
http://www.portalbaiadeguanabara.com.br/
O velejador Lars Grael, um dos maiores atletas olímpicos da história brasileira, essa semana deu uma entrevista defendendo a mudança das competições de vela para Búzios. Os argumentos são fortes. "A raia da Baía de Guanabara é pequena para todas as classes de vela e o vento muito inconstante - no Pan-Americano de 2007, a vela atrasou e teve um dia de regatas cancelados por falta de vento. Logo, o Rio não atende a essa necessidade. Para abrigar todas as raias, o Rio-2016 teria de sair da baía. Em Búzios, existe espaço para todos os campos de regata e as variações de vento e condições climáticas em geral são mais adequadas à vela".
Não tenho como discordar do cara em argumentos esportivos. No entanto, apesar de admirador da vela vejo como prioridade para o Brasil o investimento na baía de Guanabara.
Imaginar que as Olimpíadas seriam um fato suficiente para devolver ao Brasil as 44 praias da Baía de Guanabara para mim já seria argumento suficiente para todo o investimento em 2016.
Ganham todos os moradores do Rio de Janeiro. Quem mora em Botafogo vai poder usar a praia, vai ter seu imóvel valorizado, mas vai também abrir espaço em Ipanema para o morador que não aguentava mais tanta gente no seu quintal. Imaginemos o efeito financeiro dessa operação de limpeza, mesmo que em 2016 estejamos somente no meio do processo, sobre os já valorizados imóveis da capital carioca?
Mas, fora isso, estamos falando também de devolver praias a uma população enorme de lugares que são considerados periferia. Vou estudar mais e completo o post. O tema é mais interessante do que eu imaginava.
http://www.portalbaiadeguanabara.com.br/
8.11.09
Cubalançando
Li Viagem ao Crepúsculo de uma tacada só. Comprei na Bienal do Livro, deitei ao lado de Chico e passamos a tarde em silêncio. Ele lendo os mangás que tinha ganho de presente do Dia das Crianças e eu reconhecendo as mau traçadas do meu velho professor de Técnicas de Reportagem.
Samarone Lima entra em uma lista de poucos grandes mestres que tive na vida. Sempre tive pena dele não ter continuado como professor da Universidade Católica de Pernambuco, seria um belo substituto para a minha querida Marinita Neves na disciplina de sensibilidade estética e social avançada.
Felizmente, no ano passado peguei uma carona com ele entre o Aeroporto de Brasília e o hotel onde ele se hospedava, em que ele me relatou a problemática do projeto Oi Kabum, especialmente depois da saída do seu fundador, Ricardo Melo.
Foi bom saber que ele continua se interessando e fazendo coisas boas nessa vida. Viagem ao Crepúsculo foi mais uma demonstração da dedicação e competência desse cara.
Cuba foi um tema da geração dos meus pais. Infelizmente, os mesmos dilemas do povo cubano continuam no Século XXI. Botei ai embaixo a tradução de uma postagem de hoje do blog Generacion Y. Leiam. A blogueira Yoani Sanchez foi sequestrada e sofreu agressões quando ia participar de um protesto anti-violência. Surreal!!!
Para quem não acreditar dou a dica. Aproveite o domingo, vá ao Poço da Panela, tome uma cerveja na barraca de Seu Vital e compre um exemplar de Viagem ao Crepúsculo. O livro mostra aquela mesma realidade que minha mãe relatou quando foi à ilha de Fidel Castro na Década de 90.
Um país miserável. Uma população amedrontada pela sistemática perseguição. A imprensa amordaçada. Profissionais de qualidade sendo forçados a exercerem funções indignas no mercado negro da ilha. Pessoas doentes se submetendo a situações vexatórias, no que não é mais um belo exemplo de sistema de saúde (o livro serve como contra-ponto ao filme de Michel Moore que tem uma cena sobre Cuba).
Nunca estive na ilha. Espero ter a oportunidade de ir ver um país livre da Ditadura. Isso se torna uma promessa, só vou a Cuba quando acabar o mais longo período repressivo da América Latina. Mas tive esses dois relatos de pessoas que são mais socialistas do que eu, minha mãe e Samarone.
Sou também leitor de Pedro Juan Gutierrez. Tenho todos os livros que ele publicou. Ele conta a mesma situação absurda na sua ficção e se nega a discutir política em entrevistas. Evidentemente, lhe falta coragem para algumas coisas, mas os seus relatos são mordazes.
De que adianta ter um ótimo sistema de ensino, se na vida real as crianças cubanas são levadas à Escola da Mula Sem Cabeça? Obrigadas a viver na roda viva entre pedir esmolas e assaltar os turistas mais bobos. Minha mãe foi vítima de um roubo em seu primeiro dia de viagem, pois seu grupo de amigos intelectuais esquerdistas decidiu dar bandeira pelas ruas de Havana Velha. Samarone com aquela barba todinha de malandro porto-riquenho ainda correu de uma galera de adolescentes.
Não vou ficar fazendo crítica literária depois de um absurdo como esses, mas deixo só minha dica. Leiam o post ai embaixo e comprem Viagem ao Crepúsculo. Imperdível, para quem quer entender o que realmente se passa em Cuba.
O blog de Sama: www.estuario.com.br
Secuestro estilo camorra
Do: http://www.desdecuba.com/generaciony/
Por: Yoani Sanchez
Próximo da rua 23 e exatamente no trevo da Avenida de los Presidentes foi que vimos chegar num automóvel preto - de fabricação chinesa - tres robustos desconhecidos: “Yoani, entre no automóvel” me disse um enquanto me continha fortemente pela mão. Os outros dois rodeavam Claudia Cadelo, Orlando Luís Lazo e uma amiga que nos acompanhava para uma marcha contra a violência. Ironias da vida, foi uma tarde cheia de golpes, gritos e palavrões que deveria transcorrer como uma jornada de paz e concórdia. Os mesmos “agressores” chamaram uma patrulha que levou minhas outras duas acompanhantes, Orlando e eu estávamos condenados ao automóvel de chapa amarela, ao pavoroso terreno da ilegalidade e à impunidade do Armagedón.
Neguei-me a subir no brilhante Geely e exigimos que nos mostrassem uma identificação ou uma ordem judicial para levar-nos. Claro que não mostraram nenhum papel que provasse a legitimidade de nossa prisão. Os curiosos se comprimiam ao redor e eu gritava “Ajuda, estes homens querem nos sequestrar”, porém eles pararam os que queriam intervir com um grito que revelava todo o fundo ideológico da operação: “Não se metam, estes são uns contrarrevolucionários”. Ante nossa resistência verbal, pegaram o telefone e disseram à alguém que devia ser o chefe: O que fazemos? Não querem entrar no automóvel”. Imagino que do outro lado a resposta foi taxativa, porque depois veio uma explosão de golpes, empurrões, me levaram de cabeça para baixo e tentaram enfiar-me no carro. Resisti na porta…golpes nas juntas…consegui pegar um papel que um deles levava no bolso e o meti na boca. Outra explosão de golpes para que devolvesse o documento.
Orlando estava dentro, imobilizado numa chave de karatê que o mantinha com a cabeça colada no chão. Um pôs seu joelho sobre meu peito e o outro, do assento da frente me batia na região dos rins e me golpeava a cabeça para que eu abrisse a boca e soltasse o papel. Num momento, sentí que nunca sairia daquele automóvel. “Chegaste até aqui Yoani”, “Acabaram tuas palhaçadas” disse o que ia sentado ao lado do chofer e que me puxava o cabelo. No assento de trás um espetáculo invulgar acontecia: minhas pernas para cima, meu rosto avermelhado pela pressão e o corpo dolorido, do outro lado estava Orlando restringido por um profissional da surra. Só consegui agarrrar este - através das calças - nos testículos, num ato de desespero. Afundei minhas unhas, supondo que ele iria continuar esmagando meu peito até o último suspiro. “Mate-me já” gritei, com o último fôlego que me restava e o que ia na parte da frente advertiu ao mais jovem “Deixe-a respirar”.
Escutava Orlando ofegar e os golpes continuavam caindo sobre nós, pensei em abrir a porta e atirar-me, porém não havia uma maçaneta por dentro. estávamos a mercê deles e escutar a voz de Orlando me dava ânimo. depois ele me disse que o mesmo ocorria com as minhas palavras entrecortadas…elas lhe diziam “Yoani continua viva”. Nos descartaram doloridos numa rua de la Timba, uma mulher acercou-se “O que lhes aconteceu?”… “Um sequestro”, atinei de dizer. Choramos abraçados no meio da calçada, pensava em Teo, por Deus como vou explicar-lhe todos esses hematomas. Como vou dizer-lhe que vive num país onde isto acontece, como vou olhá-lo e contar-lhe que a sua mãe, por escrever um blog e por suas opiniões em kilobytes, foi agredida em plena rua. Como descrever-lhe a cara despótica dos que nos colocaram a força naquele automóvel, o prazer que se notava ao pegar-nos, ao levantar minha saia e arrastar-me semi-nua até o carro.
Consegui ver, não obstante, o grau de temor de nossos atacantes, o medo ao novo, ao que não podem destruir porque não compreendem, o terror valentão dos que sabem que tem seus dias contados.
Traduzido por Humberto Sisley de Souza Neto
Por: Yoani Sanchez
Próximo da rua 23 e exatamente no trevo da Avenida de los Presidentes foi que vimos chegar num automóvel preto - de fabricação chinesa - tres robustos desconhecidos: “Yoani, entre no automóvel” me disse um enquanto me continha fortemente pela mão. Os outros dois rodeavam Claudia Cadelo, Orlando Luís Lazo e uma amiga que nos acompanhava para uma marcha contra a violência. Ironias da vida, foi uma tarde cheia de golpes, gritos e palavrões que deveria transcorrer como uma jornada de paz e concórdia. Os mesmos “agressores” chamaram uma patrulha que levou minhas outras duas acompanhantes, Orlando e eu estávamos condenados ao automóvel de chapa amarela, ao pavoroso terreno da ilegalidade e à impunidade do Armagedón.
Neguei-me a subir no brilhante Geely e exigimos que nos mostrassem uma identificação ou uma ordem judicial para levar-nos. Claro que não mostraram nenhum papel que provasse a legitimidade de nossa prisão. Os curiosos se comprimiam ao redor e eu gritava “Ajuda, estes homens querem nos sequestrar”, porém eles pararam os que queriam intervir com um grito que revelava todo o fundo ideológico da operação: “Não se metam, estes são uns contrarrevolucionários”. Ante nossa resistência verbal, pegaram o telefone e disseram à alguém que devia ser o chefe: O que fazemos? Não querem entrar no automóvel”. Imagino que do outro lado a resposta foi taxativa, porque depois veio uma explosão de golpes, empurrões, me levaram de cabeça para baixo e tentaram enfiar-me no carro. Resisti na porta…golpes nas juntas…consegui pegar um papel que um deles levava no bolso e o meti na boca. Outra explosão de golpes para que devolvesse o documento.
Orlando estava dentro, imobilizado numa chave de karatê que o mantinha com a cabeça colada no chão. Um pôs seu joelho sobre meu peito e o outro, do assento da frente me batia na região dos rins e me golpeava a cabeça para que eu abrisse a boca e soltasse o papel. Num momento, sentí que nunca sairia daquele automóvel. “Chegaste até aqui Yoani”, “Acabaram tuas palhaçadas” disse o que ia sentado ao lado do chofer e que me puxava o cabelo. No assento de trás um espetáculo invulgar acontecia: minhas pernas para cima, meu rosto avermelhado pela pressão e o corpo dolorido, do outro lado estava Orlando restringido por um profissional da surra. Só consegui agarrrar este - através das calças - nos testículos, num ato de desespero. Afundei minhas unhas, supondo que ele iria continuar esmagando meu peito até o último suspiro. “Mate-me já” gritei, com o último fôlego que me restava e o que ia na parte da frente advertiu ao mais jovem “Deixe-a respirar”.
Escutava Orlando ofegar e os golpes continuavam caindo sobre nós, pensei em abrir a porta e atirar-me, porém não havia uma maçaneta por dentro. estávamos a mercê deles e escutar a voz de Orlando me dava ânimo. depois ele me disse que o mesmo ocorria com as minhas palavras entrecortadas…elas lhe diziam “Yoani continua viva”. Nos descartaram doloridos numa rua de la Timba, uma mulher acercou-se “O que lhes aconteceu?”… “Um sequestro”, atinei de dizer. Choramos abraçados no meio da calçada, pensava em Teo, por Deus como vou explicar-lhe todos esses hematomas. Como vou dizer-lhe que vive num país onde isto acontece, como vou olhá-lo e contar-lhe que a sua mãe, por escrever um blog e por suas opiniões em kilobytes, foi agredida em plena rua. Como descrever-lhe a cara despótica dos que nos colocaram a força naquele automóvel, o prazer que se notava ao pegar-nos, ao levantar minha saia e arrastar-me semi-nua até o carro.
Consegui ver, não obstante, o grau de temor de nossos atacantes, o medo ao novo, ao que não podem destruir porque não compreendem, o terror valentão dos que sabem que tem seus dias contados.
Traduzido por Humberto Sisley de Souza Neto
6.11.09
A candidatura de Marina
Eu e Bernardo iniciamos uma discussão via comentários sobre a candidatura de Marina. Para não ficar parecendo um bate-boca, decidi escrever algo sobre o que penso das eleições presidenciais do ano que vem.
Durante o Governo Fernando Henrique Cardozo, eu fazia parte de uma minoria entre os meus amigos que via coisas muito positivas na gestão tucana. Da mesma maneira, vejo muitas coisas boas nos oito anos de Lula. Não diria que sou defensor de nenhum dos dois presidentes, mas é evidente que foi um salto enorme para quem vinha de Ditadura, Sarney e Collor.
O debate político no Brasil estava meio estagnado. O tempo que passei, entre 2007 e 2008, em Brasília foi justamente um momento de total falta de esperança. Após o mensalão, as denúncias de corrupção continuavam a aparecer e já eram acompanhadas pela mídia com uma certeza de que tudo terminaria em pizza. Ao mesmo tempo, ideologicamente o debate foi ficando cada vez mais ralo.
O PT fez um Governo de coalizão com a direita. Perdeu seus quadros ideológicos: Marina, Paulo Rubem, Chico Alencar. A oposição demorou para conseguir um discurso que realmente pegasse. A questão ética, que foi a grande aposta, naquele fim do primeiro Governo Lula, acabou não sendo suficiente para diminuir a popularidade do presidente.
Para onde iríamos? Teve uma hora, sinceramente, que cansei de achar que o problema do Brasil é simplesmente a roubalheira. Como é que vai se enfrentar a corrupção com uma mídia desqualificada e um sistema jurídico completamente viciado?
A candidatura de Cristovam Buarque cantou uma pedra. Vamos voltar à Educação.
Honestamente, é a questão que eu mais elogio no Governo Lula. Por ter voltado a fazer investimento nas universidades públicas. O Prouni é uma grande falácia, pois as faculdades particulares são péssimas, mas é uma oportunidade que milhares de jovens estão tendo e especialmente no Nordeste e em regiões pobres tem seu valor. Digo isso com toda a experiência de quem tem ao lado na minha sala pessoas que honestamente eu imagino que não seriam hoje bons jornalistas sem esse programa.
Mas falta muito para ser um ponto fundamental deste Governo.
Os fundamentos da economia, e ai vai ser uma discussão eterna, vieram do Governo do PSDB. Lembro que conversei muito sobre isso com Paulinho. Ele, assessor do Ministério da Fazenda durante a segunda gestão FHC, dizia que Lula não saberia superar a crise no mercado de ações e tals. Eu dizia exatamente o que digo até hoje, ele fará mais do mesmo e vai tudo acabar se normalizando.
Enfim, chegou a um ponto que os próprios tucanos (Armínio Fraga!) reclamam dos juros altos.
Não tenho certeza ainda do meu voto em Marina no ano que vem. Mas acho que dificilmente uma candidatura me fará ter tanta vontade de discutir a política brasileira como o que tenho sentido a partir dessa perspectiva.
Quer dizer, via cada vez mais o Brasil com um sistema partidário semelhante ao dos Estados Unidos. Os democratas e os republicanos, que têm exatamente o mesmo discurso, e discordam em questões éticas ou relativas a setores específicos. Aqui, é piorado porque os lobistas que vivem em Brasília não têm carteirinha de profissional, mas têm mandato parlamentar.
Como tratar com a bancada ruralista? O que sei é que a política de aliança implementada pelo Governo Lula não deu certo. Eles são um grupo que têm compromisso primeiramente com o grupo econômico que representam. E assim é também com os representantes das igrejas protestantes, com os defensores de conglomerados educacionais privados, das entidades pseudo-beneficientes...
Espero que Marina vá para o pau. Tenho conciência de que isso pode significar uma decisão que vá trancar a pauta no Congresso e possivelmente impossibilitar a realização de uma gestão bem avaliada. Mas é o processo histórico. Têm enfrentamentos que precisam ser realizados, mesmo que sejam infrutíferos neste momento. Agora, eu não sei se é isso que aconteceria numa hipotética gestão do Partido Verde.
O que sei é que quando ela saiu do PT e começou a receber as críticas, de gente que a acusava de estar sendo financiada pela oposição, eu sonhei que ela procurasse o P-Sol para uma aliança. Foi o primeiro movimento político que ela fez e me parece ser uma estratégia boa eleitoralmente e politicamente para ambos os partidos e especialmente rica para o País, por criar uma terceira via com um discurso realmente dissociado do que vem sendo falado pelos grupos majoritários politicamente no Brasil.
Durante o Governo Fernando Henrique Cardozo, eu fazia parte de uma minoria entre os meus amigos que via coisas muito positivas na gestão tucana. Da mesma maneira, vejo muitas coisas boas nos oito anos de Lula. Não diria que sou defensor de nenhum dos dois presidentes, mas é evidente que foi um salto enorme para quem vinha de Ditadura, Sarney e Collor.
O debate político no Brasil estava meio estagnado. O tempo que passei, entre 2007 e 2008, em Brasília foi justamente um momento de total falta de esperança. Após o mensalão, as denúncias de corrupção continuavam a aparecer e já eram acompanhadas pela mídia com uma certeza de que tudo terminaria em pizza. Ao mesmo tempo, ideologicamente o debate foi ficando cada vez mais ralo.
O PT fez um Governo de coalizão com a direita. Perdeu seus quadros ideológicos: Marina, Paulo Rubem, Chico Alencar. A oposição demorou para conseguir um discurso que realmente pegasse. A questão ética, que foi a grande aposta, naquele fim do primeiro Governo Lula, acabou não sendo suficiente para diminuir a popularidade do presidente.
Para onde iríamos? Teve uma hora, sinceramente, que cansei de achar que o problema do Brasil é simplesmente a roubalheira. Como é que vai se enfrentar a corrupção com uma mídia desqualificada e um sistema jurídico completamente viciado?
A candidatura de Cristovam Buarque cantou uma pedra. Vamos voltar à Educação.
Honestamente, é a questão que eu mais elogio no Governo Lula. Por ter voltado a fazer investimento nas universidades públicas. O Prouni é uma grande falácia, pois as faculdades particulares são péssimas, mas é uma oportunidade que milhares de jovens estão tendo e especialmente no Nordeste e em regiões pobres tem seu valor. Digo isso com toda a experiência de quem tem ao lado na minha sala pessoas que honestamente eu imagino que não seriam hoje bons jornalistas sem esse programa.
Mas falta muito para ser um ponto fundamental deste Governo.
Os fundamentos da economia, e ai vai ser uma discussão eterna, vieram do Governo do PSDB. Lembro que conversei muito sobre isso com Paulinho. Ele, assessor do Ministério da Fazenda durante a segunda gestão FHC, dizia que Lula não saberia superar a crise no mercado de ações e tals. Eu dizia exatamente o que digo até hoje, ele fará mais do mesmo e vai tudo acabar se normalizando.
Enfim, chegou a um ponto que os próprios tucanos (Armínio Fraga!) reclamam dos juros altos.
Não tenho certeza ainda do meu voto em Marina no ano que vem. Mas acho que dificilmente uma candidatura me fará ter tanta vontade de discutir a política brasileira como o que tenho sentido a partir dessa perspectiva.
Quer dizer, via cada vez mais o Brasil com um sistema partidário semelhante ao dos Estados Unidos. Os democratas e os republicanos, que têm exatamente o mesmo discurso, e discordam em questões éticas ou relativas a setores específicos. Aqui, é piorado porque os lobistas que vivem em Brasília não têm carteirinha de profissional, mas têm mandato parlamentar.
Como tratar com a bancada ruralista? O que sei é que a política de aliança implementada pelo Governo Lula não deu certo. Eles são um grupo que têm compromisso primeiramente com o grupo econômico que representam. E assim é também com os representantes das igrejas protestantes, com os defensores de conglomerados educacionais privados, das entidades pseudo-beneficientes...
Espero que Marina vá para o pau. Tenho conciência de que isso pode significar uma decisão que vá trancar a pauta no Congresso e possivelmente impossibilitar a realização de uma gestão bem avaliada. Mas é o processo histórico. Têm enfrentamentos que precisam ser realizados, mesmo que sejam infrutíferos neste momento. Agora, eu não sei se é isso que aconteceria numa hipotética gestão do Partido Verde.
O que sei é que quando ela saiu do PT e começou a receber as críticas, de gente que a acusava de estar sendo financiada pela oposição, eu sonhei que ela procurasse o P-Sol para uma aliança. Foi o primeiro movimento político que ela fez e me parece ser uma estratégia boa eleitoralmente e politicamente para ambos os partidos e especialmente rica para o País, por criar uma terceira via com um discurso realmente dissociado do que vem sendo falado pelos grupos majoritários politicamente no Brasil.
4.11.09
Para Edilson Silva, aproximação entre Marina Silva e PSOL tira a paz de Zé Dirceu
POSTADO ÀS 09:48 EM 04 DE Novembro DE 2009
Por Edilson Silva
Está lá no blog do Zé Dirceu: “Marina candidata dá adeus à coerência. Ao aliar-se ao PSOL, a senadora Marina Silva (PV-AC), presidenciável de seu partido, coloca-se na oposição radical não só ao governo Lula, como ao PT. Rompe, assim, totalmente com o seu passado e revela o caráter não programático de sua candidatura (...)”.
O posicionamento de Zé Dirceu se deu logo após declarações de Marina Silva à imprensa afirmando que busca apoio do PSOL à sua candidatura. Não vamos aqui discutir a autoridade de Zé Dirceu para tocar no tema coerência.
O capo do PT, ao acusar o golpe preventivamente, dá por tabela um recado curto e grosso: a candidatura de Dilma Roussef treme diante da possibilidade de aliança entre Marina Silva e o PSOL, cujo símbolo junto ao povo é a futura senadora por Alagoas, Heloisa Helena. Ele sabe que o resultado da química entre estes dois pólos pode ser muito maior do que uma simples soma de percentuais em pesquisas de intenção de voto, e que pode ter desdobramentos pós-eleitorais nada animadores para ele e sua forma condenável de fazer política.
Mas, obviamente, o objetivo do líder petista ao voltar suas baterias contra Marina Silva e o PSOL não é dar este aviso ao mundo e demonstrar esta fraqueza, o que seria um desserviço ao seu campo político. Sua declaração tem outros objetivos: por um lado provocar Marina Silva ou seus interlocutores para que desmintam a afirmação de que sua candidatura é de oposição radical ao governo Lula e ao PT, e por outro tentar amarrar a base eleitoral e militante do PT, acusando Marina Silva de rompimento com seu passado, trazendo a idéia de abandono e traição.
Zé Dirceu está preocupado em ganhar a eleição de 2010, mas está preocupado também com a manutenção da musculatura militante do PT e da ex-esquerda que ele representa. Ao tentar arrancar declarações de Marina Silva contra a “oposição radical a Lula e o PT”, tenta transformar o potencial diálogo entre esta e o PSOL numa torre de Babel.
Zé Dirceu pode ser tudo, menos burro. Ele está disputando o perfil da candidatura de Marina Silva, que com seu simples gesto mais à esquerda gerou esta inquietação na cúpula petista. Que venham mais gestos nesta direção por parte de Marina Silva e que ninguém do lado de cá caia nas provocações primárias de Zé Dirceu. A reorganização de uma esquerda autêntica, coerente e com força política, agradece.
PS: Edilson ( www.twitter.com/EdilsonPSOL ) é presidente do PSOL-PE e membro da Direção Executiva Nacional do PSOL.
PS2: Nunca postei nada de Edilson, mas esse artigo achei extremamente coerente.
Por Edilson Silva
Está lá no blog do Zé Dirceu: “Marina candidata dá adeus à coerência. Ao aliar-se ao PSOL, a senadora Marina Silva (PV-AC), presidenciável de seu partido, coloca-se na oposição radical não só ao governo Lula, como ao PT. Rompe, assim, totalmente com o seu passado e revela o caráter não programático de sua candidatura (...)”.
O posicionamento de Zé Dirceu se deu logo após declarações de Marina Silva à imprensa afirmando que busca apoio do PSOL à sua candidatura. Não vamos aqui discutir a autoridade de Zé Dirceu para tocar no tema coerência.
O capo do PT, ao acusar o golpe preventivamente, dá por tabela um recado curto e grosso: a candidatura de Dilma Roussef treme diante da possibilidade de aliança entre Marina Silva e o PSOL, cujo símbolo junto ao povo é a futura senadora por Alagoas, Heloisa Helena. Ele sabe que o resultado da química entre estes dois pólos pode ser muito maior do que uma simples soma de percentuais em pesquisas de intenção de voto, e que pode ter desdobramentos pós-eleitorais nada animadores para ele e sua forma condenável de fazer política.
Mas, obviamente, o objetivo do líder petista ao voltar suas baterias contra Marina Silva e o PSOL não é dar este aviso ao mundo e demonstrar esta fraqueza, o que seria um desserviço ao seu campo político. Sua declaração tem outros objetivos: por um lado provocar Marina Silva ou seus interlocutores para que desmintam a afirmação de que sua candidatura é de oposição radical ao governo Lula e ao PT, e por outro tentar amarrar a base eleitoral e militante do PT, acusando Marina Silva de rompimento com seu passado, trazendo a idéia de abandono e traição.
Zé Dirceu está preocupado em ganhar a eleição de 2010, mas está preocupado também com a manutenção da musculatura militante do PT e da ex-esquerda que ele representa. Ao tentar arrancar declarações de Marina Silva contra a “oposição radical a Lula e o PT”, tenta transformar o potencial diálogo entre esta e o PSOL numa torre de Babel.
Zé Dirceu pode ser tudo, menos burro. Ele está disputando o perfil da candidatura de Marina Silva, que com seu simples gesto mais à esquerda gerou esta inquietação na cúpula petista. Que venham mais gestos nesta direção por parte de Marina Silva e que ninguém do lado de cá caia nas provocações primárias de Zé Dirceu. A reorganização de uma esquerda autêntica, coerente e com força política, agradece.
PS: Edilson ( www.twitter.com/EdilsonPSOL ) é presidente do PSOL-PE e membro da Direção Executiva Nacional do PSOL.
PS2: Nunca postei nada de Edilson, mas esse artigo achei extremamente coerente.
3.11.09
Uma difícil (e importante) aliança
Quando surgiu a possibilidade de uma candidatura de Marina Silva pelo PV fiquei achando que a maior dificuldade seria a da candidata lidar com um partido sem identidade ideológica.
O Partido Verde tem um discurso que o une: a questão ecológica. Fora isso, é formado por aglomerados regionais. Um mini PMDB, que tem oposicionistas pela Esquerda (Gabeira), pela Direita (Daniel Coelho) e talvez uma maioria que tenha certa identidade com o Governo Federal (o filho de Sarney).
Marina entra e começa a se colocar como possível candidata e seu primeiro movimento é buscar uma aliança com o P-Sol. Para mim, é uma demonstração de maturidade e competência dessa pequena mulher acreana. Resta saber se Chico Alencar e companhia terão condições de dar uma resposta à altura.
O P-Sol, ao contrário do que diz Zé Dirceu e do que gostam de dizer os seus militantes, nunca fez uma oposição radical. No Congresso Nacional, não foram poucas as vezes em que os parlamentares do partido assumiram uma posição favorável ao Governo.
Até sua marca mostra o que eles são realmente. O Sol é uma estrela. Por sinal, a nossa. Não é Marte, que na calada da noite nos engana e chegamos a pensar que seja a maior de todas. Uma delas.
É um grupo que se identifica com os mesmos princípios que formaram o Partido dos Trabalhadores, mas que em certo momento disse um basta. Não conseguiram mais conviver com as incoerências do exercício do Poder pelo Governo Lula.
Não vão faltar adversários para essa aliança. Com certeza, a maior chance de Marina Silva ganhar o que mais lhe faltaria em sua candidatura, uma base ideológica e de militantes com disposição para o trabalho político.
Pode ficar preocupado Zé Dirceu. De minha parte, gostaria de ver também o campo de esquerda do PDT nessa discussão da candidatura do PV. Mas acho que esses dois partidos juntos já podem fazer com que o nível das eleições de 2010 suba muito, muito mesmo.
Fico feliz de imaginar. Chico Alencar e Marina no Rio. Ivan Valente e Marina em São Paulo. Nosso vereador do Greenpeace e Marina no Ceará. A filha de Tarso Genro e Marina no Rio Grande do Sul (essa união é mais engraçada e surreal!). Heloisa e Marina nas Alagos também. Faz parte.
Essa aliança não é importante somente para o PV, é principalmente o teste de fogo do P-Sol. Vejamos se eles conseguem traçar um caminho diferente do que era o PT e mais ainda do que é atualmente o partido onde eles fizeram a maior parte das suas vidas políticas.
O Partido Verde tem um discurso que o une: a questão ecológica. Fora isso, é formado por aglomerados regionais. Um mini PMDB, que tem oposicionistas pela Esquerda (Gabeira), pela Direita (Daniel Coelho) e talvez uma maioria que tenha certa identidade com o Governo Federal (o filho de Sarney).
Marina entra e começa a se colocar como possível candidata e seu primeiro movimento é buscar uma aliança com o P-Sol. Para mim, é uma demonstração de maturidade e competência dessa pequena mulher acreana. Resta saber se Chico Alencar e companhia terão condições de dar uma resposta à altura.
O P-Sol, ao contrário do que diz Zé Dirceu e do que gostam de dizer os seus militantes, nunca fez uma oposição radical. No Congresso Nacional, não foram poucas as vezes em que os parlamentares do partido assumiram uma posição favorável ao Governo.
Até sua marca mostra o que eles são realmente. O Sol é uma estrela. Por sinal, a nossa. Não é Marte, que na calada da noite nos engana e chegamos a pensar que seja a maior de todas. Uma delas.
É um grupo que se identifica com os mesmos princípios que formaram o Partido dos Trabalhadores, mas que em certo momento disse um basta. Não conseguiram mais conviver com as incoerências do exercício do Poder pelo Governo Lula.
Não vão faltar adversários para essa aliança. Com certeza, a maior chance de Marina Silva ganhar o que mais lhe faltaria em sua candidatura, uma base ideológica e de militantes com disposição para o trabalho político.
Pode ficar preocupado Zé Dirceu. De minha parte, gostaria de ver também o campo de esquerda do PDT nessa discussão da candidatura do PV. Mas acho que esses dois partidos juntos já podem fazer com que o nível das eleições de 2010 suba muito, muito mesmo.
Fico feliz de imaginar. Chico Alencar e Marina no Rio. Ivan Valente e Marina em São Paulo. Nosso vereador do Greenpeace e Marina no Ceará. A filha de Tarso Genro e Marina no Rio Grande do Sul (essa união é mais engraçada e surreal!). Heloisa e Marina nas Alagos também. Faz parte.
Essa aliança não é importante somente para o PV, é principalmente o teste de fogo do P-Sol. Vejamos se eles conseguem traçar um caminho diferente do que era o PT e mais ainda do que é atualmente o partido onde eles fizeram a maior parte das suas vidas políticas.
DO BLOG DE ZÉ DIRCEU: ALIANÇA PV-P-SOL PREOCUPA PETISTAS
Marina candidata dá adeus à coerência
Ao aliar-se ao PSOL, a senadora Marina Silva (PV-AC), presidenciável de seu partido, coloca-se na oposição radical não só ao governo Lula, como ao PT. Rompe, assim, totalmente com o seu passado e revela o caráter não programático de sua candidatura. Suas alianças irão do PSOL ao PSDB, passando pelo DEM.
Rompe com sua história, repito, e com questões que ela tanto criticou, como a busca dos partidos por alianças para obtenção de maior tempo de campanha na TV e aproximações com o empresariado, que ela está adotando.
Saiu a campo em defesa da adoção de regras claras para a pré-campanha na legislação e critica aparições da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff em eventos e ações do governo federal no período pré-eleitoral.
Marina considerou como campanha, a viagem de inspeção do presidente Lula e da ministra às obras de transposição do rio São Francisco, mas sobre a presença de outros dois presidenciáveis nessa viagem, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), não fala nada (nota abaixo).
Tentativa viola direitos do presidente e da ministra
É risível esse aval que a pré-candidata presidencial do PV, senadora Marina Silva (AC), dá às acusações do PSDB-DEM sobre o caráter eleitoral das inaugurações ou vistorias (post acima).
O fato é que os governadores e todos os prefeitos - dentro do prazo legal - além de governarem, não têm nenhum impedimento legal para visitar e inaugurar obras. Nem Marina os cobra por isso, só ao presidente da República e à ministra Dilma Rousseff.
Essas tentativas de cercear a ação governamental do presidente da República e da Chefe da Casa Civil é que são uma violação do direito deles. Uma tentativa de cercear a ação legal do chefe do governo e da ministra pré-candidata.
Afinal, os adversários de Lula e de Dilma, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves fazem o mesmo em seus Estados e, também, no próprio Nordeste como é público e notório.
Ao aliar-se ao PSOL, a senadora Marina Silva (PV-AC), presidenciável de seu partido, coloca-se na oposição radical não só ao governo Lula, como ao PT. Rompe, assim, totalmente com o seu passado e revela o caráter não programático de sua candidatura. Suas alianças irão do PSOL ao PSDB, passando pelo DEM.
Rompe com sua história, repito, e com questões que ela tanto criticou, como a busca dos partidos por alianças para obtenção de maior tempo de campanha na TV e aproximações com o empresariado, que ela está adotando.
Saiu a campo em defesa da adoção de regras claras para a pré-campanha na legislação e critica aparições da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff em eventos e ações do governo federal no período pré-eleitoral.
Marina considerou como campanha, a viagem de inspeção do presidente Lula e da ministra às obras de transposição do rio São Francisco, mas sobre a presença de outros dois presidenciáveis nessa viagem, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), não fala nada (nota abaixo).
Tentativa viola direitos do presidente e da ministra
É risível esse aval que a pré-candidata presidencial do PV, senadora Marina Silva (AC), dá às acusações do PSDB-DEM sobre o caráter eleitoral das inaugurações ou vistorias (post acima).
O fato é que os governadores e todos os prefeitos - dentro do prazo legal - além de governarem, não têm nenhum impedimento legal para visitar e inaugurar obras. Nem Marina os cobra por isso, só ao presidente da República e à ministra Dilma Rousseff.
Essas tentativas de cercear a ação governamental do presidente da República e da Chefe da Casa Civil é que são uma violação do direito deles. Uma tentativa de cercear a ação legal do chefe do governo e da ministra pré-candidata.
Afinal, os adversários de Lula e de Dilma, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves fazem o mesmo em seus Estados e, também, no próprio Nordeste como é público e notório.
2.11.09
Tarefas para o Brasil olímpico
26 de outubro de 2009
artigo : Aldemir Teles // Mestre em Neurociências
aldemirteles@uol.com.br
O Brasil conquistou, finalmente, o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, após várias candidaturas frustradas. A primeira candidatura ocorreu para os Jogos de 1936, que não obteve nenhum voto, depois para os Jogos de 2004 e 2012. Além do ineditismo de sediar os Jogos pela primeira vez na América do Sul, o Rio de Janeiro será a terceira cidade a receber a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos em um prazo de dois anos. As outras cidades são México, que recebeu os Jogos em 1968 e o Mundial de 1970, e Munique com a Olimpíada em 1972 e a Copa de 1974. A importância dos Jogos Olímpicos não se resume ao espetáculo esportivo capaz de atrair bilhões de espectadores. Os Jogos celebram a convivência harmoniosa entre os povos, através da linguagem universal da beleza atlética e simbolizam um apelo à continuidade do processo civilizador.
A vitória brasileira sobre as cidades concorrentes, com reconhecido poderio econômico, desenvolvimento social e forte tradição cultural, Chicago, Tóquio e Madri, valorizou ainda mais a nossa conquista. Subimos ao pódio onde poucos acreditavam que essa façanha pudesse acontecer agora. Dentre os motivos que nos levaram à conquista destacam-se: o bom momento da economia brasileira e as garantias de investimento do governo, cerca de 29,5 bilhões de reais, o trabalho competente de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), do Ministro dos Esportes Orlando Silva e a perspectiva de descentralização sócio-geográfica, um passo importante para a universalização dos Jogos. Aspectos sentimentais, como a simpatia que os brasileiros despertam mundo afora também podem ter contribuído. Então deu Rio de Janeiro, Brasil. Nada mal para o “último país alegre do mundo”, na opinião do filósofo português Manoel Sérgio ou no dizer do sociólogo italiano Domenico De Masi – “em nenhum outro país do mundo a sensualidade, a oralidade, a alegria e a ‘inclusividade’ conseguem conviver numa síntese tão incandescente”.
Mal terminada a festa e passada a ressaca vamos retornar à realidade. “Sim, nós podemos”, essa é a frase do momento. Nós podemos mesmo? Se não fosse o prazo para a realização do evento, diria que fomos pegos de calça curta. Investimentos e infraestrutura à parte quero referir-me a nossa futura participação. Há tempo carecemos de uma política de esportes consistente, com objetivos claros e prioridades bem definidas. A finalidade primeira para uma nova política de esportes deveria consistir no fomento da cultura esportiva para toda a população, que possa se constituir em importante fator de desenvolvimento social. Talvez esse deva ser o principal legado das Olimpíadas 2016. Considero pouco provável que o desenvolvimento pleno de uma nação possa ocorrer sem investimentos na consolidação da cultura do esporte. Tornar-se uma potência olímpica não deveria ser prioridade, mas poderá ser a consequência natural de uma política bem conduzida. Além do esporte espetáculo, dirigido para potenciais consumidores, fomentar a cultura do esporte significa universalizar a prática esportiva, começando pela escola, a fim de assegurar a formação integral dos jovens e que atenda integralmente os preceitos constitucionais, que asseguram a prática esportiva como um direito de todos os cidadãos e a sua promoção um dever do Estado. A Constituição considera três manifestações do esporte a serem contempladas: o escolar, o de participação e o de rendimento.
Vale lembrar o estudo do IPEA sobre a eficiência da participação dos países nas Olimpíadas de Beijing, 2008. O Brasil obteve 3 medalhas de ouro, 4 de prata e 8 de bronze, mas de acordo com o nosso potencial, deveria ter conquistado 20 medalhas de ouro, 18 de prata e 26 de bronze. Dessa forma teríamos conquistado a 6ª. colocação e nao a 20ª no quadro de medalhas. A avaliação considera a riqueza econômica do país, o tamanho da população e a esperança de vida ao nascer. O estudo revela, enfim a discrepância entre viabilidade econômica e a efetividade da política de esporte.
A contagem regressiva já começou. Os atletas que representarão o Brasil já estão em atividade, a maioria tem entre 10 e 20 anos. Alguns nomes já são conhecidos e certamente representarão o país em 2016, outros serão revelados. Mãos à obra!
artigo : Aldemir Teles // Mestre em Neurociências
aldemirteles@uol.com.br
O Brasil conquistou, finalmente, o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, após várias candidaturas frustradas. A primeira candidatura ocorreu para os Jogos de 1936, que não obteve nenhum voto, depois para os Jogos de 2004 e 2012. Além do ineditismo de sediar os Jogos pela primeira vez na América do Sul, o Rio de Janeiro será a terceira cidade a receber a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos em um prazo de dois anos. As outras cidades são México, que recebeu os Jogos em 1968 e o Mundial de 1970, e Munique com a Olimpíada em 1972 e a Copa de 1974. A importância dos Jogos Olímpicos não se resume ao espetáculo esportivo capaz de atrair bilhões de espectadores. Os Jogos celebram a convivência harmoniosa entre os povos, através da linguagem universal da beleza atlética e simbolizam um apelo à continuidade do processo civilizador.
A vitória brasileira sobre as cidades concorrentes, com reconhecido poderio econômico, desenvolvimento social e forte tradição cultural, Chicago, Tóquio e Madri, valorizou ainda mais a nossa conquista. Subimos ao pódio onde poucos acreditavam que essa façanha pudesse acontecer agora. Dentre os motivos que nos levaram à conquista destacam-se: o bom momento da economia brasileira e as garantias de investimento do governo, cerca de 29,5 bilhões de reais, o trabalho competente de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), do Ministro dos Esportes Orlando Silva e a perspectiva de descentralização sócio-geográfica, um passo importante para a universalização dos Jogos. Aspectos sentimentais, como a simpatia que os brasileiros despertam mundo afora também podem ter contribuído. Então deu Rio de Janeiro, Brasil. Nada mal para o “último país alegre do mundo”, na opinião do filósofo português Manoel Sérgio ou no dizer do sociólogo italiano Domenico De Masi – “em nenhum outro país do mundo a sensualidade, a oralidade, a alegria e a ‘inclusividade’ conseguem conviver numa síntese tão incandescente”.
Mal terminada a festa e passada a ressaca vamos retornar à realidade. “Sim, nós podemos”, essa é a frase do momento. Nós podemos mesmo? Se não fosse o prazo para a realização do evento, diria que fomos pegos de calça curta. Investimentos e infraestrutura à parte quero referir-me a nossa futura participação. Há tempo carecemos de uma política de esportes consistente, com objetivos claros e prioridades bem definidas. A finalidade primeira para uma nova política de esportes deveria consistir no fomento da cultura esportiva para toda a população, que possa se constituir em importante fator de desenvolvimento social. Talvez esse deva ser o principal legado das Olimpíadas 2016. Considero pouco provável que o desenvolvimento pleno de uma nação possa ocorrer sem investimentos na consolidação da cultura do esporte. Tornar-se uma potência olímpica não deveria ser prioridade, mas poderá ser a consequência natural de uma política bem conduzida. Além do esporte espetáculo, dirigido para potenciais consumidores, fomentar a cultura do esporte significa universalizar a prática esportiva, começando pela escola, a fim de assegurar a formação integral dos jovens e que atenda integralmente os preceitos constitucionais, que asseguram a prática esportiva como um direito de todos os cidadãos e a sua promoção um dever do Estado. A Constituição considera três manifestações do esporte a serem contempladas: o escolar, o de participação e o de rendimento.
Vale lembrar o estudo do IPEA sobre a eficiência da participação dos países nas Olimpíadas de Beijing, 2008. O Brasil obteve 3 medalhas de ouro, 4 de prata e 8 de bronze, mas de acordo com o nosso potencial, deveria ter conquistado 20 medalhas de ouro, 18 de prata e 26 de bronze. Dessa forma teríamos conquistado a 6ª. colocação e nao a 20ª no quadro de medalhas. A avaliação considera a riqueza econômica do país, o tamanho da população e a esperança de vida ao nascer. O estudo revela, enfim a discrepância entre viabilidade econômica e a efetividade da política de esporte.
A contagem regressiva já começou. Os atletas que representarão o Brasil já estão em atividade, a maioria tem entre 10 e 20 anos. Alguns nomes já são conhecidos e certamente representarão o país em 2016, outros serão revelados. Mãos à obra!
28.10.09
Quem faz o Pacto pela Vida?
Na última segunda-feira, tive a infelicidade de cruzar com um veículo que tinha na sua traseira aquela tradicional propaganda do Pacto pela Vida. Fiquei olhando ali insistentemente. Na manhã seguinte, me lembro de notar o nome Polícia Comunitária na farda de um militar, quando fui informar o ocorrido na Diretoria Geral de Operações do Quartel do Derby.
Me considero amigo do sociólogo José Luiz Ratton, idealizador dessa política que vem sendo implementada pelo Governo do Estado. Mais que isso, divido com ele o interesse pelos estudos da Segurança Pública, especialmente quando se fala da cobertura policial da mídia.
Demorei a perceber que precisava colocar para fora a sensação que tive naquela noite terrível para mim. Me parece que um esforço tremendo e investimentos vultuosos pouco terão resultado se não tivermos efetivamente uma política de capacitação, mas principalmente fiscalização e controle de quem atua na área de Segurança e de como são efetuados os investimentos.
Estava na faixa de velocidade da Estrada da Batalha, por volta das 18h30, quando vi um veículo tentando me ultrapassar. Sinalizei e abri para a direita, nesse mesmo momento uma Ecosport da Polícia Militar que vinha em alta velocidade cortou pela direita o veículo que vinha atrás do meu e acertou em cheio meu carro. Ainda tentei livrar para perto da calçada, mas o policial manteve a velocidade para tentar me ultrapassar.
De início nem entendi o ocorrido. Olhei o retrovisor, vi que tinham dois carros na faixa de velocidade. De repente, aquele que estava atrás me acerta em cheio quando estava deixando eles passarem. Só vim entender quando um rapaz que estava na parada de ônibus veio me ajudar a diminuir a culpa (naquela hora uma amiga que estava no banco de passageiro, e recebeu todo o impacto da batida na porta do meu carro, estava feliz de ter sobrevivido): “já tinha notado o carro em velocidade, cortando todo mundo, desde que ele saiu do engarrafamento ali da Barreto de Menezes”.
Fui falar com o policial. “Isso ai qualquer um vai falar. É só ver um intermitente ligado, que a população já acha que o veículo está em alta velocidade”. Minha irritação aumentaria com a explicação da pressa dele, “minha hora de largar é 19h, tinha pouco menos de uma hora para chegar lá”. E principalmente ao ver que ele tentou manipular os agentes do Instituto de Criminalística e da Polícia para fazerem uma perícia irreal.
Explico. Ao bater, o policial deixou o carro seguir uns 20 metros e estacionou sobre a calçada. Parei no local da batida, dei primeira, ia estacionar do lado, mas ele mandou eu parar na faixa de rolamento. Quando chegaram os peritos queria dizer que o acidente tinha sido ali, dizendo que eu tinha trancado ele contra a calçada. As marcas de borracha do pneu da Ecosport estavam marcadas no local do acidente. Espero ansioso os resultados da perícia, tenho impressão que uma será feita para inocentar o motorista infrator e certeza de ter mostrado para ambas as equipes as marcas no local.
Escrevo não para ter recuperado os R$1.148,14 do conserto do meu carro. Honestamente, não sei nem se um policial tem um salário bom o suficiente para correr o risco de ter de pagar uma Ecosport. Sei que ele me pediu o celular emprestado para solicitar a vinda da perícia, talvez estivesse sem crédito. Tenho certeza que eu, jornalista, com dez anos de formado, que exerço cargo de chefia na segunda maior cidade do Estado, não gostaria de estar na pele dele. Nisso, a segunda questão. Por que comprar um veículo caro, de difícil manutenção e frágil para a Polícia Militar. Incrível, voltei dirigindo meu Palio para casa, ele ficou esperando o reboque!
Demorei para escrever. Não queria correr o risco de chatear um policial militar. Depois me lembrei, estava no Palácio do Campo das Princesas quando o prefeito Elias Gomes e o governador Eduardo Campos decidiram que Prazeres seria a maior localidade a receber o Governo Presente. Justo onde ocorreu o acidente.
Acompanhei diversas visitas do governador a Brasília, como repórter de uma agência de notícias. Vejo Eduardo Campos sempre de passagem. Primeiro porque moro desde criança em Casa Forte, mais recentemente porque nossos filhos estudam na mesma escola. Essa foi a primeira e única vez que ele veio conversar diretamente comigo, perguntou o que achava da decisão. Particularmente, ainda estava meio em dúvida se a decisão certa não seria priorizar Cavaleiro.
Escrevo isso aqui como forma de responder ao governador. Cada vez tenho mais certeza que Prazeres precisa realmente do Governo Presente. E pode contar comigo, não vou me omitir quando for preciso trabalhar pelo Pacto pela Vida.
Eduardo Amorim
Coordenador de Jornalismo da Prefeitura de Jaboatão
Me considero amigo do sociólogo José Luiz Ratton, idealizador dessa política que vem sendo implementada pelo Governo do Estado. Mais que isso, divido com ele o interesse pelos estudos da Segurança Pública, especialmente quando se fala da cobertura policial da mídia.
Demorei a perceber que precisava colocar para fora a sensação que tive naquela noite terrível para mim. Me parece que um esforço tremendo e investimentos vultuosos pouco terão resultado se não tivermos efetivamente uma política de capacitação, mas principalmente fiscalização e controle de quem atua na área de Segurança e de como são efetuados os investimentos.
Estava na faixa de velocidade da Estrada da Batalha, por volta das 18h30, quando vi um veículo tentando me ultrapassar. Sinalizei e abri para a direita, nesse mesmo momento uma Ecosport da Polícia Militar que vinha em alta velocidade cortou pela direita o veículo que vinha atrás do meu e acertou em cheio meu carro. Ainda tentei livrar para perto da calçada, mas o policial manteve a velocidade para tentar me ultrapassar.
De início nem entendi o ocorrido. Olhei o retrovisor, vi que tinham dois carros na faixa de velocidade. De repente, aquele que estava atrás me acerta em cheio quando estava deixando eles passarem. Só vim entender quando um rapaz que estava na parada de ônibus veio me ajudar a diminuir a culpa (naquela hora uma amiga que estava no banco de passageiro, e recebeu todo o impacto da batida na porta do meu carro, estava feliz de ter sobrevivido): “já tinha notado o carro em velocidade, cortando todo mundo, desde que ele saiu do engarrafamento ali da Barreto de Menezes”.
Fui falar com o policial. “Isso ai qualquer um vai falar. É só ver um intermitente ligado, que a população já acha que o veículo está em alta velocidade”. Minha irritação aumentaria com a explicação da pressa dele, “minha hora de largar é 19h, tinha pouco menos de uma hora para chegar lá”. E principalmente ao ver que ele tentou manipular os agentes do Instituto de Criminalística e da Polícia para fazerem uma perícia irreal.
Explico. Ao bater, o policial deixou o carro seguir uns 20 metros e estacionou sobre a calçada. Parei no local da batida, dei primeira, ia estacionar do lado, mas ele mandou eu parar na faixa de rolamento. Quando chegaram os peritos queria dizer que o acidente tinha sido ali, dizendo que eu tinha trancado ele contra a calçada. As marcas de borracha do pneu da Ecosport estavam marcadas no local do acidente. Espero ansioso os resultados da perícia, tenho impressão que uma será feita para inocentar o motorista infrator e certeza de ter mostrado para ambas as equipes as marcas no local.
Escrevo não para ter recuperado os R$1.148,14 do conserto do meu carro. Honestamente, não sei nem se um policial tem um salário bom o suficiente para correr o risco de ter de pagar uma Ecosport. Sei que ele me pediu o celular emprestado para solicitar a vinda da perícia, talvez estivesse sem crédito. Tenho certeza que eu, jornalista, com dez anos de formado, que exerço cargo de chefia na segunda maior cidade do Estado, não gostaria de estar na pele dele. Nisso, a segunda questão. Por que comprar um veículo caro, de difícil manutenção e frágil para a Polícia Militar. Incrível, voltei dirigindo meu Palio para casa, ele ficou esperando o reboque!
Demorei para escrever. Não queria correr o risco de chatear um policial militar. Depois me lembrei, estava no Palácio do Campo das Princesas quando o prefeito Elias Gomes e o governador Eduardo Campos decidiram que Prazeres seria a maior localidade a receber o Governo Presente. Justo onde ocorreu o acidente.
Acompanhei diversas visitas do governador a Brasília, como repórter de uma agência de notícias. Vejo Eduardo Campos sempre de passagem. Primeiro porque moro desde criança em Casa Forte, mais recentemente porque nossos filhos estudam na mesma escola. Essa foi a primeira e única vez que ele veio conversar diretamente comigo, perguntou o que achava da decisão. Particularmente, ainda estava meio em dúvida se a decisão certa não seria priorizar Cavaleiro.
Escrevo isso aqui como forma de responder ao governador. Cada vez tenho mais certeza que Prazeres precisa realmente do Governo Presente. E pode contar comigo, não vou me omitir quando for preciso trabalhar pelo Pacto pela Vida.
Eduardo Amorim
Coordenador de Jornalismo da Prefeitura de Jaboatão
24.10.09
Orçamento de R$25 bilhões já é pouco?
Com o apoio do Comitê Olímpico Brasileiro, foi aprovada a inclusão de golfe e rúgbi como modalidades olímpicas para 2016. Isso vai aumentar o número de aparelhos esportivos para os Jogos do Rio.
As opções que estão sendo destacadas são o estádio do Vasco da Gama, São Januário, e um clube de golfe (Itanhangá ou Gávea). Portanto, o projeto do Governo Federal, que já prevê mais de R$ 25 bilhões em gastos para o evento terá de incluir mais dois pontos.
Por ser torcedor do Vasco no Rio (meu pai era fanático vascaíno), conheço bem o estádio de São Januário. Não tem estacionamento, muito menos metrô, tem acesso por ônibus. As ruas dos arredores ficam completamente engarrafadas em dias de grandes clássicos e a área é extremamente perigosa.
Ficamos pensando sobre a segurança nos arredores do Maracanã, depois desses incidentes na Vila Isabel, mas São Januario é uma área que está fora da prioridade dos planos de segurança mostrados até agora pelo Governo Federal e do Estado.
Sou plenamente a favor do investimento no estádio do Vasco. Acho que é uma obra que vai beneficiar uma população enorme de torcedores, quando as Olimpíadas acabarem. Fora os moradores dos arredores, que se orgulham do estádio do Vasco. Em 2008, São Januario ganhou o prêmio de 'Maravilha da Zona Norte', ficando em primeiro lugar numa votação para escolher as sete maravilhas da Zona Norte do Rio de Janeiro. O estádio, para quem não sabe, é dos mais antigos do Brasil, tem sua fachada tombada pelo patrimônio histórico e realmente precisa de amplas reformas. Foi inaugurado em 1927!
O rúgbi é um esporte muito popular em diversos países, mas acredito que não seria prejudicial se o projeto passar por uma redução do número de lugares, com implantação de cadeiras em toda a sua capacidade. Também será necessário estudar o acesso (o da geral é caótico, lembra o dos Aflitos), além de áreas para estacionamento e alternativas de transporte coletivo eficiente para a área (corredor exclusivo de ônibus?!).
Espero que o golfe demande menos investimento, pois o Rugbi vai ser um investimento altíssimo. Minha sugestão é que, a partir de agora, já começamos a sugerir que algum outro investimento seja cortado para cobrir o que será necessário fazer para investir nessa nova demanda.
Não podemos começar a aumentar a conta por uma inclusão feita posteriormente ao projeto entregue pelo Brasil.
As opções que estão sendo destacadas são o estádio do Vasco da Gama, São Januário, e um clube de golfe (Itanhangá ou Gávea). Portanto, o projeto do Governo Federal, que já prevê mais de R$ 25 bilhões em gastos para o evento terá de incluir mais dois pontos.
Por ser torcedor do Vasco no Rio (meu pai era fanático vascaíno), conheço bem o estádio de São Januário. Não tem estacionamento, muito menos metrô, tem acesso por ônibus. As ruas dos arredores ficam completamente engarrafadas em dias de grandes clássicos e a área é extremamente perigosa.
Ficamos pensando sobre a segurança nos arredores do Maracanã, depois desses incidentes na Vila Isabel, mas São Januario é uma área que está fora da prioridade dos planos de segurança mostrados até agora pelo Governo Federal e do Estado.
Sou plenamente a favor do investimento no estádio do Vasco. Acho que é uma obra que vai beneficiar uma população enorme de torcedores, quando as Olimpíadas acabarem. Fora os moradores dos arredores, que se orgulham do estádio do Vasco. Em 2008, São Januario ganhou o prêmio de 'Maravilha da Zona Norte', ficando em primeiro lugar numa votação para escolher as sete maravilhas da Zona Norte do Rio de Janeiro. O estádio, para quem não sabe, é dos mais antigos do Brasil, tem sua fachada tombada pelo patrimônio histórico e realmente precisa de amplas reformas. Foi inaugurado em 1927!
O rúgbi é um esporte muito popular em diversos países, mas acredito que não seria prejudicial se o projeto passar por uma redução do número de lugares, com implantação de cadeiras em toda a sua capacidade. Também será necessário estudar o acesso (o da geral é caótico, lembra o dos Aflitos), além de áreas para estacionamento e alternativas de transporte coletivo eficiente para a área (corredor exclusivo de ônibus?!).
Espero que o golfe demande menos investimento, pois o Rugbi vai ser um investimento altíssimo. Minha sugestão é que, a partir de agora, já começamos a sugerir que algum outro investimento seja cortado para cobrir o que será necessário fazer para investir nessa nova demanda.
Não podemos começar a aumentar a conta por uma inclusão feita posteriormente ao projeto entregue pelo Brasil.
23.10.09
Olimpíadas no Rio de Janeiro
Faz tempo que queria escrever sobre as Olimpíadas no Rio. Fui mais um dos brasileiros que acordou naquele dia e chorou ao ver o vídeo de propaganda.
http://www.youtube.com/watch?v=9Wrm0KI3XlY
É evidente que tem vários motivos que me fazem saber que o tema me emociona. Sou apaixonado pelo Rio de Janeiro, tenho adoração pelo esporte de alto rendimento e sempre sonhei com o ambiente de pluralidade que se repete em grandes eventos esportivos e tem o ápice há cada quatro anos.
No dia da vitória, fiquei pensando que queria transformar esse blog em um espaço somente de discussão da organização da Copa do Mundo e principalmente das Olimpíadas de 2016. É o trabalho que me imagino fazer com mais prazer. E espero me organizar para fazer isso com bastante profissionalismo no futuro.
Acabou que demorou para eu entrar no tema. Mas li algo no blog de Bernardo e decidi retomar agora.
Evidente que fico preocupado por todos os desvios de recursos que ficaram evidentes após a realização do Pan no Rio. Só que vejo mais pelos pontos positivos. Não o estádio que ficou, a rua pavimentada ou o cachorro quente vendido aos turistas.
Para mim, existem associações que virão futuramente, que estão implícitas no vídeo de Fernando Meirelles. O próprio fato do Rio agora vir a ser cidade olímpica é fruto direto do Pan ter mostrado que a violência urbana é séria, mas que não é insuportável.
Isso é um primeiro passo. O outro é Hommer Simpson comprar fruta na feira das Laranjeiras, ouvir samba na Vila Isabel, ver na TV incessantemente a beleza da Baia de Botafogo, se hospedar na Gloria porque os hoteis de Copacabana vão estar lotados e contar vantagem quando voltar para Wisconsyn.
Tudo bem. Ele pode até dizer que as cariocas são fáceis!? Mentir é parte do acordo. Mas vai também levar uma lembrança de um momento mágico em sua vida, que por gerações novos e novos Bart e Liza vão imaginar poder repetir.
E a dialética é verdadeira. O aprendizado passa também pelos vendedores de fruta se forçarem a vender o produto para os estrangeiros. Pelos jornalistas cariocas aprenderem a vender suas fotos para a imprensa européia. E por criar um hábito de defender nossa cultura fortemente, execrando as simplificações que são comuns em todo o mundo.
Afinal, mulher brasileira tem peitão. O Brasil é o País do voleibol. Música típica quem faz é a gauchada. A melhor comida brasileira é feita pelos italianos em São Paulo. Baiano é um povo sofrido e trabalhador. E o melhor carnaval do mundo é em Olinda. E quando isso tudo virar lugar comum vamos criar novas verdades.
A primeira tarefa com certeza é essa de agora. Cada um em seu papel de eleitor, jornalista, político ou engenheiro exigir que a construção do projeto Rio 2016 seja feito diante de novos padrões de transparência, que não nos envergonhe diante do mundo e não roube as verbas do nossos caóticos sistemas de Saúde e Educação.
5.10.09
Anticristo
Um dos melhores filmes que já vi. Apesar disso, não indico para ninguém.
Entendo muito bem e tenho a memória fresca de todas as tuas dores.
A minha percepção do depressivo filme de Lars Von Trier foi de uma pós-depressão.
E no fim eu ri aliviado de ter deixado um bocado de coisas para trás.
Um filme de terror que tem uma coisa Woody Allen na forma de ver um casal.
Até agora estou querendo saber se quem me levou gostou do filme.
O que importa é que eu me saí bem e não te culpo.
E agradeço se você não me culpar pelo riso que soltei no fim da sessão.
2.10.09
Nova Suíça pernambucana
Ainda criança fui com toda minha família acampar na então virgem praia de Maracaípe. Quando era adolescente fiz um outro acampamento para me despedir de Muro Alto, quando começaram a ser construídos os caríssimos resorts naquele que é um dos mais bonitos pedaços de oceano de Pernambuco. Casei, tive um filho e passei a freqüentar a Pousada Porto Verde, em Porto de Galinhas.
Infelizmente, nestes 30 anos, a arrecadação de Ipojuca cresceu por conta do Porto de Suape e da mais conhecida praia pernambucana, mas os serviços continuam tão ou mais precários do que na minha época de criança.
Nos últimos anos, fui cansando dos engarrafamentos nas ruas de Porto, do esgoto que é jogado diretamente nas mais famosas piscinas naturais do Brasil. De vez em quando, troco o caos urbano e vou tomar minha água de coco na beira do mar de Japaratinga, em Alagoas. Passei a freqüentar mais a Pousada Doze Cabanas, do que a Porto Verde.
Como jornalista, só tive um contato mais profundo com a cidade de Ipojuca. Como assessor de imprensa da Comissão de Defesa da Cidadania, que na época era comandada pelos deputados Roberto Leandro e Betinho Gomes, passei para a repórter Bianca Carvalho, da TV Globo, uma das pautas mais chocantes que já tive conhecimento.
Os proprietários da maior parte das terras da cidade queriam impedir o Programa Luz Para Todos de atender uma comunidade rural instalada há quase um século no litoral ipojucano. Os meninos que estudavam à luz de candeeiro estavam perdendo a visão e mesmo assim os usineiros não liberavam a instalação dos postes.
Para mim, a reportagem ganhou um tom sentimental porque foi uma forma de homenagear a ironia e o sarcasmo do meu pai, Fred Albuquerque Maranhão de Amorim. Ele, que tinha no sangue a tradição canavieira de pernambuco, não concordava com muitas das práticas que eram praticadas pelos nossos ancestrais.
Denunciar a grilagem que era cometida, em pleno século XXI, pelos proprietários da Usina Salgado, foi uma volta aos princípios surgidos em minha família a partir da luta política do meu pai. Assim como para mim, teve um sentimento especial também acompanhar todo o processo de fechamento do Lixão da Muribeca, pois ali naquelas terras que eram do avô dele, meu pai me ensinou a respeitar e admirar o povo simples canavieiro de nosso Estado.
Esse debate surgido nos últimos dias em torno da divisão dos recursos de Suape me faz imaginar um questionamento. Como é que estão sendo geridos os recursos de Ipojuca? O ICMS das indústrias do pólo industrial é apenas uma parte dos recursos de Ipojuca. A cidade conta ainda com todo o ISS gerado pelos grandes hotéis e as dezenas de restaurantes de Porto de Galinhas, Serrambi, Muro Alto e Maracaípe. Sem falar nos milhões que foram investidos pelo Estado e União.
O povo da mais rica cidade de Pernambuco não pode ficar calado. É preciso haver mobilização social para exigir os melhores sistemas educacional e de saúde do Estado. Nem mesmo a tarefa de casa, que é manter limpas as praias que tantas oportunidades geram para os ipojucanos, está sendo cumprida. Nós, pernambucanos, que gostamos e freqüentamos aquele bonito pedaço do nosso litoral estamos atentos e não vamos ficar calados.
Salve Ipojuca. Recursos não faltam. Com a mesma população de Gravatá, Ipojuca tem ICMS per capita de R$2.051 e a antiga Suíça pernambucana recebe apenas R$77. É preciso haver controle social para que a Prefeitura transforme todo o investimento da União e do Estado, que agora rendem frutos financeiros, em bem estar para os ipojucanos e para todos os pernambucanos.
Eduardo Amorim é Coordenador de Jornalismo da Prefeitura de Jaboatão
www.horoscopo.blogspot.com
Infelizmente, nestes 30 anos, a arrecadação de Ipojuca cresceu por conta do Porto de Suape e da mais conhecida praia pernambucana, mas os serviços continuam tão ou mais precários do que na minha época de criança.
Nos últimos anos, fui cansando dos engarrafamentos nas ruas de Porto, do esgoto que é jogado diretamente nas mais famosas piscinas naturais do Brasil. De vez em quando, troco o caos urbano e vou tomar minha água de coco na beira do mar de Japaratinga, em Alagoas. Passei a freqüentar mais a Pousada Doze Cabanas, do que a Porto Verde.
Como jornalista, só tive um contato mais profundo com a cidade de Ipojuca. Como assessor de imprensa da Comissão de Defesa da Cidadania, que na época era comandada pelos deputados Roberto Leandro e Betinho Gomes, passei para a repórter Bianca Carvalho, da TV Globo, uma das pautas mais chocantes que já tive conhecimento.
Os proprietários da maior parte das terras da cidade queriam impedir o Programa Luz Para Todos de atender uma comunidade rural instalada há quase um século no litoral ipojucano. Os meninos que estudavam à luz de candeeiro estavam perdendo a visão e mesmo assim os usineiros não liberavam a instalação dos postes.
Para mim, a reportagem ganhou um tom sentimental porque foi uma forma de homenagear a ironia e o sarcasmo do meu pai, Fred Albuquerque Maranhão de Amorim. Ele, que tinha no sangue a tradição canavieira de pernambuco, não concordava com muitas das práticas que eram praticadas pelos nossos ancestrais.
Denunciar a grilagem que era cometida, em pleno século XXI, pelos proprietários da Usina Salgado, foi uma volta aos princípios surgidos em minha família a partir da luta política do meu pai. Assim como para mim, teve um sentimento especial também acompanhar todo o processo de fechamento do Lixão da Muribeca, pois ali naquelas terras que eram do avô dele, meu pai me ensinou a respeitar e admirar o povo simples canavieiro de nosso Estado.
Esse debate surgido nos últimos dias em torno da divisão dos recursos de Suape me faz imaginar um questionamento. Como é que estão sendo geridos os recursos de Ipojuca? O ICMS das indústrias do pólo industrial é apenas uma parte dos recursos de Ipojuca. A cidade conta ainda com todo o ISS gerado pelos grandes hotéis e as dezenas de restaurantes de Porto de Galinhas, Serrambi, Muro Alto e Maracaípe. Sem falar nos milhões que foram investidos pelo Estado e União.
O povo da mais rica cidade de Pernambuco não pode ficar calado. É preciso haver mobilização social para exigir os melhores sistemas educacional e de saúde do Estado. Nem mesmo a tarefa de casa, que é manter limpas as praias que tantas oportunidades geram para os ipojucanos, está sendo cumprida. Nós, pernambucanos, que gostamos e freqüentamos aquele bonito pedaço do nosso litoral estamos atentos e não vamos ficar calados.
Salve Ipojuca. Recursos não faltam. Com a mesma população de Gravatá, Ipojuca tem ICMS per capita de R$2.051 e a antiga Suíça pernambucana recebe apenas R$77. É preciso haver controle social para que a Prefeitura transforme todo o investimento da União e do Estado, que agora rendem frutos financeiros, em bem estar para os ipojucanos e para todos os pernambucanos.
Eduardo Amorim é Coordenador de Jornalismo da Prefeitura de Jaboatão
www.horoscopo.blogspot.com
14.9.09
É tudo verdade
Li o livro de uma vez só. Textos curtos, cheios de informações interessantes da história recente do nosso Estado. A polêmica entre Antônio Lavareda e o autor, Ricardo Carvalho, é o menos importante. Na verdade acho meio sem razão usar o livro para acusar uma outra pessoa de ser incompetente. Mas li até o fim e achei desproporcional a reação do marketeiro ao texto.
A primeira história que me chamou a atenção foi a da cassação de Wilson Campos pela Ditadura Militar. O autor reproduz um texto de jornal da época em que fica clara a motivação da crise, uma negociata envolvendo o Cotonifício Moreno para tentar financiar uma campanha para Carlos Wilson. Engraçado é que até na campanha do ano passado para a Prefeitura de Jaboatão ficava sendo usado o argumento de que o deputado foi "perseguido" durante o Golpe.
Outra coisa que sempre me interessa, foi a formação da chapinha que elegeu Renildo Calheiros e companhia através da votação de Miguel Arraes. O livro todo é permeado por histórias de coragem da esquerda pernambucana pré-anos 90. Egydio Ferreira Lima, Oswaldo Lima, Cristina Tavares e companhia foram derrotados pelo ex-governador. Salvou-se Jarbas Vasconcelos, que acabou sendo forçado a ir para a União Pernambuco.
"La Amazonia no es un santuario inviolable"
JUAN ARIAS / SOLEDAD GALLEGO-DÍAZ - Brasilia - 13/09/2009
Vota Resultado 124 votos
La antigua ministra de Medio Ambiente de Brasil (2003-2008) ha abandonado el Partido de los Trabajadores (PT) porque el presidente Lula da Silva no respaldaba sus "medidas drásticas" contra la deforestación de la Amazonia.
Marina Silva tiene una imagen frágil, que desmiente su biografía. Nacida hace 51 años en una familia pobrísima de seringueros (recolectores de caucho) trabajó desde niña en el campo como criada y fue analfabeta hasta los 15 años. Aprendió a leer en un convento, antes de dedicarse al sindicalismo y de convertirse en estrecha colaboradora del legendario ecologista Chico Mendes. Terminó doctorándose en Historia. Casada, tiene cuatro hijos (de 21 a 10 años). Silva ha pasado por una larga trayectoria política en el Partido de los Trabajadores (PT) sin perder fuerza en la defensa de sus ideas y sin que nadie la haya acusado jamás de corrupción. Su desembarco hace un mes en el Partido Verde, desde donde probablemente aspirará a la presidencia del país, ha causado un terremoto político.
La compañera que desafió a Lula
"Ha llegado el momento de crear una nueva estrategia para Brasil"
En su austero despacho en el Senado, Marina Silva se esfuerza en no lanzar ni el menor ataque contra Lula. Incluso responde con bromas a la acusación del presidente de que la campaña de Silva será "samba de una sola nota". "Está siendo generoso porque me brinda uno de los lemas de su propia campaña, que era, ese sí, de una sola nota: "Lula-la", se ríe. Sin embargo, la senadora tiene buen cuidado de referirse siempre al progreso de Brasil como "un proceso de los últimos 16 años", es decir, que se inicia con Fernando Henrique Cardoso y no con Lula.
Pregunta. ¿Qué ha cambiado en Brasil desde que llegó Lula?
Respuesta. Ha habido algunas conquistas importantes. Por ejemplo, relación con el equilibrio fiscal y a la estabilización de la moneda, lo que ha permitido atravesar la actual crisis con alguna tranquilidad. Con la llegada de Lula se produjo un cierto sobresalto, pero yo diría, como dato muy positivo, que la democracia esta ya consolidada y que hemos tenido avances notables en la agenda social. Brasil tenía índices de pobreza inaceptables y en los últimos años se han reducido en un 19%.
P. ¿Por qué se marchó usted del Gobierno Lula?
R. No sentía que tuviera el apoyo necesario para mantener las políticas medioambientales tal como fueron concebidas. Pasó a finales de 2007. En tres años, nuestro plan había conseguido disminuir la deforestación en un 57%, pero al no cumplirse otras directrices, en la Amazonia volvió el riesgo de que se volviera a reanudar la destrucción de la selva. Tomamos medidas drásticas, como prohibir el crédito a empresas ilegales, llevar a la cárcel no sólo al que destruía la selva, sino también al que plantaba, producía y exportaba. Se creó una gran tensión y tanto yo, como mi equipo, vimos que el Gobierno estaba dispuesto a derogar esas medidas.
P. Hay un gran debate sobre hasta dónde puede desarrollarse la Amazonia.
R. El término socio-ambientalismo, que significa integrar la protección de la selva con el desafío de promover la inclusión social, fue acuñado en la Amazonia a partir de la lucha de Chico Mendes. Para nosotros, los de la Amazonia, esa visión de la defensa del medio ambiente nunca fue interpretada en términos de conservar esa tierra como un santuario inviolable. Desde los inicios, todo el esfuerzo versó sobre cómo integrar medio ambiente y desarrollo económico en una misma ecuación, sabiendo que no es posible repetir con la Amazonia los errores que ya se hicieron con la Mata Atlántica (de la que queda sólo un 5%) o del Cerrado, (la meseta brasileña, cuya destrucción ha llegado ya al 50%). La Amazonia ha sido destruida en un 17%.
P. ¿Culpa a Lula del fallo de la política ambiental?
R. No se trata de personalizar. El problema de asumir la economía sostenible como estrategia es algo complicado que no existe todavía en ningún lugar del mundo y que ningún partido asume completamente. Lo que el Partido Verde y yo estamos haciendo es innovador y no podemos satanizar a los demás por no haberlo hecho aún. Lo que hay que criticar es que se siga perdiendo tiempo cuando ya es posible hacer que Brasil dé ese paso, porque reúne las mejores condiciones para ello.
P. ¿Mantendría usted la política económica del Gobierno Lula?
R. Los procesos son acumulativos. No existe espacio para procesos nihilistas en relación con lo ya conquistado. Existe un reconocimiento de que en los últimos 16 años Brasil consiguió el equilibrio fiscal y la estabilización de la moneda, junto con la gran innovación que introdujo Lula y que fue la cuestión de la distribución de renta. Todo ello debe ser preservado. Creo que tenemos espacios para mejorar, y que ya no existe el peligro de que se destruya todo lo que se fue construyendo en los últimos 16 años.
P. Tras el descubrimiento de nuevos yacimientos de petróleo y de gas en Brasil, se empieza a hablar de un cierto nacionalismo.
R. Brasil tiene una economía de mercado, abierta. Es legítimo que los países quieran usar sus recursos naturales en beneficio de su pueblo, lo que no significa que nos vayamos a cerrar como una isla. Hoy es imposible pensar en cerrar puertas al capital extranjero. Lo que pasa es que, a veces, algunas empresas extranjeras querrían actuar aquí con una flexibilización de la legislación ambiental que no tienen ni en sus propios países. Eso no puede ser.
P. Uno de los grandes retos de Brasil es la corrupción, que se ha incrustado en todas las instituciones, de forma alarmante.
R. Aún reconociendo que Brasil tiene problemas graves de corrupción no osaría decir que Lula no ha hecho nada a ese respecto. Él puso en marcha sistemas de control y amplió significativamente la capacidad de investigación de la Policía Federal. Cuando fui ministra de Medio Ambiente llevamos a la cárcel a 725 personas. Muchas de ellas eran servidores públicos. Sin la libertad de investigación dada a la policía por el Gobierno eso hubiese sido impensable. Si hoy la corrupción se ve más es porque se investiga más.
P. En una hipotética segunda vuelta en 2011, ¿daría usted sus votos a la candidata de Lula o al candidato socialdemócrata de la oposición?
R. No puedo hablar aun como candidata, pero creo que el debate debe ser sobre ideas y que la ética debe prevalecer. Yo nunca mentiría respecto a la honorabilidad de alguien para ganar unas elecciones. Y desde un punto de vista político, lo que creo es que si me presento será con la aspiración de llegar a esa segunda vuelta. Yo querría hacer algo parecido a lo que hizo el PT hace 20 años, cuando rompió con los partidos tradicionales. Ha llegado otra vez el momento de unir a todas las fuerzas, sociales, políticas, intelectuales del país, para crear una nueva estrategia para Brasil.
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La antigua ministra de Medio Ambiente de Brasil (2003-2008) ha abandonado el Partido de los Trabajadores (PT) porque el presidente Lula da Silva no respaldaba sus "medidas drásticas" contra la deforestación de la Amazonia.
Marina Silva tiene una imagen frágil, que desmiente su biografía. Nacida hace 51 años en una familia pobrísima de seringueros (recolectores de caucho) trabajó desde niña en el campo como criada y fue analfabeta hasta los 15 años. Aprendió a leer en un convento, antes de dedicarse al sindicalismo y de convertirse en estrecha colaboradora del legendario ecologista Chico Mendes. Terminó doctorándose en Historia. Casada, tiene cuatro hijos (de 21 a 10 años). Silva ha pasado por una larga trayectoria política en el Partido de los Trabajadores (PT) sin perder fuerza en la defensa de sus ideas y sin que nadie la haya acusado jamás de corrupción. Su desembarco hace un mes en el Partido Verde, desde donde probablemente aspirará a la presidencia del país, ha causado un terremoto político.
La compañera que desafió a Lula
"Ha llegado el momento de crear una nueva estrategia para Brasil"
En su austero despacho en el Senado, Marina Silva se esfuerza en no lanzar ni el menor ataque contra Lula. Incluso responde con bromas a la acusación del presidente de que la campaña de Silva será "samba de una sola nota". "Está siendo generoso porque me brinda uno de los lemas de su propia campaña, que era, ese sí, de una sola nota: "Lula-la", se ríe. Sin embargo, la senadora tiene buen cuidado de referirse siempre al progreso de Brasil como "un proceso de los últimos 16 años", es decir, que se inicia con Fernando Henrique Cardoso y no con Lula.
Pregunta. ¿Qué ha cambiado en Brasil desde que llegó Lula?
Respuesta. Ha habido algunas conquistas importantes. Por ejemplo, relación con el equilibrio fiscal y a la estabilización de la moneda, lo que ha permitido atravesar la actual crisis con alguna tranquilidad. Con la llegada de Lula se produjo un cierto sobresalto, pero yo diría, como dato muy positivo, que la democracia esta ya consolidada y que hemos tenido avances notables en la agenda social. Brasil tenía índices de pobreza inaceptables y en los últimos años se han reducido en un 19%.
P. ¿Por qué se marchó usted del Gobierno Lula?
R. No sentía que tuviera el apoyo necesario para mantener las políticas medioambientales tal como fueron concebidas. Pasó a finales de 2007. En tres años, nuestro plan había conseguido disminuir la deforestación en un 57%, pero al no cumplirse otras directrices, en la Amazonia volvió el riesgo de que se volviera a reanudar la destrucción de la selva. Tomamos medidas drásticas, como prohibir el crédito a empresas ilegales, llevar a la cárcel no sólo al que destruía la selva, sino también al que plantaba, producía y exportaba. Se creó una gran tensión y tanto yo, como mi equipo, vimos que el Gobierno estaba dispuesto a derogar esas medidas.
P. Hay un gran debate sobre hasta dónde puede desarrollarse la Amazonia.
R. El término socio-ambientalismo, que significa integrar la protección de la selva con el desafío de promover la inclusión social, fue acuñado en la Amazonia a partir de la lucha de Chico Mendes. Para nosotros, los de la Amazonia, esa visión de la defensa del medio ambiente nunca fue interpretada en términos de conservar esa tierra como un santuario inviolable. Desde los inicios, todo el esfuerzo versó sobre cómo integrar medio ambiente y desarrollo económico en una misma ecuación, sabiendo que no es posible repetir con la Amazonia los errores que ya se hicieron con la Mata Atlántica (de la que queda sólo un 5%) o del Cerrado, (la meseta brasileña, cuya destrucción ha llegado ya al 50%). La Amazonia ha sido destruida en un 17%.
P. ¿Culpa a Lula del fallo de la política ambiental?
R. No se trata de personalizar. El problema de asumir la economía sostenible como estrategia es algo complicado que no existe todavía en ningún lugar del mundo y que ningún partido asume completamente. Lo que el Partido Verde y yo estamos haciendo es innovador y no podemos satanizar a los demás por no haberlo hecho aún. Lo que hay que criticar es que se siga perdiendo tiempo cuando ya es posible hacer que Brasil dé ese paso, porque reúne las mejores condiciones para ello.
P. ¿Mantendría usted la política económica del Gobierno Lula?
R. Los procesos son acumulativos. No existe espacio para procesos nihilistas en relación con lo ya conquistado. Existe un reconocimiento de que en los últimos 16 años Brasil consiguió el equilibrio fiscal y la estabilización de la moneda, junto con la gran innovación que introdujo Lula y que fue la cuestión de la distribución de renta. Todo ello debe ser preservado. Creo que tenemos espacios para mejorar, y que ya no existe el peligro de que se destruya todo lo que se fue construyendo en los últimos 16 años.
P. Tras el descubrimiento de nuevos yacimientos de petróleo y de gas en Brasil, se empieza a hablar de un cierto nacionalismo.
R. Brasil tiene una economía de mercado, abierta. Es legítimo que los países quieran usar sus recursos naturales en beneficio de su pueblo, lo que no significa que nos vayamos a cerrar como una isla. Hoy es imposible pensar en cerrar puertas al capital extranjero. Lo que pasa es que, a veces, algunas empresas extranjeras querrían actuar aquí con una flexibilización de la legislación ambiental que no tienen ni en sus propios países. Eso no puede ser.
P. Uno de los grandes retos de Brasil es la corrupción, que se ha incrustado en todas las instituciones, de forma alarmante.
R. Aún reconociendo que Brasil tiene problemas graves de corrupción no osaría decir que Lula no ha hecho nada a ese respecto. Él puso en marcha sistemas de control y amplió significativamente la capacidad de investigación de la Policía Federal. Cuando fui ministra de Medio Ambiente llevamos a la cárcel a 725 personas. Muchas de ellas eran servidores públicos. Sin la libertad de investigación dada a la policía por el Gobierno eso hubiese sido impensable. Si hoy la corrupción se ve más es porque se investiga más.
P. En una hipotética segunda vuelta en 2011, ¿daría usted sus votos a la candidata de Lula o al candidato socialdemócrata de la oposición?
R. No puedo hablar aun como candidata, pero creo que el debate debe ser sobre ideas y que la ética debe prevalecer. Yo nunca mentiría respecto a la honorabilidad de alguien para ganar unas elecciones. Y desde un punto de vista político, lo que creo es que si me presento será con la aspiración de llegar a esa segunda vuelta. Yo querría hacer algo parecido a lo que hizo el PT hace 20 años, cuando rompió con los partidos tradicionales. Ha llegado otra vez el momento de unir a todas las fuerzas, sociales, políticas, intelectuales del país, para crear una nueva estrategia para Brasil.
31.8.09
Leonardo Boff defende saída de Marina
Por Leonardo Boff
Erram os que pensam que a saida da senadora Marina Silva do PT obedeçe a propósitos oportunistas de uma eventual candidatura à Presidência da República. Marina Silva saiu porque possuía um outro olhar sobre o Brasil, sobre o PAC (Programa de Acelaração do Crescimento) do governo que identifica desenvolvimento com crescimento meramente material e com maior capacidade de consumo. O novo olhar, adequado à crescente consciência da humanidade e à altura da crise atual, exige uma equação diferente entre ecologia e economia, uma redefinição de nossa presença no planeta e um cuidado consciente sobre o nosso futuro comum. Para estas coisas a direção atual do PT é cega. Não apenas não vê. É que não tem olhos. O que é pior.
Para aprofundar esta questão, valho-me de uma correspondência com o sociólogo de Juiz de Fora e Belo Horizonte, Pedro Ribeiro de Oliveira, um intelectual dos mais lúcidos que articula a academia com as lutas populares e as Cebs e que acaba de organizar um belo livro sobre “A consciência planetária e a religião”(Paulinas 2009) Escreve ele:
“Efetivamente, estamos numa encruzilhada histórica. A candidatura da Marina não faz mais do que deixá-la evidente. O sistema produtivista-consumista de mercado teima em sobreviver, alegando que somente ele é capaz de resolver o problema da fome e da miséria – quando, na verdade, é seu causador. Acontece que ele se impôs desde o século XVI como aquilo que a Humanidade produziu de melhor, ajudado pelo iluminismo e a revolução cultural do século XIX, que nos convenceram a todos da validade de seu dogma fundante: somos vocacionados para o progresso sem fim que a ciência, a técnica e o mercado proporcionam. Essa inércia ideológica que continua movendo o mundo se cruza, hoje, com um outro caminho, que é o da consciência planetária. É ainda uma trilha, mas uma trilha que vai em outra direção”.
“Muitos pensadores e analistas descobriram a existência dessa trilha e chamaram a atenção do mundo para a necessidade de mudarmos a direção da nossa caminhada. Trocar o caminho do progresso sem fim, pelo caminho da harmonia planetária”.
“Esta inflexão era a voz profética de alguns. Mas agora, ela já não clama mais no deserto e sim diante de um público que aumenta a cada dia. Aquela trilha já não aparece mais apenas como um caminho exclusivo de alguns ecologistas mas como um caminho viável para toda a humanidade. Diante dela, o paradigma do progresso sem fim desnuda sua fragilidade teórica e seu dogma antes inquestionável ameaça ruir. Nesse momento, reunem-se todas as forças para mantê-lo de pé, menos por meio de uma argumentação consistente do que pela repetição de que “não há alternativas” e que qualquer alternativa “é um sonho”.
“É aqui que situo a candidatura da Marina. É evidente que o PV é um partido que pode até ter sido fundado com boas intenções mas hoje converteu-se numa legenda de aluguel. Ninguém imagina que a Marina – na hipótese de ganhar a eleição – vá governar com base no PV. Se eventualmente ela vencer, terá que seguir o caminho de outros presidentes sul-americanos eleitos sem base partidária e recorrer aos plebiscitos e referendos populares para quebrar as amarras de um sistema que “primeiro tomou a terra dos índios e depois escreveu o código civil”, como escreveu o argentino Eduardo de la Cerna”.
“Mesmo que não ganhe, sua candidatura será um grande momento de conscientização popular sobre o destino do Brasil e do Planeta. Marina Silva dispensará os marqueteiros, e entrarão em campanha os seguidores de Paulo Freire”.
“Esta é a diferença da candidatura Marina. Serra, do alto da sua arrogância, estimula a candidatura Marina para derrubar Lula e manter a política de crescimento e concentração de riqueza. Lula, por sua vez, levanta a bandeira da união da esquerda contra Serra, mas também para manter a política de crescimento e de concentração da riqueza, embora mitigada pelas políticas sociais”.
“Marina representa outro paradigma. Não mais a má utopia do progresso sem fim, mas a boa utopia da harmonia planetária. A nossa visão não é restrita a 2010-2014. Estamos mirando a grande crise de 2035 e buscando evitá-la enquanto é tempo ou, na pior das hipóteses, buscar alternativas ao seu enfrentamento.
É por isso, por amor a nossos filhos, netos e netas, temos que dar força à candidatura da Marina. E que Paulo Freire nos ajude a fazer dessa campanha eleitoral uma campanha de educação popular de massas”.
Digo eu com Victor Hugo:”Não há nada de mais poderoso no mundo do que uma idéia cujo tempo já chegou”.
PS: Leonardo Boff é teólogo e autor do livro Que Brasil queremos? Vozes 2000.
27.8.09
Alternativa Verde!
O deputado cassado José Dirceu escreveu artigo colocando uma interrogação após a expressão alternativa verde. Para ele, parece uma construção tucana travestida de “uma alternativa que apresente novo discurso e nova imagem que tentem sangrar o bloco popular liderado pelo presidente Lula e pelo PT”.
Uma filiação da ex-petista, fundadora do Partido dos Trabalhadores, referência internacional na luta pela Amazônia, nem se efetivou e já causa ansiedade em quem arquitetou todo o plano de domínio do poder do grupo paulista capitaneado pela dupla Lula-Dirceu, que agora vê em Dilma Roussef a imagem da continuidade desenvolvimentista.
O debate do Desenvolvimento Sustentável e da Ecologia não é mais uma temática. É o foco central de uma política que vem sendo construída desde a Década de 90 e ainda não ganhou corpo eleitoral aqui no Brasil.
Desenvolvimento sustentável é discutir o inchaço do Legislativo em todo o País. Colocar na pauta diária dos jornais a discussão do Orçamento Público. Esmiuçar os investimentos feitos para a Copa do Mundo de 2014 e para a implantação de coleta seletiva em uma pequena cidade nordestina.
Ecologia é o investimento em fontes alternativas de energia. Criar fontes de renda através da reciclagem para as populações pobres dos nossos grandes centros urbanos. Defender nossos parques, as reservas ecológicas e os campos de várzea dos subúrbios. E ter coragem política para enfrentar a necessidade de uma Reforma Agrária.
Muitos sonhos. Mas essas duas temáticas passam prioritariamente pela defesa da qualidade de vida da população brasileira.
Uma chapa encabeçada por Marina vai obrigatoriamente forçar a discussão do papel do PT no nosso País. Mas se ficar apenas nisso seria uma perda enorme de oportunidade. Para bom entendedor, a seringueira me parece muito mais opositora de uma candidatura tucana do que a mídia expõe. Ela significa uma defesa do princípio democrático, de uma política fraterna, que denuncia a mudança de legislação oportunista utilizada para reeleger FHC.
Como Obama representou o respeito a diferença. Marina é a encarnação da maternidade, no sentido da defesa dos direitos do próximo. E falo isso do alto da minha posição de pai, que luta pela igualdade dos direitos nesta que é a única fronteira em que as mulheres nos obrigam a engolir em seco sua superioridade.
”Seu papel nas batalhas pela emancipação de nossa gente lhe garante o direito de disputar qualquer função pública em nosso país”, diz o deputado cassado.
Também acredito no papel educativo que essa candidatura possa ter em novas eleições. Imagine nacionalmente uma candidatura que critique a poluição visual das eleições. Que, a exemplo da Obama, venha a fazer realmente da Internet um veículo primordial de sua construção.
Pensei nisso a partir do meu blog. Depois de anos sem muito debate, me lembrei da eleição Roberto Magalhães X João Paulo, quando começaram a haver trocas de impressões sobre as candidaturas ao se colocar a hipótese desta candidatura.
A primeira argumentação contrária do ex-presidente do PT é lembrando escolhas políticas de integrantes do PV. Mas será que depois de tantos dólares nas cuecas os petistas ainda não aprenderam que numa eleição o que se leva em conta são as boas possibilidades? Os defeitos podem dificultar alguns votos, mas todos sabemos que temos defeitos com todos os nossos esforços.
Marina pode até não se candidatar ou ficar pelo meio do caminho, mas uma candidatura dela teria tido um papel fundamental como tiveram o saudoso Partido dos Trabalhadores da Década de 80 e o PSDB de Mario Covas.
E não se engane companheiro José Dirceu. Sou um bom exemplo de quem lutou e acreditou no PT e dei meu primeiro voto a Lula. Hoje tenho três opções de voto para presidente: Marina, Serra ou Aécio. E muitos amigos estão na mesma situação.
Mauricio Rands acha que a culpa é de Lula. Vai entender. No meu espírito paternal, que não chega nem perto mesmo do que o de uma mãe, acho que os petistas têm mesmo de passar um tempo pensando. Não vai ser fácil eles se perdoarem por terem cassado José Dirceu e absolvido o outro Zé, Presidente.
Uma filiação da ex-petista, fundadora do Partido dos Trabalhadores, referência internacional na luta pela Amazônia, nem se efetivou e já causa ansiedade em quem arquitetou todo o plano de domínio do poder do grupo paulista capitaneado pela dupla Lula-Dirceu, que agora vê em Dilma Roussef a imagem da continuidade desenvolvimentista.
O debate do Desenvolvimento Sustentável e da Ecologia não é mais uma temática. É o foco central de uma política que vem sendo construída desde a Década de 90 e ainda não ganhou corpo eleitoral aqui no Brasil.
Desenvolvimento sustentável é discutir o inchaço do Legislativo em todo o País. Colocar na pauta diária dos jornais a discussão do Orçamento Público. Esmiuçar os investimentos feitos para a Copa do Mundo de 2014 e para a implantação de coleta seletiva em uma pequena cidade nordestina.
Ecologia é o investimento em fontes alternativas de energia. Criar fontes de renda através da reciclagem para as populações pobres dos nossos grandes centros urbanos. Defender nossos parques, as reservas ecológicas e os campos de várzea dos subúrbios. E ter coragem política para enfrentar a necessidade de uma Reforma Agrária.
Muitos sonhos. Mas essas duas temáticas passam prioritariamente pela defesa da qualidade de vida da população brasileira.
Uma chapa encabeçada por Marina vai obrigatoriamente forçar a discussão do papel do PT no nosso País. Mas se ficar apenas nisso seria uma perda enorme de oportunidade. Para bom entendedor, a seringueira me parece muito mais opositora de uma candidatura tucana do que a mídia expõe. Ela significa uma defesa do princípio democrático, de uma política fraterna, que denuncia a mudança de legislação oportunista utilizada para reeleger FHC.
Como Obama representou o respeito a diferença. Marina é a encarnação da maternidade, no sentido da defesa dos direitos do próximo. E falo isso do alto da minha posição de pai, que luta pela igualdade dos direitos nesta que é a única fronteira em que as mulheres nos obrigam a engolir em seco sua superioridade.
”Seu papel nas batalhas pela emancipação de nossa gente lhe garante o direito de disputar qualquer função pública em nosso país”, diz o deputado cassado.
Também acredito no papel educativo que essa candidatura possa ter em novas eleições. Imagine nacionalmente uma candidatura que critique a poluição visual das eleições. Que, a exemplo da Obama, venha a fazer realmente da Internet um veículo primordial de sua construção.
Pensei nisso a partir do meu blog. Depois de anos sem muito debate, me lembrei da eleição Roberto Magalhães X João Paulo, quando começaram a haver trocas de impressões sobre as candidaturas ao se colocar a hipótese desta candidatura.
A primeira argumentação contrária do ex-presidente do PT é lembrando escolhas políticas de integrantes do PV. Mas será que depois de tantos dólares nas cuecas os petistas ainda não aprenderam que numa eleição o que se leva em conta são as boas possibilidades? Os defeitos podem dificultar alguns votos, mas todos sabemos que temos defeitos com todos os nossos esforços.
Marina pode até não se candidatar ou ficar pelo meio do caminho, mas uma candidatura dela teria tido um papel fundamental como tiveram o saudoso Partido dos Trabalhadores da Década de 80 e o PSDB de Mario Covas.
E não se engane companheiro José Dirceu. Sou um bom exemplo de quem lutou e acreditou no PT e dei meu primeiro voto a Lula. Hoje tenho três opções de voto para presidente: Marina, Serra ou Aécio. E muitos amigos estão na mesma situação.
Mauricio Rands acha que a culpa é de Lula. Vai entender. No meu espírito paternal, que não chega nem perto mesmo do que o de uma mãe, acho que os petistas têm mesmo de passar um tempo pensando. Não vai ser fácil eles se perdoarem por terem cassado José Dirceu e absolvido o outro Zé, Presidente.
25.8.09
Alternativa Verde?
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A história de Marina é um patrimônio do país e de nosso partido. A vida política, porém, é plena de armadilhas
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O VEREADOR carioca Alfredo Sirkis, dirigente do Partido Verde, começou o artigo nesta página do dia 9 de agosto ("A hipótese Marina") afirmando a legitimidade da causa ambientalista e da eventual candidatura presidencial pelo PV da senadora Marina Silva, que anunciou seu desligamento do PT na semana passada. São colocações com as quais estamos de pleno acordo. Mas, como tudo na política, devemos sempre averiguar os interesses que animam seus agentes.
Não paira nenhuma dúvida sobre o caráter, a biografia e os compromissos da senadora Marina Silva, companheira de tantas lutas e trincheiras. Senadora acriana, eleita pelo PT, construtora de nosso programa ambiental e ministra do governo Lula durante cinco anos.
A história de Marina é um patrimônio do país e de nosso partido. Ao lado de bravos companheiros como Chico Mendes, Jorge e Tião Viana, entre tantos outros, dedicou o melhor de sua vida para defender os povos da floresta e a causa ambientalista.
Cabocla, seringueira, Marina é o sal da terra. Seu papel nas batalhas pela emancipação de nossa gente lhe garante o direito de disputar qualquer função pública em nosso país.
A vida política, porém, é plena de armadilhas. Até os mais nobres e valorosos militantes podem ser arrastados a situações com as quais, no futuro, não concordem ideologicamente.
Os feitos recentes do PV no Rio, liderado por Sirkis, por exemplo, são bastante reveladores: o partido integrou todas as gestões do prefeito César Maia e contou com o apoio do DEM a Fernando Gabeira no segundo turno da eleição de 2008.
Essa conduta é partilhada pelo PV paulista, que faz parte da base de sustentação dos governos Serra e Kassab. Enfim, os setores do Partido Verde liderados por Sirkis e Gabeira não são uma voz progressista em busca de uma alternativa para aprofundar o processo de mudanças iniciado no Brasil em 2002, mas representantes minoritários do bloco conservador que dá tratos à bola para achar saída diante da desidratação político-ideológica da coalizão demo-tucana, à qual pertence com galhardia.
Analisemos os argumentos acerca da possível candidatura presidencial de Marina Silva. Sirkis apresenta essa hipótese como uma alternativa à "compulsória aliança das duas vertentes da social-democracia com as oligarquias políticas na busca da governabilidade", referindo-se a uma suposta e nefasta consequência da disputa entre PT e PSDB.
E vai além, ressaltando que "Marina é bem talhada para promover uma nova governabilidade (...) que, enfim, supere essa polarização bizarra". O vereador carioca redesenha a realidade, possivelmente para pavimentar a terceira via que propõe. O PSDB fez uma opção, há quase 15 anos, por ser o partido das elites financeiras, quando a transição conservadora entrou em colapso após o impeachment de Collor.
A velha direita, desgastada pela longa ditadura militar, não era mais capaz de protagonizar a engenharia do Estado neoliberal.
Esse foi o vácuo preenchido pelos tucanos, que se aliaram às velhas oligarquias do PFL-DEM para levar a cabo um programa de privatizações e desregulamentações que desmontou a economia do país e colocou em xeque a soberania nacional. Esse foi o papel exercido por FHC, cujo custo social o levou à derrocada em 2002.
O PT foi a vanguarda da mobilização contra esse programa. Quando o presidente Lula assumiu, mesmo em condições políticas precárias, pois minoritário no Congresso e às voltas com uma herança maldita, travou o programa tucano-liberal, interrompeu as privatizações e deu início à reconstrução do Estado como condutor de uma economia baseada na produção, no mercado interno e na distribuição de renda.
São, portanto, dois projetos antagônicos, inconciliáveis, cuja contraposição só pode ser considerada "bizarra" se forem outros os interesses que não o retrato da realidade. Muitos arautos conservadores se deram conta de que, no caso de não ser superada ou esmaecida a polarização entre os dois projetos, tudo indica que o condomínio PSDB-PFL terá ralas chances em 2010, naufragando outra vez com seu velho programa privatista.
Uma das possibilidades para tentar essa superação passou a ser a construção de uma alternativa que apresente novo discurso e nova imagem que tentem sangrar o bloco popular liderado pelo presidente Lula e pelo PT.
Esse é o esforço ao qual aparentemente se filiam setores do PV, em manobra que busca atrair os anseios legítimos e as contrariedades respeitáveis da companheira Marina Silva com a execução da agenda ambiental, que ela tanto ajudou a construir.
--------------------------------------------------------------------------------
JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA, 63, é advogado. Foi ministro-chefe da Casa Civil (governo Lula) e presidente do PT. Teve seu mandato de deputado federal pelo PT-SP cassado em 2005.
A história de Marina é um patrimônio do país e de nosso partido. A vida política, porém, é plena de armadilhas
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O VEREADOR carioca Alfredo Sirkis, dirigente do Partido Verde, começou o artigo nesta página do dia 9 de agosto ("A hipótese Marina") afirmando a legitimidade da causa ambientalista e da eventual candidatura presidencial pelo PV da senadora Marina Silva, que anunciou seu desligamento do PT na semana passada. São colocações com as quais estamos de pleno acordo. Mas, como tudo na política, devemos sempre averiguar os interesses que animam seus agentes.
Não paira nenhuma dúvida sobre o caráter, a biografia e os compromissos da senadora Marina Silva, companheira de tantas lutas e trincheiras. Senadora acriana, eleita pelo PT, construtora de nosso programa ambiental e ministra do governo Lula durante cinco anos.
A história de Marina é um patrimônio do país e de nosso partido. Ao lado de bravos companheiros como Chico Mendes, Jorge e Tião Viana, entre tantos outros, dedicou o melhor de sua vida para defender os povos da floresta e a causa ambientalista.
Cabocla, seringueira, Marina é o sal da terra. Seu papel nas batalhas pela emancipação de nossa gente lhe garante o direito de disputar qualquer função pública em nosso país.
A vida política, porém, é plena de armadilhas. Até os mais nobres e valorosos militantes podem ser arrastados a situações com as quais, no futuro, não concordem ideologicamente.
Os feitos recentes do PV no Rio, liderado por Sirkis, por exemplo, são bastante reveladores: o partido integrou todas as gestões do prefeito César Maia e contou com o apoio do DEM a Fernando Gabeira no segundo turno da eleição de 2008.
Essa conduta é partilhada pelo PV paulista, que faz parte da base de sustentação dos governos Serra e Kassab. Enfim, os setores do Partido Verde liderados por Sirkis e Gabeira não são uma voz progressista em busca de uma alternativa para aprofundar o processo de mudanças iniciado no Brasil em 2002, mas representantes minoritários do bloco conservador que dá tratos à bola para achar saída diante da desidratação político-ideológica da coalizão demo-tucana, à qual pertence com galhardia.
Analisemos os argumentos acerca da possível candidatura presidencial de Marina Silva. Sirkis apresenta essa hipótese como uma alternativa à "compulsória aliança das duas vertentes da social-democracia com as oligarquias políticas na busca da governabilidade", referindo-se a uma suposta e nefasta consequência da disputa entre PT e PSDB.
E vai além, ressaltando que "Marina é bem talhada para promover uma nova governabilidade (...) que, enfim, supere essa polarização bizarra". O vereador carioca redesenha a realidade, possivelmente para pavimentar a terceira via que propõe. O PSDB fez uma opção, há quase 15 anos, por ser o partido das elites financeiras, quando a transição conservadora entrou em colapso após o impeachment de Collor.
A velha direita, desgastada pela longa ditadura militar, não era mais capaz de protagonizar a engenharia do Estado neoliberal.
Esse foi o vácuo preenchido pelos tucanos, que se aliaram às velhas oligarquias do PFL-DEM para levar a cabo um programa de privatizações e desregulamentações que desmontou a economia do país e colocou em xeque a soberania nacional. Esse foi o papel exercido por FHC, cujo custo social o levou à derrocada em 2002.
O PT foi a vanguarda da mobilização contra esse programa. Quando o presidente Lula assumiu, mesmo em condições políticas precárias, pois minoritário no Congresso e às voltas com uma herança maldita, travou o programa tucano-liberal, interrompeu as privatizações e deu início à reconstrução do Estado como condutor de uma economia baseada na produção, no mercado interno e na distribuição de renda.
São, portanto, dois projetos antagônicos, inconciliáveis, cuja contraposição só pode ser considerada "bizarra" se forem outros os interesses que não o retrato da realidade. Muitos arautos conservadores se deram conta de que, no caso de não ser superada ou esmaecida a polarização entre os dois projetos, tudo indica que o condomínio PSDB-PFL terá ralas chances em 2010, naufragando outra vez com seu velho programa privatista.
Uma das possibilidades para tentar essa superação passou a ser a construção de uma alternativa que apresente novo discurso e nova imagem que tentem sangrar o bloco popular liderado pelo presidente Lula e pelo PT.
Esse é o esforço ao qual aparentemente se filiam setores do PV, em manobra que busca atrair os anseios legítimos e as contrariedades respeitáveis da companheira Marina Silva com a execução da agenda ambiental, que ela tanto ajudou a construir.
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JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA, 63, é advogado. Foi ministro-chefe da Casa Civil (governo Lula) e presidente do PT. Teve seu mandato de deputado federal pelo PT-SP cassado em 2005.
24.8.09
Respondendo aos comentários sobre a saída de Marina
eu tinha lido. tá no terra tb.
admiro demais marina. mas acho que comete um erro de cálculo...
uma pena. perdem amboas, ela e o partido. diferentemente da saída de figuras como HH, que só fizeram bem ao partido! :P
BJ | Homepage | 08.20.09 - 10:50 am | #
Gravatar Concordo com sua saída, ela teve que engulir muito em seu período como ministra até culminar na sua saída do Governo. Digo que uma chapa dela com Cristóvam (algo já especulado), a chapa dos ex-petistas, pode trazer muitas surpresas para todos.
Tiago | 08.23.09 - 9:56 pm | #
Trabalhei para o PT. Era assessor de Paulo Rubem quando ele passou pela ruptura que Marina está vivendo agora. Hoje sou coordenador de Jornalismo de uma Prefeitura do PSDB. Quer dizer, minha opinião é cheia de vícios da minha experiência pessoal. Mas, incitado, estou querendo dizer algo sobre isso.
O Diario de Pernambuco de ontem trouxe uma reportagem importante sobre o tema. Dois ecologistas discordavam sobre a importância do fenômeno Marina, para a questão ecológica no Brasil. Vejam os textos no link abaixo.
http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/08/23/politica1_0.asp
Novamente, os vícios. Minha mãe atua, hoje em dia, como mobilizadora do Fórum pela Vida do Rio Tapacurá e trabalha ao lado de Ricardo Braga, na Sociedade Nordestina de Ecologia. Concordo com ele, as chances são pequenas de uma vitória da candidata, mas Dilma e Serra serão obrigados a discutir publicamente o Desenvolvimento Sustentável. É uma pontinha de esperança.
Seria fantástico ter uma chapa robusta de gente que fuja à dicotomia PSDB/PT. Por isso, concordo também com Tiago, na expectativa de uma chapa Marina e Cristovam Buarque. É a forma de forçar que esses partidos sejam empurrados a fugir da Ditadura dos sangue-sugas do Congresso (minha opinião é baseada na minha experiência de que existem pessoas competentes e honestas entre tucanos e petistas).
No fim, resta para meu espírito de sonhador a vontade de ver o P-Sol também participando de uma chapa como esta. Quem sabe com Heloisa Helena candidata ao Senado ou ao Governo do Estado de Alagoas. E, aqui em Pernambuco, a espectativa de Paulo Rubem forçar também uma terceira via na eleição polarizadíssima entre Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos.
No plano local, seria mais ou menos o que Elias Gomes significaria numa eleição ao Governo do Estado daqui há cinco anos. Ou seja, antecipar politicamente a vida política de Pernambuco em meia década.
Esse texto reflete minha humilde opinião, sem intenção nenhuma de chegar à verdade. E viva Foucault.
admiro demais marina. mas acho que comete um erro de cálculo...
uma pena. perdem amboas, ela e o partido. diferentemente da saída de figuras como HH, que só fizeram bem ao partido! :P
BJ | Homepage | 08.20.09 - 10:50 am | #
Gravatar Concordo com sua saída, ela teve que engulir muito em seu período como ministra até culminar na sua saída do Governo. Digo que uma chapa dela com Cristóvam (algo já especulado), a chapa dos ex-petistas, pode trazer muitas surpresas para todos.
Tiago | 08.23.09 - 9:56 pm | #
Trabalhei para o PT. Era assessor de Paulo Rubem quando ele passou pela ruptura que Marina está vivendo agora. Hoje sou coordenador de Jornalismo de uma Prefeitura do PSDB. Quer dizer, minha opinião é cheia de vícios da minha experiência pessoal. Mas, incitado, estou querendo dizer algo sobre isso.
O Diario de Pernambuco de ontem trouxe uma reportagem importante sobre o tema. Dois ecologistas discordavam sobre a importância do fenômeno Marina, para a questão ecológica no Brasil. Vejam os textos no link abaixo.
http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/08/23/politica1_0.asp
Novamente, os vícios. Minha mãe atua, hoje em dia, como mobilizadora do Fórum pela Vida do Rio Tapacurá e trabalha ao lado de Ricardo Braga, na Sociedade Nordestina de Ecologia. Concordo com ele, as chances são pequenas de uma vitória da candidata, mas Dilma e Serra serão obrigados a discutir publicamente o Desenvolvimento Sustentável. É uma pontinha de esperança.
Seria fantástico ter uma chapa robusta de gente que fuja à dicotomia PSDB/PT. Por isso, concordo também com Tiago, na expectativa de uma chapa Marina e Cristovam Buarque. É a forma de forçar que esses partidos sejam empurrados a fugir da Ditadura dos sangue-sugas do Congresso (minha opinião é baseada na minha experiência de que existem pessoas competentes e honestas entre tucanos e petistas).
No fim, resta para meu espírito de sonhador a vontade de ver o P-Sol também participando de uma chapa como esta. Quem sabe com Heloisa Helena candidata ao Senado ou ao Governo do Estado de Alagoas. E, aqui em Pernambuco, a espectativa de Paulo Rubem forçar também uma terceira via na eleição polarizadíssima entre Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos.
No plano local, seria mais ou menos o que Elias Gomes significaria numa eleição ao Governo do Estado daqui há cinco anos. Ou seja, antecipar politicamente a vida política de Pernambuco em meia década.
Esse texto reflete minha humilde opinião, sem intenção nenhuma de chegar à verdade. E viva Foucault.
19.8.09
A CARTA DE MARINA
"Caro companheiro Ricardo Berzoini,
Tornou-se pública nas últimas semanas, tendo sido objeto de conversa fraterna entre nós, a reflexão política em que me encontro há algum tempo e que passou a exigir de mim definições, diante do convite do Partido Verde para uma construção programática capaz de apresentar ao Brasil um projeto nacional que expresse os conhecimentos, experiências e propostas voltados para um modelo de desenvolvimento em cujo cerne esteja a sustentabilidade ambiental, social e econômica.
O que antes era tratado em pequeno círculo de familiares, amigos e companheiros de trajetória política, foi muito ampliado pelo diálogo com lideranças e militantes do Partido dos Trabalhadores, a cujos argumentos e questionamentos me expus com lealdade e atenção. Não foi para mim um processo fácil. Ao contrário, foi intenso, profundamente marcado pela emoção e pela vinda à tona de cada momento significativo de uma trajetória de quase trinta anos, na qual ajudei a construir o sonho de um Brasil democrático, com justiça e inclusão social, com indubitáveis avanços materializados na eleição do Presidente Lula, em 2002.
Hoje lhe comunico minha decisão de deixar o Partido dos Trabalhadores. É uma decisão que exigiu de mim coragem para sair daquela que foi até agora a minha casa política e pela qual tenho tanto respeito, mas estou certa de que o faço numa inflexão necessária à coerência com o que acredito ser necessário alcançar como novo patamar de conquistas para os brasileiros e para a humanidade. Tenho certeza de que enfrentarei muitas dificuldades, mas a busca do novo, mesmo quando cercada de cuidados para não desconstituir os avanços a duras penas alcançados, nunca é isenta de riscos.
Tenho a firme convicção de que essa decisão vai ao encontro do pensamento de milhares de pessoas no Brasil e no mundo, que há muitas décadas apontam objetivamente os equívocos da concepção do desenvolvimento centrada no crescimento material a qualquer custo, com ganhos exacerbados para poucos e resultados perversos para a maioria, ao custo, principalmente para os mais pobres, da destruição de recursos naturais e da qualidade de vida.
Tive a honra de ser ministra do Meio Ambiente do governo Lula e participei de importantes conquistas, das quais poderia citar, a título de exemplo, a queda do desmatamento na Amazônia, a estruturação e fortalecimento do sistema de licenciamento ambiental, a criação de 24 milhões de hectares de unidades de conservação federal, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e do Serviço Florestal Brasileiro. Entendo, porém, que faltaram condições políticas para avançar no campo da visão estratégica, ou seja, de fazer a questão ambiental alojar-se no coração do governo e do conjunto das políticas públicas.
É evidente que a resistência a essa mudança de enfoque não é exclusiva de governos. Ela está presente nos partidos políticos em geral e em vários setores da sociedade, que reagem a sair de suas práticas insustentáveis e pressionam as estruturas políticas para mantê-las.
Uma parte das pessoas com quem dialoguei nas últimas semanas perguntou-me por que não continuar fazendo esse embate dentro do PT. E chego à conclusão de que, após 30 anos de luta socioambiental no Brasil - com importantes experiências em curso, que deveriam ganhar escala nacional, provindas de governos locais e estaduais, agências federais, academia, movimentos sociais, empresas, comunidades locais e as organizações não-governamentais - é o momento não mais de continuar fazendo o embate para convencer o partido político do qual fiz parte pro quase trinta anos, mas sim o do encontro com os diferentes setores da sociedade dispostos a se assumir, inteira e claramente, como agentes da luta por um Brasil justo e sustentável, a fazer prosperar a mudança de valores e paradigmas que sinalizará um novo padrão de desenvolvimento para o País. Assim como vem sendo feito pelo próprio Partido dos Trabalhadores, desde sua origem, no que diz respeito à defesa da democracia com participação popular, da justiça social e dos direitos humanos.
Finalmente, agradeço a forma acolhedora e respeitosa com que me ouviu, estendendo a mesma gratidão a todos os militantes e dirigentes com quem dialoguei nesse período, particularmente a Aloizio Mercadante e a meus companheiros da bancada do Senado, que sempre me acolheram em todos esses momentos. E, de modo muito especial, quero me referir aos companheiros do Acre, de quem não me despedi, porque acredito firmemente que temos uma parceria indestrutível, acima de filiações partidárias. Não fiz nenhum movimento para que outros me acompanhassem na saída do PT, respeitando o espaço de exercício da cidadania política de cada militante. Não estou negando os imprescindíveis frutos das searas já plantadas, estou apenas me dispondo a continuar as semeaduras em outras searas.
Que Deus continue abençoando e guardando nossos caminhos
Saudações fraternas
Marina Silva"
Tornou-se pública nas últimas semanas, tendo sido objeto de conversa fraterna entre nós, a reflexão política em que me encontro há algum tempo e que passou a exigir de mim definições, diante do convite do Partido Verde para uma construção programática capaz de apresentar ao Brasil um projeto nacional que expresse os conhecimentos, experiências e propostas voltados para um modelo de desenvolvimento em cujo cerne esteja a sustentabilidade ambiental, social e econômica.
O que antes era tratado em pequeno círculo de familiares, amigos e companheiros de trajetória política, foi muito ampliado pelo diálogo com lideranças e militantes do Partido dos Trabalhadores, a cujos argumentos e questionamentos me expus com lealdade e atenção. Não foi para mim um processo fácil. Ao contrário, foi intenso, profundamente marcado pela emoção e pela vinda à tona de cada momento significativo de uma trajetória de quase trinta anos, na qual ajudei a construir o sonho de um Brasil democrático, com justiça e inclusão social, com indubitáveis avanços materializados na eleição do Presidente Lula, em 2002.
Hoje lhe comunico minha decisão de deixar o Partido dos Trabalhadores. É uma decisão que exigiu de mim coragem para sair daquela que foi até agora a minha casa política e pela qual tenho tanto respeito, mas estou certa de que o faço numa inflexão necessária à coerência com o que acredito ser necessário alcançar como novo patamar de conquistas para os brasileiros e para a humanidade. Tenho certeza de que enfrentarei muitas dificuldades, mas a busca do novo, mesmo quando cercada de cuidados para não desconstituir os avanços a duras penas alcançados, nunca é isenta de riscos.
Tenho a firme convicção de que essa decisão vai ao encontro do pensamento de milhares de pessoas no Brasil e no mundo, que há muitas décadas apontam objetivamente os equívocos da concepção do desenvolvimento centrada no crescimento material a qualquer custo, com ganhos exacerbados para poucos e resultados perversos para a maioria, ao custo, principalmente para os mais pobres, da destruição de recursos naturais e da qualidade de vida.
Tive a honra de ser ministra do Meio Ambiente do governo Lula e participei de importantes conquistas, das quais poderia citar, a título de exemplo, a queda do desmatamento na Amazônia, a estruturação e fortalecimento do sistema de licenciamento ambiental, a criação de 24 milhões de hectares de unidades de conservação federal, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e do Serviço Florestal Brasileiro. Entendo, porém, que faltaram condições políticas para avançar no campo da visão estratégica, ou seja, de fazer a questão ambiental alojar-se no coração do governo e do conjunto das políticas públicas.
É evidente que a resistência a essa mudança de enfoque não é exclusiva de governos. Ela está presente nos partidos políticos em geral e em vários setores da sociedade, que reagem a sair de suas práticas insustentáveis e pressionam as estruturas políticas para mantê-las.
Uma parte das pessoas com quem dialoguei nas últimas semanas perguntou-me por que não continuar fazendo esse embate dentro do PT. E chego à conclusão de que, após 30 anos de luta socioambiental no Brasil - com importantes experiências em curso, que deveriam ganhar escala nacional, provindas de governos locais e estaduais, agências federais, academia, movimentos sociais, empresas, comunidades locais e as organizações não-governamentais - é o momento não mais de continuar fazendo o embate para convencer o partido político do qual fiz parte pro quase trinta anos, mas sim o do encontro com os diferentes setores da sociedade dispostos a se assumir, inteira e claramente, como agentes da luta por um Brasil justo e sustentável, a fazer prosperar a mudança de valores e paradigmas que sinalizará um novo padrão de desenvolvimento para o País. Assim como vem sendo feito pelo próprio Partido dos Trabalhadores, desde sua origem, no que diz respeito à defesa da democracia com participação popular, da justiça social e dos direitos humanos.
Finalmente, agradeço a forma acolhedora e respeitosa com que me ouviu, estendendo a mesma gratidão a todos os militantes e dirigentes com quem dialoguei nesse período, particularmente a Aloizio Mercadante e a meus companheiros da bancada do Senado, que sempre me acolheram em todos esses momentos. E, de modo muito especial, quero me referir aos companheiros do Acre, de quem não me despedi, porque acredito firmemente que temos uma parceria indestrutível, acima de filiações partidárias. Não fiz nenhum movimento para que outros me acompanhassem na saída do PT, respeitando o espaço de exercício da cidadania política de cada militante. Não estou negando os imprescindíveis frutos das searas já plantadas, estou apenas me dispondo a continuar as semeaduras em outras searas.
Que Deus continue abençoando e guardando nossos caminhos
Saudações fraternas
Marina Silva"
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