Fico lendo a minha bibliografia do Mestrado e misturando as coisas na minha cabeça. Será que Jampa já leu Roberto Schwarz? Raul Jungman é um exemplo tão claro do burguês oportunista, que conhece a realidade brasileira. Me impressiono como as elocubrações da minha mãe sobre a história do Nordeste, e do Brasil, batem exatamente com estudos de Caio Prado Junior e Florestan Fernandes. Talvez ela já tenha lido e apenas os reinterprete em linguagem absolutamente popular? Só sei que facilita bastante o entendimento do que estou lendo o fato de já ter ouvido um bucado de coisas da boca da minha mãe.
Bem, realmente me faz bem ir à fonte dos intérpretes atuais do marxismo à brasileira. Até porque não sei bem onde me enquadro. Denis me sugeriu falar em dialética no meu projeto de pesquisa. Aquilo me soou meio antigo, ou talvez eu tenha sentido minha incapacidade de fazer uma reinterpretação disso de forma que me parecesse verdadeiro. Coloquei algumas palavras do vocabulário marxista (aquelas bem antigas mesmo, que Carol critica na monografia dela sobre o jornal do Sindicato dos Bancários), mas acabei sem fazer a explicação formal da coisa. E espero que isso não me prejudique.
Fui conversar com um amigo meu que também está fazendo a seleção. Ele veio me dizer que Foucault era pós-moderno. Compliquei minha cabeça. Para mim, que tenho em Foucault um dos poucos teóricos que li e gostei, o cara é um marxista que embasou muito do que os pós-modernos viriam a escrever depois. Lógico, minha bibliografia foi basicamente voltada para a Comunicação e se eu realmente tivesse chegado ao capítulo da Escola de Frankfurt no meu livro de Teoria da Comunicação minha colocação no concurso da Transpetro seria um pouco melhor. Mas pelo menos passei e pelo que vejo ninguém está sendo chamado mesmo.
Meio chato o período longo da seleção. Entreguei o projeto em dezembro, para isso estava estudando desde outubro (novembro, na verdade), mas a prova só será no meio de janeiro e o resultado só sai em fevereiro. Enquanto isso Rodolfo (primeiro lugar geral foi pra fuder!) e Mariana já fizeram inscrição, entregaram projetos, fizeram as provas e os dois foram aprovados (em Direito e Comunicação). Vou ter que tomar uma cachaça com os dois antes de passar na minha seleção. Pelo menos, posso chamar Fernando, mas a gente vai ter bem menos tempo de férias que o casal 20.
Bem, o que me incomodou mesmo esta semana. Aumento de 90,7% nos salários dos deputados. Raul Jungman como vice-líder do PPS vota a favor. E depois a imprensa pernambucana passa uma semana dando voz a ele porque está prometendo devolver o dinheiro. Ahn? A única vez que foi citado que ele votou a favor foi no blog do JC. Mais uma vez a Internet se mostra um meio de comunicação fuderoso. A imprensa é uma merda mesmo. Viciada. Comprada. Vence quem sabe se aproveitar. Mas também é triste saber que a maioria mal lê as linhas. Muito menos as entrelinhas.
Soltei a âncora mais uma vez. Vim passar um ano morando em Nova Orleans e quero contar para os amigos algumas histórias sobre minhas pedaladas aqui na América do Norte. Sou geminiano, então pode esperar tudo menos uniformidade!
20.12.06
6.12.06
Diario Oficial e gastos indevidos
Fico feliz toda vez que acredito existirem jornalistas que lêem o Diario Oficial. O blog do JC fez uma bela denúncia sobre a feia decoração natalina do Recife.
Me lembro, quando entrei no JC, como Alberto Lima dava furo quase toda semana porque só ele lia com cuidado os Diario Oficial (da Prefeitura e do Estado). Infelizmente, a vidinha de jornalista ganhando merreca não deu para o cara e ele, segundo me contam, está trabalhando no Itamaraty ou fazendo Instituto Rio Branco - não lembro bem.
Venho a algumas semanas percebendo a feiura da decoração. Fitinhas nas cores dos Estados Unidos. -Isso não vai dar certo. Vai ficar tudo enlinhado com o fio. Vai desgastar rápido. Fora que é feio mesmo.
Olha que eu já critiquei a decoração do Carnaval, não faço mais. É todo ano a mesma pessoa que faz, mas faz com muita competência.
E não acredito que sejam gastos quase R$4 milhões para uma decoração de Carnaval, como foi essa do Natal. Além do mais, 120 mil para a concepção do projeto por José Pimentel. (?). Ele é decorador, designer, artista plástico, arquiteto, engenheiro ou tem uma equipe multidisciplinar que atue nessas áreas e colabore com ele na concepção dessa decoração?
Sempre há explicações. Os banheiros da praia eram caros, porque eram inquebráveis. Eu uso e vejo as torneiras vazando... Só porque é vizinho, vou falar que foi só a Prefeitura assumir as quadras de tênis da orla para o lugar começar a ficar destruído. Grades, redes. Até o povo que foi contratado para dar aula, e vivia lá, desapareceu.
No domingo que o menino Rafael morreu eu ia jogar tênis lá, por uma fatalidade não estava por ali. Podia ter visto. Podia estar menos deserto o lugar. Mas se as quadras ainda estivessem sendo controladas por João (um cara de lá, que tomou conta por muitos anos), com certeza o lugar estaria mais cheio de gente. E o perigo seria menor.
Pena que uma coisa que dava certo, foi estragada e ainda tem custos para o contribuite.
Agora, tem o outro lado. O cara podia passar o ano lendo Diario Oficial e as loucuras que Mendonça está fazendo antes de sair do Governo não iam deixar de ser censuradas. Uma pena, mas é a realidade.
Me lembro, quando entrei no JC, como Alberto Lima dava furo quase toda semana porque só ele lia com cuidado os Diario Oficial (da Prefeitura e do Estado). Infelizmente, a vidinha de jornalista ganhando merreca não deu para o cara e ele, segundo me contam, está trabalhando no Itamaraty ou fazendo Instituto Rio Branco - não lembro bem.
Venho a algumas semanas percebendo a feiura da decoração. Fitinhas nas cores dos Estados Unidos. -Isso não vai dar certo. Vai ficar tudo enlinhado com o fio. Vai desgastar rápido. Fora que é feio mesmo.
Olha que eu já critiquei a decoração do Carnaval, não faço mais. É todo ano a mesma pessoa que faz, mas faz com muita competência.
E não acredito que sejam gastos quase R$4 milhões para uma decoração de Carnaval, como foi essa do Natal. Além do mais, 120 mil para a concepção do projeto por José Pimentel. (?). Ele é decorador, designer, artista plástico, arquiteto, engenheiro ou tem uma equipe multidisciplinar que atue nessas áreas e colabore com ele na concepção dessa decoração?
Sempre há explicações. Os banheiros da praia eram caros, porque eram inquebráveis. Eu uso e vejo as torneiras vazando... Só porque é vizinho, vou falar que foi só a Prefeitura assumir as quadras de tênis da orla para o lugar começar a ficar destruído. Grades, redes. Até o povo que foi contratado para dar aula, e vivia lá, desapareceu.
No domingo que o menino Rafael morreu eu ia jogar tênis lá, por uma fatalidade não estava por ali. Podia ter visto. Podia estar menos deserto o lugar. Mas se as quadras ainda estivessem sendo controladas por João (um cara de lá, que tomou conta por muitos anos), com certeza o lugar estaria mais cheio de gente. E o perigo seria menor.
Pena que uma coisa que dava certo, foi estragada e ainda tem custos para o contribuite.
Agora, tem o outro lado. O cara podia passar o ano lendo Diario Oficial e as loucuras que Mendonça está fazendo antes de sair do Governo não iam deixar de ser censuradas. Uma pena, mas é a realidade.
5.12.06
A academia
Nunca gostei.
Mas a verdade é que as vezes a gente acaba mudando os caminhos da vida. De repente, eu me toco que o sonho de jogar três peladas por semana nunca se realiza. Ainda mais que eu queria ter uma de tênis, outra de basquete e a minha de futebol (a única que tenho frequentado realmente).
Tive o maior prazer em fazer meu projeto para o Mestrado em Serviço Social. E quantas vezes eu não entendi a vida de Jampa, Julia, Rafael... De repente, faz sentido para mim entrar nesse mundo. Minha explicação: a pessoa tem que ter um foco que lhe interesse bastante, para aguentar passar pela parte chata.
Sei lá, talvez o foco para Jampa seja o de fazer a vida dele em torno desse mundo. Para mim, é estudar a história da Muribeca. Com isso, acaba fazendo sentido estudar História Oral, Urbanismo, Avaliação de Projetos Sociais e tantas outras coisas que sozinhas me pareceriam chatíssimas.
É isso. Finalmente dei entrada, agora só resta estudar para não ficar no caminho.
Mas a verdade é que as vezes a gente acaba mudando os caminhos da vida. De repente, eu me toco que o sonho de jogar três peladas por semana nunca se realiza. Ainda mais que eu queria ter uma de tênis, outra de basquete e a minha de futebol (a única que tenho frequentado realmente).
Tive o maior prazer em fazer meu projeto para o Mestrado em Serviço Social. E quantas vezes eu não entendi a vida de Jampa, Julia, Rafael... De repente, faz sentido para mim entrar nesse mundo. Minha explicação: a pessoa tem que ter um foco que lhe interesse bastante, para aguentar passar pela parte chata.
Sei lá, talvez o foco para Jampa seja o de fazer a vida dele em torno desse mundo. Para mim, é estudar a história da Muribeca. Com isso, acaba fazendo sentido estudar História Oral, Urbanismo, Avaliação de Projetos Sociais e tantas outras coisas que sozinhas me pareceriam chatíssimas.
É isso. Finalmente dei entrada, agora só resta estudar para não ficar no caminho.
17.11.06
Cazuza era burguês, mas era um puta poeta!
Marta me manda um e-mail sobre o dia do consumo solidário, organizado por Cleide Torres do Procon-Recife. Uma das pessoas a quem admiro muito por estar tentando fazer um trabalho, dentro daquela Prefeitura que tanto maltrata os seus funcionários. Aqui do lado, no Sítio da Trindade, se eu esticar o pescoço sou capaz de filar uma aula de Jacaré, ensinando o pessoal a reciclar com inteligência.
Vou ver se passo lá. É que estou ocupado, com tanta coisa...
- Cozinhar uma carne em fogo lento, deixar o molho bem grosso, colocar uns legumes bem frescos e tomar com um pouco de vinho.
- Acordar minha namorada no meio da noite para ela dividir comigo o momento de magia culinária, e ter o prazer sádico de vê-la sem ter coragem de reclamar daquela sacanagem.
- Servir para Chico o meu nem tão simples refogado e fazer com que ele assuma que gosta, mesmo preferindo carne, arroz, feijão e purê.
- Depois cozinhar carne, arroz e purê e ouvir de meu filho que aquela comida é a melhor do mundo. E ter certeza que os publicitários do Sazon são verdadeiros poetas.
- Rir da menina que tem nojo porque estou comendo as folhinhas do meu manjericão, mas mesmo assim parar de arrancá-las, afinal ele está tão bem tratado ali na janela.
- Ir andando na feira para comprar uma plantinha cheirosa escolhida em parceria com o pirralho. E regar quase diariamente até o meu mandacaru, porque até os brutos gostam de carinho.
- Ouvir as mesmas músicas de sempre, sem ter ninguém para reclamar que são as mesmas músicas de sempre. E ainda poder botar no repeat um disco francês que estava esquecido.
- Ler de manhã, trabalhar domingo à noite, cozinhar de madrugada, tomar um banho frio ou bem quente. Receber uma visita inesperada.
Millôr Fernandes comprou seu apartamento em um prédio de quatro andares: "Num prédio dessa altura, mais o térreo com os pilotis e mesmo que se more no último andar pode-se ler o preço dos picolés da carrocinha da Kibon na calçada, admirar o jogo de quadris do broto que atravessa a rua ou chamar o amolador de facas que passa tocando "Cidade Maravilhosa", descreveu Ruy Castro.
Bem, ainda não moro em Ipanema. Meu bairro já foi destruído pelo vil metal e pelos bate-estacas opulentos, assim como o de Millor, mas por sorte eu acordo com os passarinhos do Sítio da Trindade. Cantando numa maravilhosa desordem. Algumas crianças ainda brincam de bola aqui em baixo do prédio. O espaço curto é bom para desenvolver habilidade, diria o otimista. E, se não vejo as gatas das praias do Rio, pelo menos ouço o movimento do povo de Casa Amarela, que cruza o parque para chegar em Casa Forte ou que mata o tempo namorando por ali mesmo.
Mas eu só queria mesmo repetir essa acusação: Eles podem construir uma vasta obra, destinada a confortar ou afligir o ser humano. Surge então um joão-da-costa e autoriza uma obra de dezoito andares, que não conforta ninguém e aflige muito mais.
Vou ver se passo lá. É que estou ocupado, com tanta coisa...
- Cozinhar uma carne em fogo lento, deixar o molho bem grosso, colocar uns legumes bem frescos e tomar com um pouco de vinho.
- Acordar minha namorada no meio da noite para ela dividir comigo o momento de magia culinária, e ter o prazer sádico de vê-la sem ter coragem de reclamar daquela sacanagem.
- Servir para Chico o meu nem tão simples refogado e fazer com que ele assuma que gosta, mesmo preferindo carne, arroz, feijão e purê.
- Depois cozinhar carne, arroz e purê e ouvir de meu filho que aquela comida é a melhor do mundo. E ter certeza que os publicitários do Sazon são verdadeiros poetas.
- Rir da menina que tem nojo porque estou comendo as folhinhas do meu manjericão, mas mesmo assim parar de arrancá-las, afinal ele está tão bem tratado ali na janela.
- Ir andando na feira para comprar uma plantinha cheirosa escolhida em parceria com o pirralho. E regar quase diariamente até o meu mandacaru, porque até os brutos gostam de carinho.
- Ouvir as mesmas músicas de sempre, sem ter ninguém para reclamar que são as mesmas músicas de sempre. E ainda poder botar no repeat um disco francês que estava esquecido.
- Ler de manhã, trabalhar domingo à noite, cozinhar de madrugada, tomar um banho frio ou bem quente. Receber uma visita inesperada.
Millôr Fernandes comprou seu apartamento em um prédio de quatro andares: "Num prédio dessa altura, mais o térreo com os pilotis e mesmo que se more no último andar pode-se ler o preço dos picolés da carrocinha da Kibon na calçada, admirar o jogo de quadris do broto que atravessa a rua ou chamar o amolador de facas que passa tocando "Cidade Maravilhosa", descreveu Ruy Castro.
Bem, ainda não moro em Ipanema. Meu bairro já foi destruído pelo vil metal e pelos bate-estacas opulentos, assim como o de Millor, mas por sorte eu acordo com os passarinhos do Sítio da Trindade. Cantando numa maravilhosa desordem. Algumas crianças ainda brincam de bola aqui em baixo do prédio. O espaço curto é bom para desenvolver habilidade, diria o otimista. E, se não vejo as gatas das praias do Rio, pelo menos ouço o movimento do povo de Casa Amarela, que cruza o parque para chegar em Casa Forte ou que mata o tempo namorando por ali mesmo.
Mas eu só queria mesmo repetir essa acusação: Eles podem construir uma vasta obra, destinada a confortar ou afligir o ser humano. Surge então um joão-da-costa e autoriza uma obra de dezoito andares, que não conforta ninguém e aflige muito mais.
13.11.06
Conciliação, nem a pau!
Eu fico vendo o Santa Cruz. O time recebeu verba de Primeira Divisão, teve público bom até a metade do campeonato, pagou salários de time de segunda e mesmo assim está com três meses de salários atrasados. Além disso, deixou irem em péssima hora (nada de embora) dois bons jogadores (Rosembrik e Carlinhos Bala) e o técnico que leva agora o Sport para ocupar o lugar do Tricolor.
No momento da eleição, o novo candidato vai se sentar na mesa com o homem que é responsável por toda essa gestão desastrosa, que tem em suas costas o peso de denúncias graves de estar desviando dinheiro do clube. Eu realmente não entendo. Para mim, se Edinho aceitar incluir gente dessa turma de Romerito vai estar assinando uma confissão de culpa. Tomara que não entre nessa.
Sempre simpatizei com Edinho. Cubria o Nautico quando ele era diretor de Futebol e fiz muito amadorismo quando ele era presidente da Federação de Futsal. Acho interessante o fato dele ser um profissional do esporte, e não um simpatizante do time. Mas sei, por exemplo, que muitos o responsabilizam pela decadência do futsal pernambucano pós-Votorantim.
Precisa ter respaldo e que os tricolores estejam no pé dele participando da nova gestão. Eu mesmo sou contra esse tipo de conciliação. Na Política é que esse tipo de coisa mais acontece. Ainda bem que não vai acontecer aqui para o meu lado, porque tive medo disso. Não dá para sofrer o tempo todo na mão do cara e depois ainda baixar a cabeça.
No momento da eleição, o novo candidato vai se sentar na mesa com o homem que é responsável por toda essa gestão desastrosa, que tem em suas costas o peso de denúncias graves de estar desviando dinheiro do clube. Eu realmente não entendo. Para mim, se Edinho aceitar incluir gente dessa turma de Romerito vai estar assinando uma confissão de culpa. Tomara que não entre nessa.
Sempre simpatizei com Edinho. Cubria o Nautico quando ele era diretor de Futebol e fiz muito amadorismo quando ele era presidente da Federação de Futsal. Acho interessante o fato dele ser um profissional do esporte, e não um simpatizante do time. Mas sei, por exemplo, que muitos o responsabilizam pela decadência do futsal pernambucano pós-Votorantim.
Precisa ter respaldo e que os tricolores estejam no pé dele participando da nova gestão. Eu mesmo sou contra esse tipo de conciliação. Na Política é que esse tipo de coisa mais acontece. Ainda bem que não vai acontecer aqui para o meu lado, porque tive medo disso. Não dá para sofrer o tempo todo na mão do cara e depois ainda baixar a cabeça.
31.10.06
El Metodo
Cinema argentino para mim é algo que tem agradado sempre. Já tinha ido para os dois filmes anteriores de Marcelo Pyneiro então minha expectativa era grande, porque gostei bastante de Plata Quemada e Kamtchatka é um dos meus preferidos na safra atual de cinema latino-americano.
Esse terceiro também é bem interessante. Nem senti falta de Buenos Aires (que me fez gostar até de um documentário em estilo iraniano sobre a vida de Jorge Luiz Borges), talvez um pouco de Barcelona, onde o filme se passa. É que a história todinha se desenrola dentro de uma sala onde acontece uma seleção para um cargo de executivo de uma multi-nacional.
Sempre me achei craque de seleção. Na verdade, nunca cheguei à fase das entrevistas para não passar. Lembro bem da minha primeira vez tentando vaga em um jornal. A psicóloga me pergunta sobre um defeito meu: falei uns dez minutos sobre como vinha enfrentando minha timidez desde que resolvi entrar no curso de Jornalismo.
No fim ela ficou duvidando que eu realmente tinha sido tímido na vida. Mas isso já num clima descontraído que para mim teve um significado simples: estou dentro! Pena que poucos meses depois desisti da Folha de Pernambuco e pela primeira vez tive que enfrentar uma dinâmica de grupo.
Eram umas dez pessoas numa salinha do antigo prédio do Jornal do Commercio. Uma das profissionais espalhou no chão um monte de brinquedos e pediu para que cada um de nós escolhesse um e depois explicasse em que aquele objeto poderia representar um trecho da sua vida.
Me lembro que antes de pegar o barquinho que eu queria uma menina passou a mão nele, então fiquei com um carro de bombeiros. "Essa escadinha desse caminhão me faz pensar em todos os obstáculos que já enfrentei na minha vida, pois tenho aprendido a ir subindo devagar para conseguir atingir meus objetivos", estava sem inspiração, afinal tinha perdido a minha chance de dizer que gostava de dar bobeira, era preguiçoso e meu sonho era ficar balançando num barquinho.
Mas dei sorte, acabei passando por essa fase e sendo beneficiado pela baixa concorrência para a Editoria de Esportes. Entramos eu e Moisés, os únicos que tinham interesse nessa área, enquanto para o Caderno C tinham umas quatro pessoas disputando cada vaga.
Ironia do destino, a menina que pegou o meu barquinho se deu mal na seleção. "Peguei esse barco... Por que ele me lembra uma pessoa muito importante na minha vida... Meu avô... Ele morreu a apenas três meses...". Não era bem esse o tipo de resposta que as psicólogas estavam esperando e a pobrezinha acabou chorando do lado de fora da sala.
Acabei sem falar do filme. É bem mundo real. Apesar de uma cena de sexo meio surreal. Diz muito para quem vive o dia-a-dia de trabalho e ainda achei graça em umas situações muito caricatas. Mas seria uma merda se eu contasse ele todinho. O nome em português é horrível: O que você faria?
Eu, particularmente, demitiria a psicóloga e o tradutor que ela contratou.
Esse terceiro também é bem interessante. Nem senti falta de Buenos Aires (que me fez gostar até de um documentário em estilo iraniano sobre a vida de Jorge Luiz Borges), talvez um pouco de Barcelona, onde o filme se passa. É que a história todinha se desenrola dentro de uma sala onde acontece uma seleção para um cargo de executivo de uma multi-nacional.
Sempre me achei craque de seleção. Na verdade, nunca cheguei à fase das entrevistas para não passar. Lembro bem da minha primeira vez tentando vaga em um jornal. A psicóloga me pergunta sobre um defeito meu: falei uns dez minutos sobre como vinha enfrentando minha timidez desde que resolvi entrar no curso de Jornalismo.
No fim ela ficou duvidando que eu realmente tinha sido tímido na vida. Mas isso já num clima descontraído que para mim teve um significado simples: estou dentro! Pena que poucos meses depois desisti da Folha de Pernambuco e pela primeira vez tive que enfrentar uma dinâmica de grupo.
Eram umas dez pessoas numa salinha do antigo prédio do Jornal do Commercio. Uma das profissionais espalhou no chão um monte de brinquedos e pediu para que cada um de nós escolhesse um e depois explicasse em que aquele objeto poderia representar um trecho da sua vida.
Me lembro que antes de pegar o barquinho que eu queria uma menina passou a mão nele, então fiquei com um carro de bombeiros. "Essa escadinha desse caminhão me faz pensar em todos os obstáculos que já enfrentei na minha vida, pois tenho aprendido a ir subindo devagar para conseguir atingir meus objetivos", estava sem inspiração, afinal tinha perdido a minha chance de dizer que gostava de dar bobeira, era preguiçoso e meu sonho era ficar balançando num barquinho.
Mas dei sorte, acabei passando por essa fase e sendo beneficiado pela baixa concorrência para a Editoria de Esportes. Entramos eu e Moisés, os únicos que tinham interesse nessa área, enquanto para o Caderno C tinham umas quatro pessoas disputando cada vaga.
Ironia do destino, a menina que pegou o meu barquinho se deu mal na seleção. "Peguei esse barco... Por que ele me lembra uma pessoa muito importante na minha vida... Meu avô... Ele morreu a apenas três meses...". Não era bem esse o tipo de resposta que as psicólogas estavam esperando e a pobrezinha acabou chorando do lado de fora da sala.
Acabei sem falar do filme. É bem mundo real. Apesar de uma cena de sexo meio surreal. Diz muito para quem vive o dia-a-dia de trabalho e ainda achei graça em umas situações muito caricatas. Mas seria uma merda se eu contasse ele todinho. O nome em português é horrível: O que você faria?
Eu, particularmente, demitiria a psicóloga e o tradutor que ela contratou.
30.10.06
Essa festa não é minha
A Praça de Casa Forte estava toda amarela ontem. Gostei da festa. Mas meu prazo de validade expirou exatamente às 17 horas. Quando alguém lembrou que estávamos cercados de prédios construídos na gestão João Paulo, que não haviam sido autorizados quando Roberto Magalhães era prefeito.
Chico ficou brincando na casa de Vaninha com um menino que disse que era a vitória dos primos dele. Falou com João Paulo e Eduardo Campos, depois eu fiz questão de apresentá-lo a um político de Primeira Divisão: Paulo Rubem.
Aqui em Pernambuco sempre se disse que não havia espaço para Terceira Via. Raul Jungman e Carlos Wilson foram alguns dos que sofreram derrotas e o próprio Eduardo Campos antecipou uma mudança no esquadro, quando o grupo de Miguel Arraes deu lugar ao grupo que era representado pelos deputados estaduais Paulo Rubem e João Paulo.
E agora, será que a tríade futebolística vai se repetir na política pernambucana? O Nautico deve ser a União por Pernambuco, grupo de poder aquisitivo alto que consegue se juntar para conquistar um objetivo comum, mesmo havendo grandes diferenças internas. O Sport só pode ser mesmo representado pelo grande balaio de gatos do PT em Pernambuco, só não vou dizer quem fica com o cargo de Luciano Bivar. O Santinha é evidentemente o grupo de Eduardo Campos, que domina as massas como ninguém e com seu populismo de olhos azuis vai levando pelas tabelas muito bem em termos eleitorais, agora vamos ver em termos administrativos.
O PT tem o Governo Federal, os cargos todos que são distribuídos no Estado e a Prefeitura do Recife. O PSB tem o Governo do Estado, a perspectiva de adesões de prefeitos e parlamentares e a facilidade de uma boa relação com o Governo Lula. A União por Pernambuco tem os três senadores (Jarbas - PMDB, Sergio Guerra - PSDB e Marco Maciel - PFL), cidades importantes como Caruaru (onde o prefeito teve mais sucesso eleitoral que João Paulo em 2006) e a perspectiva de conquistar o poder nacionalmente daqui a quatro anos.
Se Eduardo for esperto ele não abre espaço para o PT (João Paulo) continuar crescendo. Isto significa, cooptação das lideranças interioranas e investimento para reconquistar o apoio prioritário do PCdoB (Luciano Siqueira, Luciano Moura e Nelson Pereira devem ter apoio daqui a dois anos ou cargos nesse próximo Governo) e aproximação dos trabalhistas. Fora isso, ele pode investir nas alas que divergem do prefeito dentro do próprio PT (Campo Majoritário, Carlos Wilson e Paulo Rubem).
Daqui a quatro anos é que vamos poder dizer se ficou firmado um trio de grupos políticos mesmo. Ou se a vitória de Eduardo é o declínio de um dos outros dois grupos. O PT perdeu a cara ética e lutadora de quando Paulo Rubem e João Paulo eram deputados estaduais. O PFL está em declínio, mas Jarbas Vasconcelos ainda é a liderança mais importante da política pernambucana.
Minha aposta é que estamos exatamente na estaca zero. Morreram Cristina Tavares, Osvaldo Lima Filho e o PT está em processo de auto-destruição. Voltamos para o velho confronto dos coronéis de amarelo e de azul em Pernambuco. Em termos de construção política o horizonte é enorme. Quanto à disputa eleitoral é melhor se lembrar que faz tempo que Pernambuco não tem dois times na Primeira Divisão. E o Santinha está ai para mostrar que crescer de forma desordenada é a melhor receita para ganhar uma queda abrupta.
Candidatos não faltam para ocupar a cadeira da Cobrinha.
Chico ficou brincando na casa de Vaninha com um menino que disse que era a vitória dos primos dele. Falou com João Paulo e Eduardo Campos, depois eu fiz questão de apresentá-lo a um político de Primeira Divisão: Paulo Rubem.
Aqui em Pernambuco sempre se disse que não havia espaço para Terceira Via. Raul Jungman e Carlos Wilson foram alguns dos que sofreram derrotas e o próprio Eduardo Campos antecipou uma mudança no esquadro, quando o grupo de Miguel Arraes deu lugar ao grupo que era representado pelos deputados estaduais Paulo Rubem e João Paulo.
E agora, será que a tríade futebolística vai se repetir na política pernambucana? O Nautico deve ser a União por Pernambuco, grupo de poder aquisitivo alto que consegue se juntar para conquistar um objetivo comum, mesmo havendo grandes diferenças internas. O Sport só pode ser mesmo representado pelo grande balaio de gatos do PT em Pernambuco, só não vou dizer quem fica com o cargo de Luciano Bivar. O Santinha é evidentemente o grupo de Eduardo Campos, que domina as massas como ninguém e com seu populismo de olhos azuis vai levando pelas tabelas muito bem em termos eleitorais, agora vamos ver em termos administrativos.
O PT tem o Governo Federal, os cargos todos que são distribuídos no Estado e a Prefeitura do Recife. O PSB tem o Governo do Estado, a perspectiva de adesões de prefeitos e parlamentares e a facilidade de uma boa relação com o Governo Lula. A União por Pernambuco tem os três senadores (Jarbas - PMDB, Sergio Guerra - PSDB e Marco Maciel - PFL), cidades importantes como Caruaru (onde o prefeito teve mais sucesso eleitoral que João Paulo em 2006) e a perspectiva de conquistar o poder nacionalmente daqui a quatro anos.
Se Eduardo for esperto ele não abre espaço para o PT (João Paulo) continuar crescendo. Isto significa, cooptação das lideranças interioranas e investimento para reconquistar o apoio prioritário do PCdoB (Luciano Siqueira, Luciano Moura e Nelson Pereira devem ter apoio daqui a dois anos ou cargos nesse próximo Governo) e aproximação dos trabalhistas. Fora isso, ele pode investir nas alas que divergem do prefeito dentro do próprio PT (Campo Majoritário, Carlos Wilson e Paulo Rubem).
Daqui a quatro anos é que vamos poder dizer se ficou firmado um trio de grupos políticos mesmo. Ou se a vitória de Eduardo é o declínio de um dos outros dois grupos. O PT perdeu a cara ética e lutadora de quando Paulo Rubem e João Paulo eram deputados estaduais. O PFL está em declínio, mas Jarbas Vasconcelos ainda é a liderança mais importante da política pernambucana.
Minha aposta é que estamos exatamente na estaca zero. Morreram Cristina Tavares, Osvaldo Lima Filho e o PT está em processo de auto-destruição. Voltamos para o velho confronto dos coronéis de amarelo e de azul em Pernambuco. Em termos de construção política o horizonte é enorme. Quanto à disputa eleitoral é melhor se lembrar que faz tempo que Pernambuco não tem dois times na Primeira Divisão. E o Santinha está ai para mostrar que crescer de forma desordenada é a melhor receita para ganhar uma queda abrupta.
Candidatos não faltam para ocupar a cadeira da Cobrinha.
16.10.06
É HORA DE DEBATE COLETIVO E NÃO DE SILÊNCIO INDIVIDUAL
"Os resultados do primeiro turno destas eleições indicam uma guinada conservadora do eleitorado. A política econômica continuísta, as alianças fisiológicas e os graves desvios éticos e ideológicos de petistas e de altos funcionários do governo destruíram a esperança de um enorme contingente da população. E geraram o misto de revolta, apatia e ceticismo que explicam o retorno de figuras execráveis ao primeiro plano da política brasileira e a grave perda de espaço do voto de opinião.
Em uma campanha marcada por regras que não inibiram o uso das máquinas administrativas e o abuso do poder econômico, na qual os escândalos deslocaram o debate eleitoral para as páginas policiais, o Partido Socialismo e Liberdade empenhou-se em trazer à baila as grandes questões nacionais e em mostrar as graves ameaças que pesam atualmente sobre a classe trabalhadora e sobre a Nação."
... (www.chicoalencar.com.br)
Só para mostrar um pouco do sentimento de quem trabalha para fazer Política nesse País. Triste ouvir de Paulo Rubem a frase que ele me disse pouco antes de ver que estava eleito: "A gente vai ter que repensar tudo". É que mesmo os que venceram foram derrotados. Chico fica reclamando a derrota de Antonio Carlos Biscaia (do PT), Paulo a de Roberto Leandro, Ivan Valente também não conseguiu eleger nenhum estadual em São Paulo... Lá no Rio, Marcelo Freixo foi eleito para a Assembléia.
Em uma campanha marcada por regras que não inibiram o uso das máquinas administrativas e o abuso do poder econômico, na qual os escândalos deslocaram o debate eleitoral para as páginas policiais, o Partido Socialismo e Liberdade empenhou-se em trazer à baila as grandes questões nacionais e em mostrar as graves ameaças que pesam atualmente sobre a classe trabalhadora e sobre a Nação."
... (www.chicoalencar.com.br)
Só para mostrar um pouco do sentimento de quem trabalha para fazer Política nesse País. Triste ouvir de Paulo Rubem a frase que ele me disse pouco antes de ver que estava eleito: "A gente vai ter que repensar tudo". É que mesmo os que venceram foram derrotados. Chico fica reclamando a derrota de Antonio Carlos Biscaia (do PT), Paulo a de Roberto Leandro, Ivan Valente também não conseguiu eleger nenhum estadual em São Paulo... Lá no Rio, Marcelo Freixo foi eleito para a Assembléia.
9.10.06
Problema de visão
É muito interessante ler por outro ângulo. Pena que quase ninguém faça isso. Hoje, saiu uma matéria de uma página no Diario de Pernambuco.
Bolsa Família - O risco da dependência.
Programa absorve mão-de-obra da cana.
Patrões apontam dificuldade de recrutar trabalhadores qualificados em plena safra.
Numa das fotos que ilustra a reportagem fica claro o trabalho leve de que se está falando. O trabalhador corta cana com todo o apetrecho que eu nunca vi em Pernambuco: óculos de proteção, chapéu, máscara, mangas compridas, luvas, caneleira...
Fiz a minha consultoria aqui a João Mathias, que já trabalhou em usinas e é natural do Município de Quipapá. Diz ele que existe alguma usina que oferece esses apetrechos. Só que ninguém aguenta trabalhar com tanto calor. Ainda mais, o principal problema do corte de cana, que são as amputações e ferimentos por conta de corte com o facão, não tem como se evitar.
Fui procurar na reportagem quanto as usinas estão pagando pelo trabalho. Infelizmente não tem. Tem toda a análise dos gastos com o bolsa-família, R$ 95 por beneficiado, mas ficou faltando a análise da questão trabalhista.
Tenho certeza que se pagassem alguma coisa que dignamente recompensasse não haveria falta de trabalhadores (na verdade, acho que se existe mesmo esse problema é localizado). Escravidão já passou.
Na Muribeca mesmo pode haver problema de falta de trabalhador porque catar lixo dá mais dinheiro do que cortar cana-de-açúcar, para a Usina Bulhões, que grila terras há alguns séculos por ali. O problema é o Lixão. Vamos deixar de jogar coisas fora.
Eu preciso de óculos, minha realidade está toda distorcida.
Bolsa Família - O risco da dependência.
Programa absorve mão-de-obra da cana.
Patrões apontam dificuldade de recrutar trabalhadores qualificados em plena safra.
Numa das fotos que ilustra a reportagem fica claro o trabalho leve de que se está falando. O trabalhador corta cana com todo o apetrecho que eu nunca vi em Pernambuco: óculos de proteção, chapéu, máscara, mangas compridas, luvas, caneleira...
Fiz a minha consultoria aqui a João Mathias, que já trabalhou em usinas e é natural do Município de Quipapá. Diz ele que existe alguma usina que oferece esses apetrechos. Só que ninguém aguenta trabalhar com tanto calor. Ainda mais, o principal problema do corte de cana, que são as amputações e ferimentos por conta de corte com o facão, não tem como se evitar.
Fui procurar na reportagem quanto as usinas estão pagando pelo trabalho. Infelizmente não tem. Tem toda a análise dos gastos com o bolsa-família, R$ 95 por beneficiado, mas ficou faltando a análise da questão trabalhista.
Tenho certeza que se pagassem alguma coisa que dignamente recompensasse não haveria falta de trabalhadores (na verdade, acho que se existe mesmo esse problema é localizado). Escravidão já passou.
Na Muribeca mesmo pode haver problema de falta de trabalhador porque catar lixo dá mais dinheiro do que cortar cana-de-açúcar, para a Usina Bulhões, que grila terras há alguns séculos por ali. O problema é o Lixão. Vamos deixar de jogar coisas fora.
Eu preciso de óculos, minha realidade está toda distorcida.
4.10.06
O voto da ignorância
A gente mora num puta País de gente que não tem acesso a informação. Não estou só falando da pobreza. É muito doido como o escândalo que envolve Mendonça e R$300 milhões ficou muito menos tempo na mídia do que qualquer assunto negativo que envolvesse Eduardo ou Humberto no Primeiro Turno. E não estou dando esse exemplo porque sou anti-PFL.
Eu fiz um projeto de graduação analisando a primeira eleição de João Paulo para a Prefeitura do Recife só para fazer uma pergunta a ele: "Prefeito. O PT tem usado o discurso crítico em relação à mídia desde o último debate envolvendo Collor e Lula, na eleição de 1989, quando o Jornal Nacional fez uma edição que claramente favoreceu o candidato alagoano. Por quê, ao ganhar na Justiça e provar que a Folha de Pernambuco cometeu crime eleitoral ao publicar pesquisa irregular do Instituto Opine, o senhor fez acordo para não cobrar a multa?"
A resposta dele pouco importa. Pois sair na tangente é especialidade de qualquer pessoa que passe pelo Executivo. Mas é muito triste ouvir dos jornalistas da Folha que ninguém pode falar mal do PT porque o jornal tem uma dívida gigante com o prefeito João Paulo. Assim, como é muito triste ninguém falar da Via Mangue, porque o projeto faraônico favorece os interesses econômicos de um dono de jornal e de um grande anunciante.
Ou seja, temos poucas informações mesmo. Mas nem procurar também é pau. No Primeiro Turno nem falo que eram muitas opções. Mas agora também no Segundo Turno anular um voto me parece coisa de gente irresponsável.
É claro que é difícil escolher entre Eduardo e Mendonça. Os dois têm péssimas influências no Judiciário e péssimos quadros no Legislativo. E um currículo que não ajuda muito. Entre Lula e Alckmin eu fico muito tranquilo para dizer que basta dizer que Lula acabou com a farra das privatizações e o País continua crescendo.
Já votei em Joaquim Magalhães uma vez, para não votar no velho Arraes. Mas dessa vez vou dar meu voto com carinho para Eduardo Campos. Pelo menos ele tem na bancada dele o melhor quadro da nova bancada da Assembléia Legislativa: Ceça Ribeiro. Vai ter influência do PT no seu governo, apesar de agora eu achar difícil que Roberto Leandro ou Paulo Rubem tenham qualquer poder.
Bem, vai ter que mostrar serviço. Mas se fizer um Governo de coalisão tem chance de se tornar uma figura importante na Política nacional. Nunca imaginei que Eduardo Campos podesse chegar ao Poder em Pernambuco. Mas está ai a chance. Outras pessoas podem achar Mendonça melhor e eu vou respeitar. Acho só uma incompetência muito grande a pessoa ter quatro anos para pensar e quando chega na urna anula o voto.
Gaste um dia se informando, mas me faça o favor de não votar nulo.
Eu fiz um projeto de graduação analisando a primeira eleição de João Paulo para a Prefeitura do Recife só para fazer uma pergunta a ele: "Prefeito. O PT tem usado o discurso crítico em relação à mídia desde o último debate envolvendo Collor e Lula, na eleição de 1989, quando o Jornal Nacional fez uma edição que claramente favoreceu o candidato alagoano. Por quê, ao ganhar na Justiça e provar que a Folha de Pernambuco cometeu crime eleitoral ao publicar pesquisa irregular do Instituto Opine, o senhor fez acordo para não cobrar a multa?"
A resposta dele pouco importa. Pois sair na tangente é especialidade de qualquer pessoa que passe pelo Executivo. Mas é muito triste ouvir dos jornalistas da Folha que ninguém pode falar mal do PT porque o jornal tem uma dívida gigante com o prefeito João Paulo. Assim, como é muito triste ninguém falar da Via Mangue, porque o projeto faraônico favorece os interesses econômicos de um dono de jornal e de um grande anunciante.
Ou seja, temos poucas informações mesmo. Mas nem procurar também é pau. No Primeiro Turno nem falo que eram muitas opções. Mas agora também no Segundo Turno anular um voto me parece coisa de gente irresponsável.
É claro que é difícil escolher entre Eduardo e Mendonça. Os dois têm péssimas influências no Judiciário e péssimos quadros no Legislativo. E um currículo que não ajuda muito. Entre Lula e Alckmin eu fico muito tranquilo para dizer que basta dizer que Lula acabou com a farra das privatizações e o País continua crescendo.
Já votei em Joaquim Magalhães uma vez, para não votar no velho Arraes. Mas dessa vez vou dar meu voto com carinho para Eduardo Campos. Pelo menos ele tem na bancada dele o melhor quadro da nova bancada da Assembléia Legislativa: Ceça Ribeiro. Vai ter influência do PT no seu governo, apesar de agora eu achar difícil que Roberto Leandro ou Paulo Rubem tenham qualquer poder.
Bem, vai ter que mostrar serviço. Mas se fizer um Governo de coalisão tem chance de se tornar uma figura importante na Política nacional. Nunca imaginei que Eduardo Campos podesse chegar ao Poder em Pernambuco. Mas está ai a chance. Outras pessoas podem achar Mendonça melhor e eu vou respeitar. Acho só uma incompetência muito grande a pessoa ter quatro anos para pensar e quando chega na urna anula o voto.
Gaste um dia se informando, mas me faça o favor de não votar nulo.
3.10.06
Rodolfo, a Casa de Tobias e o MST
Fui ontem para a defesa da monografia de Rodolfo. Um amigo e companheiro do gabinete de Roberto Leandro. Ele tinha me falado o tema no domingo: Direito de propriedade e o MST.
A Faculdade de Direito sempre me impressiona. Aquele prédio é lindo demais. Com uma pracinha no meio. É claro que aqueles estudantes ficam querendo ser caretinhas iguais aos professores. Acho que eu seguiria a tendência.
Até os professores mais progressistas fazem questão de tirar uma casquinha. A orientadora dele quando foi convidar Joba, que representava o MST, falou com bom humor.
- Essa casa tem pompa e ritual. A pompa eu acho desnecessária, mas o ritual quando dá para cumprir eu faço questão. Gostaria que Joba nesse momento venha para o meu lugar e assuma a presidência desta sessão.
Aquelas coisas simples que tornam uma coisa tão normal e cotidiana um pouco mais especial. Como quando Joba, ao final das explicações, levantou-se e pegou o chapéu que estava na mesa durante toda a defesa.
- Queria repetir com Rodolfo uma tradição que temos no MST para agradecer aquelas pessoas que comprovadamente demonstram um trabalho que venha a nos ajudar e engrandecer na luta pela conquista da Terra e por melhorias na condição de vida do nosso povo.
Ele colocou o chapéu e ficamos eu e Mariana do lado de cá quase a chorar.
Recebi um chapéu no dia em que a gente ajudou a acabar uma confusão entre os Sem-Terra e a PM, na marcha que iniciava o Fórum Social Brasileiro em Recife. Bem, não teve o mesmo significado. Ninguém havia me explicado nada.
Mas acabei me esquecendo de escrever o principal. Rodolfo é foda mesmo. Tirou 10. Até a professora que ficava criticando a invasão da Aracruz Celulose se rendeu ao discurso ideológico e apaixonado dele. E eu só fiquei pensando, cada geração tem o Zeca Cavalcanti que merece.
Da Casa de Tobias vai demorar a sair outra pessoa que me deixe com tanta vontade de ser advogado na vida.
A Faculdade de Direito sempre me impressiona. Aquele prédio é lindo demais. Com uma pracinha no meio. É claro que aqueles estudantes ficam querendo ser caretinhas iguais aos professores. Acho que eu seguiria a tendência.
Até os professores mais progressistas fazem questão de tirar uma casquinha. A orientadora dele quando foi convidar Joba, que representava o MST, falou com bom humor.
- Essa casa tem pompa e ritual. A pompa eu acho desnecessária, mas o ritual quando dá para cumprir eu faço questão. Gostaria que Joba nesse momento venha para o meu lugar e assuma a presidência desta sessão.
Aquelas coisas simples que tornam uma coisa tão normal e cotidiana um pouco mais especial. Como quando Joba, ao final das explicações, levantou-se e pegou o chapéu que estava na mesa durante toda a defesa.
- Queria repetir com Rodolfo uma tradição que temos no MST para agradecer aquelas pessoas que comprovadamente demonstram um trabalho que venha a nos ajudar e engrandecer na luta pela conquista da Terra e por melhorias na condição de vida do nosso povo.
Ele colocou o chapéu e ficamos eu e Mariana do lado de cá quase a chorar.
Recebi um chapéu no dia em que a gente ajudou a acabar uma confusão entre os Sem-Terra e a PM, na marcha que iniciava o Fórum Social Brasileiro em Recife. Bem, não teve o mesmo significado. Ninguém havia me explicado nada.
Mas acabei me esquecendo de escrever o principal. Rodolfo é foda mesmo. Tirou 10. Até a professora que ficava criticando a invasão da Aracruz Celulose se rendeu ao discurso ideológico e apaixonado dele. E eu só fiquei pensando, cada geração tem o Zeca Cavalcanti que merece.
Da Casa de Tobias vai demorar a sair outra pessoa que me deixe com tanta vontade de ser advogado na vida.
Pastor Cleiton Collins
Tem uma reportagem no JC falando hoje sobre as pretensões do Pastor Cleiton Collins de sair candidato a prefeito de Jaboatão. Felizmente, ele não vai poder repetir a musiquinha triste que grudou na minha cabeça e mesmo depois de dias após o fim do guia eu ainda fico repetindo.
Na quinta passada, uma notinha no JC falou sobre esse fenômeno, mesmo sem o jornalista ter entendido o problema. Dizia que os protestantes tinham votos em lugares que ninguém imagina. Na eleição da Escola Recanto o resultado foi: Pastor Cleiton Collins - 134; Teresa Leitão - 13. Os outros ficaram com menos de 10 votos.
Só esse colunista não percebeu que deve ter sido a maior zona a eleição da Escola Recanto. A musiquinha fez a festa da pirralhada, que votou em peso para tirar onda. Não é que o fenômeno tenha se repetido na votação geral, mas teve um peso grande nos quase 90 mil votos que o Pastor teve.
Quando cheguei em Jaboatão domingo o cenário era o seguinte: as escolas cheias de gente, nenhuma propaganda por perto, exceto os santinhos que tinham sido jogados no chão no dia anterior por diversos candidatos. As pessoas me pediam o número dos candidatos do PT só de me ver com adesivo de Roberto Leandro.
O policiamento era pouco. Mas nem nossas lideranças estavam com os adesivos. Diziam estar com medo. Paulo Rubem nem fabricou. Os eleitores passavam procurando o número no meu peito. Duas vezes fui parado: 1 - Vou votar em Paulo e Roberto. Qual o número deles? 2- Sou PT desde criança. Qual o número de Renildo? Anota também o de Roberto Leandro para mim.
Só fiquei me lembrando de uma conversa que tive com uma jornalista duas semanas antes da eleição. Dizia que tínhamos duas músicas na campanha. Um frevo grudento e um forró bonito. E eu só decorava o frevo, apesar de tocar muito menos nos dois carros de som da campanha. Estava tudo errado.
Para terminar acabamos sem usar as musiquinhas no guia de TV. E ganhou o jingle que ficou na cabeça daquele povo. Também o fato do cara ser pastor deve ter funcionado para muita gente. Só me lembro desse número mesmo e ele deve ser honesto porque é crente...
Ps: Não vou ditar o jingle para tentar não jogar de novo essa praga na cabeça de ninguém.
Na quinta passada, uma notinha no JC falou sobre esse fenômeno, mesmo sem o jornalista ter entendido o problema. Dizia que os protestantes tinham votos em lugares que ninguém imagina. Na eleição da Escola Recanto o resultado foi: Pastor Cleiton Collins - 134; Teresa Leitão - 13. Os outros ficaram com menos de 10 votos.
Só esse colunista não percebeu que deve ter sido a maior zona a eleição da Escola Recanto. A musiquinha fez a festa da pirralhada, que votou em peso para tirar onda. Não é que o fenômeno tenha se repetido na votação geral, mas teve um peso grande nos quase 90 mil votos que o Pastor teve.
Quando cheguei em Jaboatão domingo o cenário era o seguinte: as escolas cheias de gente, nenhuma propaganda por perto, exceto os santinhos que tinham sido jogados no chão no dia anterior por diversos candidatos. As pessoas me pediam o número dos candidatos do PT só de me ver com adesivo de Roberto Leandro.
O policiamento era pouco. Mas nem nossas lideranças estavam com os adesivos. Diziam estar com medo. Paulo Rubem nem fabricou. Os eleitores passavam procurando o número no meu peito. Duas vezes fui parado: 1 - Vou votar em Paulo e Roberto. Qual o número deles? 2- Sou PT desde criança. Qual o número de Renildo? Anota também o de Roberto Leandro para mim.
Só fiquei me lembrando de uma conversa que tive com uma jornalista duas semanas antes da eleição. Dizia que tínhamos duas músicas na campanha. Um frevo grudento e um forró bonito. E eu só decorava o frevo, apesar de tocar muito menos nos dois carros de som da campanha. Estava tudo errado.
Para terminar acabamos sem usar as musiquinhas no guia de TV. E ganhou o jingle que ficou na cabeça daquele povo. Também o fato do cara ser pastor deve ter funcionado para muita gente. Só me lembro desse número mesmo e ele deve ser honesto porque é crente...
Ps: Não vou ditar o jingle para tentar não jogar de novo essa praga na cabeça de ninguém.
2.10.06
Lula e Eduardo
Só para não deixar de falar. Vou votar e acho que eles se elegem. Mas não me representam. Foi melhor Humberto ter ficado de fora. Assim, o PSB continua com toda a força na campanha. Foi dos poucos bons resultados para o presidente, melhor que isso só a eleição da Bahia.
Ponderações eleitorais.
Paulo Rubem é um dos deputados federais menos votados que vão para o Congresso Nacional. Roberto Leandro por muito pouco ficou de fora e a Assembléia Legislativa fica ainda pior.
Quando eu saí da Prefeitura do Recife tomei como objetivo a eleição de ontem. Seria a chance de mostrar que o caminho (da extorsão, corrupção, manipulação e outros ãos) escolhido estava prejudicando o PT de Pernambuco. Ontem, ficou provado que eu estava errado. Eleitoralmente é muito melhor ser corrupto.
No começo do meu trabalho com Roberto Leandro achava insuportável o cuidado que ele tinha para criticar os adversários, e principalmente os próprios petistas. Cheguei a desconfiar que era um erro continuar lutando na merda e que havia uma chance em adotar outro partido. Mas tudo tem seus motivos.
Na derrota, eu tenho condições de olhar para o lado e dizer ainda bem que a gente ajudou a eleger Paulo Rubem. Ainda mais, porque isso mostra que é preciso um pouco de revolta mesmo para se fazer Política de forma séria. Não dá para enfrentar os fuzis, sem pelo menos fingir uma falta e de vez em quando dar um pontapé por trás.
Procuro olhar mais pelo lado positivo. Paulo Rubem foi eleito sem gastar nem um décimo do que qualquer outro candidato eleito deputado federal pelo PT. Eles não tinham adesivos nem para usar no dia da eleição. Circulei por Jaboatão toda, e não vi nada dele além dos santinhos que Roberto mandou fazer com o rosto dele.
Mesmo assim, foi o deputado mais votado naquele Município. Acredito que se a gente tivesse sabido usar a nova legislação teríamos ali garantido a eleição de Roberto. As pessoas me pediam o número de Paulo e Roberto quando eu estava na porta dos colégios eleitorais, porque eu era um dos poucos ali com adesivos deles.
Não vou nem falar muito das idéias que tive para utilizar nessa eleição. Mas a verdade é que a gente não acreditou que a nova legislação era pra valer. Estávamos muito bem até poucos dias atrás. E perdemos a eleição na semana passada e principalmente ontem.
A nova Legislação Eleitoral é boa. Venceu quem soube utiliza-la de forma inteligente. E quem ficou de fora precisa aprender a ouvir para poder vencer na próxima.
"A luta continua companheiro. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima", Roberto Leandro.
Quando eu saí da Prefeitura do Recife tomei como objetivo a eleição de ontem. Seria a chance de mostrar que o caminho (da extorsão, corrupção, manipulação e outros ãos) escolhido estava prejudicando o PT de Pernambuco. Ontem, ficou provado que eu estava errado. Eleitoralmente é muito melhor ser corrupto.
No começo do meu trabalho com Roberto Leandro achava insuportável o cuidado que ele tinha para criticar os adversários, e principalmente os próprios petistas. Cheguei a desconfiar que era um erro continuar lutando na merda e que havia uma chance em adotar outro partido. Mas tudo tem seus motivos.
Na derrota, eu tenho condições de olhar para o lado e dizer ainda bem que a gente ajudou a eleger Paulo Rubem. Ainda mais, porque isso mostra que é preciso um pouco de revolta mesmo para se fazer Política de forma séria. Não dá para enfrentar os fuzis, sem pelo menos fingir uma falta e de vez em quando dar um pontapé por trás.
Procuro olhar mais pelo lado positivo. Paulo Rubem foi eleito sem gastar nem um décimo do que qualquer outro candidato eleito deputado federal pelo PT. Eles não tinham adesivos nem para usar no dia da eleição. Circulei por Jaboatão toda, e não vi nada dele além dos santinhos que Roberto mandou fazer com o rosto dele.
Mesmo assim, foi o deputado mais votado naquele Município. Acredito que se a gente tivesse sabido usar a nova legislação teríamos ali garantido a eleição de Roberto. As pessoas me pediam o número de Paulo e Roberto quando eu estava na porta dos colégios eleitorais, porque eu era um dos poucos ali com adesivos deles.
Não vou nem falar muito das idéias que tive para utilizar nessa eleição. Mas a verdade é que a gente não acreditou que a nova legislação era pra valer. Estávamos muito bem até poucos dias atrás. E perdemos a eleição na semana passada e principalmente ontem.
A nova Legislação Eleitoral é boa. Venceu quem soube utiliza-la de forma inteligente. E quem ficou de fora precisa aprender a ouvir para poder vencer na próxima.
"A luta continua companheiro. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima", Roberto Leandro.
1.8.06
6.6.06
Perdi o texto
Faltam três dias para a Copa do Mundo. Parece aquele momento em que o cara se veste para finalmente sair com a paixão que estava guardada no fundo do armário sentimental. Eu já até perdi esse texto que estava quase todo feito. Mas mesmo assim vou escrever alguma coisa para não perder a viagem.
Fico com uma saudade danada do tempinho que trabalhei no JC, caderno de Esportes. Meus domingos de folga eram um verdadeiro tormento.
- Para de pensar no teu trabalho uma vez na vida!
É que sempre dei azar de folgar em dia de Clássico das Multidões.
Na Copa passada estava no Rio. Assisti quase todos os jogos do torneio em minha casa da Vila Isabel. Feliz tempo de desempregado. Acabou a competição, o Brasil ganhou e logo voltaram as angústias. Quando passou o primeiro turno da eleição desisti da minha empreitada carioca, foi mais fácil voltar para o Recife.
Tio Armando também estava no Rio. Teve o azar de não ser chamado para a cobertura no Japão e na Coréia. Ficou dirigindo o programa da SporTV do Rio de Janeiro mesmo. Tomara que dessa vez ele esteja comendo bem muito chucrute, afinal até Juninho Pernambucano está nessa Copa.
Tomara que ele tenha o direito de gritar Vasco quando o reizinho fizer mais um gol de falta. Ele foi o único flamenguista do mundo que me ligou para comemorar quando Juninho foi campeão pelo Vasco. Mas no Rio de Janeiro é muito mais difícil demonstrar essa paixão enrustida.
Promessas de 2006. Acho que nunca gostei tanto de um time do Brasil.
Não assistir jogo do Brasil na casa de Mateus. 98 bastou. E ainda deixou meu irmão Pedro sem gostar de futebol.
Não falar mais nenhuma vez que não me lembro da Copa de 82. Por que essa não é a Seleção que pretende substituir a de Zico e Falcão.
Assistir a final com Tuti. Por que a coisa mais bonita que me lembro do futebol é ver Tuti chorando na final de 1994.
É mais fácil isso do que ir para a casa de uns amigos, com Paulinho e Rosinha, lá na Urca.
A Copa de 90 acompanhei muito pouco. Estava em Gravatá. Lembro que reclamava da ausência de Romário e Bebeto, minha dupla de ataque dos sonhos.
De 86, lembro da tensão pré Brasil e França. Fiquei encolhidinho na varanda do quarto de mamãe, rezando para Careca fazer um golzinho. Só me lembro de voltar aquele lugarzinho no dia que meu pai morreu. Bem, não deve ser um bom lugar para fazer nenhum pedido a Deus. Ainda mais sendo ateu.
Toda Copa do Mundo eu sempre reclamo de alguma coisa na Seleção. A dupla de ataque devia ser Romário e Bebeto. O melhor meia de ligação do Brasil é Bismarck (tá, alguma vez eu tinha que estar errado). Edmundo está em melhor fase do que Ronaldinho, imagina que fiquei feliz quando vi o cara escalado no dia da final contra a França. Mas nessa Copa só torço para Juninho virar titular.
Fico com uma saudade danada do tempinho que trabalhei no JC, caderno de Esportes. Meus domingos de folga eram um verdadeiro tormento.
- Para de pensar no teu trabalho uma vez na vida!
É que sempre dei azar de folgar em dia de Clássico das Multidões.
Na Copa passada estava no Rio. Assisti quase todos os jogos do torneio em minha casa da Vila Isabel. Feliz tempo de desempregado. Acabou a competição, o Brasil ganhou e logo voltaram as angústias. Quando passou o primeiro turno da eleição desisti da minha empreitada carioca, foi mais fácil voltar para o Recife.
Tio Armando também estava no Rio. Teve o azar de não ser chamado para a cobertura no Japão e na Coréia. Ficou dirigindo o programa da SporTV do Rio de Janeiro mesmo. Tomara que dessa vez ele esteja comendo bem muito chucrute, afinal até Juninho Pernambucano está nessa Copa.
Tomara que ele tenha o direito de gritar Vasco quando o reizinho fizer mais um gol de falta. Ele foi o único flamenguista do mundo que me ligou para comemorar quando Juninho foi campeão pelo Vasco. Mas no Rio de Janeiro é muito mais difícil demonstrar essa paixão enrustida.
Promessas de 2006. Acho que nunca gostei tanto de um time do Brasil.
Não assistir jogo do Brasil na casa de Mateus. 98 bastou. E ainda deixou meu irmão Pedro sem gostar de futebol.
Não falar mais nenhuma vez que não me lembro da Copa de 82. Por que essa não é a Seleção que pretende substituir a de Zico e Falcão.
Assistir a final com Tuti. Por que a coisa mais bonita que me lembro do futebol é ver Tuti chorando na final de 1994.
É mais fácil isso do que ir para a casa de uns amigos, com Paulinho e Rosinha, lá na Urca.
A Copa de 90 acompanhei muito pouco. Estava em Gravatá. Lembro que reclamava da ausência de Romário e Bebeto, minha dupla de ataque dos sonhos.
De 86, lembro da tensão pré Brasil e França. Fiquei encolhidinho na varanda do quarto de mamãe, rezando para Careca fazer um golzinho. Só me lembro de voltar aquele lugarzinho no dia que meu pai morreu. Bem, não deve ser um bom lugar para fazer nenhum pedido a Deus. Ainda mais sendo ateu.
Toda Copa do Mundo eu sempre reclamo de alguma coisa na Seleção. A dupla de ataque devia ser Romário e Bebeto. O melhor meia de ligação do Brasil é Bismarck (tá, alguma vez eu tinha que estar errado). Edmundo está em melhor fase do que Ronaldinho, imagina que fiquei feliz quando vi o cara escalado no dia da final contra a França. Mas nessa Copa só torço para Juninho virar titular.
8.5.06
Pesquisas
Folha de Pernambuco:
Mendonça - 28%
Humberto - 19%
Eduardo - 17%
Jornal do Commercio:
Mendonça - 29%
Eduardo - 23%
Humberto - 21%
A eleição vai ser destrutiva. Acho as chances de Humberto boas. Mas a verdade é que muita gente acha ruim deixar o PT com o Poder Federal, Estadual e Municipal. O apoio de Lula vai ser fundamental. Ele que vai dizer para onde Armando Monteiro (que tem 8%) vai pender. Acho mais provável o presidente da CNI apoiar o neto de Arraes e colocar José Queiroz para senador. Silvio Costa fica para a próxima, ninguém vai para o enfrentamento com Jarbas agora não. E só fica a dúvida de quem serão os candidatos a vice. Quase não se fala nisso ainda.
As chapas: Mendonça e Jarbas; Humberto e Luciano; Eduardo e José Queiroz. O melhor para Lula é ter o PSB no Segundo Turno, com um vice ligado ao PTB de Armando Monteiro, para ter uma segurança de campanha forte no Segundo Turno em Pernambuco. Humberto enfraquece a campanha dele, pois trabalhistas e arraesistas ficarão bem mais distantes.
Mendonça - 28%
Humberto - 19%
Eduardo - 17%
Jornal do Commercio:
Mendonça - 29%
Eduardo - 23%
Humberto - 21%
A eleição vai ser destrutiva. Acho as chances de Humberto boas. Mas a verdade é que muita gente acha ruim deixar o PT com o Poder Federal, Estadual e Municipal. O apoio de Lula vai ser fundamental. Ele que vai dizer para onde Armando Monteiro (que tem 8%) vai pender. Acho mais provável o presidente da CNI apoiar o neto de Arraes e colocar José Queiroz para senador. Silvio Costa fica para a próxima, ninguém vai para o enfrentamento com Jarbas agora não. E só fica a dúvida de quem serão os candidatos a vice. Quase não se fala nisso ainda.
As chapas: Mendonça e Jarbas; Humberto e Luciano; Eduardo e José Queiroz. O melhor para Lula é ter o PSB no Segundo Turno, com um vice ligado ao PTB de Armando Monteiro, para ter uma segurança de campanha forte no Segundo Turno em Pernambuco. Humberto enfraquece a campanha dele, pois trabalhistas e arraesistas ficarão bem mais distantes.
Minha razão de viver
Título lindo. O livro de Samuel Wainer, sobre sua própria biografia é bem mais pé no chão. Conta a história do Última Hora. Jornal carioca que chegou a ter versões impressas nas principais cidades do País (São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife...).
Pena que ele, quando escreveu, pouco se empolgasse com a questão jornalística. Ele só fala no caderno de Esportes, para dizer que um concorrente nunca fez sucesso porque era pouco popular, nunca tendo investido em áreas como o futebol.
Mas, por outro lado, é incrível a sinceridade como o jornalística disseca a política da época. Chega tive vontade de botar o título do post: O Mensalão de Getulio. Mas seria injusto com Jango e JK, se só falasse do primeiro presidente.
Samuel Wainer conta as dezenas de vezes que, para financiar o Ultima Hora, foi levado por presidentes a procurar banqueiros, empreiteiros... E, estou falando desse jornal tido como esquerdista, que lançou caras como Nelson Rodrigues e Paulo Francis (só para ficar nos que tornaram-se direitistas históricos).
No mesmo dia que acabei com a leitura, li a entrevista de Silvio Pereira: "essa coisa de mala de dinheiro do PT para o PTB é mentira. Isso é coisa..." do tempo de Getulio completaria eu, se não desconfiasse que tem gente que ainda usa os métodos antigos.
Fico triste de ver que 30 anos depois os dois lados da Política continuam financiados pelos mesmos grupos econômicos? Não. Fico feliz de saber que tem gente que contesta isso. Por que a realidade é essa mesma.
Agora talvez tão ruim quanto isso é não haver um jornal diário que represente algum tipo de contestação a essa imprensa marrom, que vive de receber um ou outro anúncio governamental. Décadas se passaram e a Imprensa sim. Só piorou.
A Política talvez tenha melhorado. Aqui na Assembléia Legislativa há espaço para gente como Augusto Coutinho e Roberto Leandro. Gente que, falo sem conhecer a realidade do pefelista, pelo menos questiona as fontes de financiamento. O resto é resto.
Pena que ele, quando escreveu, pouco se empolgasse com a questão jornalística. Ele só fala no caderno de Esportes, para dizer que um concorrente nunca fez sucesso porque era pouco popular, nunca tendo investido em áreas como o futebol.
Mas, por outro lado, é incrível a sinceridade como o jornalística disseca a política da época. Chega tive vontade de botar o título do post: O Mensalão de Getulio. Mas seria injusto com Jango e JK, se só falasse do primeiro presidente.
Samuel Wainer conta as dezenas de vezes que, para financiar o Ultima Hora, foi levado por presidentes a procurar banqueiros, empreiteiros... E, estou falando desse jornal tido como esquerdista, que lançou caras como Nelson Rodrigues e Paulo Francis (só para ficar nos que tornaram-se direitistas históricos).
No mesmo dia que acabei com a leitura, li a entrevista de Silvio Pereira: "essa coisa de mala de dinheiro do PT para o PTB é mentira. Isso é coisa..." do tempo de Getulio completaria eu, se não desconfiasse que tem gente que ainda usa os métodos antigos.
Fico triste de ver que 30 anos depois os dois lados da Política continuam financiados pelos mesmos grupos econômicos? Não. Fico feliz de saber que tem gente que contesta isso. Por que a realidade é essa mesma.
Agora talvez tão ruim quanto isso é não haver um jornal diário que represente algum tipo de contestação a essa imprensa marrom, que vive de receber um ou outro anúncio governamental. Décadas se passaram e a Imprensa sim. Só piorou.
A Política talvez tenha melhorado. Aqui na Assembléia Legislativa há espaço para gente como Augusto Coutinho e Roberto Leandro. Gente que, falo sem conhecer a realidade do pefelista, pelo menos questiona as fontes de financiamento. O resto é resto.
Mais do mesmo
Quem continua lendo esse blog tem que gostar muito de mim mesmo. Por que a pessoa só atualizar quando alguém reclama como estou fazendo é muita falta de vergonha. A verdade é que tenho estado com a cabeça voltada para o trabalho, e estava tentando fazer um blog apolítico. Afinal, minhas idéias de campanha "à moda antiga" não seriam muito bem encaradas pelos companheiros petistas. É que tudo que disser pode ser usado contra Roberto Leandro, que já tem gente demais para detonar a imagem dele.
Já pensou eu escrevendo aqui minha idéia pouquissimo original de (AUTO-CENSURADO)
Bem, isso até causa uma ou outra piada, mas pode ser muito mal interpretado. Mas a verdade é que diante da minha crescente empolgação com as próximas eleições estou pensando em voltar a escrever sobre eleições. Talvez ajeitar o visual desse site, destruído por mim mesmo a quase um ano. E voltar a ficar escrevendo com mais constância.
Bem, vejamos se esse teste tem alguma reação.
Já pensou eu escrevendo aqui minha idéia pouquissimo original de (AUTO-CENSURADO)
Bem, isso até causa uma ou outra piada, mas pode ser muito mal interpretado. Mas a verdade é que diante da minha crescente empolgação com as próximas eleições estou pensando em voltar a escrever sobre eleições. Talvez ajeitar o visual desse site, destruído por mim mesmo a quase um ano. E voltar a ficar escrevendo com mais constância.
Bem, vejamos se esse teste tem alguma reação.
18.4.06
Lá
Lá na beira do mar
Vou jogar uma rede
Pra poder descansar
Lá, onde o tempo parou
Procurar a certeza
Pra poder voltar
Engraçado como Jorge Cabeleira conseguiu fazer uma música sensível?
Vou jogar uma rede
Pra poder descansar
Lá, onde o tempo parou
Procurar a certeza
Pra poder voltar
Engraçado como Jorge Cabeleira conseguiu fazer uma música sensível?
12.4.06
Quando eu morrer, me enterre na latinha, time de fresco, é aquele da Cobrinha
Eu não quero missa de Sétimo Dia.
Quero que Mateus se lembre de mim num beco escuro de Paris.
Que Rafa quebre uma lança-perfume de tanto cheirar nas ladeiras de Olinda.
Que Julia durma tranquilamente no quentinho de uma rede numa praia bem deserta.
Que Dani ria de uma roubada maior ainda do que a que já meti ele.
Que Julio aumente dez vezes o quanto ia falar mal de alguém em minha homenagem.
Que Chico faça um filho mais bonito que o do pai dele.
Que Bruna tome banho na água mais verde que Olinda possa ter.
Que Paulinho fique tratando uma belota enorme para fumar sozinho e sem pressa.
E eu vou estar com as pernas em cima da mesa, comendo uns pãezinhos de queijo, esperando o prato preferido do meu pai, lá no Marruá do Centro de Convenções. O céu existe!
Quero que Mateus se lembre de mim num beco escuro de Paris.
Que Rafa quebre uma lança-perfume de tanto cheirar nas ladeiras de Olinda.
Que Julia durma tranquilamente no quentinho de uma rede numa praia bem deserta.
Que Dani ria de uma roubada maior ainda do que a que já meti ele.
Que Julio aumente dez vezes o quanto ia falar mal de alguém em minha homenagem.
Que Chico faça um filho mais bonito que o do pai dele.
Que Bruna tome banho na água mais verde que Olinda possa ter.
Que Paulinho fique tratando uma belota enorme para fumar sozinho e sem pressa.
E eu vou estar com as pernas em cima da mesa, comendo uns pãezinhos de queijo, esperando o prato preferido do meu pai, lá no Marruá do Centro de Convenções. O céu existe!
29.3.06
Narizinho quebrado
São Francisco de Assis era feliz?
Dona Raquel era feliz?
Minha mãe ainda pode ser feliz?
Pensava aquilo ali. Deitada na cama. Felizmente o último cliente estava indo embora. Por que alguns caras demoram tanto? Parece que ficam procurando um ombro para se encontrar. Ops, encostar. Acho que já bebi demais hoje. Seis caras, nenhuma trepada boa, pelo menos o primeiro era um cara super inteligente. Pena que conversa não faz a gente gozar. Tive que descer para fazer o babaca ir embora da minha casa. Gordo, feio e o pau dele ainda é fino! Queria distância logo.
Ele pelo menos me ofereceu carona. Eu tenho carro, respondi. Só que resolvi ir andando ali comer alguma coisa. Sei lá, acho que foi pressentimento mesmo, pois nunca faço isso. E logo que entrei na padaria vi aquele menino e fui sentar na mesa dele. Gostei de deixar ele errado. Encontrar a puta que você nem conseguiu comer ontem, indo para a padaria junto de casa não é o sonho de nenhum dos meus clientes. Mas até que o estranhamento dele me causou um certo interesse.
- Estou indo para o trabalho.
- Estou saindo do meu.
- Eu nunca tinha feito isso.
- Você não precisa me explicar.
- Sou casado... Para você isso deve ser super comum.
- Para dizer a verdade eu apenas não sei.
- Evita perguntar né?
- Nem isso. Você tem filhos?
- Só ela.
Eu sei que vai parecer ridículo dizer isso, mas ver Maria com a fardinha do Instituto Capibaribe me deixou louca para conhecer aquele cara. A menina era bem diferente de mim. Despachada. Nada haver com a pirralhinha queridinha de Dona Raquel, que fez questão de fazer primeira comunhão só para não decepcionar a velhinha. Mentira, né? Pelo menos, eu ganhei uns super presentes no meu batizado. Mas é como se tivesse sido corrupção bem feita, tráfico de influência sem que ninguém tenha falado no assunto. Não disse ao meu queridinho que tinha estudado no Capibaribe. Só fiquei ali espiando a filhinha dele.
- Olha, quando estiver afim é só ligar.
Essa foi foda. O cara brocha e ainda recebe um vale. Não podia ter me saído pior. Mas era que também não ia ficar ali conversando com o pai da menina na frente dela.
Dona Raquel era feliz?
Minha mãe ainda pode ser feliz?
Pensava aquilo ali. Deitada na cama. Felizmente o último cliente estava indo embora. Por que alguns caras demoram tanto? Parece que ficam procurando um ombro para se encontrar. Ops, encostar. Acho que já bebi demais hoje. Seis caras, nenhuma trepada boa, pelo menos o primeiro era um cara super inteligente. Pena que conversa não faz a gente gozar. Tive que descer para fazer o babaca ir embora da minha casa. Gordo, feio e o pau dele ainda é fino! Queria distância logo.
Ele pelo menos me ofereceu carona. Eu tenho carro, respondi. Só que resolvi ir andando ali comer alguma coisa. Sei lá, acho que foi pressentimento mesmo, pois nunca faço isso. E logo que entrei na padaria vi aquele menino e fui sentar na mesa dele. Gostei de deixar ele errado. Encontrar a puta que você nem conseguiu comer ontem, indo para a padaria junto de casa não é o sonho de nenhum dos meus clientes. Mas até que o estranhamento dele me causou um certo interesse.
- Estou indo para o trabalho.
- Estou saindo do meu.
- Eu nunca tinha feito isso.
- Você não precisa me explicar.
- Sou casado... Para você isso deve ser super comum.
- Para dizer a verdade eu apenas não sei.
- Evita perguntar né?
- Nem isso. Você tem filhos?
- Só ela.
Eu sei que vai parecer ridículo dizer isso, mas ver Maria com a fardinha do Instituto Capibaribe me deixou louca para conhecer aquele cara. A menina era bem diferente de mim. Despachada. Nada haver com a pirralhinha queridinha de Dona Raquel, que fez questão de fazer primeira comunhão só para não decepcionar a velhinha. Mentira, né? Pelo menos, eu ganhei uns super presentes no meu batizado. Mas é como se tivesse sido corrupção bem feita, tráfico de influência sem que ninguém tenha falado no assunto. Não disse ao meu queridinho que tinha estudado no Capibaribe. Só fiquei ali espiando a filhinha dele.
- Olha, quando estiver afim é só ligar.
Essa foi foda. O cara brocha e ainda recebe um vale. Não podia ter me saído pior. Mas era que também não ia ficar ali conversando com o pai da menina na frente dela.
6.3.06
Amigos
O bom é que eles são para todas as horas.
Para tomar 10 ou 12 saideiras.
Para perder de você mesmo jogando melhor.
Para ouvir suas merdas mesmo que não façam sentido.
Para rir da sua desgraça.
Para chorar com o nosso prazer.
Para dizer que tem vários caminhos.
E para te ajudar a seguir o seu coração.
Para tomar 10 ou 12 saideiras.
Para perder de você mesmo jogando melhor.
Para ouvir suas merdas mesmo que não façam sentido.
Para rir da sua desgraça.
Para chorar com o nosso prazer.
Para dizer que tem vários caminhos.
E para te ajudar a seguir o seu coração.
1.3.06
As mais ricas cinzas
Uma flor na mão dela;
Marca a chama que não se apaga.
A neve que cai devagarinho;
Aquece uma paixão dividida.
Uma foto na hora exata;
Lembrança do amor passageiro.
Até o furo que nunca fiz;
É saudade do proibido.
A leveza da trapezista;
Faz dos opostos parecidos.
Marca a chama que não se apaga.
A neve que cai devagarinho;
Aquece uma paixão dividida.
Uma foto na hora exata;
Lembrança do amor passageiro.
Até o furo que nunca fiz;
É saudade do proibido.
A leveza da trapezista;
Faz dos opostos parecidos.
18.2.06
Queixada, Gregório e o James Dean parisiense
João Victor (www.vigiadanatureza.blogger.com.br) tem um post muito engraçado sobre a estátua de Ademir de Menezes, que fica na Praça da Bandeira. Para falar a verdade, nunca prestei atenção nessa estátua, apesar de falar muito do artilheiro, que é um dos maiores símbolos da união das torcidas do Vasco e do Sport. É que essa parceria foi a forma que meu pai encontrou para me fazer torcer pelo time de Roberto Dinamite.
Mas acho interessante que ela exista. Assim como o fato de João Paulo ter criado a Ponte Gregório Bezerra. Me incomoda muito o quanto somos completamente analfabetos sobre a história do lugar onde moramos. Minha mãe é a pessoa que conheço que mais sabe a história do Recife. Se você pedir ela conta com detalhes a história de como umas mulheres de Casa Forte foram para as janelas, com panelas e assim impediram que o engenho fosse destruído pelos (holandeses? portugueses?).
Bem, como dá para notar, sou ignorante mesmo. Mas explico. As palavras dela daqui a 50 anos vão morrer. Placa na Praça de Casa Forte não tem, nem em nenhum outro lugar que lembre isso. Talvez o nome Avenida 17 de Agosto seja uma referência a esse momento histórico, mas eu não sei nenhum livro em que eu possa ter certeza disso? Quer dizer, como é que podemos viver num País tão sem memória?
Me lembrei disso porque na França fomos na casa onde Graça morou quando era adolescente. Tinha uma placa sobre o pai do amigo dela, que segundo ela era um James Dean do cinema francês dos anos 60, que morreu perto dos 30 anos. É mais ou menos como ir na casa de Dona Jaci e ter na frente uma placa dizendo: "Aqui viveu o ministro da Agricultura, Oswaldo Lima Filho, que foi deposto pela Ditadura Militar e teve sua vida dedicada ao homem do campo nordestino. Tendo sido também deputado federal constituinte e recebido nota 10 por avaliação de entidades sindicais em 1989".
Simples né? Ninguém fez. Os livros sobre ele existem, mas são burocráticos.
Mas isso não é o pior. Como é que se passa na pracinha em frente ao Ibama e não existe nada para homenagear Gregório Bezerra. Quantas histórias lendárias o CPOR viveu, por conta desse homem que era analfabeto até os 18 anos. E quantos outros caras têm histórias tão importantes ou menos importantes. E todos, ou quase, com poucas ou nulas referências que nos lembre dele.
Isso é só para explicar que queria muito fazer um mestrado em história. 2007 vem ai.
Mas acho interessante que ela exista. Assim como o fato de João Paulo ter criado a Ponte Gregório Bezerra. Me incomoda muito o quanto somos completamente analfabetos sobre a história do lugar onde moramos. Minha mãe é a pessoa que conheço que mais sabe a história do Recife. Se você pedir ela conta com detalhes a história de como umas mulheres de Casa Forte foram para as janelas, com panelas e assim impediram que o engenho fosse destruído pelos (holandeses? portugueses?).
Bem, como dá para notar, sou ignorante mesmo. Mas explico. As palavras dela daqui a 50 anos vão morrer. Placa na Praça de Casa Forte não tem, nem em nenhum outro lugar que lembre isso. Talvez o nome Avenida 17 de Agosto seja uma referência a esse momento histórico, mas eu não sei nenhum livro em que eu possa ter certeza disso? Quer dizer, como é que podemos viver num País tão sem memória?
Me lembrei disso porque na França fomos na casa onde Graça morou quando era adolescente. Tinha uma placa sobre o pai do amigo dela, que segundo ela era um James Dean do cinema francês dos anos 60, que morreu perto dos 30 anos. É mais ou menos como ir na casa de Dona Jaci e ter na frente uma placa dizendo: "Aqui viveu o ministro da Agricultura, Oswaldo Lima Filho, que foi deposto pela Ditadura Militar e teve sua vida dedicada ao homem do campo nordestino. Tendo sido também deputado federal constituinte e recebido nota 10 por avaliação de entidades sindicais em 1989".
Simples né? Ninguém fez. Os livros sobre ele existem, mas são burocráticos.
Mas isso não é o pior. Como é que se passa na pracinha em frente ao Ibama e não existe nada para homenagear Gregório Bezerra. Quantas histórias lendárias o CPOR viveu, por conta desse homem que era analfabeto até os 18 anos. E quantos outros caras têm histórias tão importantes ou menos importantes. E todos, ou quase, com poucas ou nulas referências que nos lembre dele.
Isso é só para explicar que queria muito fazer um mestrado em história. 2007 vem ai.
15.2.06
Latinidade européia
Desci em Barcelona no dia 17 de janeiro. Andei todos os metrôs do mundo com um montão de malas. Váarias pessoas se ofereceram para me ajudar. Quando cheguei no prédio de Helena já estava adorando o lugar, nem tanto pelo elevador (que me salvou de um colapso de cansaço), mas principalmente pelo calor humano: "Leninha, todas as mulheres dessa cidade estão dando em cima de mim!". Ela me mandou ter calma, não é bem assim mesmo não.
A cidade me lembra o Rio. Um povo sem frescura que adora tomar uma clara, que não chega para conversar do nada tanto quanto os espanhois (eles são catalães), mas que demonstra muito carinho e vontade de viver. As belezas naturais somadas com as arquitetônicas se não batem pelo menos equilibram com o que vi na capital fluminense (claro, sou muito mais de natureza do que arquitetura). Parque Gwell, Montjuic, Bairro Gótico, o Porto, Barceloneta, as Ramblas, Praça Real, La Pedrera, Sagrada Família. Muita gente vai achar que é a cidade mais bonita do mundo. Eu mesmo tenho uma certa tendência a achar isso.
Achei que meus amigos estavam morando muito bem em Barcelona. Fiquei fã totalmente de Lela e Pedro, porque de repente são pessoas tão calmas e estão fazendo uma vida super cheia. Depois de morar na Italia, estarem vivendo e trabalhando e estudando com tanto gosto na Catalunha. E ainda são um casal que parece se gostar pra caramba. O resto do povo não fique com ciúme, tenho meus motivos para me identificar com aqueles dois.
A noite de Barcelona seria o atrativo principal para a maior parte dos meus amigos. Como eu descobri que realmente não tenho nenhum gosto pela vida noturna, só fiquei achando aqueles barezinhos uma coisa muito do caralho. Fui numa boite com Miguel e a gente se divertiu pra caramba, saímos de lá de manhã. Tinha também um bar de jarra de cerveja. E, claro, adorei sair ponteando em barezinhos, bebendo cerveja e comendo uma ou duas tapas em cada porta.
Pena que tinha de ir logo para Madri. Mas Miguel me animou: "a noite de lá é muito melhor do que a daqui!" Como pode? Bem, eu realmente não sou a melhor pessoa para avaliar. Meu território de interesses é bem diferente da maioria dos caras de 27 anos (maio está chegando). Wendy estava meio doente quando eu cheguei. Em compensação já estava adorando andar naquelas cidades sozinho (em Paris, as vezes queria ficar fazendo as coisas com Mateus. Forçando a barra. Mas depois descobri que os interesses de cada um são muito diversos).
De repente podia parar para comer um bocadillo de calamares quando bem entendesse. Delícia! Ou então ir no Santiago Bernabéu fazer uma visita e resolver comprar o ingresso para o jogo que ia acontecer naquela mesma noite. Real Madrid x Betis. Tive que adiar minha ida para Lisboa por um dia, mas valeu a pena. No fim Wendy ainda ficou melhor e pôde fazer um passeio pela cidade comigo e eu ainda conheci a Escola de Teatro.
Lisboa compete com Barcelona para ser a melhor cidade para um brasileiro morar na Europa. Tudo bem, tem tanto brasileiro que o povo português deve mesmo ter um pouco de preconceito (apesar de eu não ter sentido em nenhum momento, ao contrário do que aconteceu na Suiça). Mas é linda. Tem um povo muito simpático. Que fala português (cansa estar falando a língua dos outros). É uma puta capital (com cinemateca e tudo, como faz falta uma coisinha dessas). Mas tem um clima super tranquilo.
Lisboa foi só festa. Felicidade de ver João. A saudade de Chico já estava perto de terminar. Os amigos de Johny foram todos super legais comigo, parecia que eu já fazia parte daquilo tudo. Só me arrependi de não ter passado uma madrugada colando cartazes com Pedro. Nevou quando fomos comer um pastel de belém. Histórico! Trouxe o jornal: "Há 50 anos não nevava assim", dizia a manchete.
Bacalhau, arroz de polvo, vinho barato pra caramba, a melhor mostra de vinhos grátis do mundo (na Praça do Comércio, o cara sai bêbado se tomar tudo o que a galera oferece). Bem, é muito mais barato que na França e pelo menos tão bom quanto a comida de lá. Me desculpem os franceses. A da Espanha fez minha cabeça pela desorganização, tudo é um grande petisco. Na Suiça, só provei mesmo fondue e raclete (um queijo que se derrete na mesa, antes de botar no pão ou batata).
A Feira da Ladra é muito legal. Tão bom passear naquelas ruas. De repente você acha uma livraria de livros infantis, em cima da Alfama, do lado do Castelo de São Jorge, onde se fala português e uma mulher lia um livro para umas trinta crianças. Uma coisa muito mais linda do que a do filme de Meg Ryan. E olha que uma livraria daquelas já seria apaixonante.
A noite de Lisboa é tão boa quando a da Espanha. E ainda tem a vantagem de que a língua oficial é o português. Mas isso eu digo porque... Vocês já sabem. No meu último dia lá, era aniversário de João. A italiana que mora com ele, Francesca, desbancou a minha promessa de fazer uma muqueca e fez uma massa (que eu ajudei a preparar). Por sinal, são três meninas lindas que moram com o cara. Marta é da Colombia e Libb do Mexico. João está bem pra caralho! Só ele ainda não tem certeza disso. Nuria também é outra menina muito especial. Enfim, vou parar de dizer que o cara está com a vida que pediu a Deus. Até porque sei que tem muitas dificuldades também.
Saí de casa e o motorista tentou me enganar, mas português é foda: esperou aparecer a placa de aeroporto para dar o arrudeio. Eu fui bem claro: "prefiro ir pelo caminho que está sinalizado". ELe obedeceu. Peguei o avião e no mesmo dia estava em Recife. Quando cheguei no Aeroporto as malas demoravam e minhas pernas tremiam de saudade de Chico. Que bom estar de volta. A vida chama. O sonho é bom porque dura pouco. Vou trabalhar.
A cidade me lembra o Rio. Um povo sem frescura que adora tomar uma clara, que não chega para conversar do nada tanto quanto os espanhois (eles são catalães), mas que demonstra muito carinho e vontade de viver. As belezas naturais somadas com as arquitetônicas se não batem pelo menos equilibram com o que vi na capital fluminense (claro, sou muito mais de natureza do que arquitetura). Parque Gwell, Montjuic, Bairro Gótico, o Porto, Barceloneta, as Ramblas, Praça Real, La Pedrera, Sagrada Família. Muita gente vai achar que é a cidade mais bonita do mundo. Eu mesmo tenho uma certa tendência a achar isso.
Achei que meus amigos estavam morando muito bem em Barcelona. Fiquei fã totalmente de Lela e Pedro, porque de repente são pessoas tão calmas e estão fazendo uma vida super cheia. Depois de morar na Italia, estarem vivendo e trabalhando e estudando com tanto gosto na Catalunha. E ainda são um casal que parece se gostar pra caramba. O resto do povo não fique com ciúme, tenho meus motivos para me identificar com aqueles dois.
A noite de Barcelona seria o atrativo principal para a maior parte dos meus amigos. Como eu descobri que realmente não tenho nenhum gosto pela vida noturna, só fiquei achando aqueles barezinhos uma coisa muito do caralho. Fui numa boite com Miguel e a gente se divertiu pra caramba, saímos de lá de manhã. Tinha também um bar de jarra de cerveja. E, claro, adorei sair ponteando em barezinhos, bebendo cerveja e comendo uma ou duas tapas em cada porta.
Pena que tinha de ir logo para Madri. Mas Miguel me animou: "a noite de lá é muito melhor do que a daqui!" Como pode? Bem, eu realmente não sou a melhor pessoa para avaliar. Meu território de interesses é bem diferente da maioria dos caras de 27 anos (maio está chegando). Wendy estava meio doente quando eu cheguei. Em compensação já estava adorando andar naquelas cidades sozinho (em Paris, as vezes queria ficar fazendo as coisas com Mateus. Forçando a barra. Mas depois descobri que os interesses de cada um são muito diversos).
De repente podia parar para comer um bocadillo de calamares quando bem entendesse. Delícia! Ou então ir no Santiago Bernabéu fazer uma visita e resolver comprar o ingresso para o jogo que ia acontecer naquela mesma noite. Real Madrid x Betis. Tive que adiar minha ida para Lisboa por um dia, mas valeu a pena. No fim Wendy ainda ficou melhor e pôde fazer um passeio pela cidade comigo e eu ainda conheci a Escola de Teatro.
Lisboa compete com Barcelona para ser a melhor cidade para um brasileiro morar na Europa. Tudo bem, tem tanto brasileiro que o povo português deve mesmo ter um pouco de preconceito (apesar de eu não ter sentido em nenhum momento, ao contrário do que aconteceu na Suiça). Mas é linda. Tem um povo muito simpático. Que fala português (cansa estar falando a língua dos outros). É uma puta capital (com cinemateca e tudo, como faz falta uma coisinha dessas). Mas tem um clima super tranquilo.
Lisboa foi só festa. Felicidade de ver João. A saudade de Chico já estava perto de terminar. Os amigos de Johny foram todos super legais comigo, parecia que eu já fazia parte daquilo tudo. Só me arrependi de não ter passado uma madrugada colando cartazes com Pedro. Nevou quando fomos comer um pastel de belém. Histórico! Trouxe o jornal: "Há 50 anos não nevava assim", dizia a manchete.
Bacalhau, arroz de polvo, vinho barato pra caramba, a melhor mostra de vinhos grátis do mundo (na Praça do Comércio, o cara sai bêbado se tomar tudo o que a galera oferece). Bem, é muito mais barato que na França e pelo menos tão bom quanto a comida de lá. Me desculpem os franceses. A da Espanha fez minha cabeça pela desorganização, tudo é um grande petisco. Na Suiça, só provei mesmo fondue e raclete (um queijo que se derrete na mesa, antes de botar no pão ou batata).
A Feira da Ladra é muito legal. Tão bom passear naquelas ruas. De repente você acha uma livraria de livros infantis, em cima da Alfama, do lado do Castelo de São Jorge, onde se fala português e uma mulher lia um livro para umas trinta crianças. Uma coisa muito mais linda do que a do filme de Meg Ryan. E olha que uma livraria daquelas já seria apaixonante.
A noite de Lisboa é tão boa quando a da Espanha. E ainda tem a vantagem de que a língua oficial é o português. Mas isso eu digo porque... Vocês já sabem. No meu último dia lá, era aniversário de João. A italiana que mora com ele, Francesca, desbancou a minha promessa de fazer uma muqueca e fez uma massa (que eu ajudei a preparar). Por sinal, são três meninas lindas que moram com o cara. Marta é da Colombia e Libb do Mexico. João está bem pra caralho! Só ele ainda não tem certeza disso. Nuria também é outra menina muito especial. Enfim, vou parar de dizer que o cara está com a vida que pediu a Deus. Até porque sei que tem muitas dificuldades também.
Saí de casa e o motorista tentou me enganar, mas português é foda: esperou aparecer a placa de aeroporto para dar o arrudeio. Eu fui bem claro: "prefiro ir pelo caminho que está sinalizado". ELe obedeceu. Peguei o avião e no mesmo dia estava em Recife. Quando cheguei no Aeroporto as malas demoravam e minhas pernas tremiam de saudade de Chico. Que bom estar de volta. A vida chama. O sonho é bom porque dura pouco. Vou trabalhar.
13.2.06
Um inesquecível janeiro
Nunca fui de veranear. Meu único veraneio inesquecível foi um janeiro em Ponta de Mangue, quando aprendi a velejar. Pena que quando tive chance eu não repeti a dose. Agora também tenho um inverno que não vou esquecer nem tão cedo.
Fomos para o apartamento de Graça na Rua Oberckampf no dia 2 de janeiro. Eu, Julio e Mateus. O lugar é absolutamente lindo, tem uma entrada que parece o cenário da cena de Antes do Pôr do Sol em que Julie Delpy leva Ethan Halke (sei que esse nome está errado) para conhecer o apartamento dela.
O apartamentinho é todo transado, mas nem fizemos tanta coisa nele. Um dia recebemos Mauricio Silva e enchemos a cara de vinho, para depois o vizinho de baixo ficar reclamando. Outro dia cozinhei uma coisa gostosa pra caramba. Mateus dormiu pra caralho, como sempre. E Julio Cavani infelizmente perdeu a chance de comer uma gatinha ali.
Museus, museus, museus. Tudo bem, me sentia um ignorante tábua rasa com todas as informações que Mateus tinha sobre aqueles quadros. Julio e João ainda dava para eu enrolar, com um pouco de sensibilidade. Mas pelo menos perdi o medo de ser um ignorante completo que odeia exposições. Pontos altos: Big Bang (no Pompidou), Vienna 1900 (Grand Palais) e a visita ao acervo do Musée D`Orsay (Degas e todos os impressionistas... Fuderoso!). O Louvre é gigante, impressionante, mas eu não consegui desvendá-lo em minhas sete/oito horas de visita (ponto alto foram uns quadros gigantes renascentistas. E o ponto baixo foram dez euros gastos em um retalho de pizza massudo e uma coca-cola choca).
Saídas na noite parisiense? Para dizer a verdade ficou entre eu não gosto de noite e a gente não teve sorte em Paris. O mais engraçado foi ver a cara de Julio Cavani depois de ser barrado em duas boites: Dado, você á mais bonito, tenta entrar nessa ai. Eu pago. Quanto é? 20 euros. Paga ai Julio. Passamos 20 minutos e voltamos para casa. Noite merda da porra. Como ensinou Mauricio é melhor comprar uns vinhos e beber com alguém, mas só fiz isso uma vez na casa de Carol Barreto. Uma outra saída foi bem legal, mas eu nem conto quanto eu gastei. Juro que não bebi nenhum cerveja de seis euros, que é o preço básico nas boites.
Depois que os meninos foram embora ainda fui para Nanteuil. Queria ter passado mais tempo lá, com Graça, Pedro e Patrice. Mas foi legal. Próxima vez vou até Chantilly de bicicleta. Dou uma volta de cavalo com Graça. Convenço Patrice a me deixar cozinhar um dia. Enfim, tem várias coisas a realizar ainda. Além de levar Chico no Parque Asterix, La Villete, alugar um barquinho a vela miniatura nos jardins de Luxembourg, ir no Castelo de Versailles com os pirralhos de Maurício e Anne...
Despedida histórica. New Morning, um dos maiores templos do jazz parisiense. Valia só pelas fotografias naquela parede. O show de Aldo Romano e Andrea Cicarelli (evento do início do ano em Paris, dizia o Liberation) foi um plus muito legal. Trouxe uma coleção de jazz antigo comprada lá, que queria ter dado de presente a minha mãe, mas dei bobeira (achei que ela não ia gostar...). Como é que a pessoa descobre o presente ideal, e fica inseguro depois?
Está ficando gigante. Depois conto como foram meus dias de Península Ibérica.
Fomos para o apartamento de Graça na Rua Oberckampf no dia 2 de janeiro. Eu, Julio e Mateus. O lugar é absolutamente lindo, tem uma entrada que parece o cenário da cena de Antes do Pôr do Sol em que Julie Delpy leva Ethan Halke (sei que esse nome está errado) para conhecer o apartamento dela.
O apartamentinho é todo transado, mas nem fizemos tanta coisa nele. Um dia recebemos Mauricio Silva e enchemos a cara de vinho, para depois o vizinho de baixo ficar reclamando. Outro dia cozinhei uma coisa gostosa pra caramba. Mateus dormiu pra caralho, como sempre. E Julio Cavani infelizmente perdeu a chance de comer uma gatinha ali.
Museus, museus, museus. Tudo bem, me sentia um ignorante tábua rasa com todas as informações que Mateus tinha sobre aqueles quadros. Julio e João ainda dava para eu enrolar, com um pouco de sensibilidade. Mas pelo menos perdi o medo de ser um ignorante completo que odeia exposições. Pontos altos: Big Bang (no Pompidou), Vienna 1900 (Grand Palais) e a visita ao acervo do Musée D`Orsay (Degas e todos os impressionistas... Fuderoso!). O Louvre é gigante, impressionante, mas eu não consegui desvendá-lo em minhas sete/oito horas de visita (ponto alto foram uns quadros gigantes renascentistas. E o ponto baixo foram dez euros gastos em um retalho de pizza massudo e uma coca-cola choca).
Saídas na noite parisiense? Para dizer a verdade ficou entre eu não gosto de noite e a gente não teve sorte em Paris. O mais engraçado foi ver a cara de Julio Cavani depois de ser barrado em duas boites: Dado, você á mais bonito, tenta entrar nessa ai. Eu pago. Quanto é? 20 euros. Paga ai Julio. Passamos 20 minutos e voltamos para casa. Noite merda da porra. Como ensinou Mauricio é melhor comprar uns vinhos e beber com alguém, mas só fiz isso uma vez na casa de Carol Barreto. Uma outra saída foi bem legal, mas eu nem conto quanto eu gastei. Juro que não bebi nenhum cerveja de seis euros, que é o preço básico nas boites.
Depois que os meninos foram embora ainda fui para Nanteuil. Queria ter passado mais tempo lá, com Graça, Pedro e Patrice. Mas foi legal. Próxima vez vou até Chantilly de bicicleta. Dou uma volta de cavalo com Graça. Convenço Patrice a me deixar cozinhar um dia. Enfim, tem várias coisas a realizar ainda. Além de levar Chico no Parque Asterix, La Villete, alugar um barquinho a vela miniatura nos jardins de Luxembourg, ir no Castelo de Versailles com os pirralhos de Maurício e Anne...
Despedida histórica. New Morning, um dos maiores templos do jazz parisiense. Valia só pelas fotografias naquela parede. O show de Aldo Romano e Andrea Cicarelli (evento do início do ano em Paris, dizia o Liberation) foi um plus muito legal. Trouxe uma coleção de jazz antigo comprada lá, que queria ter dado de presente a minha mãe, mas dei bobeira (achei que ela não ia gostar...). Como é que a pessoa descobre o presente ideal, e fica inseguro depois?
Está ficando gigante. Depois conto como foram meus dias de Península Ibérica.
11.2.06
40 dias de um macaco tomando vinho
Há nove anos, era Carnaval e eu já sonhava em ir para a Europa. Não é possível escrever todas as historinhas dessa viagem em um post, mas vou me esforçar para escrever pelo menos aquelas mais óbvias que quem está me encontrando aqui em Recife já cansou de ouvir. O título está meio trash, mas é que na estação de esqui (Murren) nos Alpes suiços me senti isso mesmo. Comer um fondue naquele lugar, a três metros de altitude, não é uma coisa que eu faça no meu dia-a-dia.
O primeiro dia de Paris já foi lindo. É ridículo a pessoa conhecer um lugar superficialmente, mas tem lugares como o Rio e Paris e Barcelona que vale a pena se for sua única opção. Se tiver chance indico que a pessoa more um tempo em qualquer uma dessas cidades. Tinha visto recentemente Os Sonhadores de Bertolucci e fui ver a vista da Torre Eifell justamente do Trocadeiro (a antiga Cinemateca). O Louvre é gigante. As ruas são lindas. Sensação de irmandade com Pedro. Enfim, foi bom sentir o cheiro da França.
No dia seguinte fomos para a ceia de Natal dos Rabaroux. Tive a minha segunda experiência com a mais típica piada francesa: 1 (no aeroporto) - vejo o cara dizendo que não sabe falar inglês, me aproximo e pergunto em francês macarrônico pela minha mala, ele me responde em perfeitamente intendível língua de Shakespeare. 2 (no jantar) - a mãe de Patrice me dá as boas vindas e tal, "não sabe falar francês... Mas com certeza fala inglês." Com ar de desdem. Tenho culpa se os americanos têm o triplo do PIB da França e ainda habitam um certo continente chamado América? Bem, dei meu troco, semanas depois faria um cordeiro no curry bem melhor do que o que comi naquele dia e vou repetir assim que tiver um carro para ir comprar a carne no Mercado da Madalena (viu Simone/Mateus, foi mal a promessa antecipada, mas um dia sai).
Nancy, Strasboug, Berna. Uma rápida viagem para a Suiça. Em família, eu, Graça, Pedro e Patrice ficamos na casa de um casal suiço que tem três filhos. Uma família linda, que mora perto de Interlaken (uma das principais áreas de esqui da Europa). Aquele País é todo um cartão postal. Fica mais ridículo ver os restaurantes de Gravatá depois de estar ali... A história típica: derrubei uma alemã esquiando, a cinco quilômetros por hora. Ela botou para gritar em alemão. Queria me processar. Eu só entendia o BREZILIEN, mas dei meus contatos e ela foi retirada de helicóptero. Não teve nada, era só esparro de uma saudosa compatriota de Hitler (um amigo meu disse que eu devia ter perguntado se ela estava com saudade do Nazismo, quando contei essa história toda).
A história mais típica de todas. Caramba, juro que essa é a última vez que conto isso. Reveillon. 31 de dezembro. Na frente da Sacre Couer. Eu e Pedro encontramos João (que saudade!), Clarinha, Julio, Mateus e mais uma galera. Cachaça, cerveja, vinho, champanhe e uma smirnoff ice. Depois de meia noite a gente ainda estava perdendo em gritaria para os italianos, mas Pedro começou a fazer o maior sucesso. Bonne Anne! Duas horas da manhã, estava completamente embriagado. Vamos voltar para casa. Os meninos seguiram o passeio. Entramos no metrô (Garre do Nord). Nego sendo preso adoidado. Enfrentando a polícia para se fuder. E tropa de choque é a mesma coisa em qualquer canto. Bate primeiro para depois perguntar. Depois de ver umas quinze prisões, finalmente conseguimos entrar num RER que nos levaria para perto de Nanteuil (o trem só sairia de 9h). Quando começou a andar um negão do meu lado grita: Seus otários, bando de corno, nem me pegaram! Para quê? Entraram uns trinta policiais metendo porrada no cara e tiraram ele do trem. Meia hora depois Graça pegou a gente em Mitry Claye. Coitada!
Depois faço outro post contando como foi meu primeiro mês de 2006.
O primeiro dia de Paris já foi lindo. É ridículo a pessoa conhecer um lugar superficialmente, mas tem lugares como o Rio e Paris e Barcelona que vale a pena se for sua única opção. Se tiver chance indico que a pessoa more um tempo em qualquer uma dessas cidades. Tinha visto recentemente Os Sonhadores de Bertolucci e fui ver a vista da Torre Eifell justamente do Trocadeiro (a antiga Cinemateca). O Louvre é gigante. As ruas são lindas. Sensação de irmandade com Pedro. Enfim, foi bom sentir o cheiro da França.
No dia seguinte fomos para a ceia de Natal dos Rabaroux. Tive a minha segunda experiência com a mais típica piada francesa: 1 (no aeroporto) - vejo o cara dizendo que não sabe falar inglês, me aproximo e pergunto em francês macarrônico pela minha mala, ele me responde em perfeitamente intendível língua de Shakespeare. 2 (no jantar) - a mãe de Patrice me dá as boas vindas e tal, "não sabe falar francês... Mas com certeza fala inglês." Com ar de desdem. Tenho culpa se os americanos têm o triplo do PIB da França e ainda habitam um certo continente chamado América? Bem, dei meu troco, semanas depois faria um cordeiro no curry bem melhor do que o que comi naquele dia e vou repetir assim que tiver um carro para ir comprar a carne no Mercado da Madalena (viu Simone/Mateus, foi mal a promessa antecipada, mas um dia sai).
Nancy, Strasboug, Berna. Uma rápida viagem para a Suiça. Em família, eu, Graça, Pedro e Patrice ficamos na casa de um casal suiço que tem três filhos. Uma família linda, que mora perto de Interlaken (uma das principais áreas de esqui da Europa). Aquele País é todo um cartão postal. Fica mais ridículo ver os restaurantes de Gravatá depois de estar ali... A história típica: derrubei uma alemã esquiando, a cinco quilômetros por hora. Ela botou para gritar em alemão. Queria me processar. Eu só entendia o BREZILIEN, mas dei meus contatos e ela foi retirada de helicóptero. Não teve nada, era só esparro de uma saudosa compatriota de Hitler (um amigo meu disse que eu devia ter perguntado se ela estava com saudade do Nazismo, quando contei essa história toda).
A história mais típica de todas. Caramba, juro que essa é a última vez que conto isso. Reveillon. 31 de dezembro. Na frente da Sacre Couer. Eu e Pedro encontramos João (que saudade!), Clarinha, Julio, Mateus e mais uma galera. Cachaça, cerveja, vinho, champanhe e uma smirnoff ice. Depois de meia noite a gente ainda estava perdendo em gritaria para os italianos, mas Pedro começou a fazer o maior sucesso. Bonne Anne! Duas horas da manhã, estava completamente embriagado. Vamos voltar para casa. Os meninos seguiram o passeio. Entramos no metrô (Garre do Nord). Nego sendo preso adoidado. Enfrentando a polícia para se fuder. E tropa de choque é a mesma coisa em qualquer canto. Bate primeiro para depois perguntar. Depois de ver umas quinze prisões, finalmente conseguimos entrar num RER que nos levaria para perto de Nanteuil (o trem só sairia de 9h). Quando começou a andar um negão do meu lado grita: Seus otários, bando de corno, nem me pegaram! Para quê? Entraram uns trinta policiais metendo porrada no cara e tiraram ele do trem. Meia hora depois Graça pegou a gente em Mitry Claye. Coitada!
Depois faço outro post contando como foi meu primeiro mês de 2006.
7.2.06
O ano da virada
Na minha Sexta Série eu fiz um livrinho lindo, que tinha suásticas coloridas na capa e foi assunto de muita discussão entre as professoras do Instituto Capibaribe. É que além da capa tinha uma uma redação que foi super elogiada, e lida em voz alta na frente da turma, por Débora Suassuna e uma outra sobre o Carnaval de Olinda.
Eu sempre ia passar os Carnavais da minha infância nas casas que minha mãe alugava. Um saco! Eram os pirralhos (Tuti e os irmãos Cavani) brincando de boneco e eu meio ali perdido. O que mais odiava era quando Inalda ou Ana Simões vinham me obrigar a participar de algum bloco, Tereza era a única que não tinha esse tipo de atitude.
Naquele ano, 1989, não sei porque motivo acabei ficando o Carnaval com meu pai. Ele não era um cara de se programar. Muito menos de pensar coisas para fazer com os filhos. Muito menos numa Terça-feira de Eu acho é pouco. Fomos juntos. Deve ter sido um saco para ele, mas para mim criou todo o prazer mítico de viver esses quatro dias.
Me lembro de procurar o bloco pelas ruas de Olinda. Parecia uma coisa tão importante. Correr para pegar a chegada no Bêbado e o Equilibrista. Tomar meu primeiro porre de lança, das mãos do meu pai. Me interessar pela primeira vez por uma menina que não se chamava Helena Marques (e que anos depois veio me dar um beijo num Sábado de Zé Pereira, como será o nome dela?).
Mas na minha redação o que mais me chamava a atenção era uma disputa que houve. Sobe ou não sobe a Misericórdia? Claro que sobe. "Criança sobe de ré!", me ensinou papai. E a frase parece que acabou virando uma tradição familiar (ou já era?). Com certeza estava muito mais fresca do jeito que escrevi no meu livrinho, mas a memória continua me dando muito prazer. E o bloco também. Apesar de só ter entrado na festa de 3 horas da manhã, dada a falta de ingressos. Eu acho é pouco.
Eu sempre ia passar os Carnavais da minha infância nas casas que minha mãe alugava. Um saco! Eram os pirralhos (Tuti e os irmãos Cavani) brincando de boneco e eu meio ali perdido. O que mais odiava era quando Inalda ou Ana Simões vinham me obrigar a participar de algum bloco, Tereza era a única que não tinha esse tipo de atitude.
Naquele ano, 1989, não sei porque motivo acabei ficando o Carnaval com meu pai. Ele não era um cara de se programar. Muito menos de pensar coisas para fazer com os filhos. Muito menos numa Terça-feira de Eu acho é pouco. Fomos juntos. Deve ter sido um saco para ele, mas para mim criou todo o prazer mítico de viver esses quatro dias.
Me lembro de procurar o bloco pelas ruas de Olinda. Parecia uma coisa tão importante. Correr para pegar a chegada no Bêbado e o Equilibrista. Tomar meu primeiro porre de lança, das mãos do meu pai. Me interessar pela primeira vez por uma menina que não se chamava Helena Marques (e que anos depois veio me dar um beijo num Sábado de Zé Pereira, como será o nome dela?).
Mas na minha redação o que mais me chamava a atenção era uma disputa que houve. Sobe ou não sobe a Misericórdia? Claro que sobe. "Criança sobe de ré!", me ensinou papai. E a frase parece que acabou virando uma tradição familiar (ou já era?). Com certeza estava muito mais fresca do jeito que escrevi no meu livrinho, mas a memória continua me dando muito prazer. E o bloco também. Apesar de só ter entrado na festa de 3 horas da manhã, dada a falta de ingressos. Eu acho é pouco.
4.2.06
2.2.06
Viajar é preciso
Umas poucas fotos da segunda parte da viagem. Barcelona, Madrid e Lisboa. E uma foto do pirralho que eu estava mais morrendo de saudade, com a roupinha que eu Graça e Pedro demos para ele.
16.1.06
Duas historias
Odeio escrever sem assento. Estou saindo da França amanha. As minhas férias agora seguem para Barcelona, Madrid e Lisboa. Rapidamente vou estar de volta ao trabalho. Carnaval e tudo mais...
Estou sem muita poesia para escrever. So para dizer que viajar é a melhor coisa do mundo e que cada vez mais vejo coisas que queria fazer com Chico por aqui.
Estou sem muita poesia para escrever. So para dizer que viajar é a melhor coisa do mundo e que cada vez mais vejo coisas que queria fazer com Chico por aqui.
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